quinta-feira, 28 de dezembro de 2017




FELIZ E PRÓSPERO 2018               

        

                                 EXTRAORDINÁRIO JOSÉ







          Em Mateus José é filho de Jacó e “esposo de Maria”; em São Lucas, Maria, é simplesmente “prometida” a José, membros diletos da casa de Davi. Nos evangelhos canônicos há pouca relevância dada a José, mesmos que não desmereça o pai adotivo de Jesus. O papa João Paulo II, em 1989, exortou os fiéis a refletirem “sobre a figura e a missão de São José na vida de Cristo e da Igreja”, a quem honrou com o título de Redemptoris custos — “Protetor do Redentor”. Ressalte-se que os escritos apócrifos dão amplo espaço a José. A Judeia estava sob o domínio de Roma pagã e seus muitos deuses, enquanto o povo judeu acreditava em um um único Deus, e estavam à espera do Messias, nascido de uma virgem.  E havia o costume de dominação pelo abuso sexual, mais ainda em tempos de guerra, quando Maria aparece grávida, causando estranheza ao noivo, que planeja rejeitá-la. Eis que aparece ao carpinteiro de Nazaré um Anjo do Senhor e lhe diz em sonho: José, filho de Davi, não temas receber Maria pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo, e Ela dará a luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, aquele que libertará seu povo. Ao despertar José agiu conforme  o Senhor lhe ordenara. 

          Tantos mistérios guarda o nome de José, e faz lembrar uma cantiga do interior do nordeste brasileiro, surgida do imaginário popular, o povo castigado pela seca, que canta a prece: “Glorioso S. José, aqui estou a vossos pés, manda chuva com abundância, meu Jesus de Nazaré!” Um estalo: “abundância” é uma palavra chave. O esposo de Maria era carpinteiro, ou marceneiro, profissão que devia ser importante à época. Sendo assim, o pai adotivo de Jesus tinha posses, e não um pobretão, nem velho, mas um “hebreu justo, bondoso, equânime”. E sendo assim, não vejo mal algum imaginar  que o carpinteiro de Nazaré tornou-se o rico comerciante de Arimateia, e passou a fazer parte da mais alta magistratura do povo judeu, assim como Nicodemos, os dois únicos amigos de Jesus no Sinédrio contra a condenação. Conforme desejo Pilatos, governador romano na Judeia, o julgamento de Jesus devia passar pelo pelo Sinédrio antes de ir ao Pretório.  

          José esteve sempre ao lado do Filho, e na perseguição de Herodes tratou de conduzi-lo em criança para o Egito. Depois disso nada mais foi dito sobre Jesus, nem José, até que aos trinta anos iniciou o Mestre Jesus sua vida pública no meio do povo, a quem falava por parábolas, o que ninguém havia ousado fazer até então, curando os enfermos de corpo e alma. Foi Jesus acusado de impiedade e de atentar contra os poderosos. Crucificado, quem se apresenta para  tirar o corpo de Jesus da Cruz foi José de Arimateia a fim de sepultá-lo com honra nos ritos da fé judaica. Os judeus enterravam seus mortos em um túmulo cravado na rocha, de onde Jesus saiu ressuscitado para a glória eterna. Amém! Sabe-se que o pai adotivo de Jesus morreu na idade de  111 anos, e teria, pois, sobrevivido ao Filho. Honras sejam dadas a São José e a São João Paulo II. Amém!

Roguemos a São José, protetor dos trabalhadores, que em 2018 
os brasileiros tenham abundância de  empregos e boa remuneração.                      Amém, Jesus! 

      



segunda-feira, 25 de dezembro de 2017



                                               
                        HAGIOGRAFIA MÍNIMA




              
          Nascidos de carne e osso, os santos vivenciaram dores e alegrias, do nascimento à morte, como qualquer um de nós. Mas, diferente de você e eu, alçaram as alturas no ideal cristão que abraçaram, fé que os fizeram plenos de graça e chegarem aos altares, após testemunho dos milagres concedidos por sua intercessão. Os santos constituem um legado da igreja católica aos seus fiéis, que a eles recorrem, para os acudirem em suas fraquezas, seus medos. Não se trata de idolatria a devoção aos santos. Cria-se um vínculo entre os santos e seus devotos, que podem escolher o intercessor para que os acuda em momentos particulares de angústia, ou na busca por elevação espiritual. Não confundir os santos com gurus, psicólogos, nem procurar  seus ensinamentos em livros de autoajuda. Tem que vivenciar a crença verdadeira em Deus e acreditar na capacidade humana de superar a dimensão trágica da existência para alcançar estágio mais elevado da vida terrena e gozar a paz eterna.  
         
        Há os santos doutores da igreja, como Santa Tereza D`Ávila, canonizada em 1622, conquanto outros, não canonizados, também gozem de grande prestígio. Alguns esquecidos no tempo e que retornam, a depender do local em que, de algum modo, são chamados às batalhas terrenas. A seguir cito algumas santas, que adentraram as esferas celestiais, tendo ultrapassado a tibieza humana. Mulheres extraordinárias, a começar por Santa Eufêmia, nome que vem de eufonia, que significa “som agradável”, ou “boa mulher”. Filha de um senador, foi com grande pesar que soube das perseguições sofridas pelos cristãos no tempo de Diocleciano, e resolveu ir até o juiz Prisco para confessar publicamente sua fé cristã, sendo aprisionada e martirizada. Dos suplícios  por que passou saiu a santa ilesa de todos, como conta Santo Ambrósio em famoso escrito: escapou da fornalha ardente, reduziu a pó as pedras atiradas contra ela, amansou feras, até que achou por bem sucumbir traspassada por uma espada, indo juntar-se ao coro celeste.  
      
       Santa Catarina (d.c.300), nasceu em uma família nobre, e tornou-se uma jovem instruída em todas as artes liberais. Admirável pela sabedoria e eloquência, exprimia-se com  belas palavras e clareza raciocínio, sendo eficiente e hábil na conquista daqueles a quem se dirigia. Herdeira de pais de grande fortuna “Catarina com dezoito anos de idade vivia sozinha em um palácio cheio de riqueza e de escravos”, o que se dizia. Mas nunca sucumbiu à abundância que amolece, nem à liberdade que tinha para fazer o que queria, não lhe faltando oportunidade para pecar. O que fez como boa cristã foi ir em defesa dos irmãos de fé ameaçados de morte em Alexandria, por não adorar os ídolos pagãos. E ao enfrentar o tirano Maximino foi mandada para o suplício. Admirável em seus privilégios, inclusive na hora da morte, como muitos santos supliciados, do seu corpo santo decapitado jorrou leite em vez de sangue.
      
         Estamos em pleno Renascimento, acabaram-se os martírios, quando então  surgiram exemplos de santidade, que brotaram do espírito de solidariedade cristã. Santa Ângela de Merici (1470-1540) nasceu às margens do lago Garda, em Desenzano. Órfã aos treze anos, e sentindo-se penalizada ainda mais por uma ordem social acentuadamente masculina, resolveu ir em peregrinação à Terra Santa, onde teve  uma visão de uma escada por onde jovens mulheres subiam rumo ao Céu. Com a inspiração divina fundou em 1535 a Companhia de Santa Úrsula, para a instrução laica e religiosa das meninas para que pudessem assim escapar de um destino de subordinação. Essa foi a primeira escola feminina na Itália. Através da santa o espírito renascentista da confiança no saber e no conhecimento promovia consciência, emancipação e igualdade nas mulheres.  
      
       A renúncia ao casamento e o convento foram para muitas mulheres imposições familiares, quando não lhes era concedido o devido respaldo da sociedade machista, para elas existindo “lugares de recolhimento e de refúgio para situações adversas, até conflitos com o marido e ameaças de parentes ou situação de perigo da própria honra”. O espirito de solidariedade cristã para com essas pessoas desamparadas foi que moveu Santa Francisca Romana (1384-1440) a fundar uma congregação, que recebeu o nome de Oblatas Olivetanas de Santa Maria Nova, depois de ficar viúva. A santa nascera numa família abastada no bairro romano de Parione, e sua congregação arregimentava mulheres dispostas a empenhar-se a fundo nas questões sociais no contexto urbano e sua gritantes contradições.
      
        Inúmeras ordens religiosas foram fundadas no século XIX por iniciativa feminina, que de início visava apenas dar assistência aos doentes, mas logo surgiram muitas instituições criadas para tratar os problemas das mulheres pobres e trabalhadoras. A emancipação feminina tornava-se questão das mais relevantes na sociedade, até os nos tempos atuais. Na época uma abertura avançada, a solidariedade do sexo, que fez Madalena de Canossa (1774-1835) fundar a ordem Filhas de Caridade em 1808, em Verona, para assistência hospitalar e também cuidar da educação e instrução das jovens. Já Maria Josefa Rosselo (1811-   ), que não era tão afortunada quanto a jovem anterior, mesmo assim, empenhou-se em fundar com duas companheiras de fé as Filhas de Nossa Senhora da Misericórdia, para dar hospitalidade à jovens negras resgatadas  da escravidão, dentre outras iniciativas.

        Uma geração de mulheres essencialmente devotadas à assistência, à instrução e às missões, entre os séculos XVIII e XIX, teve triste encontro coma Revolução Francesa, que investiu contra a religião católica  com especial violência. Desses tristes acontecimentos destaca-se o martírio das 16 beatas Carmelitas de Compiège, acusadas de fanatismo pelo tribunal revolucionário de Paris e guilhotinadas em 17 de julho de 1794. Na guilhotina também morreram as onze beatas ursulinas de Valenciennes , condenadas, também em 1794, por terem reaberto sua escola apesar da proibição imposta pelos revolucionários. 
        
        Depois da unificação da Alemanha em 1871, o “chanceler de ferro” Otto van Bismarck atacou a autonomia católica, e estabeleceu um rígido controle das instituições educativas. Muitas ordens religiosas foram expulsas do território alemão, como a Ordem das Irmãs Pobres das Escolas de Nossa Senhora para a educação de moças fundada pela beata Maria Teresa de Jesus Gerhardinger (1787-1879). O banimento que também sofreu a ordem da Irmãs da Caridade Cristã criado para dar assistência aos pequenos cegos e à juventude em geral. Vítimas da fantasia teutônica  de uma superioridade racial e cultural, que ia dar no gênio do mal que foi Adolf Hitler. 

      Tantas outras mais santas mulheres, filhas de Maria, mãe de Jesus, que neste 25 de dezembro celebra-se o nascimento ocorrido há mais de dois milênios. E cada vez mais o mundo necessita da fé cristã, que redime e eleva o ser humano. 

Bibliografia: 
Legenda Áurea, Jacopo de Varazze. Companhia das Letras, 2003. 
Dicionário dos Santos, Jorge Campos Tavares. Lello&Irmãos- Editora Porto, 1990. 
Os Cinco Minutos dos Santos, J. Alves. AVE-MARIA, 2002. 
Santos e Beatos, de ontem e de hoje. Globo, 2003.  

                

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017





                   BICICLETA, BONDE, LIVROS
                    E ATÉ UM ZEPPELIN





 
   
Ter treze anos não é o mesmo que ter onze, doze, a vida quase uma miragem. Aos treze as aspirações começam a se manifestar, o amor chegando ao coração. Deusdete de olho em Leila desde o domingo no cinema. O amigo Vicente dedicando-se com afinco aos estudos, lendo em inglês e francês, o que me impressionava. Mas longe ainda os namoros de verdade.  Da rua vinha aquele cheiro de chão molhado, tardes de chuva, quando então a menina ficava a cismar olhando a água cair das telhas, enquanto lia e relia Louisa May Alcott, sua autora preferida. Mas a tecnologia começava a deslumbrar o mundo e fazia a jovem largar os livros e ir desafiar a gravidade numa bicicleta, com alguns tombos, antes de dominar aquela maravilhosa máquina. E ninguém podia imaginar o que viria pela frente. Outra maravilha os jovens de hoje não podem imaginar era o prazer de dar voltas de bonde pela cidade.

          O primo Tonico chegou com a novidade, um zepelim sobrevoava a cidade de S. Luís. Cheia de curiosidade a jovem correu para ver o famoso objeto da aviação alemã sobrevoar a cidade de S. Luís. Acontece que o gigantesco Hindemburg inflado pelo gás explodira no ar anos antes do seu nascimento, fato que pôs fim à carreira dos tais dirigíveis, daí que não podia ser visto no céu o inflado objeto da aviação alemã, mas cá embaixo. Era um admirável ônibus que circulando pela cidade na forma do objeto voador idealizado pelos nazistas. Melhor continuar sua leitura e sonhar através das narrativas dos gênios da literatura nacional

 O médico, o dentista e demais prestadores de serviço eram amigos da família. Também amigos eram as empregadas domésticas para a mãe da jovem. Duas Marias haviam chegado do interior- sertão brabo - bem acolhidas, tratadas dos vermes intestinais e bichos dos pés, enquanto aprendiam o serviço doméstico e iniciadas nas contas e nas letras. E lá estava Maria, aos quinze anos de vestido longo e grinalda, para sua primeira comunhão, parecia que ia casar, o branco a destacar sua pele negra. Pessoas imprescindíveis para a mãe da jovem, na tarefa de fazer a outra Maria pedalar a máquina de costura Singer. A missão familiar era beneficiar o mais que podia as pessoas que trabalhavam em sua casa.

   Tudo depende da forma como se pensa, percebe e deseja o mundo, e compartilha com os demais. A inteligência reflexiva do ser humano alarga sua vida, em intensão e motivação. E ao compasso do tempo compor uma bela sinfonia, ou. no colorido dos dias, pintar um bela paisagem. Também simplesmente realizar um bom trabalho. Causa enlevo os sons afinados de uma melodia, do mesmo modo que encanta as belas e criativas pinceladas de um quadro. A música em feliz sincronia de sons e seus movimentos. Partir do dó, ir até o sol, seguir até o si e retornar ao dó, fazer duas pausas, e dar acréscimo inesperado na tensão, acontece na genial nona sinfonia de Beethoven. A cena armada, vista em perspectiva pelo artista, com acerto de cores e  brilho, e eis que Vermeer realiza uma obra prima.    
            
          O homem, diferente dos outros animais, é livre para deixar fluir seu tipo especial de inteligência e as características que lhes são próprias. O estado natural humano que pode escolher, apreciar e realizar o bem, ou ver o horror que provoca. Intencionalidade e não casualidade, o que emerge da ação do homem, que muitas vezes age como se não pudesse distinguir o bem do mal, não percebesse as distorções que cria. Pessoas apressadas, desinteressadas e desinteressantes, é como somos hoje, que, todavia, podem e devem, tratar de encontrar tempo para harmonizar seus dias,   temperar seus desejos, em suma, acatar o bem, e não se deixar levar pelo mal.
             

                              FELIZ  FESTAS E PRÓSPERO  2018!

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017



 MINICONTO

“ENTREM  CRIANÇAS!”






  Fim de ano, último dia de aula, Maria já começava a sentir saudade, depois da despedida da professora, o que lhe veio a maior  vontade de chorar. Mas tudo não ia acabar assim, sem mais nem menos, como dizia sua avó, ainda tinha um restinho de dia para ficarem juntas e teve a ideia de levar suas coleguinhas até sua casa, a apenas dois quarteirões. O presépio já estava pronto, o que a mãe armava nos primeiros dias de dezembro, desde que a avó presenteou-lhe com o primeiro de tantos outros.
    
O convite de Maria prontamente aceito, e lá se foi a turminha, uma dúzia, no máximo, meninos e meninas de 7 a 8 anos. Não há como lembrar como se deu a travessia, quem os conduziu, além da menina, lógico. Mas ficou gravado  na memória o essencial, a chegada e a forma como foram todos convidados a atravessarem o jardinzinho e a entrarem: “Entrem crianças”. A avó divertiu-se com as palavras da neta e prontamente apresentou aos pequenos convidadas o que havia de mais importante no lar que era a presença do menino Jesus. Acontecimento para nunca mais ser esquecido. Faz setenta anos e nos fins de ano Maria sempre se lembra dessa ocorrência.
    
 Como pássaros as crianças do Grupo Escolar iam em bando, mas havia nelas a intenção, de uma que conduzia as coleguinha na caminhada até o local indicado, para que conhecessem o presépio, ou apenas vissem sua casa. Fico a refletir sobre a divergência que há entre cientistas e moralistas, entre ciência natural e ciência moral. A intenção tem um caráter reflexivo. Havia uma intencionalidade coletiva, que pode ser um fenômeno natural, como a dos cães, gatos e pássaros, os humanos tendo muito em comum com os outros animais, a intenção diferente da intenção humana. O convite intencional feito na primeira pessoa, o compromisso que há, assim como a intencional aceitação das demais. É a intenção e a percepção social e moral, que caracterizam os humanos, diferenciando-os dos outros animais — e não as explicações funcionais dos evolucionistas e naturalistas, que afirmam vir das células o comando das crenças  e emoções, o caso de Richard Dawkins, duramente combatido pela Mary Midgley, hoje com 98 anos, em sua filosofia moral. 


                   
CRIANÇAS, FELIZ NATAL!

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017



FILME

  

                                 HONRA AO MÉRITO






        O filme “O Extraordinário” do diretor Stepen Chbosky tem enredo baseado no livro do mesmo nome, da escritora R. J. Palacio, sobre a história de um garoto vítima de um problema congênito, que mesmo depois de várias cirurgias continuou com um rosto diferente. Até os dez anos Auggie Pullman fez seus estudos em casa, quando então a mãe (Júlia Rpberts) e o pai (Owen Wilson) um casal extraordinário. resolve que o filho deve frequentar a escola, conviver com outras crianças. Ele é uma criança amada e feliz ao lado da irmã mais velha, que tem pelo irmão um grande afeto, mesmo que a certa altura se ressentisse da falta de atenção da mãe dedicada quase exclusivamente ao filho. Como Auggie, a irmã também tem de vencer algumas barreiras no convívio com os colegas, por ser uma garota comum, discreta, ao lado de jovens que fazem tudo para levar vantagem, para aparecer.
      
        O difícil de lidar com as pessoas que não sabem se colocar no lugar do outro, e desde o primeiro dia de aula Auggie é isolado, mesmo que todos ali tenham diferenças, cada um com seu problema. E pior, há os que estão prontos para  ver no outro um inimigo, um competidor, uma ameaça à sua segurança, certamente devido à insegurança  dentro de casa, e acabam por contaminar os demais. Apesar de sentir-se discriminado, Auggie escolhe permanecer na escola, onde foi bem acolhido e amou desde o início. Mas vai ter que se virar, faz parte da vida de qualquer um, com a vantagem que ele tinha de estar fortalecido emocionalmente.
     
          Foi um ano de provação para Auggie, mas que estava preparado para enfrentar situações constrangedoras, além de afiado em ciência, que aprendeu com a mãe, profissional na área. Ele então procura ajudar os colegas, a princípio da forma que uma crianças é capaz, oferecendo cola ao colega, com o que conquistou seu primeiro amigo, depois indicando a mãe como professora para os que estão com dificuldade nos estudos. Ano vencido galhardamente, e chega o dia do diretor entregar os diplomas e a medalha de honra ao mérito. Quem recebe não poderia deixar de ser o aluno, cuja aparência tornou-se apenas um detalhe banal a ser ignorado, diante da sua dedicação aos estudos, e mais ainda pelo exemplo dado aos outros alunos. Toda humilhação sofrida, nada mais que simples desconfortos para o extraordinário Auggie.       

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017


POEMA

SE




"Se você é capaz manter sua cabeça no lugar quando todos estão perdendo as deles, e o culpam disso; 

Se você é capaz confiar em si mesmo quando todos duvidam de você, e no entanto, permite que duvidem; 

Se você é capaz de esperar sem perder a esperança;

Ou sendo enganado, não se utilizar de mentiras; 


Ou sendo odiado, não se render ao ódio e ainda não parecer bom demais, nem pretensioso; 

Se você é capaz de sonhar, sem fazer dos sonhos seus senhores; 

Se você é capaz de pensar, sem fazer dos pensamentos suas armas; 

Se você é capaz de encontrar com o triunfo e com o desastre e tratar esses dois impostores da mesma maneira; 

Se você é capaz de aguentar ouvir a verdade que disseste ser distorcida por pessoas sem princípios em armadilhas para tolos; 

Ou assistir as coisas pelas quais você deu sua vida, estraçalhadas, e reconstruí-las com o pouco que lhe reste; 

Se você é capaz de arriscar numa única tentativa, tudo o que ganhou em toda a sua vida, e ao perder, retornar ao ponto de partida, sem resmungar uma palavra sobre sua perda; 

Se você é capaz de forçar seu coração e nervos e músculos, e dar o máximo depois que se esgotarem, e ainda aguentar quando não há nada mais em você, exceto aquela vontade que diz para eles: "Aguentem firme!"; 

Se você é capaz de falar com a plebe sem se vulgarizar, e andar com reis, sem perder a naturalidade; 

Se nem inimigos nem amigos queridos podem machucar você; 

Se todos os homens contam com você, mas não demasiadamente; 

Se é capaz de preencher o impiedoso minuto com 60 segundos valiosos como os de uma corrida à distância,

Sua é a Terra e tudo o que há nela, e - mais do que isso - você será um Homem, meu filho."  


Joseph Rudyard Kipling (Bombaim (Índia), 1865 – Londres, 1936) foi um autor e poeta britânico.



MOGLI -CRIAÇÃO DE RUDYAR KIPLING

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017





                                 SONHO REAL E VIDA REAL





         

           Nos últimos dias a vida real dos plebeus de quase todo o mundo foi sacudida com a notícia do noivado do príncipe Harry, o mais popular membro da casa de Windsor, neto da rainha da Inglaterra. O sonho real de felicidade do noivo e de sua noiva, Meghan Markle, americana e divorciada, fez lembrar outro membro da realeza, que renunciou ao trono para casar com sua eleita, nas mesmas condições sociais. O mundo mudou e a família real inglesa tem que acompanhar as mudanças, mesmo a contragosto, ou com o maior prazer, no caso de Harry, irmão de William, herdeiro do trono, o que aumenta a responsabilidade. A família real é um símbolo da nação, e serve de modelo para a sociedade, e os ingleses têm a rainha Elizabeth II há mais de seis décadas no trono. Erros não faltaram em seu reinado, até uma grande tragédia, mas no geral tudo vai bem na atualidade, e vai continuar assim ainda por muito tempo.
        
        Harry e Meghan promovem um bom momento, tudo o que se espera da realeza, ressalte-se o ativismo do casal, em que a princesa Diana , mãe do noivo, é um  exemplo. Mas, diferente do que alguns apregoam, o casamento em questão, não é a salvação, nem a perdição da monarquia, mesmo que o noivo tenha, por um tempo, andado fora da linha, mas sua simpatia é inequívoca. Afinal, o que muda, e não muda, com o anunciado casamento? É o que muita gente se pergunta. Tudo vai bem com a real família, a começar pela rainha, que acolheu com satisfação a encantadora eleita do seu neto,  e diga-se, nada difere na monarquia inglesa, no momento, que esteja fora dos anseios da  burguesia, que constitui em grande parte a população inglesa.
      
         Entenda-se o que está por traz desse casamento, além do amor, lógico, mesmo que se trate de um herdeiro longe da possibilidade de ocupar o trono, mas que tem função no reino. O casal pode, sim, ajudar no campo social, mesmo que o príncipe William, casado com Kate, também plebeia, cumpra seu papel muito bem, o casal já com dois filhos e em véspera do terceiro. Ressalte-se que  William e Harry são bem afinados entre si, o que daria orgulho a sua mãe, que partiu de forma trágica, ao tentar viver sua vida, após o fim do casamento com o herdeiro do trono, que tinha outro amor em sua vida. A abertura veio no sentido de dar mais liberdade de escolha dos consortes pelos membro das família real, igual acontece com as demais pessoas da sociedade. A princesa Diana era   querida pelos súditos do reino, e seus herdeiros cumprem como pessoas e membros da família real, o que a mãe se empenhou enquanto viva: ser feliz, sem deixar de pensar na felicidade dos demais.

        Certo que o bem estar pessoal está associado ao bem estar de outras pessoas, e haja respeito aos direitos individuais, em igualdade de condições para todos. Ao lembrar Diana vem a ideia que as regras podem ser  quebradas na realeza, mas as consequência são imprevisíveis. No século XIX a voluntariosa rainha Vitória seguiu seu coração, casou por amor, com o consorte escolhido para ela, deu sorte, e foi feliz pessoalmente. Assim aconteceu como seu reinado, que conheceu também dias felizes. A era vitoriana, conservadora, e ao mesmo tempo progressista, o que se deve em grande parte ao príncipe consorte alemão, que incentivava a real esposa a interessar-se pela ciência e tudo o mais útil ao desenvolvimento da nação, e os nove filhos do casal, que representavam sucesso familiar na época. A Inglaterra era a nação mais rica e poderosa do planeta, Império colonial, tendo a Índia como a cereja do bolo. Triste que o consorte real tenha morrido com apenas 45 anos, deixando uma rainha viúva, que reinou ainda por longos anos, e foi livre para unir-se ainda a um cavalariço e tempos depois cair de amores por um muçulmano de origem humilde, casos que foram parar nas telas do cinema. No final, deu tudo certo, uma nação é maior que sua família real, e mais importante que qualquer dos seus membros isoladamente. Assim acontece com as famílias comuns. O Brasil tem um casa real, desativada, mas que continua dando bons exemplos, e quem sabe ela um dia chegue ao trono, nas voltas que o mundo dá.

      OFEREÇO ESTE TEXTO A LARISSA E STEFANO QUE FARÃO SEUS VOTOS MATRIMONIAIS NESTE MÊS DE DEZEMBRO, COM VOTOS DE FELICIDADE AO CASAL. 

terça-feira, 5 de dezembro de 2017





                 NADA PIOR DO QUE NÃO 
                  SABER DE NADA





              Eu não sei da nada, frase suspeita, usada pelos políticos nos últimos tempos, e pode ser considerada confissão de crime. Estratagema para esconder sua corrupção e incompetência. Tem, sim, que saber de tudo, quando se é o responsável por verbas públicas para que não sejam desviadas, saber o que fazer para o Brasil avançar, saber dos abuso contra as mulheres e todos os demais abusos contra o próximo.  Crimes e mais crimes há pouco se soube terem sido cometidos por diretores do cinema americano, e colegas de profissão contra atrizes iniciantes. As vítimas caladas, com receio de represália, até que uma corajosa abriu a boca, e recebeu acolhida da sociedade, dando origem a uma cascata de denúncias.

           Nada pior do que não saber nada. Ou pensar que sabe tudo, mas ter a cabeças cheia do que não presta. Extremismos perigosos. Saber, sim, que deve existir respeito para com as diferenças, e o mundo fique melhor, com igualdade de direito para todos. Em alguns casos vale mais a dúvida, em vez de partir para o radicalismo. Pregam por aí que a criança, por exemplo, não deve mais saber com qual sexo nasceu, mesmo que as evidências estejam claras, absurdo da chamada ideologia do gênero. A responsabilidade pela inovação caberia aos países nórdicos: Noruega, Dinamarca, Suécia e Finlândia, um quarteto de países ricos e avançados nos programas sociais, que deliberou ignorar as diferenças também no que diz respeito ao sexo. O ser humano não tem jeito, é um infrator incorrigível da moral. Ficam ricos, podem ter a liberdade que quiser, sem sofrer muito com isso, e livres, leves e soltos acabam por achar que são super-homens, quererem ser deuses.  

     Que Deus nos acuda! Nós aqui no Brasil ainda penando para ver se conseguimos sair do buraco, e lá vem a tal teoria, ou ideologia do gênero, para confundir as cabeças, como se não nos bastassem os sérios problemas de educação e saúde, da miséria. Imagine o nosso gigantesco país, duzentos milhões de pessoas, muitos sem conhecerem as letras e a tabuada, agora também ignorando o sexo que possuem! É o fim do pouco saber que resta. Penamos dia e noite com a criminalidade, o sexo com sendo a causa de tudo, por separar homens e mulheres, pobres e ricos, e por aí vai. Forma mais idiota de resolver o problema social, moral, de falta de consciência, até mesmo de vergonha na cara. É o que fala o bom senso, que vem de Deus, e deve estar à frente de tudo.  


   

sábado, 2 de dezembro de 2017




  
                        
                         MAIS RELIGIÃO E 
                         MAIS FILOSOFIA



     

Achar que as diferenças se findam nas redes sociais é falsear a realidade, não há como zerar o jogo da desigualdade pela internet, e pode até acirrar os ânimos. Em vez de Orquestra afinada, forma-se uma pobre Banda de desafinados internautas, que não ensaiaram bem para apresentar-se em público. O que seria um bom serviço, peca pelo excesso de exposição, desgastante para quem vive dia e noite acessado, como se não tivesse nada melhor para fazer, e tem. 

         Alguém no Facebook clama por “pequenas delicadezas, grandes sorrisos, e doces palavras”, que possam mudar seu dia, ou talvez sua vida — pura fábula. Se surgem amores de última hora, dura pouco a lua de mel. E assim como a má política, existem os deturpadores da verdade, os que apregoam falsos  conceitos. Não faltam anarquistas e ateus com garras afiadas, gente pobre de espírito e suas ideologias enganosas. 

           Se a ciência do século XXI diz que nosso cérebro não foi feito para mudar de ideia, a milenar Fé católica exorta os católicos a  lutarem contra a tirania dos instintos, e que adquiram  boa formação calcada na  ciência moral, que tem grandes mestres, a começar por Aristóteles e São Tomas de Aquino. É certo que todos nós podemos melhorar nosso status social, ético, cultural, familiar, político. Legal que se tenha felicidade - boa à moderada - e não pessoas descontentes, até infelizes com tudo. De minha parte, sem querer ser dona da verdade, tenho consciência que a fé religiosa oferece meios úteis, boas práticas que ligam o psicológico à ética e à moral, indo mais além, a favor de uma vida duradoura, eterna. 

           Meios abstratos de reflexão e também de vivência, a religião e a filosofia fortalecem o espírito, além de serem santos remédios para limpar as artérias entupidas da alma. Do mesmo modo que os exercícios físicos, os alimentos saudáveis e as vitaminas dão fortaleza ao corpo. No caso da ciência, ela pode nos dizer o que é bom para a saúde, o que é ter uma boa vida, mas a fé em Deus é que nos pode salvar. Ou preferimos afundar em nossa fraquezas?