GALERIA VERMEER

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

 



 

 

     CONFABULANDO COM  EMMANUEL MOUNIER                 

                             

                                SOMBRAS DE MEDO

 

                   Se o destino das máquinas ficasse limitado ao medo que surgiu em seus primórdios, não estaríamos no estágio em que nos encontramos atualmente, cada um tendo em mãos um maquinário, seus serviços sendo imprescindíveis,  caso do celular. A máquina, que antes promovia concentração de gente, o caso dos operários nas fábricas, acabou por gerar a dispersão. Inimaginável há décadas essa dependência pessoal, que os críticos ligam a perigos reais do materialismo. Os avanços tecnológicos mais rápidos do que a humanidade pode se adaptar adequadamente, ou dominar no mesmo ritmo. A tal ponto que se chegou à conclusão que só a IA pode nos salvar. É colocar os dados e deixar a máquina resolver os problemas, afinal os números têm precisão, não mentem. Um processo puramente técnico, e por isso mesmo moralmente neutro e ambivalente. Mas não é isso mesmo que sonhamos para nosso futuro?

Do Cristianismo ao socialismo o especial destino da máquina é o trabalho, que já teve dia de  confrontos entre as partes envolvidas. Atualmente uma grande produção é destinada a alimentar, vestir, calçar, dar moradia a bilhões de habitantes, além de simplesmente fornecer produtos para a alegria consumista. É a virtude da máquina, que não tem comparação com  a especial virtude do homem, de sentir e amar. Bastante pessimista as reações aos artefatos bélicos, de destruição em massa. E ninguém duvida dessa força desumana, que requer trabalho insano para produzir e fazer funcionar. A almejada paz com chance reduzida, enquanto as guerras explodem em vários pontos do planeta. Sempre há o risco de uma catástrofe, em vez da sonhada estrada triunfante de libertação.  Mecanicista e coletivista, ou individualista e consumista, gerações se sucedem sob a sombra do medo. A saída seria, pois, a IA para comandar os atos humanos?

Perdemos o medo da máquina, mas vivemos hoje à sombra de novos medos, e, pobre de nós, que só pensamos em buscar a satisfação dos nossos desejos imediatistas. Quando, ao contrário, temos meios de viver plenamente, ou seja, como ensina a doutrina cristã e católica, guardiã da nossa humanidade, da nossa humana Esperança.


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