terça-feira, 19 de novembro de 2024
A arte de ser feliz - Cecília Meireles
O HOMEM
INDUSTRIAL
Dia após dia os valores éticos somem do mundo
atual, e assume a tecnologia e os instintos para comandar a vida do homem. Nesse ambiente materialista
o poder econômico monta sua estratégia, por uma existência comprometida apenas com o lucro financeiro.. O homem industrial, na
eficácia da sua indústria, no plano
da mera utilidade, sem vínculo com a transcendência, ou sua unidade pessoal.
Fabricar coisas e mais coisas é a ambição
que aflora no mundo de hoje, sem o vínculo
do homem com seus íntimos anseios, ideologias sem o compromisso em dar respostas, que não
sejam opiniões, pouco abalizadas, que nada têm a ver com a boa formação pessoal e desenvolvimento coletivo. No campo
vazio de fé, esperança e caridade, surge uma política pela "personalização do
econômico e institucionalização do pessoal".
O materialista rejeita o espiritual, baseando numa política, que mais intriga que esclarece com suas opiniões. E porque não devemos fugir da zona de ação, mas ter uma proposta do rigor ético aliado ao rigor técnico. Sem a deserção espiritual, mas com a mediação da autêntica elevação. O autêntico agir na execução das virtudes e na unidade pessoal, no que Emmanuel Mounier muito nos esclarece.
A RENDEIRA - VERMMER |
domingo, 17 de novembro de 2024
O SEGREDO
A natureza humana tem em sua biologia um espaço
secreto, privado, íntimo, apartado do exterior, da vida voltada para fora.
Trata-se de uma reserva interior, que nunca se comunica abertamente. Um bem do qual ninguém em sã consciência quer ser esvaziado, ou roubado, mas guardar de possíveis invasões, certo de que a pessoa não é escrava da natureza, nem
joguete nas mãos dos outros.
E
como não somos apenas um corpo olhado e alcançado, um sentimento que nos aflora
é o pudor. Como espíritos encarnados, o normal é evitarmos que o peso da carne abafe a luz
espiritual. O pudor, que tem a contrapartida da
prudência, considerada pelos esquerdistas prática burguesa. A esquerda a
denegrir a vida privada da direita, onde se teria desenvolvido a corrupção, e
todos os males do mundo moderno, dos negócios, da família burguesa.
Ao
contrário da esquerda, a direita valoriza o ser humano na sua individualidade, oposto
do coletivismo, que quer abafar o que possa favorecer a pessoa, a vida pessoal
do homem possuidor de corpo e alma. E mesmo que a vida privada tenha
perversões, típicas da natureza humana, e um projeto da vida em defesa contra toda
essa desordem, que é mais afeita ao mundo exterior, propenso à desordem.
O
antigo mito da caixa de Pandora conta que, aberta a caixa, espalham-se todas as desgraças no mundo,
restando a esperança no fundo. Revendo o antigo mito, na tampa da caixa estaria
gravada a consciência. O segredo do homem moderno é sua consciência, favorável a
um projeto de vida pessoal. E se reconheça não apena como raça, povo, partido,
corporação, família, e demais formas de coletivo. Direita e esquerda são apenas
posições, que merece reflexão, e que ninguém seja atraído para o abismo dos
extremismos.
S. LUÍS - MA - PRÇA JOÃO LISBOA |
sexta-feira, 15 de novembro de 2024
TEATRO DE NARCISO
Diante da atual situação em que vivemos, parece que só nos resta tratar da aparência, em vez de tentar entender o mundo e as pessoas. Melhor saber o que vestir, qual forma adequada para comemorar as festas, como estas de fim do ano de 2024. O homem ocidental vivendo o auge do seu exibicionismo. E neste teatro de Narciso quais valores ainda permanecem no palco da vida? Grande parte fora de cena, ou foram distorcidos: o sucesso social substitui a realização pessoal; o erotismo toma o lugar ao amor; a astúcia substitui o esforço consciente; as redes sociais na internet em vez do bom senso calcado na reflexão; e a paixão pela verdade trocada pela “sinceridade” lançada irreponsavelmenta aos quatro ventos. Há modismo nessa exteriorização atual. A real visibilidade através da palavra, das ações, das obras, e se cumpra a condição humana, em que a interioridade se reflita na exterioridade. A palavra existir, pelo seu prefixo, indica exprimir-se, mostrar-se, tanto assim que a vida interior torna-se incoerente sem a vida exterior. Certo que não a há uma vida exterior autêntica sem a vida interior. E se a vida é um teatro, que não seja simplesmente uma representação da primitiva vaidade, e sim dos mais autênticos valores humanos.
quinta-feira, 14 de novembro de 2024
NÃO É POSSÍVEL SER SEM TER
A vida pessoal é uma contínua assimilação do que é próprio do ser, assim como da efetiva elaboração das contribuições exteriores. A construção da personalidade é fundamentada nas escolhas feitas, e em vez de viver por viver ter objetivos na vida, em que o ter e o ser estejam em consonância. E as relações interpessoais sejam positivas e fecundantes. O verdadeiro compromisso é com nossa realização pessoal.
Ter persistência e paciência para selecionar os bens, em que a propriedade e a interioridade são exigências concretas da pessoa. E se há possibilidade de se ter tudo o quer, também é possível rejeitar muitas coisas. Não deixar o coração ficar possuído, mas empenhado na utilização dos bens necessários a sua pessoa. E em vez de se perder no deserto da abundância atual, reconhecer que o regime contingencial de bens causa alienação, o que deve ser avaliado friamente.
Quando
evitamos nos apropriar de ofertas, que em nada nos
acrescenta, acabamos por deixar aflorar a riqueza verdadeira
do ser que somos. Posses em dinheiro e bens materiais não devem dificultar que
a pessoa se posicione e se afirme como uma pessoa verdadeira. Abundância só aquela
comprometida com o crescimento pessoal. Que o ter diga respeito ao peso e à leveza do nosso ser em plenitude.
S. LUIS -MA CENTRO HISTÓRICO |
terça-feira, 12 de novembro de 2024
CUIDEM BEM DE SI
Em
primeiro lugar importa o progresso pessoal, que tem um preço a pagar, e ao
final sermos gratos a Deus por estarmos bem, sãos e salvos. Os grandes
acontecimentos que abalaram o mundo no último século resultaram em mudanças que
impactaram a vida das pessoas em particular e coletivamente. Embora de algum
modo sempre estivéssemos divididos, nunca o radicalismo foi tão grande no mundo,
que se recompôs das duas guerras mundiais, mas sobrevive precariamente. Devemos
atuar, sermos pessoas lúcidas e responsáveis, sem nos apavorar.
O
que significa esses dois expoentes da sociedade, que se intitulam em direita e
esquerda? A esquerda militante aposta nas mudanças radicais. Mudar desde a
alimentação, e tudo o mais que foi estabelecido em gerações anteriores. Já os conservadores
não querem ver o mundo caminhar na direção oposta à tradição. A dificuldade está em avaliarmos as coisas
corretamente. Nossa própria natureza complexa, como a natureza em volta, que
tem uma infinidade de determinações. Reconhecer que o impactante radicalismo
foge à normal diversidade.
A
diversidade que existe entre os humanos, seres de inteligência superior aos outros
animais, e, por conta disso, criadores, inclusive, dos mais variadas formas de
viver. Chegamos aos píncaros da criatividade com nossa mente privilegiada, que
tem o poder da razão, e ainda pode contar com uma fé milenar, para que atuem em
uníssono. E diante da escolha de dobrar à direita radical, ou virar à esquerda
militante, seguir o reto caminho traçado pele experiência do Bem, que é Deus.
Mesmo
que muitos não reconheçam a espiritualidade está em alta. Cuidarmos uns dos
outros é o modo de viver do cristão, ou deveria ser. Primeiramente, as pessoas
cuidem de si mesmas, ou seja, estejam atentas a sua saúde, intelecto, e, em
especial, dos seus amores, melhor dizendo, seus desejos. O tanto que amamos,
principalmente hoje em dia, repleto de ofertas aos sentidos. Cuidemos da nossa relação com os outros. Começa
pelo matrimônio, e o casal cuide do seu conjunge, para ambos cuidarem da
família, o que se estende para a vida em comunidade.