segunda-feira, 30 de outubro de 2017






                     EIS  A  QUESTÃO





              Crer ou Não Crer é título do livro que o padre Fábio de Melo compartilha com o historiador ateu Leandro Karnal. Tem como subtítulo “conversa  sem rodeios”, um debate de ideias, ora conflitantes, ora concordantes, o que a editora Planeta acaba de publicar. O padre Fábio, apesar de dialogar com o mundo, inclusive como cantor, continua firme e forte em sua missão apostólica, o que faz questão de dizer. Ele aceita civilizadamente  dialogar com o ateu Karnal, que vivenciou uma fervorosa fé, até  abandoná-la, ao se tornar ateu de carteirinha. O padre com suas convicções faz contraponto com o ceticismo do historiador, ambos dedicados a falar a um público cativo. Os dois se identificam em especial por suas críticas ao farisaísmo.

Conversar, dialogar, virtude tão pouco utilizado hoje em dia, as cabeças férreas em seus radicalismos. Dois comunicadores midiáticos: um beirando a heresia religiosa, o outro desafiando a própria histórica. Vão ser lido em um país onde poucos leem, e os que abrirem suas páginas vão ter um encontro inusitado, o que pode até servir para alguma coisa, mas é pouco, muito pouco. Tempos atrás seria um absurdo, e mesmo agora é estranho que um religioso comece sua fala citando Adélia Prado, e dela fale mais de uma vez, e não se refira uma vez sequer a Santa Teresa d´Ávila, e sua poesia mística. Nada contra a poeta mineira que foi elogiada por Carlos Drumond de Andrade. A questão é se um padre em sermão, mesmo em livro, pode citar uma poesia que trata de calcinha no varal, entre outras coisas de igual teor, o que pouco, ou nada diz da fé, sua doutrina, seu carisma.

Fábio de Melo fala que “a própria hermenêutica que a religião faz dos textos sagrados precisam ser repensadas, uma vez que, para ele, assim como para o ateu, as urgências deixaram de ser religiosas  passam a ser humanas”. Por sua vez Karnal diz que Deus é o superego coletivo, e mais, que nós inventamos essências e “opiáceos” variados para suportar as dores doa vida. E sempre paradoxal, ele pergunta: “Como não ceder ao consolo da oração, da promessa e se entregar a um poder maior?” Ao que o padre Fábio de Melo responde, simplesmente: “Funciona.” Quanto às aparições de Nossa Senhora, o historiador credita à própria cabeça do interlocutor da santa, que seria “historicidade absoluta do que se crê ser a mensagem de cada instante”. E por achar que Deus saiu da cabeça do homem, sobre o fim de Deus, Karnal acredita que “Deus termina com o último homem e não antes... Só quando o último ser se apagar da face da terra é que teremos matado o último Deus.” Menos mal.

O papa Francisco já alertou que importa a qualidade e não a quantidade de fiéis. Ao se popularizar dessa forma midiática perde o catolicismo em essência. Seduzir o público por seduzir, não é uma boa coisa. Bem melhor faz o Padre Marcelo Rossi com suas missas, também na mídia, onde joga baldes da água benta nos fieis, mas não fere a doutrina católica, inclusive, já criticou Fábio de Melo, devido ao modo de se apresentar em público e algumas de suas ideias, beira a heresia. As pessoas que vão à igreja buscam uma fé que transmita confiança. Não que se possa duvidar da fé do padre Fábio de Melo, que desde criança, com a mãe, conviveu com a igreja e seus ritos.  Leandro Karnal, também religioso fanático na infância e juventude, ao lado do pai, mas virou ateu.

A doutrinação temerária seja de quem for, se não faz mal, também não faz tanto bem assim, no mínimo, leva as pessoas para o limbo. E é para lá que vão todos aqueles que se deixam seduzir pela mídia, quando não  experimentam seu próprio inferno. É a irresponsabilidade com que os veículos de comunicação tratam de assuntos, a merecerem  abordagem adequada, e não como é feito nas novelas da Globo, por exemplo.   


quinta-feira, 26 de outubro de 2017




                                 REI LEAR 
                       - ABDICOU DO REINO E FICOU SEM NADA
                      
        

              Lear, rei da Bretanha, tem a intenção de libertar-se do dever de reinar para gozar os prazeres da vida, fazer o que quer, com isso resolve dividir seu reino entre as três filhas. Por sua natureza inculta, afeito à bajulação, o mérito para ele era ser atendido em suas demandas de atenção e afeto, defesa para sua insegurança. Antes de fazer a partilha pede que as filhas lhe dirijam algumas palavra, e quanto maior fosse o sentimento maior seria a generosidade. Goneril, a filha mais velha, não poupa palavras para exaltar seu amor pelo pai, e conclui: ”Eu vos amo além de todos os limites possíveis”. Palavras que endossa Regane, a outra filha, acrescentando mais algumas exaltações de amor ao pai.
               
            A mais nova, Cordélia, testemunha as demonstrações exageradas de amor das irmãs, e quando é interpelada, opta por nada dizer, apenas murmura: “Meu amor é maior que minha língua”. Atitude sincera, mas pode conter a semente do ressentimento, o que as outras interesseiras evitam demonstrar. Além do mais, “se a pessoa se calar, as pedras falarão.”(Lucas18,40). Um amor equivocado o de Lear, que se envaidece com as pródigas manifestações de Goneril e Regane, e resolve fazê-las suas únicas herdeiras. E fica ofendido com o silêncio de Cordélia, que experimenta a liberdade para calar, em vez de falar,  agindo assim, perde a oportunidade de expor o amor que sente pelo pai.  Por conta disso, Lear amaldiçoa essa filha e a expulsa de sua presença.   
              
           Quanta temeridade há em doar tudo o que se tem, abdicar dos seus direitos, seja em favor, ou em razão do que for. Uma tal prodigalidade tem sérias consequência, e logo após a doação começaram as intrigas, não faltando quem queira tirar proveito da situação. O velho rei não sendo mais o dono de nada é jogado para escanteio, maltratado. Goneril faz do intrigante Osvaldo, antigo bobo do rei,  companheiro para sua trama contra o pai. Em que reino for, o benemérito pode ser reduzido a pouco menos que nada. A outra filha, Regane, quando procurada não acolhe o pai, está de conluio com Goneril. Então, uma sequência de tramas e crimes acontecem.
              
          O rei Lea, por fim, é assassinado, enquanto procurava reviver a filha, Cordélia, a rejeitada, que havia sido enforcada, e que se tornara protetora do pai contra as maldades das irmãs. A pouca aptidão de um rei em reinar, e que abdica de seus direitos em favor de terceiros, sejam eles quem forem. Tramam os que recebem os bens e seus acólitos. Goneril e Regane fazem desmoronar o reino, que conquistaram com astúcia. Cordélia, por sua vez, não pôde desfrutar da estabilidade afetiva, numa relação entre pais e filhos onde reina a negligência e bajulação, em vez do afeto e atenção. É o que depreendo desse drama shakespeariano.
         
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terça-feira, 24 de outubro de 2017

Ouça o Som de uma Cigarra Cantando



                                 AS CIGARRAS CANTAM, E CADÊ AS CHUVAS?


                 A primavera chegou e os ipês voltaram a florir, assim como as árvores, que secaram totalmente no inverno, estão verdejantes. É a natureza que cumpre seu círculo. Mas as cigarras só agora, em meio a outubro, começaram a cantar, o que devia acontecer em setembro. O assunto que dominou em Brasília, até mesmo acima da política, era a ausência das cigarras, um mal sinal, pois são elas que anunciam a chegada das chuvas. E ainda ter que aguardar os quinze dias a partir do início do canto da cigarra para as abençoadas águas molharem a terra, que esturrica à seca inclemente. Dias de calor se revezam com os dias de ventania, um verdadeiro deserto no planalto central. As cigarras já cantam, e cadê as chuvas? 

domingo, 22 de outubro de 2017

UM SHOPPING E SEUS QUATORZE CAFÉS

   

Quinta – feira, e como de costume  Edézio e Elisa estão no shopping para passarem mais uma tarde, como sempre fazem nesse dia na semana. Pegam um cineminha e veem as novidades. Não têm mais criança para estarem com eles, os filhos criados, os netos crescidos, o que é bom e ruim ao mesmo tempo. Após assistirem ao filme, o indispensável cafezinho, e iam experimentar o mais novo ponto de degustação da rubiácea, situado há poucos passos do Kinoplex. Inauguração é com eles mesmos, mas quando chegaram já não sobravam mesinhas, nem cadeiras, o local apertado no corredor.

Tiveram sorte, uma mesa logo ficou desocupada. Para acompanhamento pediram a especialidade da casa, os cookies: um de macadame e outro de chocolate amargo. “Por algum tempo o café foi acusado de fazer mal, até que foi considerado bom para o cérebro”, lembrou Elisa. Veio então a curiosidade de saberem quantos cafés havia naquele Shopping — contaram quatorze. “Será que não dá para abrir mais um café, o 15º”? O marido surpreendeu a mulher com a pergunta. A resposta veio rápida: “Não é tempo de arriscar em negócios, com a crise que atinge o comércio”. “Menos os Cafés”, Edézio retrucou.

A atenção ainda voltada para o café quando eles se dirigiam para a loja da Nespresso, iam comprar as cápsulas para o consumo em casa. Outros casais de idosos (nome que Elisa detesta) faziam seu passeio semanal, em meio à moçada que zanza nas quatro pontas do ParkShopping, distraídos dos problemas, que os mais velhos não conseguem esquecer, o consumismo. ”Como as coisas estão caras!”, Edézio reclamou, como de costume. “Sim”, disse Elisa, e continuou, “ainda bem que há o cinema e os cafés, para as pessoas não saírem comprando por impulso, seria um desastre financeiro para os bolsos da maioria dos presentes”.

            As lojas já se engalanam para seduzir os fregueses, sendo o fim de ano a melhor época para comércio. “Que crise que nada, a inflação deu um fôlego, bom para essa gente que gosta tanto de consumir”, ela volta ao assunto. Oportuno o comentário de Edézio sobre a notícia, que daquele outro lado do mundo a criançada comunista trabalha parte do ano para que o Ocidente capitalista festeje o nascimento de Cristo. “Crítica pertinente”, meu caro, “mesmo que todos continuem a comprar os produtos made in China, roupas e, agora, os enfeites natalinos, que tem para todos os gostos e bolsos”. Mas Edézio e Elisa chegam ao acordo de que as compras de Natal ficariam para outra dia, hora de ir embora, e saem satisfeitos por mais uma tarde no shopping. Quem não gosta?

NOTA: A propósito, meu filho acaba de chegar de uma inspeção em Patrocínio, cidade do triângulo mineiro, atualmente a maior produtora de café do mundo, e trouxe amostra da produção em sache especial para coar o café diretamente na xícara, uma novidade. O avanço tecnológico brasileiro no ramo é uma realidade. 


VISTA GERAL DE PATROCÍNIO- MG




sexta-feira, 20 de outubro de 2017




   ONDAS PASSAM, RETORNAM, PASSAM OUTRA VEZ

     


          Com a força do vento, conforme o tempo, formam-se ondas no mar, e no vai e vem das ondas correm as embarcações. Mar sossegado ou inquieto, no qual navegamos. O correr da vida, quando vem uma onda que desinquieta. O que fazer? Além de coragem para navegar em mar agitado, ter fé e fazer chover a  misericórdia quando for preciso. 
      
      Ter firmeza na condução do leme para enfrentar as tempestades, o barco pode ficar sem rumo. E aproveitar o bom tempo para seguir em frente e ter sucesso. Cuidado, tem astuciosas marolas que periga fazer o barco soçobrar. Mas não perder tempo demais com lamúrias, nem deixar de sonhar.

      Nada parece fazer sentido na confusão. Paciência, choro quando tiver que chorar, e aguardar a onda ruim passar, que elas passam, retornam, tornam a passar. Afinal, viver deve ser um render-se à própria graça de estar vivo. Acertar o compasso com o tempo e estar de acordo consigo mesmo. Medos não vão faltar, mas saber quando e com o que obrigar-se, do mesmo jeito desobrigar-se. Envelhecer em paz é promessa a ser cumprida. 


quinta-feira, 19 de outubro de 2017





                          IR ALÉM DO PRÓPRIO UMBIGO

         

           

                 Que haja desconfiança de muita coisa publicada por aí, mas não é certo acusar o escritor de querer enganar os leitores quando trata em seus textos de assuntos sobre os quais não teria pleno domínio. “Escreva sobre o que você conhece”, dizem aqueles que não entendem o que é ser escritor, o que  merece um esclarecimento. O escritor não precisa ser um especialista, a não ser na arte de escrever, quando então procura enriquecer sua obra literária, seus comentários, escrita pertinente, de quem pesquisa, até exaustivamente. 

            Não se cria uma boa narrativa, menos ainda se constrói obra de peso escrevendo sobre  sua própria vida, o que melhor conhece, tem que ir além do próprio umbigo. O leitor quer ser seduzido por um bom texto, inclusive, que seja rico de informação, se for o caso. Como disse Santo Agostinho “o mundo é um livro e quem fica sentado em casa lê somente uma página”. 

                O escritor não deve se fechar em um círculo de giz, mas ter criatividade e empenho em sua arte  de escrever. Refletir sobre a vida, sobre tudo, não ter preguiça de aprender sobre o que quer escrever, para oferecer ao leitor entretenimento e até mesmo ampliar sua visão, o que constitui a chave do mistério do autor de sucesso.  

domingo, 15 de outubro de 2017


DIA DOS PROFESSORES: PARABÉNS!


                                       ELES    E    ELAS                    

          

    A psicóloga Rosely Sayão falou para a repórter Giulia Vidale, em matéria da Veja sobre transsexualidade: "É absolutamente tranquilo, normal e comum, um menino querer passar batom e uma menina querer se vestir de menino ou herói. O problema é querer solidificar uma identidade na criança antes da hora.” A meu ver, uma brincadeira, que remete a comportamentos, que não devem ser estimulados.  É sabido que psicologicamente uma criança vai afirmando sua identidade masculina, ou feminina, com a qual nasce, em em processo normal de amadurecimento. Hoje em dia há pais demasiadamente preocupados com os filhos, enquanto outros não dão a mínima, sobrecarregados de tudo. Só param para intervir, não raras vezes sem o devido cuidado quanto á sexualidade,  querem resolver tudo de forma abrupta.
          
         O número de crianças problemáticas parece que é maior agora, afinal vivemos um tempo de infinitas descobertas, e de  ideias  absurdas,  e as crianças sem condições de assimilar tudo que lhe cai na mente.  É  intensa a comunicação, responsável por muita coisa ruim que rola por aí, coisas  que agridem, principalmente as crianças. Certo que a educação deve estar a cargo de pais e responsáveis, também eles, em estado de confusão. A ciência indo de vento em poupa, mas parece estar sem leme no sentido da sexualidade das crianças  manejada de forma irresponsável.
       
         Pior a emenda que o soneto, tentar corrigir um comportamento, que pode ser de normalidade, com um remédio que vai piorar a situação. O caso de interromper o bloqueio hormonal numa criança, por modos diferentes do que se convencionou ser para o seu sexo, é muito grave. Mesmo que possa haver interrupção do tratamento a qualquer tempo, o desastre já está feito. Também não há reversão  saudável  para a maioria das operações de mudança de sexo. Já há casos de arrependimento, o que tendem a aumentar exponencialmente.  A própria Lea T já disse ter saudade do Leonardo. Que pena!
      
        É bom aceitar a condição humana, em especial, não esquecer  da  natureza  do homem e da mulher, com que cada um nasce, e deve ser respeitada acima de tudo. Pegando carona na economia comportamental de Richard Thaler, é importante dar aquele “empurrãozinho” na direção da coisa certa. Para início de conversa, bola nos pés do menino e boneca no colo das meninas, e não batom para os meninos e espada para as meninas.  "Tapinha não dói", principalmente de pai e mãe. E mesmo que a criança possa “gostar de coisas diferentes”, como roupas e outros gostos estranhos, e se ache até natural, como disse uma mãe de um dito transgênero, numa dúvida da mudança de sexo. Não estimular o erro, pois a essência do homem é ser homem e da mulher ser mulher, injetem o que injetar, cortem o que cortar.

         Lembro o caso da clínica de inseminação artificial, cujo dono, o médico especialista Roger Abdelmassih, cometeu crimes hediondos com mães, certamente ansiosas, que se entregaram ao criminoso para que resolvesse seus problema de infertilidade sem a devida cautela. O perigo que há em submeter as crianças a loucos, irresponsáveis, pessoas sem moral! Em boa hora foi reconhecido pelo STF, como direito fundamental da criança, o ensino religioso nas escolas, seus fundamentos morais tão necessários nesse momento. E que os professores, além da boa formação profissional tenham excelência no que se refere à religião, ética e moral, para orientar as crianças e os jovens na direção do certo, em detrimento do errado.  

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

O QUE SERIA A POESIA (música de JC Dattoli e Murilo Veras)

musica de J dattoli



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FELIZ DIA DAS CRIANÇAS!


                                
           A INOCÊNCIA DAS CORES E DAS CRIANÇAS  
   


   

       As primeira fitas de cinema foram realizadas em preto e branco, e ninguém parecia sentir falta da cor. Faria alguma diferença se o mundo não fosse colorido? As cores que a visão humana capta das qualidades específicas que as coisas têm, e o que as diferencia. Quando chegaram filmes coloridos, foi aquele deslumbramento, mas as cenas pareciam menos reais, as pessoas acostumadas a ver em preto e branco as cenas na tela dos filmes  noir. Sem cores, mesmo assim, o genial Charles Chaplin  fazia o mundo rir e chorar ao mesmo tempo, com suas tragicomédias. O mundo em guerras mundiais, uma após outra. 
     
     Tem uma razão de ser o colorido da natureza, suas tantas nuances, seus tons, que impressiona os seres humanos.   Vermelho é a cor do sangue, mesmo que digam existir sangue azul, só na imaginação, que tem de se confrontar com a realidade, com  os sentidos que nos mostram como as coisas são para nós. A beleza e harmonia da arte, com sua imagens e suas cores, dão prazer. Diferente do lixo que hoje querem impor como arte, as cores usadas contra os valores. 
       
      Há inocência nas cores e nas crianças. Contra isso tentam nos impor uma pseudo arte. Muitas cores, e mais ainda a pouca-vergonha, uma afronta à sensibilidade, se não artística, é humana, e deve ser respeitada. Ao artista cabe captar a realidade de maneira diferente, fantasiar essa mesma realidade de forma artística, inventividade particular. E ainda que seja permitido expor a dita arte, ou o desastre artístico, não expô-la em museu público.

      Entenda-se de uma vez por todas que um museu público não é sem dono. Os pais conscientes levam suas crianças aos museus, para acostumá-las a apreciar a beleza e significado da arte, suas cores e seus valores, eis que se deparam com uma exposição que afronta a dignidade humana. Saem dali revoltados em busca de uma solução para aquela irresponsabilidade. Exposições sem a devida qualidade devem ser banidas dos museus público, sim. Não estamos em Sodoma e Gomorra, nem vamos chegar lá.  


      

terça-feira, 10 de outubro de 2017





                   GOLS, BOLADAS E  UM NOBEL 

               



         Seria intenção de Neymar tornar-se um craque da bola para viver rodeado de belas mulheres e ter invejáveis carrões? Certamente que ele não imaginou nada igual. Garrincha, por exemplo, morreu pobre, bem verdade que o mesmo tinha pouca cultura, e sempre se portou fora dos padrões. Também naquela época não havia a montanha de dinheiro nos quais  se envolvem os times de futebol.  Foi-se o tempo em que aos esportistas competidores era exigido que fossem amadores e tivessem patrocinadores. Parece mentira, mas é verdade. Muita coisa mudou nos esportes em geral, e no futebol, em particular.     
                     
         O futebol é apenas um espetáculo com uma bola rolando no gramado até o gol, profissão rendosa, para uns poucos. Mas há profissionais, como os médicos que fazem seus gols salvando vidas; os engenheiros construindo pontes, erguendo edifícios e casas; os missionários que salvam almas, e nem por isso têm um milésimo do reconhecimento, muito menos o dinheiro que tem o craque brasileiro,  atualmente jogando em um time francês, comprado do Barcelona por milhões de euros. Dinheiro que não raro corrompe. O garoto quis fazer seus gols, ser um craque no futebol, assim como poderia ter outra qualquer profissão, o que é importante, desde que não pense que é só chutar a bola, e bimba. E nada melhor que seguir bons exemplos de sucesso na carreira, o que demanda talento, preparação e muito empenho, em suma, suar a camisa. E como diz o ganhador do Prêmio Nobel da Economia deste ano, Richard Thaler, receber aquele  “empurrãozinho” (nudge, em inglês)

         A  doutrina da economia comportamental de Thaler fala do ”fator de posse”, as pessoas  normalmente, com aversão à toda perda, dão mais importância ao que já tem, ao que ainda não tem.  Mas tem gente que quer ficar rico de uma hora para outra, e em vez de fazer gol prefere dar golpes, no que são craques os políticos e ocupantes dos altos escalões do governo no nosso país. Jogam na lata de lixo os milhares de votos que os elegeram em troca de boladas de dinheiro, totalmente absurdas. Comparando Neymar a Sérgio Cabral e outros corruptos, o que eles têm em comum? As boladas de dinheiro, que o  primeiro ganha chutando a bola no gol, enquanto os outros roubam boladas que carregam em malas e mais malas. Em tempo  de Lava Jato muitos já estão na cadeia.


As boladas do Geddel

segunda-feira, 9 de outubro de 2017





     EM  LAS VEGAS E JANAÚBA DOR E HEROÍSMO             




         Fim de setembro e início de outubro de 2017, tempo duro de vivenciar, e não estávamos em guerra, mas duas tragédias, quase simultâneas, causaram comoção e revolta. Nos E.U. um homem de meia idade muniu-se de várias metralhadoras automáticas, posicionou-se em um quarto de hotel em Las Vegas e de lá descarregou rajadas de balas em centenas de pessoas que assistiam ao show Country a alguns metros de distância, matando e ferindo pessoas. No Brasil, no município de Janaúba, no norte de Minas Gerais, local que ninguém nunca tinha ouvido falar antes, outro louco ateou fogo na creche Gente Inocente, queimando a si mesmo e matando dezenas de criancinhas entre um a cinco anos de idade e também professoras. Tragéias que dão conta da malignidade do animal homem.

Também vimos verdadeiros exemplos de heroísmo, após os atentados, tanto no daqui, quanto no que aconteceu em solo americano. E se temos de lastimar a maldade, podemos felizmente louvar a bondade, o quanto o ser humano é bom e digno de admiração. Em Las Vegas os homens cumpriam seu papel de proteger as mulheres, o que se viu nas imagens da tragédias postadas nas redes sociais, “homens sendo homens”, foi o elogio a eles feitos.  Enquanto em Janaúba a heroica Heley Abreu Batista salvou seus alunos, em troca da própria vida. Outras duas professoras estão gravemente feridas. Pode até surpreender o procedimento dos homens, mas no caso das professoras, sempre as tive como exemplos de dedicação e amor ao seu trabalho de ensinar, nem sempre recebendo o devido retorno. Vocação que não é para todos, atualmente uma profissão desprestigiada a de professor,uma das graves contradições do mundo contemporâneo.

E de lá, lá longe, vem-me à lembrança da professora Cotinha, amiga da minha avó. No sertão maranhense parece que havia resistência do povo quanto ao ensino,  talvez achassem que a professora queria tirar o direito dos pais de educar os filhos. Pouca coisa existia na localidade onde Cotinha foi trabalhar ainda muito jovem e solteira, poucas casas, algumas vendas e nenhuma igreja. Dona Cotinha foi então agredida por uma mãe, por ter corrigido seu filho de algum malfeito. E o que fez a sábia e santa professora? Para amainar o caráter agressivo daquela pessoas recorreu à religião, fazendo erguer  uma igreja no povoado, dedicada a Cristo Rei, e o padre ia de vez em quando fazer casamentos e batizados, ela mesma no papel de sacerdote, ao dirigir rezas e procissões. Foi um santo remédio para aquela gente, que antes da fé em Deus, tinha a violência como solução para as questões.   

domingo, 8 de outubro de 2017







                                     VIAJAR, MUDAR, FICAR
 




          Parece um ato de abandono viajar, e já na despedida vem aquele aperto, aquela estranha sensação de adeus, em vez do até logo, dito de coração. E ao partir já querer voltar. Daí a hesitação em fazer aquela viagem, ir em frente  na realização de algo sonhado ou imaginado. Por medo há quem nunca tenha realizado nada a mais que o de sempre, nem arredado pé de onde  fincou raízes. Mas como não somos árvores, às vezes é preciso mudar. Mudar de lugar pode ser mudar de vida. Não é como escolher o sabor de um sorvete, nem como premeditar um crime. Deixar tudo para trás é para quem tem fôlego e segurança do que faz.  Refazer a vida a cada passo nos leva longe sem correr maiores perigos. As pessoas atualmente incentivadas a serem afoitas. 

        Tudo parece tão fácil! Rápida a locomoção através dos modernos meios de transporte, acessível a todos, por terra, ar e mar. E ainda ficar conectado o tempo todo. Inclusive morar fora do rincão natal, sonho de muitos. Desejo e coragem podem não faltar, e, sim, discernimento para mudar de lugar, seguir rumo diferente do experimentado até então. Certo que todos têm que enfrentar um dia os medos para alargar os horizontes, e não seja um ato de covardia, fuga da realidade. As melhores oportunidades podem estar diante de cada um, basta abraçá-las. Valorizar o que se tem é decisivo para acertar o passo, chegar ao que se quer de verdade.    
           
     Aventuras todos podem encontrar nos livros, em especial, as crianças. A leitura que enriquece a mente, sana os medos, equilibra o ser.  Tenho saudade do tempo em que a decisão mais difícil para a criança era o menino escolher o livro para ler, ou o time para jogar, e a menina do mesmo jeito ler e brincar de casinha. As escolhas iguais para ambos os sexos, sem problema. O dilema hoje é querer dar às crianças poder para elas fazerem escolhas para as quais não estão habilitadas pela idade, por tudo, até mesmo decidirem qual sexo querem ter. O pior dos mundo que a idiotice, essa trágica deficiência humana atual, quer impor a todos.  
        
     As psicólogas Lulli Milman e Júlia Milman, mãe e filha,  em um artigo sobre o livro que escreveram juntas, “A Vida com as Crianças”,  apontam o erro que existe atualmente, crianças que não podem mais dizer gosto e não gosto, sem causar confusão na cabeça dos adultos, que entendem como se fosse “assertivas, opiniões irrevogáveis, diretrizes”. Pura sandice, pois as decisão essenciais só podem ser tomadas em pleno domínio de si, com plena consciência. Às crianças falta maturidade, assim como também há adultos imaturos. E por falar em viagem costumam dizer que o mundo é extensão da própria vida, uma viagem, que não para de acontecer. A viagem é segura, mas, cuidado, podem querer colocar uma droga em sua bagagem, ou algum maluco tentar desviar a nave da sua rota! Corremos riscos, sim!   

sábado, 7 de outubro de 2017




         

                                              FELICIDADE



      
      A felicidade nada mais é que um estado de espírito saudável, que proporciona a sensação de equilíbrio, e paz consigo mesmo. Estamos iludidos quando imaginamos que se trata de meta a ser alcançada, o que pode decepcionar, quando a esperada felicidade não chega. Sem ter essa preocupação de ser feliz se vive melhor, privilegiado pela força moral e a coragem de reagir ao mal. Acatar uma forma de conduta que justifique e influencie nossa maneira justa de ser a pessoa que se é. 
      
      A felicidade, pode estar a nosso alcance, ela nos nutre em vez de nos consumir. Olhar para o mundo de forma justa, e ter como objetivo o bem para nossas escolhas, atitudes, emoções. Não raro somos enganados pelos desejos, eles podem conter invocação do mal. O quanto somos influenciados, ter consciência disso, confiar desconfiando, como se diz, pois nada há de mais perigoso para comprometer a alegria de viver - a verdadeira felicidade - do que entregar-se ao que não corresponde à devoção.
     
    Somos diretamente afetados por nossas ações e reações diante da vida. Querer satisfazer os desejos nos aflige de tal forma, causa até transtorno, que é melhor fugir em vez de se deixa dominar por eles. Podem ser os mais comezinhos desejos, como de ter aquele sapato, possuir aquela bolsa cara, que apenas vai dar uma satisfação momentânea, mas nossa conduta pode desfalcar o orçamento da família. E adeus felicidade, se causar remorso, para quem tem consciência, lógico. Ter razões para nossas ações, e para nossas emoções a percepção, essa que nos diferencia dos outros animais. 

     Repito: a felicidade nada mais é que um estado de espírito saudável, que proporciona a sensação de equilíbrio e paz. 
     
   

sexta-feira, 6 de outubro de 2017




                           QUE MUNDO É ESSE?



      
      Das muitas notícias estarrecedoras dos últimos dias, a última aponta a quantas anda o país na questão dos cuidados devido às crianças. Um menino foi encontrado no presídio do Piauí debaixo da cama de um estuprador. O pai havia estado no local para visitar o tal criminoso, do qual ficou amigo quando ele também, estuprador, esteve preso. Questionado, alegou que o amigo estava se sentindo muito só e que o filho quis ficar na sua companhia, enquanto o menor dizia que ia ganhar do estuprador um  vídeo game para presentear o irmão maior.
      
     O que mais chama a tenção é a desculpa daquele pai, que o filho pediu para dormir no presídio, como se o mesmo pudesse decidir sobre sua própria vida. Podem achar que se trata de uma população que vivem à margem da sociedade, e as criança soltas decidem o que querem. O querer dos filhos acatado pelos pais, pessoas ignorantes, amorais, sem responsabilidade. Mas pergunto: Não é que o que acontece com a tal ideologia do gênero defendida a unhas de dentes por aí?

     A sociedade em vez de procurar sanar suas mazelas quer nivelar por baixo, no caso de acatar a dita vontade do menor para decidir o gênero que quer ter. Parece que a sociedade, e, em particular, a família, os pais, estão jogando a toalha, querem desistir de educar as crianças, dar orientação aos jovens. Falta de capacidade, ou de vontade, para a empreitada, que requer dedicação e amor? Melhor que eles decidam sobre suas vidas, que sejam responsáveis por si próprios, e ponto final. Que mundo é esse? 

quarta-feira, 4 de outubro de 2017






                 FILHOS, QUE BOM TÊ-LOS



O choro de um menino pequeno na garagem do meu prédio fez-me lembrar com saudade do meu filho na mesma idade, o chorão da família, hoje com mais de cinquenta anos, mas parece que todos os filhos continuam crianças para seus pais. Verifiquei que havia uma mãe atarefada descarregando as compras do carro enquanto lidava com suas duas crianças, o mais velho a chorar por algum desejo não satisfeito. A menina menor ajudava com as compras.

De imediato comecei a elucubrar sobre a condição feminina e masculina, no que têm de diferenças e semelhanças. A mulher seria fisicamente mais frágil que o homem, mas ela teria a seu favor o dom de fazer da fraqueza força. Ela, que se empenha em agir mais ainda com o coração, o que pode ser motivo de controvérsia.

Mesmo que o forte no homem seja a ação, não lhe falta sensibilidade. Meu único filho não chora mais por coisas banais, atento aos dramas humanos, aos problemas mundiais, um filósofo, em especial, um homem sensível, que vejo chorar as mortes na família, contido, agora que já não é mais criança. As duas irmãs dele mais consoladoras. Homem e mulher possuidores de razão e sensibilidade, que têm o sexo com diferenças básicas, fundamentais.