GALERIA VERMEER

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

 



 MEIAS-VERDADES NA FICÇÃO

 

                                          TRABALHO, AMOR E FÉ.

 

S. LUÍS - MA


Aos dezoito anos ela compreendeu que era a hora de trabalhar para garantir seu sustento, já que havia concluído o segundo grau. E como a avó estava no apartamento no Rio para realocá-lo, a neta foi ao seu encontro. Via possibilidade de entrar para o BB como contatada para trabalhar na Olerite, quando o acesso por concurso ainda era vedado às mulheres, uma discriminação. O irmão mais velho já trabalhava no Banco em S. Paulo, e bom verem-se frequentemente, ela pensava. Tempo mágico da mocidade, que deve ser bem aproveitado, a saber, que as coisas boas acontecem, basta acreditar, e fazer sua parte.  

Enquanto a neta de dona Amélia buscava um lugar ao sol no Rio, aquele rapaz, que antes de partir de S. Luís lhe fizera a declaração em francês, ainda não ingressara no BB, dificultado por um erro médico. Aguardava em Recife a solução do problema, até que faltando pouco tempo para seu concurso perder validade de apenas dois anos, pegou o avião e foi resolver a questão pessoalmente na Direção Geral.  O Rio ainda era a capital federal onde ele obteve bom acolhimento, e de imediato assumiu na agência do Catete, perto de onde estava a moça, cuja imagem não lhe saia da cabeça. Uma “sorte cavalar”, como se dizia na época. Mas não era sorte não, era merecimento.

A moça não reconheceu de imediato o moço bonito e elegante, de casaco escuro, que parecia ter vindo de um desfile de moda de inverno em Milão. Eram seus olhos amorosos, saudosos de casa, e foi quando eles deram-se as mãos e saíram a passear a recordarem idos tempos. Passado um ano estavam casados. E como o trabalho feminino não era a prioridade, a moça assumiu mesmo foi a condição de esposa e dona de casa. Tempo de gerar vidas, muitas vidas, sem a preocupação da explosão populacional. O casal gerou apenas três pessoas admiráveis. Mas teve gente que exagerou. Certo que uma união matrimonial feliz tem seus prolegômenos, e não basta amar, se encantar. Nem adianta pensar que vai ter o marido ou a mulher perfeita para si. Ele contou com um bom trabalho para sustentar a família. Ela aceitou de bom grado sua missão. Juntos cultivaram o amor e perseveraram na fé em Deus. Amém!

 

 


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