terça-feira, 15 de outubro de 2024

 


 

 

POEMA

 

AO CRISTO CRUCIFICADO

                             Santa Teresa D`Ávila

Não me move, meu Deus, para amar-te

o céu que me hás um dia prometido,

e nem me move o inferno tão temido

para deixar por isso de ofender-te.

 

Tu me moves, Senhor, move-me o ver-te

cravado numa cruz e escarnecido;

move-me ver teu corpo tão ferido;

move-me a ofensa e a vida que perdeste.

 

Move-me teu amor, de tal maneira,

enfim, que sem céu ainda te amara.

E não houvesse inferno, te temera.

 

Nada me tens que dar porque te queira.

E se o que ouso  esperar não esperara,

o mesmo que te quero, te quisera

                      (atribuído a anônimo)

 

Nota: A compaixão move a santa da cidade espanhola de Ávila, sentimento humanitário, que se estende a todos os homens, ou à humanidade como um todo. Santa Teresa (1515-1582) ao lado de São João da Cruz foram grandes místicos, ambos outorgados doutores da Igreja.

 

 


 



                            

                               OS SANTOS ANJOS

 

           Certo que os anjos vivem na presença de Deus. São importantes para nossa conexão espiritual.  A presença da energia angelical interior ajuda a alma imortal a receber bons fluidos e atingir nossos propósitos.  A escritora e espiritualista Sônia Café aconselha a meditação com os anjos. Sob sua inspiração, e dos anjos, medito o que segue:

O ANJO DA BÊNÇÃO

Nossa maior bênção como humanos é a consciência, que construímos ao longo da vida. E seja abençoada a pessoa consciente que você é nesse instante.

O ANJO DA EMPATIA

Bom estarmos em sintonia com as pessoas do nosso convívio, e em vez de julgar, colocar-se no lugar do outro.

O ANJO DA CURA

Uma especial fonte de energia vibrar em nosso interior, nos traz o bem, e nos livra de todo o mal, assim como cura o ambiente que nos cerca.

O ANJO DA ESPERANÇA

Ao sintonizarmos com a esperançao o viver fica mais leve. Nossa personalidade tende a complicar as coisas. Libertar-nos do que nos inquieta e sermos receptivos ao que nos traz a paz.

O ANJO DA PROSPERIDADE

O trabalho dignifica o homem, já diziam os antepassados. A ação construtiva  leva a pessoa para frente, e quanto mais acreditamos em nós e na nossa capacidade mais crescem nossos ganhos. Ganhamos material e espiritualmente  ao nos colocarmos diante de Deus.

O ANJO DA GRATIDÃO

Achamos que temos direito a receber gratuitamente tudo que a vida tem a oferecer. Ficamos simplesmente ansiosos para que isso aconteça, perdendo o tempo que deve ser utilizado para agradecer o que já temos. E tudo nos será dado por acréscimo. Gratidão, gratidão.

O ANJO DA VERDADE

A verdade faz com que dirijamos nossa vida com segurança, cientes de que vamos crescer e chegar ao nosso destino, sem aventuras por caminhos mentirosos. 

O ANJO DA CORAGEM

O coração é o guia, que nos faz agir com segurança e firmeza. Ser corajoso é não ter medo de amar, e resistir ao desamor, que o ciúme, a inveja e a ganancia promovem.

O ANJO DA PALAVRA

Usar a palavra sempre que a cominicação for necessária,, e o quanto é importante a palavra certa, e não se fale muito nem fiquemos calados quando expressar nosso pensamento  é importante, e sirva de orientação e ajuda. 


                                          



segunda-feira, 14 de outubro de 2024

 



 

 

 

 

              CRER EM DEUS, POR QUE NÃO?






Ao deixar o ventre materno o recém-nascido tem o primeiro contato físico com as mãos do obstetra, que o faz chorar, para dar sinal de vida, ou seja, que o ar entrou nos pulmões. O bebê vai então para os braços da mãe, e do seio materno recebe o alimento vital à sua sobrevivência física, também obtenha o cuidadoso afeto, que é o alimento necessário a sua formação emocional. Estamos disponíveis e em instintiva confiança para com os outros. Até que aos poucos tomamos consciência do mundo ao redor.

A criança sorri e abre os braços para ser acolhido por quem confia, mas estranha o desconhecido. Como ser inteligente, vai ter escolhas a fazer para construir uma personalidade autônoma. Necessita de uma boa formação para livrar-se dos ímpetos negativos, e consolidar os valores humanos. E na vida adulta possa oferecer confiança e perdão, assim como desarmar ódios e rejeições, do que ninguém escapa.

Acreditamos no que quer que seja, e por que não crer em Deus? Os sentimentos da compaixão e generosidade fazem parte da nossa cultura cristã e humanista. Confiar desconfiando, pois tem muita gente narcizista por aí. E termos a liberdade de nos afastar do que gostamos e nos faz mal, também pelo mesmo motivo ficar longe de algumas pessoas. É libertador, às vezes, ficar só consigo mesmo. Apenas na presença de Deus


sexta-feira, 11 de outubro de 2024

 

























 



 MEIAS-VERDADES NA FICÇÃO

 

                                          TRABALHO, AMOR E FÉ.

 

S. LUÍS - MA


Aos dezoito anos ela compreendeu que era a hora de trabalhar para garantir seu sustento, já que havia concluído o segundo grau. E como a avó estava no apartamento no Rio para realocá-lo, a neta foi ao seu encontro. Via possibilidade de entrar para o BB como contatada para trabalhar na Olerite, quando o acesso por concurso ainda era vedado às mulheres, uma discriminação. O irmão mais velho já trabalhava no Banco em S. Paulo, e bom verem-se frequentemente, ela pensava. Tempo mágico da mocidade, que deve ser bem aproveitado, a saber, que as coisas boas acontecem, basta acreditar, e fazer sua parte.  

Enquanto a neta de dona Amélia buscava um lugar ao sol no Rio, aquele rapaz, que antes de partir de S. Luís lhe fizera a declaração em francês, ainda não ingressara no BB, dificultado por um erro médico. Aguardava em Recife a solução do problema, até que faltando pouco tempo para seu concurso perder validade de apenas dois anos, pegou o avião e foi resolver a questão pessoalmente na Direção Geral.  O Rio ainda era a capital federal onde ele obteve bom acolhimento, e de imediato assumiu na agência do Catete, perto de onde estava a moça, cuja imagem não lhe saia da cabeça. Uma “sorte cavalar”, como se dizia na época. Mas não era sorte não, era merecimento.

A moça não reconheceu de imediato o moço bonito e elegante, de casaco escuro, que parecia ter vindo de um desfile de moda de inverno em Milão. Eram seus olhos amorosos, saudosos de casa, e foi quando eles deram-se as mãos e saíram a passear a recordarem idos tempos. Passado um ano estavam casados. E como o trabalho feminino não era a prioridade, a moça assumiu mesmo foi a condição de esposa e dona de casa. Tempo de gerar vidas, muitas vidas, sem a preocupação da explosão populacional. O casal gerou apenas três pessoas admiráveis. Mas teve gente que exagerou. Certo que uma união matrimonial feliz tem seus prolegômenos, e não basta amar, se encantar. Nem adianta pensar que vai ter o marido ou a mulher perfeita para si. Ele contou com um bom trabalho para sustentar a família. Ela aceitou de bom grado sua missão. Juntos cultivaram o amor e perseveraram na fé em Deus. Amém!

 

 


sábado, 5 de outubro de 2024

 



                                          O AMOR EM TEMPO DE MEDO

 

 

Maria está caminho da casa, que ficava a algumas quadras do cineteatro Arthur Azevedo. Ela acabara de assistir o filme Tempos Modernos de Charlie Chaplin, e ia pensando na crítica do cineasta às máquinas, fomentada pelo medo, no início do século XX, época em que foi rodada a película, medo que se neneralizou, tudo no futuro ia dar medo. Passa a jovem por sobrados e casas antigas, ainda habitadas, sem poder imaginar que logo seriam abandonadas, e virariam ruínas. Já estava com uma ponta de saudade,  ia ausentar-se de S. Luís por algum tempo, e nem imaginava o quanto estaria distante desse caminho, tantas vezes percorrido, que parecia lhe ser traçado para todo e sempre. Tarde chuvosa, em que fora desanuviar os pensamentos no cinema, sentindo na pele os recentes acontecimentos, que iam mudar sua vida. Nada parecia mudar, mas tudo  mudaria, e nada seria como fora até ali.

Os pais de Maria e seus três irmãos mais novos moravam na Rua da Inveja. Arranjo comum à época, e ela foi residir na casa da avó, na Rua das Hortas, que naquele momento estava vazia, só restava ela. De repente tudo muda. O gato morre de velhice, o tio casa e vai morar no Rio, o irmão assume o BB no interior da Paraíba, e por fim a avó parte para o Rio afim de receber o apartamento que desalugara para atualização do aluguel, seu rendimento de viúva.  Era a última a partir, depois de um convite inusitado para concluir o segundo grau na Bahia e logo cursar medicina na capital baiana. A oferta veio de uma tia-avó com a ideia formada de fazer sua sobrinha médica, na então considerada a mais importante Faculdade  de medicina do país.  Médica, vocação que Maria desconhecia, mas certamente valeria a pena tentar, além de obter o ganho da convivência com aqueles parentes.

Mas naquela tarde a caminho de casa pensou ainda na surpresa que teria o rapaz vizinho e colega do irmão,  que costumava espreita-la à distância, em especial nas tardes quando Maria ia pedalar na praça com sua amiga, a dona da bicicleta. O outro, colega do seu irmão do Liceu Maranhense, já estivera em sua casa, mas logo depois  partira com a família para Recife, e de lá já mandara uma carta onde escreveu em Francês: “Nos somos feitos um para o outro.” Maria assustou-se com o veredito, era meio desligada, levando sua vida da forma que é para ser vivida, em família e na fé em Deus. A vida em aberto.

Maria não se formou em medicina na Bahia, acontece que a benfeitora, embora maranhense, estava saudosa do solo mineiro, onde morou parte da vida, e para lá quis retornar. A essa altura Maria, após concluir o primeiro grau na capital baiana, já tinha outro destino,  arrumar emprego no Rio, onde a avó estava no seu apartamento, que acabara de desalugar. E, quem sabe, entraria para o BB, como seu irmão? E lá se foi a jovem, sempre confiante. Acostumada a mudanças, mas sempre chorando a cada chegada e partida. Hoje em dia até quando vai passar alguns dias fora da casa. E não foi diferente naquele momento. A alegria vem depois, se vier— e vem—  basta acreditar, e ter coragem.

O amor vence  no final do filme de Charles Chaplie. Na vida, ou vence o amor, ou estamos  ferrados no eterno medo.