terça-feira, 31 de dezembro de 2013

ADEUS ANO VELHO






        

       “Ano especial o de 1945, meu irmão com seus soldadinhos de chumbo, em pleno ataque, quando soubemos do término da guerra e do fim de Hitler. Disse nosso tio indignado: “Aquele lá era uma besta quadrada”. Estava encerrada no cenário mundial a ação ridícula e perversa de um louco. Eu toda feliz com meu lápis de ponta afinada, caprichava na caligrafia, entusiasmada por já saber ler e escrever, que tudo de bom me adviria do grande feito. Aos sete anos, depois da evolução de andar e falar, o trunfo civilizador da palavra escrita. avisavam que tinha entrado na idade da razão. Fiquei intrigada. A explicação é que eu passava a ter discernimento do que é certo e errado. As mães ora austeras, ora de uma sofrida benevolência. Ainda não apresentadas às ideologias permissivas e à autodeterminação das crianças, das futuras gerações, adeptas a tais coisas, absurdas àquela época.”





                  REMINISCÊNCIAS: RUA DAS HORTAS Nº 436.

           


           


            

          Não víamos o casal desde quando foi nosso padrinho de casamento. O tempo havia passado, e esse encontro, por acaso, transportou-me à casa onde passei infância e juventude, vizinha dos amigos, que contaram ter acabado de se mudar para um apartamento na praia. Haviam residido por quase meio século no mesmo endereço, onde namoraram, casaram, criaram os filhos. A propriedade herdada pela mulher eles venderam, “o preço irrisório”, disse o marido contrariado, pois a morada-inteira de azulejos na Rua das Hortas, em frente à praça Odorico Mendes, faz parte do tombamento da cidade. Depois de tantos anos esse encontro reascendeu em mim a saudade de nossa meia- morada na mesma rua, de número 436. Logo imaginei quão deve ter sido cômoda a situação deles, a vida toda no mesmo endereço, até com uma ponta de inveja. Diferente da nossa vida, algo a nos impulsionar, e lá íamos nós, sempre em frente. Estávamos matando a saudade de S. Luís.
       Lembrei da nossa casa que foi praticamente abandonada pelos moradores, coitada, até ser vendida por meus tios, os herdeiros.  A casa antiga fora reformada para bangalô, o que aconteceu antes do tombamento, e pôde sofrer nova reforma para uma elegante moradia de dois andares, hoje uma clínica médica, como verifiquei através do satélite. O local privilegiado, a poucos passos da Biblioteca Pública Benedito Leite, na praça do mesmo nome, construída na década de quarenta em estilo neoclássico, em convivência harmônica com o casario colonial. Meu tio João, ainda solteiro, esperava ficar rico para assumir compromisso mais sério com a namorada, foi para o Rio, o primeiro a deixar a casa. Quantas vezes em sonho estive naquela casa, naquela rua, quase pesadelos. Noites escuras, ou dias claros, onde me vejo entre escombros, certamente das demolições para as construções de novas casas que surgiam, ou mesmo reforma das antigas, tornando-as moradias ajardinadas. Escombros que eu vejo hoje em São Luís, em consequência do tombamento, pois os antigos moradores ficaram sem recurso e sem interesse para a conservação do patrimônio universal, que se vê em ruínas, uma tristeza. Hoje a situação é, pois, de abandono da parte tombada da cidade. Outra cidade cresce pujante do outro lado da ilha.
         Minha infância e juventude estive ao lado da avó Carminha, que eu via expressar seu carinho pela natureza naquele pequeno jardim na casa da rua das Hortas, seus belos cravos de um amarelo intenso, as azaleias dando ao muro um aspecto encantador. Essa avó tinha a educação como prioridade, e mantinha os netos, sob seus cuidados, matriculados nos melhores estabelecimentos de ensino. Não media esforços para dar a meu irmão e a mim o melhor - o afeto, em primeiro lugar. Sempre bem informada, através dos livros, pelo rádio, nas revistas que o neto comprava para ela, em conversas com as freguesas de doces e salgados para festas. A origem portuguesa lhe dava respaldo na atividade. Uma mulher invejável, viúva ainda jovem, que lá para o fim da tarde, depois de um dia intenso de labuta em seu fogão à lenha, o ouvido estava grudado no zumbido do rádio. O rádio quase instrumento de guerra e o centro das atenções na casa, onde eram acompanhadas as vitórias dos aliados no segundo e último conflito mundial do século XX. Ninguém podia imaginar um dia estarmos todos diante da TV e do computador, vivenciando o espetacular progresso humano, também uma nova barbárie. As guerras, por exemplo, que não deixariam de acontecer, vistas no momento mesmo em que acontecem. Hoje, do mais pobre ao mais rico, em qualquer idade, todos de telefone celular em punho, objeto imprescindível na comunicação moderna, imediatista e ansiosa. O mundo que muda a cada passo, e que se torne bom para todos. 
        Para o papa Francisco os avós são uma bênção de Deus!  

                   FELIZ ANO NOVO!

domingo, 29 de dezembro de 2013

FELIZ OLHAR NOVO... Carlos Drummond de Andrade









      EXPECTATIVA PARA 2014

               

        Não há amigo nem inimigo gratuito, todos têm seus bons, ou maus, motivos. O maior inimigo é o derrotismo, que se deve evitar a qualquer custo, que um pouco de pessimismo não faz mal. Neste ano que ora inicia as expectativas são grandes, tanta coisa vindo por aí e o que se quer é que se corrijam os erros e tudo dê certo.  Mas há quem prefira que deem errado, os de sempre, que acham quanto pior melhor. Prever o fim do mundo, tem certa lógica, com as catástrofe que aconteceram em 2013, ele parece bem perto. Mas as coisas sempre foram assim, bem verdade que podem piorar do jeito que vão. Onde chegaremos todos se perguntam. Mas o mundo permanece, os seres humanos permanecem, nós permanecemos, mesmo fazendo mil besteiras, e vamos dar jeito em tudo isso para que melhor caminhe a humanidade, pois a burrice tem um limite e já chegamos lá. Deus sempre a amparar, temos que acreditar nisso. De início saber que a gente pode estar só, mas não estamos de todo desamparados, eis o segredo para o sucesso nosso de cada dia, e para sempre, amém. Se é para errar ter mais ainda capacidade para corrigir os erros. Bom momento de início de ano para as boas intenções, que começam quando refletimos nesse momento sobre nós mesmos em nossa vida pessoal, para com nosso próximo, para todo o mundo. As expectativas para 2014, o ano da Copa no Brasil  é que se levante a taça, isso é bom mas não é tudo, quando a prioridade para nós, brasileiros, é colocar o país no ranking da educação e  da saúde. 

Chaplin Modern Times - Factory Scene (HD - 720p)





v
           

          RETROSPECTIVA II

      
      Temos a sensação que encolhemos diante da realidade. Podíamos estar engrandecidos e felizes pelas realizações, pelo progresso, e firmes em nossas convicções, em nossas crenças, mas não é o que acontece. Vivemos no mais formidável mundo que a mente pode criar, mas perdemos as esperanças nesse mesmo mundo, que pouco nos alegra e até envergonha. Nossa felicidade está em assistir televisão, acessar a internet e outras coisas mais que consumimos sem parar. E damos graças por existir tudo isso para suprir o vazio em nossa vidas. Deixamos de nos alegrar por nós mesmos, por tudo que somos.
        Sombras do que poderiam ser como gente de verdade são esses presos de Pedrinhas em S.Luis do Maranhão, prova até onde pode chegar o descaso com a pessoa humana. A falta de autoridade, que não se faz presente. A lei e justiça fica por conta dos criminosos, que desafiam a sociedade, matam e estrupam, sem dó nem piedade. Completamente dominada a prisão  é território livre da bandidagem. Ninguém de fora pode chegar perto e os bandidos andam pelas redondezas fazendo desmandos, comandando estupros pela cidade.
         Finda-se o ano com muita água, as chuvas torrenciais que caem sem parar em todo o território nacional, mantando gente, desabrigando a população.  Nunca as enchentes castigaram tanto.  Mexem com a atmosfera, agridem a natureza e o resultado é o que se vê. As catástrofes naturais nunca foram de tão grandes proporções. Além das catástrofes das usinas nucleares. Os ambientalistas presos na Rússia por suas contestações pacíficas, soltos meses depois, inclusive uma brasileira. 
        Os conflitos na Turquia, na Síria e no Egito, não cessam. Mudam os regimes, mas continua a mentalidade belicosa de resolver as coisas de forma radical. Para o Oriente Médio “não há paz que sempre dure nem bem que nunca se acabe.” Era o que eu escutava dos mais velhos na infância, fatalistas, mas eles conheciam bem o mundo e a natureza humana. O mal que acontece quando não se busca o entendimento, quando se foge à razão, para resolver os problemas.
        Sabemos o quanto a Igreja Católica foi massacrada nesses últimos tempos, inclusive, pelo próprio clero, aqueles que deviam cumprir os preceitos, dar exemplo de lealdade à Igreja. Religiosos que se deixam levar pela vaidade e ganância. Como ajudar a igreja fazendo acordos espúrios para ganhar mais dinheiro, aumentar os ganhos do banco do Vaticano? João Paulo II, um santo, fazia sua catequese mundo afora, enquanto era traído. Como Jesus com os as trinta moedas... Foi a conta de acontecer os escândalos. Prova de que a Igreja também é humana. Veio Bento XVI, um intelectual, que escrevia sobre a doutrina da fé, o que ele mais conhecia dessa vida, enquanto ao seu lado continuavam as atrapalhadas com os finanças da Igreja e, dizem, outros graves pecados. Tanta fofoca que fez o pontífice, avançado em idade, renunciar. Assume o papa Francisco, que tratou de corrigir com energia as coisas erradas, para que ele possa comandar a Igreja em paz e avançar nas mudanças que a Igreja necessita.  Que Deus o abençoe!         
         Ninguém esquece o doloroso incêndio na boite Kiss em Santa Maria no Rio Grande do Sul, no início do ano, causa de imensa consternação a todos que acompanharam a tragédia no local  ou pela TV. Duas centenas de jovens consumidos pelas chamas, ou asfixiadas com o gás resultantes da queima de produtos altamente inflamável que revestiam o ambiente, sem a devida fiscalização do local. A saída dificultada, isso para a segurança do caixa, absurdo, crime. 

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

JMJ Rio2013 Melhores Momentos



RETROSPECTIVA 




                      
                      
              A juventude esteve reunida em pacíficas manifestações de rua, um grande espetáculo de civismo, manchado pela quebradeira dos radicais black blocs. Mas digna de menção honrosa foi a Jornada Mundial da Juventude, promovida pela igreja católica, embora haja quem queira lançar os cristãos outra vez na Arena romana para serem comidos por leões famintos, e sabe-se que muitas perseguição e mortes de cristãos ocorrem hoje mundo afora, conforme as estatísticas. Feito isso a civilização perderia de vez o rumo, tantos enlouquecidos, não de civilização, mas de barbárie, que volta a cada tempo que o mundo atinge um alto nível de progresso e conhecimento e não se consegue lidar bem com isso. O pesquisador Joshua Green, da faculdade de Psicologia de Harvard, fala da ética tribal enraizada em certas culturas, o caso da “teocracia belicosa do Oriente”, que repercute hoje no Ocidente como uma praga. O Ocidente pacífico e civilizado,  onde ocorrem, todavia, disputas acirradas entre esquerda e direita, dissidências em questões morais, e tudo o mais. Sem a clareza das ideias e com o radicalismo que impera em certos casos as justas reivindicações se perdem, pois, se todos gritam, ninguém tem razão. Caminhamos para o pior.
           Foi um ano de grandes acontecimentos, também muita balbúrdia, e vai continuar assim para o bem e para o mal. Parece que ninguém sabe o que é correto modificar na política, nos comportamentos, nos procedimentos. Então seria bom ficar no mesmo, viver um dia após o outro, gozar o momento presente, sem se questionar sobre nada? Chegamos a esse ponto. Para quem está no fim da estrada tudo bem, afinal o que foi feito, foi feito. Não para os moços que têm a vida pela frente, devem lutar sempre em prol do seu bem estar, o que só acontece com a boa consciência, a reta conduta, que gera a paz e a prosperidade. Estar atento às conexões que estão sendo feitas no mundo para desmoralizar a civilização junto com fé cristã. Tivemos a presença em nosso país do papa Francisco, recém eleito para o trono de Pedro, que veio participar da Jornada, onde jovens de diversas nacionalidades se misturavam, sem confusão alguma de línguas, só muita união entre as nações representadas, as ruas coloridas de risos e alegria. O reconhecimento do grande valor da Igreja na formação das almas, na constituição da civilização ocidental. O mundo hoje tão conturbado. Mas as coisas tendem a se arrumar, afinal, somos seres racionais, e se fazemos tanta coisa imprestável, podemos também agir para que o mundo seja aquele com que todos nós sonhamos em nossos sonhos mais belos.  
            Depois do papa Francisco, Joaquim, Barbosa foi a grande estrela, presidiu o Supremo Tribunal e mandou os “mensaleiros” para a cadeia. Um negro de alto coturno fez a diferença, o que tem sim a ver com raça, ele se meteu em brios diante de uma população de maioria branca, que observou seu comportamento, aguardou seu julgamento. As expectativas atendidas, não obstante o magistrado apenas ter cumprido sua obrigação, julgando de acordo com a consciência, mas que teve sabor de vingança pela humilhações passadas presentes e futuras. Lavou a própria alma e a de muita gente, principalmente os que combatem o esquerdismo tupiniquim, que tem o poder como meta. E quando os esquerdistas chegam lá, agem pior que os outros, uma vergonha.   Quanto aos ativistas que libertaram os cães da raça beagel, em defesa dos direitos dos animais, esses ativistas parecem estar mais à procura do que protestar, do que outra coisa, quando se sabe, por exemplo, que ainda são necessárias experiências com animais. A dimensão ética que a ciência tem obrigação de seguir em todos os seus procedimentos e é sobre isso que os ativistas chamam a atenção, o que é válido. Assim como é obrigação da política e de todo cidadão seguir a ética da boa consciência individual, as ditadas pelas leis e regras sociais de conduta.

          Sabemos que os inimigos não vão sumir. De minha parte faço o que posso, ou até o impossível para amar o próximo. Mas não me considero amiga de ninguém, nem que alguém seja meu amigo/a. Temos esse ou aquele amigo/a por algum tempo, enquanto houver interesse das partes envolvidas, essa é a verdade. Meça isso e viva em paz com sua consciência, vale até se fingir de mudo surdo e cego para evitar stress". Mas, se a amizade acaba, não precisa virar inimigo. Havendo mágoas, perdoar faz bem, principalmente à saúde.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A Felicidade Não Se Compra (Dublado)






            A FELICIDADE NÃO SE COMPRA


        Um filme bom para se rever no Natal. A história acontece em plena depressão, o protagonista, vivido James Stewart, acaba de casar com a mulher que ama, e de repente o banco onde trabalha entra em falência e ele, pressionado pela culpa da situação financeira, sai de casa em desespero. Sem memória e percorre alguns locais da cidade em que vive sem nada reconhecer, até encontrar um senhor que sabe de sua situação e está ali para lhe apresentar, como num filme, a vida que teria, diferente daquela em que se encontra. Não casaria com a tal moça, que ficaria solteira, ambos sem o amor e a felicidade com a família que constituíram. Os problemas por si se resolvem, logo ele fica sabendo ao retornar arrependido para casa. O dinheiro não é tudo.     

O bem e o mal (Danilo Caymmi)



        
                                     DO BEM E DO MAL
       

        Rebatendo textos do Facebook.
1-     Freud teria dito que preferia os animais ao ser humano. Não sei se tem cunho de verdade tais palavras do mestre da psicanálise. Se verdadeiras, temos que entender o que expressam. Sabemos que o animal é só instinto e isento de culpa, que ele age dentro dos limites de sua pouca inteligência. Já o ser humano, por ser racional e inteligente de verdade, (nem todos ao que parece), tem responsabilidade sobre seus atos. O muito de inveja que a gente sente do bicho, seria dessa isenção que o inferior goza. É ou não é? Amadurecer como pessoa é justamente para que conheçamos a verdade que nos liberta. A verdade é dura, mas é a verdade. Ter responsabilidade sobre nossos atos, medir as consequências. Se podemos tudo que queremos, não devemos agir assim.
2-     Odiamos, mas também amamos. É “a história do bem e do mal”, de que fala Nelson   Cavaquinho, na sua música. O sambista fala que “o sol vai brilhar, e do mal será queimada a semente”. O sol da razão certamente. Daí “o amor será eterno novamente”.  Parece uma contradição. Não, se levarmos em consideração o amor instintivo. Mas o amor é mais que instinto, é sentimento superior de união fraterna, caridade, compaixão, eterno.
3-     Se “os que partem antes de nós concluíram sua tarefa e estão livres dos tormentos da vida terrena” (sem o pessimismo embutido na frase, pois há também prazer nessa vida, pela biologia, que visa a preservação da espécie), não é racional pensar que os mortos continuariam ligados a nós numa outra vida. Acontece que nós é que continuamos ligados aos nossos parentes e amigos, principalmente a Cristo que morreu por nós, um passado que inspira o presente, pelo pensamento, pelo sentimento, pelo amor que eles nos dedicaram e nós lhe dedicamos, quando juntos vivemos. Continuam vivos em nós, presentes em nossa vida espiritual e mental. O inconsciente uma espécie de além túmulo.



São luís do Maranhão Brasil-Brazil HD




                     MINHA TIA IMPRESSIONISTA II

    Mais nova das duas irmãs, tia Ilza, era caprichosa em tudo, e naquele dia eu observava  ela dar um laço de fita no papel de seda sobre as balas de ovos, quando o primo Tonico entrou com a notícia que um Zeppelin dava voltas pela cidade. Corri para fora de casa, olhei para o alto e nada vi. Era cá em baixo o que vi foi uma horrenda imitação do charuto de gás da aviação alemã, que passava com dificuldade pelas ruas estreitas da cidade, um novo transporte público. O gigantesco Hindemburg voara perigosamente sobre as cabeças, mas explodira no ar um ano antes de eu nascer, pondo fim à carreira dos tais dirigíveis, antes do fim da Segunda Guerra, com a vitória dos aliados. Voltei para dentro de casa um tanto decepcionada, era muito feio aquele monstrengo, diferente dos nossos elegantes ônibus “cara chata”. Minha tia continuava a embalar os doces, encomenda para a festa de casamento da noiva sortuda, que se unia a um endinheirado. Uma nova rica que, cheia de si e de exigências descabidas, em plena rua haveria de reclamar do bolo de aniversário da filha, que estava menos bonito que o da filha da amiga, ricaça tradicional, ela suspeitando de preconceito. A confeiteira tentava explicar que aquela era sua melhor receita de bolo, confeitado com o esmero de sempre. Mas, para a deslumbrada, bonito mesmo era seguir regras sociais toscas, por exemplo, muito consumir, desperdiçar, em suma, reclamar de tudo.  
Na estante da tia Ilza, como de qualquer moça daquela época, não podia faltar os romances de M. Delly, pseudônimo de um casal e irmãos. Também abrigava títulos do escritor cearense José de Alencar, e de outros romancistas nacionais e estrangeiros. Meu tio em seu peculiar jeito de brincar avisava para a sobrinha: “Escrava... ou Rainha? Nem pensar, ouviu mocinha? Nem O Tronco do Ipê”. Para ele, os casamentos inadequados aconteciam devido à certas leituras. Dizia mais: “A idade justa para a moça casar é 33 anos, idade de Cristo!” Certamente porque foi nessa idade que Jesus aceitou a crucifixão... Ao contrário da estante de tia Ilza, a pequena biblioteca de tio Juvenal continha livros de peso literário, como Crime e Castigo de Dostoievski, e outras obras do escritor de fé ortodoxa. E mais Tolstoi, Nietzsche, Platão, Pascal, autores que aguçavam minha curiosidade, tão difíceis de entender. Também tinha os livros de autoajuda dos dois papas no assunto: Napoleão Hill e Dalle Carnegie, fora do meu interesse. Mas do nosso grande Machado de Assis nada, falha imperdoável nesse pequeno acervo, do qual restou a Ética de Espinosa, herança familiar que guardo na estante, minha e de meu marido, bem mais cheia de livros. A vitrola meu tio trouxe de uma viagem ao Rio, com discos de Caruso, que deslumbrava o mundo com seu vozeirão, e se dizia ser capaz de quebra cristais. A canção La Mer eu acompanhava num francês arrevesado.
Certa noite tia Moema  fez uma pergunta que deu início a um longo papa entre as irmãs :
– Ilza, lembra da prima Berta?
– Era boa professora, e ainda cuidava da irmã aluada e seus gatos, carregando por toda a vida um amor bandido, mas ela lembrava do noivo como se fosse um herói, desses que morreram na guerra, mas sumira no mundo, dias antes do casamento. Ela sempre a lastimar: Coitado do Alfredinho!
Lembraram ainda tia Apolônia, com as pernas mais finas que eu já vira, em cujas feições não mais se percebia rastro algum de beleza. Apelidada de Pulu, também saudosa do noivo, piloto de avião, que se espatifou sob seu comando, meio de transporte inusitado na época, invenção recente de Santos Dumont.
– O noivo de Apolônia quis se exibir no ar para a noiva, remorso que ela levou vida afora, como se tivesse matado o desafortunado homem.
Rebatida tia Ilza:
– Sim, mas guardou esse amor como o melhor de si. Sem instrução adequada ao exercício de uma profissão, e sem marido que a sustentasse, mourejou até idade avançada, por último, numa padaria amassando pão. E ainda dizem que as mulheres são frágeis, mas, pelo que sei de muitas das nossas companheiras de sexo, posso afirmar o contrário. Todos sabem que o destino pode ser amargo para certos amores, que não se concretizam, vítimas da fatalidade e de equívocos. O “para sempre”, ou “até que a morte os separe” deixa de acontecer, como prova da transitoriedade de tudo que existe. E o amor como um bem inatingível. O amor, o prazer, como um enigma para não ser de todo revelado por essas mulheres intocáveis e amoráveis, que foram educadas na rigidez da religião do amor sublime, eterno. Tiveram o rompimento súbito de um sentimento, desde então por elas sublimado, o que teria acontecido, quem sabe, para que não sentisse o lento e doloroso fim de sua paixão. Uma delas levada à consciência da morte, reverso da medalha, tão complexa e trágica é a vida.
Tias e madrinhas que eu convivi ficaram sem maridos por força do destino, ou coisa que o valha. “Homem é que não falta”, dizia Sulica nossa empregada, com uma creche particular, crianças de pais diferentes. Ninguém podia ignorar a subida aos céus do amor, ou descida aos infernos da paixão, do desejo. Nem uma coisa nem outra para a vítima de um inveterado, que mexia com as babás dos filhos, uma delas quase criança, levada por ele ao prostíbulo. Genoveva, nome de uma santa de grande coragem, que conseguiu com heroísmo afastar a horda dos ferozes e supersticiosos hunos, enfrentando inclusive o pânico dos homens. Ela conclamava suas companheiras para a resistência, na entrada do batistério de São João-de-Rond: “Podem os homens fugir; nós mulheres pediremos a Deus, e ele acabará ouvindo as nossas súplicas.” Sua homônima não conseguiu se livrar do pior de todos os bárbaros que é o estuprador.
Geração de machistas, que mesmo depois da lutas feministas, diante de uma menina, ainda achavam estar em frente da insipiente concupiscência, pelo jeito sensual, que inconscientemente aparentam. Virgílio, na decadente Roma, fazia versos sobre as meninas que desabrochavam - um poeta que gostava mesmo era dos rapazes. Petrarca platonicamente apaixonado pela quase criança Laurinha. Inconsequentes, quase selvagens, eles deviam estar sujeitos às leis da infância e da juventude, que só foram implantadas na terceira década do século XX na Inglaterra, e bem mais tarde adotadas no nosso país do carnaval e da permissividade. Um célebre ninfomaníaco foi parar nos tribunais, Lewis Carroll, isso por conta da denúncia de uma mãe que descobriu cartas libidinosas endereçadas a sua filha, vindas do escritor, que teria se inspirado na menina para escrever o célebre livro Alice No País das Maravilhas.
No humanismo barroco do século XVII, a atividade moral era agir por dever, instruir através da arte, foi quando Vermeer pintou seus quadros para que as mulheres se mirassem neles, refletissem sobre seus reais interesses no mundo que se modernizava. De consciência calvinista e jesuítica o artista pintou figuras femininas mostrando o quão prazerosos eram os desejos, mas quão demoníacos também podiam ser. Vermeer, tal qual Fausto, anuncia os novos tempos e o interesse financeiro neles contido, faz propaganda do vestuário para acirrar a vaidade feminina, também  dos livros ao lado delas, como vaidade intelectual. “Vaidade, vaidade, tudo é vaidade!”
Tia Ilza findava o papo erguendo outra vez as sobrancelhas para mim.
– Já sei, tenho de acordar cedo para o colégio.


domingo, 22 de dezembro de 2013

O Holy Night : Kings College, Cambridge




                  
            DA FAMÍLIA

            

         Quão revelador é o retrato envelhecido pelo tempo, os pais de meia idade cercado de filhos e netos, todos, ou quase todos, sorridentes. A chave do sucesso estava ali, na união entre um homem e uma mulher, pessoas que acreditavam no amor e na família bem constituída. Aquele mundo envelheceu e morreu, como aconteceu ao casal, que deixou para as gerações seguintes um lastro social, financeiro, aproveitado por todos. Mas da fé quais os herdeiros? Há os que hoje se declaram ateus. Parece que a fé católica sofre o destino cruento, adeptos que a deixam para seguir outras crenças, ou crença nenhuma. O que o papa Francisco pode ajudar no momento presente, com seu carisma e alguns ajustes na condução da Igreja. O mundo tem que evoluir, sim, a mulher, casada, ou não, que no passado dependia do homem, dedicada unicamente à procriação, aos ofícios domésticos, tão pouco valorizada. Com o mundo superpovoado as famílias, que eram numerosas, encolheram, ou sumiram, quando não se modificaram em arranjos diversos.  Acontece que nem todas as mudanças, todos os pleitos, são dignos de aprovação irrestrita.  Lógico que o progresso é importante quanto às liberdades individuais, mas chegamos a um ponto crítico. Se temos a pílula, a camisinha, e outros métodos anticoncepcionais, por que então aprovar o aborto? Devia bastar a proteção legal que existe para as relações entre pessoas do mesmo sexo, que difere da união entre um homem e uma mulher. Com a celebração do casamento gay tudo se igualaria. As disparidades, os disparates, começam por aí. E terminam em muita frustração. A conclusão é que falta o mais importante, educação para a vida moderna e uma sadia espiritualidade, que preencha o vazio dessas cabecinhas cheias de tudo, mas tão desorientadas. 

sábado, 21 de dezembro de 2013

O Holy Night - Incredible child singer 7 yrs old - plz "Share"




                      DAS AMIZADES

              As esperanças se renovam neste momento especial em que festejamos a vinda de Cristo, o Natal. Também o novo ano que vai iniciar e os novos planos que se faz. Tempo de rememorar o que passou, as coisas que fizeram a gente rir e chorar, as conquistas e os fracassos, as amizades que se fez e as que se foram. Quem melhor falou do assunto amizade foi Milton Nascimento, ao dizer que “amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito”. Uma pessoa privilegiada com tão grande talento musical, e um sedutor mundo afora.  “A primeira impressão é a que fica”, o que se diz, e é assim mesmo, mas só com o tempo conhecemos os verdadeiros talentos e os grandes amigos. Nem sempre estamos dispostos a fazer novas amizades, nem adotar novos hits. Eu mesma já não tenho paciência para acatar certas novidades, dessas que agridem o bom senso. Tanta bobagem que se vê por aí. Muito embora eu queira atrair leitores para o meu blog, o importante para mim é fazer algo que torne meus anos de velhice mais agradáveis e participativos. Tanto que pretendo olhar parta o céu nesse fim de ano e dizer que tive um ano, se não maravilhoso, diferente. Os milhares de acessos que eu tive na internet muito me agradaram, embora não tenha a pretensão de ser uma campeã. Participar disso tudo é um privilégio, não preciso de maior compensação. Quanto às amizades que fiz e deixei de fazer, considero todos os que me leem, meus amigos.  Como não sou espírita, não falo de bons e maus espíritos.  Que ninguém guarde mágoa de mim!

           
              FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO!

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013



                                                            DAS ATITUDES

  




Tomar uma atitude é deliberar sobre o que se quer, decidir em determinadas situações, às vezes, inesperadas. A vida moderna se transformou num enigma a ser desvendado a cada passo. E temos de tomar decisões rápidas, o que requer domínio da situação, e nem sempre acontece. Seguir a onda só porque alguém falou, ou ir por aquele caminho, apenas para acompanhar a turma, é perigoso. Sem refletir não é bom agir. Ter atitude é coisa pessoal, mas nem sempre estamos preparados para tomar certas decisões sozinhos.  É bom então recorrermos a quem pode nos ajudar de verdade. Principalmente, não se precipitar, e para sempre sofrer as consequências do erro cometido. A educação que se tem em casa, na família, na escola, e a orientação que nos é dada através da religião, da leitura da bíblia, direciona nossa vida, e se possa viver sem maiores percalços. Hoje conta-se  com a facilidade de reverter certas situações. No passado era mais difícil, as decisões deviam ser firmes e irreversíveis, o caso do casamento, do sexo. Não ser escravo do erro é um passo importante. Sem precisar destruir o já feito. Mas ter coragem de tomar a atitude de mudar o que for possível e seguir em frente, haja o que houver, doa o que doer. Hoje em dia é costume demonizar a religião e tentar fazer com que se calem os que falam sobre a espiritualidade, justamente o que dá respaldo para se viver melhor. Certo é que as boas atitudes tomadas terão lá adiante sua recompensa, pois ninguém deve agir sem mirar o resultado, aqui mesmo nesta vida.  


sábado, 14 de dezembro de 2013




                                                JUSTIÇA E CARIDADE
                   
      

            

            Não há diferença entre justiça e caridade. O direito que todos têm à justiça. Justo é reconhecer isso. E, na caridade, ver os erros cometidos para que sejam corrigidos. Assim como a mente necessita de justiça, o coração clama por caridade. É dever do cristão olhar para o outro, acudi-lo em suas necessidades materiais, dar-lhe assistência espiritual. Se nascemos com a mente para entender, temos o coração para sentir. Não fechemos os olhos enquanto as coisas acontecem, sem que se faça algo para melhorar o mundo em que vivemos, nunca piorar as coisas. Deixar de brigar com a vida, mas dar a atenção que lhe é devida. “Amar ao próximo como a si mesmo”, resume tudo.  
                                                
                                      FELIZ NATAL !
                                           

                                      

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

J.S. Bach - Christmas Oratorio BWV 248




"O OBJETIVO E A META FINAL DA MÚSICA NÃO DEVERIA SER OUTRO SENÃO
 A GLÓRIA DE DEUS E O PRAZER DA ALMA."
                                                                               
                                                                                  J.S.BACH


quarta-feira, 11 de dezembro de 2013



              LAICO NÃO SIGNIFICA ATEU
         
      


       A união entre Estado e Igreja vigorou por séculos, as cidades que surgiram em torno dos mosteiros, com a fé cristã, que desse modo forjou a civilização, educou a alma ocidental. Veio a modernidade, o progresso material, cujas raízes estão lá longe. Ao Estado, e aos poderes constituídos democraticamente, foi dado zelar pelo bem comum, pelos direitos à cidadania. O intitulado Estado laico, ou secular, é coisa recente. Laico significa que não há uma religião oficial, mas comporta, por parte do Estado, respeito a toda confissão religiosa, isso no regime democrático. Em nosso país a Constituição Federal adota o Estado Laico, conforme o art. 103.  Estado laico não quer dizer Estado ateu, o que seria admitir um lado perverso para a questão. Acontece em alguns países laicos o governo criar dificuldades para manifestações religiosas em público, onde se rejeitam qualquer forma de relevância política e cultural da fé, procurando ignorar as religiões, até denegri-las. Um absurdo adotar tal procedimento em nosso país, quando somos cento e vinte e sete milhões de católicos, ou seja 65% da população. Fora os evangélicos e outras crenças. Por conta desse expressivo número de pessoas que adotam a fé, calcada na ética e moral cristã, é perfeitamente justificável que esse contingente tenha voz na sociedade quanto a seus princípios.
        Foi aprovada na Câmara dos deputados a admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição nº99/11 pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, que segue para votação em plenário no Congresso.  Se aprovada, as instituições religiosas de âmbito nacional serão incluídas na lista das entidades que podem impetrar ação direta de inconstitucionalidade, ou declaratória de constitucionalidade, como acontece com os sindicatos, e outras entidades. Garantir às instituições religiosas o direito de se acautelar contra o arbítrio do Estado, em temas que lhes são pertinentes.  Algumas pessoas nunca receberam orientação religiosa, e se justifica que sejam indiferentes, até mesmo rejeitem essa ou aquela religião. A nós outros é chocante, todavia, a ignorância e prepotência dos que se declaram ateus. A fé requer humildade, compromisso com o ser humano, constituído de corpo e alma. Como pode alguém se declarar ateu, se não pode provar a inexistência de Deus? Na dúvida, o que no caso é mais pertinente, melhor se declarar agnóstico. Mas certas cabecinha se julgam donas da verdade. Ó, coitados!
        O professor de história Rainer Sousa, membro do Educa Brasil na internet, cita Erasmo de Roterdã, dos primórdios do iluminismo, época em que a razão se impõe, sem que fosse apartada da humanidade a fé em Deus. “No presente, o homem se faz através da posse da razão. Se as árvores e bestas selvagens crescem, os homens, creia-me, moldam-se(...) A natureza, ao dar-vos um filho, vos presenteia com uma criatura rude, sem forma, a quem deveis moldar para que se converta em um homem de verdade. Se esse ser moldado se descuidar, continuareis tendo um animal; se ao contrário, ele se realizar com sabedoria, eu poderia quase dizer que resultaria em um ser semelhante a Deus.” Erasmo defende a razão por compreender ser a responsável pela aproximação do homem à figura de Deus, diz o professor, que aconselha aos demais professores de história façam os alunos perceberem essa tentativa de conciliação entre razão e fé.  Acredito que o mundo contemporâneo se tornou mais consciente de Deus, depois que o comunismo fracassou no seu afã de sucesso, banindo os anseios humanos de espiritualidade, a fé acusada de ser o ópio do povo. Isso para que a coletividade fosse conduzida exclusivamente pelos chefões do Partido e seus interesses escusos.   

terça-feira, 10 de dezembro de 2013



                                                A OLARIA DE SEU TOMÁS

            
                  




            Os filhos gêmeos de dona Catarina viam com curiosidade as ruínas de algumas casas abandonadas na cidade em que residiam, com mais de quatrocentos anos. Mas aquela casa do sonho do irmão mais velho, apenas minutos do outro, era diferente, uma espécie de cabana misteriosa, coberta de palha, uma voz a lhe dizer que ali estava guardado um grande segredo. Ao acordar, ainda em sua mente tão vívido o sonho da noite anterior, sonho arquetípico, merecia uma averiguação. Sabia de uma casinha, a poucos metros de uma pequena igreja da periferia, não muito longe, ia averiguar junto com o irmão, convidado a participar da aventura. Foram surpreendidos com a paz e tranquilidade do local, a casa coberta de telhas escurecidas pelo tempo, não de palha, e com uma chaminé que indicava fogo. “E onde há fogo há vida”, disseram uníssonos.  
          Não tiveram dificuldade em entrar, a porta sem fechadura, apenas encostada. Estranharam a ausência de pessoas e um forno que tomava um terço da grande sala, o fogo apagado, a lenha queimada pela metade. As cinzas por remover, que eles vasculharam em busca de algum esqueleto escondido, ou algo tenebroso, que revelasse o tal segredo. Nada, apenas uma boa quantidade de objetos de cerâmicas estavam empilhadas em vários locais da casa, todos de um vívido colorido. Passado o espanto, resolveram atirar os frágeis objetos contra o chão, até quebrarem tudo. Pensaram em atear fogo na casa, mas resolveram ir embora, satisfeitos com a bárbara quebradeira. Até que o remorso bateu, tão lindos aqueles cavalinhos, os sóis pendurados na parede, que pareciam olhar para eles, tudo destruído.
            Nenhum proveito podiam tirar do que fizeram, tarde atinaram com isso. No dia seguinte dois idosos bateram à porta da casa deles. Foram pedir ressarcimento dos prejuízos, tinham quebrado toda a olaria do seu Tomás, reclamou a mulher, dona Matilde, para os pais dos garotos. Naquele feriado haviam saído para visitar amigos fora da cidade, na aldeia vizinha, e agora não mais tinham as peças encomendadas para entregar aos seus donos. Os irmãos não tiveram outra alternativa senão confessar o crime. Contaram que foram apenas em busca de uma cabana com um segredo, conforme o sonho de um deles. “Vamos tentar reparar o erro de vocês”, disse o pai depois de repreender os filhos. Em seguida aconselhou os donos da velha olaria, que fizessem um empréstimo bancário e construíssem um prédio maior para melhorar a produção da cerâmica, ele ia ajudar, era gerente de banco. Assim foi feito. A nova construção mais alta e cheia de janelas, uma fábrica. Após uma tragédia, o sonho do trabalho, da produção, do progresso, que se realizava em condições mais favoráveis.
       Moral da história: Ir em busca de um segredo numa cabana misteriosa, pode levar a que se perca a noção da realidade. Mas acontecer da vida se renovar, mesmo à custa de perda e frustação. Mesmo que se destrua a olaria do seu Tomás, que prosperou em seu negócio, agora fabricando peças em grande escala, entre elas imagens religiosas, conforme ideia da mãe dos gêmeos. Essa cabana existe, sim, e tem o sentido de transformação, de renovação. 


                               

domingo, 8 de dezembro de 2013



                                                       SANTA MARIA 
                 
                            
              

         A Igreja Católica celebra no dia 8 de dezembro, a “Imaculada Conceição”, a concepção divina, que leva esperança por um mundo melhor. O “sim” de Maria, que deve ser também o nosso “sim” a seu Filho. Maria, abençoada por Deus, e Jesus, o fruto bendito do seu ventre.  


                             
                     NELSON MANDELA

      


      8 de dezembro de 2013, faz três dias do falecimento de Nelson Mandela, aos neventa e cinco anos, e grande é a comoção no mundo todo, que rememora o líder africano, pelo fim do apartheid na África do Sul e pela consolidação da democracia no país. Mas há quem diga que Mandela era comunista e revolucionário, que pregava o uso de armas contra o regime de segregação racial. Acontece que ele não via outra saída à época, senão a revolta armada, quando os negros eram massacrados pelo governo racista de segregação racial que durou de 1948 até 1994. Participou Mandela de ações violentas, militante do Congresso nacional Africano (CNA), sendo preso em 1962, e por mais de vinte anos submetido a trabalhos forçados, que minou sua saúde, a tuberculose adquirida na prisão. Comentam ainda que, ao ser libertado, Mandela teria traído a causa dos negros ao fazer concessões aos brancos, minoria rica e poderosa, de origem inglesa, de onde vem seu nome Nelson. O certo é que Mandela nunca foi comunista, nem pacifista. Ao contrário de muitos dos seus conterrâneos, Mandela teve oportunidade de estudar e sentir mais fundo as injustiças contra as pessoas de sua raça, que, a princípio, ele só via como resolver através da velha violência contra violência. A prisão teria sido uma espécie de descida mais funda ao inferno.  
               Movimentos aconteceram pela libertação de Mandela, como o conserto no Estádio de Wembley na Inglaterra em 1992, ano em que ele saiu da prisão, outro homem. O mundo também outro, tempo de grandes mudanças. O muro de Berlim caíra poucos meses antes da libertação de Mandela. Daí para frente não havia como continuar com a repressão, e o presidente De Klerk, do Partido Nacional, que havia instituído universidades unicamente para brancos, de uma só canetada tirou o CNA da clandestinidade, aboliu as leis racistas e libertou Mandela. A democracia, o campo propício para a sementeira da paz e prosperidade, que Mandela tratou de consolidar, eleito presidente logo depois de sair da prisão. Os africanos com um futuro a conquistar. E como fazer isso sem destruir o que havia sido feito até então pelos brancos colonizadores da África do Sul, responsáveis pelo progresso do país? Algumas nações africanas foram radicais e se viram na pior miséria. Mandela quis que fosse diferente na África do Sul, feito que lhe redeu o respeito mundial e o prêmio Nobel. Emblemático o time de futebol que Mandela formou, construído de brancos e negros, um time forte e vitorioso, assim com a nação da qual era presidente eleito.
  Na América do Norte Abrahan Lincoln havia usado a libertação dos negros para acabar com a guerra entre o Norte mais pobre e o Sul rico e escravocrata. O presidente americano viu que sem o trabalho dos negros não haveria a riqueza acumulada pelos sulistas que teimavam em prosseguir com a guerra, impasse criado pelos brancos. Assim como Na América a riqueza não se sustentava sem os negros, na África do Sul os negros não sustentariam o progresso sem os brancos. Mandela não quis pagar para ver a derrocada dos negros, da nação sob seu comando. Afastou o sentimento de revanche, não quis se reeleger, afastando de si a tentação de perpetuar-se no poder, como é costume acontecer com os heróis nacionais africanos, que se tornam tiranos. Quando da instituição da “Comissão da Verdade e Reconciliação”, constatou-se vítimas e algozes de ambos os lados. Todos cientes do que havia acontecido para exorcizar os demônios da injustiça e violências no país. Esse o motivo que deve ser dado a todas as comissões da verdade. Para chorar a dor, mas também perdoar. Dar adeus ao passado de erro e crueldade, e se possa   caminhar em direção ao futuro. É a lição de Mandela! Um ser humano de grande valor moral, exemplo que está sendo desprezado pelo atual presidente da África do Sul, que quer se perpetuar no poder, apesar dos altos índices de criminalidade no país, e dos escândalos de corrupção em seu governo. Por conta disso, o antigo partido de resistência, o CNA, pelo qual Mandela se elegeu, vive hoje um tempo obscuro. 

terça-feira, 3 de dezembro de 2013



       
            
                         MARIA DA TEMPESTADE

                          homenagem a João Mohana 
           
         
            Quando João Mohana (1925-1995) publicou o livro Maria da Tempestade, na década de cinquenta, foi um escândalo. Maranhense de Bacabal, o padre Mohana também era recém-formado em psiquiatria, que ele dizia ter cursado por desejo do pai libanês, mas sua vocação maior era o sacerdócio, a mãe fervorosa católica. Acontecia dos jovens ingressarem cedo no seminário, e se tornarem padres, com uma formação religiosa e cultural da melhor qualidade. A história é sobre uma jovem que, além da paixão pelo fenômeno da natureza, se apaixona por um rapaz, que tinha belos olhos verdes, mas foi rejeitado pela família tradicional dela. Acredito que o livro traz uma metáfora sobre a insipiente ciência, a tragédia da racionalidade, diante da milenar fé católica. A famosa psiquiatra Nise da Silveira, colega de faculdade do autor, poderia de algum modo tê-lo inspirado, o livro premiado pela Academia brasileira de Letras. Maria da Tempestade foi um dos primeiros romances de João Mohana, que se tornou palestrante e conselheiro espiritual de grande popularidade, com muitos livros publicados sobre aconselhamento familiar.
             

             Maria da tempestade luta por ter sua própria vida, e sofre os desencontros e a tragédia de um grande amor, fora dos padrões tradicionais da época. E foi num dia de tempestade que a personagem da história vê seu filho nascer morto por falta de assistência familiar e médica, ao lado de uma velha viciada em drogas, num palacete abandonado de São Luís. Ela tinha fugido de casa ao constatar que estava grávida do homem, a quem se entregara sem reservas. Que exemplo se pode tirar dessa história? Questionava uma aluna mais velha para as freiras, achando que o livro devia ser proibido, o que aguçava nossa curiosidade juvenil. Quando eu cursava o quarto ano primário, as feiras disseram que, naquela sala (ao lado do coro da Igreja), eu era uma lagoa, sempre calma, enquanto minha colega Alice, parecia uma pororoca. Até o quarto ano, eu era uma criança meio desligada, tanto que poderia até ser diagnosticada como autista, de acordo com a moderna psicologia. No Santa Teresa as freiras incentivavam as alunas a serem estudiosas, comportadas, pessoas de boa vontade para com o próximo, conforme os Evangelhos. No quinto ano me tornei uma menina sempre pronta a participar das atividades do colégio. Por ocasião das Missões entrava de corpo e alma no movimento. Primeiro ano ginasial e me destaquei, dez em todas as matérias e o primeiro lugar, o modo solene como madre Arruda ditou as notas me soaram como notas musicais. Foi quando li o livro Maria da Tempestade que muito me impressionou, assim como Os Desastres de Sofia. O que a Maria do padre Mohana tem em comum com a Sofia da Condessa de Sèguir? Vou refletir sobre o assunto.

João Paulo II no Brasil 1.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013



                                         PARA NOSSA ALEGRIA




      A igreja católica acaba de divulgar a exortação apostólica do papa Francisco, Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho). O foco está na desigualdade entre pobreza e riqueza, o que fez a revista Veja (edição 2.350) apontar para o modo divergente como é vista a riqueza nas duas manifestações religiosas do Cristianismo.  A religião protestante defensora da liberdade econômica e do capitalismo a partir da Reforma do século XVI, o que mudou a visão do Cristianismo. Enquanto a fé católica coloca na riqueza o “estigma da imoralidade”, ao defender os menos afortunados, segundo a revista. Acontece que, ao longo do tempo, a Igreja Católica nunca se omitiu quanto à riqueza, hoje acumulada em grande escala, sem que se alcance um nível satisfatório de bem estar social para todos. O papa segue a doutrina social da igreja, e não há como mudar isso.
          Inegável que o trabalho produtivo e o capital são os fatores do progresso material, que teve como base a religião protestante. Em contrapartida o catolicismo tornou-se o fiel da balança, em defesa do trabalhador, do salário digno, para que a riqueza cumpra seu papel e não provoque desigualdade social, que existe desde a Era Industrial. Foi quando o papa Leão XIII publicou a encíclica Rerum Novarum  (Das Coisas Novas). A pobreza que se perpetua até os dias de hoje, mesmo com tanto progresso material. O catolicismo é acusado de fazer apologia da pobreza, mas, na verdade, se volta contra a exploração do trabalho para gerar riqueza a qualquer custo, acumulada nas mãos de uns poucos, segundo Francisco no sua Evangelii Gaudium.
        Valorizar juntos trabalho e riqueza é o espírito da fé católica, como da ética protestante. Não há valor a ser dado à riqueza sem o trabalho, essa é a questão. Dissociar riqueza e trabalho é antiético e fere os preceitos cristãos, quer católicos, quer protestantes. O valor maior da riqueza é o bem estar social, para o qual ela deve ser gerada.  Se a religião protestante pavimentou o capitalismo e sua ética, segundo Max Weber, a opção católica é pelo direito de todos aos bens amealhados. Defender os pobres é diferente de fazer a apologia da pobreza, mas tem gerado confusão.

         A Igreja Católica não é pobre, graças a Deus. É rica nas ciência e nas artes. Tem bens materiais, e os maiores valores espirituais da humanidade são de suas hostes. Nos mosteiros católicos, nas suas universidades, prosperaram as ciências e as artes, o trabalho sempre valorizado. O que fez progredir o mundo, hoje menos religioso, e mais empobrecido de valores, onde desmedidas ambições materiais queimam tudo numa fogueira de vaidades. Será que o papa Francisco condena o livre mercado, ou apenas a liberalidade em excesso e a falta de ética, desse mesmo mercado? Isso não é bom para ninguém, nem paras as grandes riquezas que de repente somem, levando grandes investidores ao desespero e até à morte. Prega Francisco no deserto, como diz a Veja, ou contra a selva, em que o mundo se transformou, com tendência a piorar? 

domingo, 1 de dezembro de 2013



                                     O SORRISO NOSSO DE CADA DIA
              




                 Ninguém esquece um sorriso assim, da velhinha que sorriu para mim de um jeito doce, amigo, e até hoje penso nela como uma pessoa especial. De vez em quando ela me faz lembrar quantos sofrem, mas procuram sorrir, ser amáveis, não para esconder o sofrimento, e sim para receber em troca o amor que precisam. Mesmo quem não tem um sorriso que enternece merece a atenção e afeto que pedem. E estejamos sempre pronto para ofertar a alguém um sorriso sincero a quem dele precisa. É amor que doamos ao próximo, isso para que a vida seja mais leve para nós e para quem está ao nosso lado, ou cruza nosso caminho. O sorriso é um ato de amor para os outros e para nós mesmos.
Se somos felizes sorrimos, mas temos de aprender a sorrir no sofrimento, o que é difícil, mas reconforta.  O sorriso atrai mais amor, que o choro. Pessoas vão passar por nossas vidas, e quantas delas nos fazem lembrar o bem que existe para além de qualquer mal que possa nos afligir. Não muitas, mas o suficiente para reconhecermos que o sorriso amigo vale mais que a riqueza amealhada nesse vale de lágrimas, nesse desterro que é a vida humana. Tudo acontece quando estamos de bem no íntimo do nosso ser, e sentimos que quem está ali é nosso melhor amigo, Deus. Sorrir, pois, para esse Amigo, presente nas pessoas que nos fazem sentir o verdadeiro amor, bíblico, cristão. 

No passado se dizia que muito sorriso era sinal de pouco siso, ou falta de juízo. Pode acontecer, sim, o riso que nos impede de ver a realidade, de sentir a dor do outro.  Não enxergar apenas a dor do outro e, sim, doar o amor que conforta e dá paz, que os problemas por si mesmo se resolvem, em sua maioria. É só não fazer tempestade em copo d`água. Ter fé e seguir em frente acreditando que o mal se destrói por si. Quanto ao bem, ele tem força para restaurar qualquer ferida, para refazer qualquer dano. O dano moral maior que o físico. Nada é maior que a fé em Deus, que é Amor. Querer é poder! Que o sorriso nosso de cada dia eleve nossa alma. Amém! 


domingo, 17 de novembro de 2013



                                       DAS ROSAS E DOS ESPINHOS


     


       Viver num mar de rosas, quem não deseja para suas vidas? Quem não quer usufruir da beleza, conviver com pessoas boas, maravilhosas, inclusive, cheirosas? Quão belas são as rosas, assim como certas pessoas. Aliás, todo mundo tem esse lado de pura ilusão. E os espinhos? Ferem as  pessoas, por demais sensíveis – mais de si, que dos outros – que detestam ser contrariadas, contestadas, se acham donas da verdade, donas de todo mundo, superiores. Geralmente só querem ver o que lhes interessa. Espiritualistas, ou primitivistas, descem às profundezas do inconsciente, em busca da sabedoria de vidas passadas, sem restrições. Prefiro a crença dos carismáticos católicos, que a Igreja aceita com reserva, um modo bem evoluído de elevação até Jesus, o Mestre dos Mestres, Aquele que habita a consciência cristã, ao lado de Sua mãe, Maria, a mais bela e perfumada Rosa. Essa a mística que me seduz, mas só os puros e humildes de coração podem alcançar. Melhor encarar a verdade sobre o ser humano, sobre nós em particular, esse animal racional, que pensa e ri; que cheira e fede. Somos seres racionais, conscientes, também irracionais, podres, principalmente, nas profundezas da alma, no inconsciente. A mente nos proporciona a consciência racional. E para nossa alma temos o dom da  contemplação, do amor pela  vida. Razão e contemplação bastariam para nós, pobres mortais, mas não bastam, queremos o impossível! Sabemos que Olavo Bilac tinha o dom de “ouvir estrelas” para compor sua bela obra poética. Assim como outros poetas místicos, entre eles Fernando Pessoa e Rilke. O romantismo francês produziu expoentes da poesia, os chamados “malditos”, entre eles Beaudelaire e Verlaine. Fico por aqui.  



sábado, 16 de novembro de 2013



             CARIDADE
        




       Oferecer ajuda aos necessitados é ato de caridade, ou melhor, de solidariedade, até de compaixão.  Somos solidários, porque temos responsabilidade. Já a compaixão é amor sob a forma de caridade. Na verdade, não precisamos de muito. Nem de tanta afeição do próximo, nem de tantos bens materiais. Somos suscetíveis, mas não desperdicemos afeição pelas coisas e pelos outros. Nem todos precisam de nós como acreditamos, e vice-versa, costumamos inverter as coisas.
       Às vezes, não cuidamos de nós mesmos como devíamos ter cuidado, material e espiritualmente e, à medida que os anos passam, nos sentimos carentes de tudo, principalmente de afeição e falta de reconhecimento pelo trabalho realizado. Ficamos à mercê dos outros por falta de planejamento na vida. Há pessoas e populações que sofrem com o descaso para suas necessidades básicas, todavia, acontecem reveses particulares imprevisíveis. Ou catástrofe de grandes proporções, o caso das Filipinas, onde  um tufão acaba de dizimar cidades inteiras, com milhares de mortos, e outro tanto de desabrigados, necessitados da solidariedade mundial.
      Há os que doam e o os que tiram. Há os que acolhem, protegem, orientam; pessoas que devemos reconhecer e nunca esquecer. Mas aos  negligentes, arrogantes e cruéis, a esses devemos perdoar, ou punir se for o caso.     

sexta-feira, 15 de novembro de 2013



           CURTIR, COMPARTILHAR, REPASSAR
 
          





         Flaubert tinha o costume de reescrever seus textos até o último momento da impressão do livro, que ele interrompia na gráfica, para aqui e ali aprimorar sua literatura. Uma pobre mortal das letras como eu, costumo fazer o mesmo com a intenção de evitar que interpretem errado as minhas postagens. Não só é difícil expressar ideias em palavras, como tem seus perigos.  Há um ano criei o blog Novo Espaço Maria, a princípio para divulgar um pouco meus escritos, tantos guardados na gaveta, sem publicação, desde ficção literária às pesquisas que fiz sobre literatura e arte durante muitos anos, textos antigos e novos. Animada pela internet saí em campo. Com o material que o Google disponibiliza posso enriquecer o que escrevo com imagens fantásticas. Inconcebível não compartilhar, curtir essa modernidade tão extraordinária. 
       De longas datas costumo interpretar os escritos de autores consagrados, ir fundo em suas ocultas intenções. Quase com o mesmo interesse procuro analisar agora o manancial de postagens da internet. Não apenas “curtir” nas redes sociais, ou “repassar” o que recebo nos e-mails”, mas avaliar o que as pessoas postam. Entre outros assuntos, é o que me proponho no blog. Como nem sempre é peixe o que cai nas Redes, tampouco merece aprovação certos e-mail, faço minha crítica construtiva. A essa altura não posso ficar de braços cruzados sem dar uma opinião sobre o mundo que me cerca, em que meus netos estão vivendo, e vão criar seus filhos. Um mundo melhor, e nele as pessoas vivam com mais confiança e felizes, o que se quer e vai depender dessa nova geração de internautas, bem informada e com boa formação cultural. .      


quinta-feira, 14 de novembro de 2013




                                           DOS AFETOS
             






        O drama de quem não tem capacidade de amar é se envolver em ciladas, ser lavado pelas circunstâncias. Os relacionamentos humanos de amizade, por exemplo, como qualquer outro, têm regras, isso para não acabar em decepção para as parte envolvidas, não desande em desafeto. É aquela coisa da receita do bolo, cujos ingredientes têm que combinar para que a mistura resulte num bom produto, ou para o conforto da alma, no caso da amizade. Certas condições definem as relações, se boas ou más, positivas ou negativas. 
        Há as pessoas fechadas, não adianta querer forçar a relação, ter um contato mais próximo. Outras se entregam sem medir as consequências. O mundo cheio de serpentes venenosas e lobos em pele de cordeiro. Têm que respeitar e se dar ao respeito. Nem sempre são flores o que se posta no Face, às vezes, parece um murro de lamentações, pessoas que expõem suas conquistas, dores, frustrações. Pouco há o que fazer, pela distância e falta de conhecimento sobre este ou aquele fato. Há intenções boas, outras algumas confunde mais que outra coisa. A vida também é confusa, e temos que entendê-la. Por exemplo, se perdemos algo, se as pessoas se afastam de nós, não quer dizer que nossa vida se perdeu, pouco adiante se lamentar. 
        Sentir algo mais por uma pessoa nem sempre é o começo de um bom relacionamento amoroso. Muitas pessoas forçam a barra, como se diz. Melhor parar de se enganar e não arriscar numa relação inconveniente.  Como saber o que nos convém? Ninguém sabe ao certo, ás vezes, só vivenciando para saber. Escreveu Lya Luft:  “A maturidade me permite olhar com menos ilusões, aceitar com menos sofrimento, entender com mais tranquilidade, querer com mais doçura.” O certo é que a felicidade é uma conquista, que demanda coragem, determinação. Não ter ilusões, sim, mas deixar as coisas correrem sem lutar pelo que se quer de verdade, não é boa política, e pode prejudicar a si a outros envolvidos nesse drama. Não é preciso perder a doçura, mas enfrentar o inimigo, que pode ser a própria pessoa, que não sabe ter vontade própria, prefere entregar os pontos. Vale a pena se deixar levar pelas circunstâncias?