quinta-feira, 29 de janeiro de 2015


                                         
 
           A GENÉTICA E NOSSAS DIFERENÇAS
 
 
 
 


            Acabo de saber a razão pela qual fazemos nossas escolhas políticas; se liberais ou conservadores, de esquerda ou de direita, a culpa é da genética, o que nos diz o antropólogo evolucionista americano Avi Tuschman, em entrevista concedida à revista Veja. Pouco vale o ambiente em que se vive, a classe econômica, e se o gênero é masculino ou feminino, nosso genes é que define cada um de nós, seguindo o antropólogo a tese dos geneticistas. E se nos comportamos de uma forma ou de outra, é que somos  levados, não pela racionalidade, mas pela conformação do nosso cérebro, explicita o pesquisador da Universidade de Stanfort, justificando que as pessoas com valores de direita têm a amigdala cerebelosa direita mais desenvolvida. Já o córtex cerebral é o responsável pelo desenvolvimento de características de esquerda. Convencionou-se chamar de esquerda a sensibilidade e cooperação social, enquanto a tendência liberal e individualista de uma sociedade é considerada de direita.

        Robôs, nós, seres humanos? Absolutamente, não é compreensível uma total situação de  dependência, graças a Deus. A genética que fatalmente determina nosso aspecto físico e a formação do nosso cérebro. Mas, como seres psicológicos, nosso processo de formação pessoal caracteriza o ser complexo que somos, com personalidade e tendências próprias. É fácil verificar, por exemplo,  uma sociedade liberal, que deve em grande parte às constantes migrações, enquanto a sedentária tenderia ao conservadorismo. E se as relações intergrupais, típica do liberalismo, seria um mecanismo desenvolvido pela natureza para a perpetuação da espécie, o conservadorismo preserva na sociedade, sua cultura e tradições. Na conservadora Islândia, altamente desenvolvida, que está no topo em educação, o sucesso reprodutivo só aconteceu quando houve interação dessa sociedade com outros grupos.

            Interessante observarmos o homem do interior, o quanto ele tende a ser conservador, talvez por viver mais perto da natureza, daí ser uma pessoa apegada aos seus bens de raiz, herdados, que pode sofrer uma transformação drástica ao se transplantar do solo pátrio. Seria, a meu ver, como o filho que veio primeiro, o primogênito, onde são depositadas as expectativas de levar adiante a tradição familiar, o que nem sempre acontece. Enquanto o filho que vem depois, o segundo, é como o citadino, aquele ser liberal, contestador, que opta pelo individual em detrimento do grupo, do coletivo.  Já o filho mais novo seria pouco afeito a ser conservador ou liberal, mas anárquico. (Que ninguém se ofenda com minhas palavras, não trato de casos específicos, mas de generalização.) Acontece nos tempos modernos como a civilização ocidental, que foi  conservadora, depois contestadora, agora simplesmente não quer acreditar em mais nada. Transformações que ocorrem em cada sociedade de forma diferente, por questão demográfica, conquanto a geografia tenha influência considerável na razão de ser de cada grupo social. Não dá para  explicar tudo apenas com o genes. Difícil, não é mesmo?

       

         O MONGE GREGOR MENDEL (1822- 84) EM SUAS PESQUISAS GENÉTICAS COM ERVILHAS
       

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015





           A SANTA DOUTRINAÇÃO DO PAPA FRANCISCO

            


 

Francisco fala que fala, e é bom que ele escolha falar, para o bem do catolicismo no mundo atual da comunicação, mesmo que suas declarações causem polêmica. Há os que aproveitam para distorcer as palavras proferidas pelo chefe da Igreja Católica, em assuntos de moral e costumes, sobre os quais ele é questionado e se manifesta como doutrinador revolucionário. São questões que não dizem respeito aos dogmas da fé. Quando o papa fala que os católicos não deviam procriar como coelhos, quer sincera e sabiamente alertar sobre a explosão demográfica no planeta, coisa que de há muito os cientistas proclamam os desastres dela decorrente, e que atualmente assusta o mundo.
A igreja sempre incentivadora da procriação entre os católicos. Mas na realidade, como falou o santo padre, tem de haver comedimento, explicitando que 3 filhos é o suficiente. Número que devia ter sido adotado pelas gerações anteriores, filhos apenas para a reposição, dois por casal, e um excedente. Se bem que na Europa as mulheres não querem mais ter filhos, e em Portugal o problema é de tal monta que há regiões de maioria velhos,  que não deixam descendência, e o prefeito de um vilarejo resolveu pagar bônus para que as portuguesas procriem, pelo menos uma vez. O certo é que os problemas estão aí, a escassez de bens, a destruição da natureza e outros mais. Anteriormente o papa havia dito que não acreditava que o crescimento populacional fosse a causa da miséria no mundo, e certamente não é, mas contribui para agravar a situação.
Tem que haver justiça social e a contrapartida da responsabilidade de cada um em rever seus costumes ultrapassados. Povoar o mundo apenas com católicos é ledo engano, a juventude atual está cada vez mais descrente de tudo, desmotivada, sentindo-se enganada. A igreja precisa ser verdadeira e dar exemplo de respeito ao conhecimento, à ciência. Não estamos na idade média, somos cristãos e também modernos, temos de conhecer o mundo e ser verdadeiros, doa a quem doer, é o que Francisco expõe em suas sentenças, bem verdade que ditas ao calor do momento, como no caso do controle da natalidade.
 Francisco acabara de visitar Manila a capital da  Indonésia, onde foi calorosamente recebido por milhões de católicos, que o ovacionaram e receberam a benção apostólica. De volta ao Vaticano, o papa falou aos repórteres no avião, como costuma fazer, em suas viagens. Ele certamente estava com o pensamento voltado para aquela multidão que não pode mais crescer, como vinha crescendo, e precisa sair da miséria. É isso aí minha gente, rezemos pelo papa que deve continuar a ser o que ele é, sincero e muito querido.            

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015




                                                   
 
                                       O QUANTO VALE VIVER !

 

         Há experiências que vivenciamos e enriquecem a alma, como participar da missa católica aos domingos, assistir ao culto em igrejas evangélicas, ou a outro evento religioso, são momentos que nos levam a ter uma vida melhor e mais feliz, disso não resta a menor dúvida. Melhor que sair por aí gastando tempo e dinheiro com o consumo de coisas que não tem a contrapartida de confortar o coração — como  alguns pensam. Comprar, por exemplo, pode ser uma atividade desgastante, além de ser um prazer passageiro,   que pode até causar remorso pelo tanto que se gasta atoa, e por nada, a não ser exibir uma roupa, uma bolsa, um sapato, que vai cair logo de moda, antes mesmo do fim das prestações.
 
          Nada mais importante que sentir satisfação ao vivenciar experiências que vão perdurar em nossa mente, além do prazer que podemos usufruí-las de imediato, como viajar. Conforme o tema da reportagem "Viver Para Contar" da revista Época desta semana, em que a pesquisadora Flávia Yuiri Oshima diz que “viver algo traz sensações mais intensas e duradouras que possuir alguma coisa”. Fazer aquela viagem, conhecer aquele lugar que sonhamos conhecer, o quanto é gratificante a realização desse desejo, por demais estimulante. Em vez de empobrecermos com o consumismo. Privilegiar o consumo só faz atrair invejosos de prontidão para detonar as pessoas nas redes, ou onde for. A modéstia é mais bem aceita que o exibicionismo.
              Participar de eventos, encontros e passeios com amigos, tudo isso nos dá prazer e causa bem estar. Momentos de convivência afetiva com a família e amigos são experiências que superam o prazer de possuir o mais ambicionado produto. E tem gente que privilegia a quantidade, tem que ser de todas as cores, por exemplo, que a dúvida na escolha é atroz, tudo no afã de consumir. Ter isso ou aquilo que não chega a ser um triunfo pessoal, como os consumistas acreditam que é. As vivências positivas  reforçam nossa autoestima, nos dão gás para enfrentar o dia a dia no trabalho, em casa, sozinhos ou em convívio social. Existe, sim a felicidade da mãe que prepara o alimento da família cantando. E mais ainda aquela que convida os filhos para ajudarem nos afazeres domésticos.

          Podemos ser felizes vivendo nosso cotidiano com tranquilidade, e assim procedendo, menos propensos a ilusões ou cair em armadilhas. A felicidade de poder ajudar quem está bem próximo a nós. Aproveitar para ter experiências que confirmem os nossos valores, acrescidos de outros, que nos podem modificar para melhores, dependendo do quanto estivermos preparados para absorver o melhor e descartar o que não serve para nada. Mesmo as experiências desastrosas nos podem servir de lição, coisas que vamos assimilar com o tempo. O que não dá é ficar parado, sem fazer nada, nem por si, nem por ninguém.

  

 

 

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015


 
            AS ALEGRIAS MAIORES QUE OS REMORSOS

 


       O que sente uma mãe quando olha para traz, e vê tudo que deixou de fazer e devia ter feito? Remorso. Mães torturadas por terem sido  ranzinzas e agido de forma inadequada, quando deixaram de atender as necessidades espirituais dos filhos, oferecendo em demasia coisas materiais, que os tornaram cada vez mais exigentes, neste sentido e não no outro. O receio e pudor que certas mães têm de interferir na vida dos filhos, mesmo que não tenham todas as respostas para lhes dar, algumas achando melhor observar apenas, e acreditar que tudo se resolve a contento. E o mais seguro é ter as rédeas na mão, e agir de acordo com as regras, nada mais que isso. 
   
         O olhar inquiridor pousa sobre a mãe, por esse ou aquele motivo, quando então ela vai querer ser invisível, anônima, mas sabemos que não existe mãe invisível, nem mesmo anônima, que ela sempre estará no centro da vida familiar e da sociedade. Melhor assumir o papel de mãe com mais responsabilidade e menos covardia. Responsabilidade, que não é a mesma coisa que ser malvada. E existe, sim, mães que  só querem aparecer, e deixam os filhos fazer tudo que  querem. Outras, uma fortaleza, apenas na aparência, e os filhos sem reconhecerem seu esforço para ser uma boa mãe.  E como é bom ser mãe e ter uma mãe, que é um porto seguro, sim, assim como os filhos o são para com as mães.

          As pessoas difíceis, as relações idem. Melhor ser fácil de se gostar, pairar sobre as ondas, e não surfar em mar agitado, que poucos sabem, ou podem, enfrentar. Tudo corre mais fácil para os menos inconformados e melhores estrategistas, não apenas em finanças. Um ponto nevrálgico, o dinheiro, de grande peso para uma suposta felicidade. E contar com uma religião, de especial ajuda para um bom relacionamento entre pais e filhos. O mundo   cada vez mais difícil de se viver, e tem que ser respeitado, condição para ninguém se sentir parte de um mundo cruel. A mulher atenta, preparada para ser mãe. A procriação que nunca está fora de suas cogitações, mesmo quando não se realiza. A natureza é sábia e não há mãe despreparada para a função.

       Há mães quase do outro mundo, cheias de sonhos e mesmo pesadelos, que existem hoje, não sei se melhor ou pior que as antigas de chinelo na mão. Cuidado, que hoje em dia é crime bater nos filhos! Traumas e inseguranças todos têm, nem sempre culpa das mães, que estão certas na maioria das vezes, muito certas. E que as mães tenham firmeza em suas decisões, ensinando os filhos a agirem de igual maneira. Para que não haja mal entendido, sejam as mães claras, em gestos e  palavras. Esconder o jogo, acovardar-se, não ajuda em nada. Mães assumidas, que é hora de deixar de reclamar da vida. Sendo assim, que seus remorsos não sejam maiores que suas alegrias de serem mães.   

 

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015




                                  
                                     TUDO SERÁ PERDOADO

 

         


 

               Não são de hoje as dissidências entre povos, atualmente a Europa em estado de prontidão contra o terrorismo. Cresce a islamofobia, o antissemitismo e ataques ao catolicismo em sua origem. A onda de preconceito que varre o Ocidente, como também o Oriente, principalmente contra a moral de uns, que seria incompatível com a de outros e suas liberdades. Os europeus queixam-se dos estrangeiros, com poucas chances de serem absorvidos. Seria tudo isso, ou nada disso, a causa dos atentados perpetrados por extremistas islâmicos no último dia 7 de janeiro em Paris à revista Charlie Hebdo e ao supermercado judaico Huper Casher,ao todo foram trucidadas 17 pessoas, entre eles os 4 maiores cartunistas da atualidade. Todos mortos à queima-roupa, por esses animais, que carregam ódio mortal ao oponente. Terroristas apenas, e não como eles dizem, adeptos de uma fé que, na realidade, repudia tais atos. Os extremistas assassinos sem fé,  educação, sem nada. Uns loucos!

           Bem verdade que a ocasião é imprópria para críticas tão azedas, quanto as da revista francesa, que critica as religiões, quando elas sofrem uma onda de preconceito, atitudes que os líderes do terror aproveitam para atiçar o ódio daqueles que só querem ver a desgraça. Para os mulçumanos radicias, Maomé não pode ser retratado, muito menos sua fé criticada, e ponto final. Mas não há como aceitar que se mate em nome da fé. O intuito de domínio e de mais e mais poder, o que fazem através da intimidação, do medo. Os católicos também atingidos pelas críticas da revista, e não se enfurecem, apenas protestam. A nova capa do Charlie Hebdo continua mexendo no vespeiro e traz a figura de Maomé. Bom que seja sem timidez, mas no sentido de conciliação, a charge menos agressiva, mesmo assim corajosa, onde aparece o Profeta com uma imensa lágrima na face e carregando a frase adotada mundo afora, “Je suis Charlie”. Palavras de  solidariedade para com as vítimas do terrível atentado. Encabeçando a charge da capa lemos a frase: Tout est Pardonné. Tem gente que não gostou, de um lado e do outro.

 

          Vermeer tem algo a nos dizer sobre as antigas dissidências entre Oriente e Ocidente.      

         No quadro Moça com Brinco de Pérola pintado por Jean de Vermeer em cores luxuriantes  dá crédito à cultura oriental, em especial à ortodoxia religiosa. Além de ser uma homenagem um tanto irônica que o mestre de Delft faz ao Islã ocidental, terminada a ocupação mulçumana. O Oriente em  parte responsável pelo movimento de renovação que ocorreu no Ocidente, inclusive, o Renascimento. Grande a efervescência cultural na Espanha islâmica, centro de discussões eruditas, de estudo e leitura, pleno de poesia cortesã, onde o número de livros era muito superior ao de volumes das maiores bibliotecas do Norte. Por tudo isso havia disciplina  e tolerância entre as crenças, numa convivência pacífica. Sendo  Vermeer um cristão reformado, podemos observar, pois, a ironia doartista, que pinta uma moça ocidental travestida de oriental, criação de um mestre, cuja intenção, em especial, é informar, educar, instruir, o que é típico da arte barroca.
        A luminosa figura feminina  parece saltar da escuridão das trevas  medievais. “Às trevas do Ocidente trazem os irmãos a luz do Oriente, e aos rigores do fim das Gálias o fervor religioso do antigo Egito, por um viver solitário, espelho do tipo de vida do céu.” Palavras ditas por Giullaume de Saint-Terry ao amigo São Bernardo. E como declara em público o abade Alcuíno, expoente da renascença carolíngia: “Grécia e Roma antiga não possuíam a pérola de maior valor que era a fé cristã”. O Ocidente necessitando de se  recristianizar, o que de início acontece através da ortodoxia espiritual, representada pelo brinco de pérola da Moça, que ainda leva na cabeça chamativo turbante. Uma peça masculina que o pintor coloca com ousadia artística sobre a cabeça da nossa “oriental”. A parte posterior do turbante em forma de coque de seda, parcialmente desfeito, na cor ouro antigo, o ouro do conhecimento que jorrou do Oriente para o Ocidente. Na realidade, um rolo compressor, e que se desfaz. Completa o adorno uma faixa em azul, dando ideia de mar, as ondas formadas pelo tom mais escuro do azul. O mar por onde navegam os europeus de cá para lá e de lá para cá, chamado de mar tenebroso. Ainda o azul da religiosidade Mariana que haveria de se perpetuar no Ocidente, após a separação das igrejas do Oriente e a do Ocidente, em 1054.

            A pintura de Vermeer nos remete ao célebre medalhão de  Constanzo da Ferrara, cunhado em bronze para divulgar o poder do sultão Mehmed, que passeava com desenvoltura pelos dois lados do mundo, e fez de Istambul um centro de estudos ptolomaicos, que influenciou  Copérnico. A escultura colocada a serviço dos poderosos, do poder masculino, ditatorial. Mas o momento é outro, o metal substituído por papel e tinta, para melhor facilitar a comunicação e promover a palavra escrita, o progresso da civilização ocidental. A intenção da escrita e da pintura diferente da escultura. O cultura oriental ainda no predomínio da oralidade, afeito ao poder ditatorial, à crueldade, ironizada por Vermeer na sua pintura. Os lábios entreabertos da Moça parecem balbuciar algo, e sangra, por falar de uma civilização sanguinária, que em sua despedida estaria lançando impropérios contra hereges, escravocratas, anunciando castigos. Parafrasear maldição era costume em Bizâncio, no enfrentamento entre heréticos e ortodoxos. Ou a moça entoa o Kyrie Eleison para entrar em estado de contemplação, uma das chamadas coroas místicas da igreja bizantina? Ou salmodiando? E quem sabe profere a prece canônica do islamismo: Allah hu’ Akbar (Deus é grande)?         

         O Ocidente havia evoluído em direção ao progresso, contando com a fé reformada, livre do obscurantismo, emperrando o progresso no Oriente, que ia ficar para traz. Avança, pois, o Ocidente em direção à modernidade, sendo de importância capital a ética protestante, bem como a dialética jesuítica. O que sempre será, haja vista as iniciativas  do papa Francisco, que parece querer recristianizar a fé católica. No passado os monges ocidentais haviam recebido auxílio do sábios árabes, mas evoluíram em conhecimento, ao se dedicarem aos estudos, à leitura e escrita, o que passaram aos seus adeptos, capacitando-os para ciência e tecnologia, como ela veio a se desenvolver no Ocidente. Mestres na escrita tornaram-se os monges também pioneiros na agricultura, na astronomia, na economia, e tudo o mais, que fará avançar o Ocidente em direção ao progresso, contando com a fé reformada.

      Conclusão  - O obscurantismo que emperrou o Oriente no passado e ainda sobrevive no presente, em especial, nas células terroristas que infernizam o Ocidente, como acaba de ocorreu no atentado em Paris. O mundo moderno, avançado, racionalista, mundo globalizado, mas que vive um momento crucial, difícil, com problemas  a serem superados. O caso do materialismo, a descrença em tudo e em todos, onde grassa a maldade.  O papa Francisco, aposta, todavia, na convivência pacífica entre as diversas formas de cultura, de crenças, que tem uma origem comum de paz e fraternidade. Como disse o papa em sua recente visita ao Sri Lanka: “ É preciso vencer as desconfianças.” Diferença há, que devem ser respeitadas, para que haja entre os homens de boa vontade uma convivência fraterna, para que o bem vença o mal.

 

      

 

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015


                             
 
                  O RISO E O TERRORISMO

        



Faz algum tempo que o terrorismo preocupa o mundo todo, assunto que não sai da mídia nos últimos dois dias, após o atentado em Paris na redação da revista Charlie Hebdo, onde dois rapazes ensandecidos  trucidaram toda a equipe de redação, na sua reunião semanal para estudo da pauta. Ouvimos falar constantemente de ataques perpetrados por pessoas individualmente, ou grupos, que se dizem religiosos, mas que fazem parte de alguma célula terrorista, que estavam fortemente armados, quando atiraram na cabeça dos presentes ao seu local de trabalho, dizendo que matavam para vingar Maomé pelas ofensa recebidas nas charges de humor da revista.

                   O humor, o riso, é uma forma de expressão humana, exclusiva entre os seres vivos, mas que acaba de receber duro golpe. Entre os mortos, havia 4 dos melhores cartunistas da atualidade, ferozes, sim, em suas charges sobre tudo e todos, que achavam merecer crítica. Faziam isso profissionalmente, sem ódios, por fazer parte do ofício que exerciam, pelo dever de informar,  fazer pensar, em vez de tudo aceitar como carneirinhos. Pode ser simplesmente isso, nunca fazer crítica com a infeliz intenção de eliminar alguém, nem cultura alguma, mesmo que dentro delas existam desses fanáticos. Existem extremistas em toda parte, grupos que surgem entre os europeus da gema, que tendem para o fascista, em seu ódio pelos imigrantes estrangeiros.

             Desculpa deslavada a desses terroristas imbecis, que dizem agir em nome de Alá, mas não frequentam igrejas, nem mesquitas, querem  mesmo é ver o mundo pegar fogo. Pessoas de mentalidade tacanha, o cérebro reduzido ao de uma larva, que querem calar as vozes dos creem, dos que pensam, tentando inutilmente sustar os ideais democráticos, o espírito ocidental de liberdade, paz, de progresso. São geralmente ocidentais seguidores da Al-Qaeda e do auto intitulado Estado Islâmico, cooptados para matar pessoas que vivenciam um ideal de civilização que eles não querem reconhecer como justo. Os dois facínoras já se sabe que são franceses de origem argelina e treinados no Iêmen. O profeta Maomé certamente condenariam tais atitudes terroristas, basta ler o Corão. Os ocidentais, que por séculos conviveram com os invasores mulçumanos, que muito contribuíram para nossa cultura, sabem que eles são afeitos à boa convivência, inclusive com os judeus, por sinal bons humoristas. Enquanto nós, cristãos, temos nossos pecados, e bem graves. 

        Melhor não cutucar a fera com vara curta.  Se há os que pretendem recrudescer com as críticas, outros preferem respeitar as diferenças, e batalhar por sua causa da outra forma, mais eficiente, por exemplo, melhorar a própria mentalidade ocidental, tão materialista, discriminadora. Lógico que têm os loucos, contra os quais pouco pode ser feito, a não ser tratar a loucura deles com mais amor e fé. Uma barbaridade de tal monta, como ocorreu em Paris no último dia 7 de janeiro faz com que todos percam: os mulçumanos, os cristãos, todas as religiões, todo mundo. Em um momento assim de terror perde a civilização como um todo, constituída em sua maioria de pessoas que amam a Deus e ao próximo. Líderes religiosos de todo o mundo, como era de se esperar, condenaram veementemente o ataque ao semanário francês.

      Acreditar que seria de bom alvitre eliminar culturas milenares, acabar com as religiões, matar a fé, justamente de onde a civilização se originou, é um equívoco sem tamanho, que só dá força às irracionalidades. Temos, sim, de dizer não à fé fanática, assim como ao ateísmo, o chamado laicismo, coisa de uns poucos, que se valem, inclusive, o terrorismo de fofoca, o tal que o papa Francisco denunciou, com o intuito de intimidar. O cruel fanatismo de matar e morrer é uma praga, o joio que nasce em meio ao trigo. Liberdade com responsabilidade!  


 

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015





     DAR COLHER DE CHÁ PARA A SORTE
       



 

          É-nos dado viver um tempo precioso, que transcorre entre o princípio e o fim de nossos dias. Tempo que deve ser bem aproveitado e não desperdiçado com isso ou aquilo de somenos importância. Há coisas que só o tempo ensina, um grande mestre. Aprendemos com o tempo a ter mais consciência, para bem aproveitar as horas dos nossos preciosos dias. Dar colher de chá para a sorte e não sopa para o azar.

          E como é bom que a vida nos surpreenda! Se bem que eu tenha uma parenta que detesta surpresas, a quem nunca lembrei de perguntar o motivo, que seria perder o controle da situação. Todos têm uma razão por pensar de um modo e não de outro. O que importa na vida é estar de bem consigo. Construir a vida na verdade, que remete à sanidade. A alma na santa indiferença, sem querer passar a vida atormentada, nem à toa.

           O excesso de coisas para consumir polui a mente, enquanto falta de amor nos corações fere a alma, com sérias consequências. Moderação em tudo, da alimentação aos exercícios físicos, passando pelo lazer. Se de índole revolucionária, aprender que nos tempos atuais a verdadeira e grande revolução é fazer a coisa certa. No caminho a percorrer, que demanda uma vida, ter boa vontade e alegria de viver.
          
            Tolice dizer que tem gente querendo nos fazer mal e tirar a nossa paz, ou acreditar que possa alguém ser para nós aquele sol. Antes de tudo libertemo-nos do peso da ignorância nossa de cada dia. Melhor não alardear idiossincrasias e olhar para os demais com espírito de harmonia.

 

  

domingo, 4 de janeiro de 2015




              TER RELIGIÃO: QUESTÃO DE PRINCÍPIO





 

        Andam dizendo por aí que as religiões estão prestes a sumir da face da terra, o mundo aos poucos perdendo contato com o divino. A vida contemporânea  não aceitaria mais a ideia de uma moralidade imposta para religião, quando as pessoas hoje só pensam no aqui e agora e a satisfação de sua necessidades, que vão da fome à luxúria. Mas desde priscas Eras que a religião trata de desenvolver traços morais no indivíduo e na coletividade, responsável por uma sociedade de coesão e cooperação entre seus membros. A fé ajudou a elaborar e manter códigos de ética, para onde podemos   voltar nossos olhares em momentos amargos, de difícil solução dos problemas, não apenas morais, ou de vazio existencial, mas físicos, materiais.

         Temos que reconhecer que em seu caminho pela terra o homem evoluiu, acompanhado pela fé, que conhece não apenas o que é preciso para a sobrevivência, mas para a felicidade humana.  Tanto assim que um mundo sem religião seria indesejável, mesmo impossível. Em cada casa havia no passado um altar e seu deus familiar, que aos poucos passou a constituir uma religião (religação), de âmbito mais amplo, até o universalismo. A religião que faz acordo com a filosofia e o conhecimento científico, com a própria modernidade. Mas certas coisas são incompatíveis com a vida espiritual. Como disse o papa Francisco por ocasião do Natal de 2014, principalmente no que se refere à Cúria romana, que ele diz está sofrendo de "Alzheimer espiritual" e "terrorismo de fofoca". Constituída de princípios, de preceitos, a fé é um porto seguro para nossas angústias. O doce abrigo que é a religião, onde não há dúvida da cura para todos os males que vêm do ódio e da falta de amor nos corações.     

 


 

 

sábado, 3 de janeiro de 2015


                                                    
                             TEMPO





         O tempo não existe como realidade palpável, mas é como se assim o fosse, ele deixa marcas de sua passagem. O tempo que passa e leva parte da nossa vida. A ação inexorável do tempo, sua razão de ser. Fazer com que tudo passe? O tempo, a vida, tudo passa. E sempre que as coisas não vão bem nos perguntamos: Que tempo é esse? A culpa seria do tempo, mas o que nele acontece segue regras de causa e efeito. No aqui e  agora  podemos prever o futuro, sentir o porvir, o que nos aguarda. O futuro que já estamos vivendo. Sempre de acordo com o que estamos programando agora, nesse exato momento, fora as surpresas que o tempo trás, esse grande milagreiro. Uma boa pedida é deixar o tempo passar, que o santo faz milagre.    

           O tempo seria fruto da nossa imaginação, mas suas marcas estão em toda parte; na natureza, em nós. O universo também sofre a ação do tempo. Evoluímos com o tempo, para um dia morrermos, que o tempo age como se fosse um déspota.  O tempo infinito, mas para nós exíguo, e nos queixarmos de não ter tempo. Quem dera que nos faltasse tempo para morrer, por exemplo. Mas nos falta tempo para tantas outras coisas.

          Nascemos, crescemos e morremos, que tudo tem seu tempo. Mas quantas vezes atropelamos o tempo, hoje mais do que nunca não damos tempo ao tempo. Não se trai o tempo,  como  traímos a nós mesmos. O tempo, fiel escudeiro, que não nos faz melhores, ou piores, se usamos o tempo para sermos de verdade e não de mentirinha. Com o tempo não há falsidade, é tapa na cara.

           Tempo ruim,  livrar-se dele! Se desperdiçamos o tempo de  plantar,  não vamos ter colheita. E se há tempo de plantar, há o tempo de dançar. Os frutos diferentes do labor e do amor. A alegria que só os humanos possuem, o sorriso como a expressão humana por excelência. Sorrimos com fé na vida, que o tempo não deve apagar. O agir aleatório do tempo, que a fé converte em tempo de alegria e paz. Persistir no tempo que a fé nos faz vivenciar, ao sermos obedientes à nossa condição de seres privilegiados na natureza.  

        Tempo de Paz - o melhor que podemos almejar neste início de 2015.