Eleição 2014
MARINA SILVA
Início de campanha para a
Presidência da República e o candidato pelo PSB, Eduardo Campos, deslocava-se do
Rio em direção a Guarujá no jatinho Cessna 560 XL, que não pôde aterrissar devido
ao mau tempo, foi arremetido, para logo a seguir perder altura e embicar contra
o solo, esfacelando-se e matando os sete tripulantes. Parece que houve falha
humana, mas nada ficou registrado nas caixas pretas, ignoradas até hoje as
causas do acidente que matou e neto de Miguel Arraes e fez mudar o quadro
sucessório. Expoente na política pernambucana, Arraes foi destituído do cargo
de governador e exilado após a ascensão do regime militar em 1964, só retornando
ao país com a anistia, e reeleito por mais duas vezes, falecendo antes de
realizar o sonho de ser presidente, destino que tristemente se repete na mesma
data, 13 de agosto. Fala-se em neocoronelismo urbano em Pernambuco e em outros
estados brasileiros, a par dos revoltosos de plantão, herdeiros dos antigos cangaceiros
e guerrilheiros, os atuais ativistas contra o status quo, conquanto haja diferença
entre o cenário político e cultural de ontem e de hoje.
Com o
acidente no literal paulista, a vice Marina Silva tornou-se cabeça de chapa, uma
veterana à corrida presidencial, com vinte milhões de votos na última eleição, tendo
ocupado cadeiras na câmara e no senado, por último, ministra pelo PT, partido
do qual se afastou. De crença evangélica, anteriormente adepta da fé católica,
quando então participou dos movimentos sociais da igreja, Marina também atuou em
defesa das causas ambientais ao lado de Chico Mendes. Sem condição de registrar a tempo sua Rede da Sustentabilidade no TSE, foi convidada pelo PSB para alavancar a
candidatura de Eduardo Campos, que mesmo assim continuou no último lugar nas
intenções de votos, com Dilma Rousseff do PT à frente, seguida por Aécio Neves do
PSDB, situação que mudou. Em apenas duas semanas após o registro da candidatura
Marina Silva empatou com Dilma Rousseff no primeiro turno e ganharia no segundo, de acordo as pesquisas de intenção de voto, situação que permanece inalterada, dando a entender até agora que o eleitor pensa em mudança política com a candidata do PSB. Teria ela realmente condições de fazer isso, inclusive, resolver nosso atraso crônico? O Brasil rico de terras e de gente, tem todavia um
problema grave, a falta de maturidade política, até mesmo institucional, além
de sofrer com o analfabetismo, principalmente o funcional.
Perspectivas
boas abrem-se à frente: as democráticas, conquanto correntes radicais, anárquicas,
arrastam aqueles que perderam a confiança e a esperança, isso desde algum tempo.
Mas sabemos que tem gente como a Marina que acredita e batalha por melhores
dias, também o que não falta são os políticos de más intenções. O Brasil necessitando crescer com urgência, mas que ainda tem de calçar os pés de muitos brasileiros,
para que saiam do atoleiro. Uma nação bem calçada, com educação, saúde, trabalho, só desse modo pode ascender a nível ideal de desenvolvimento. Precisa antes de comando, para o que segue em sua campanha política. Três partidos vão à frente e outros tantos na rabeira, em mornos debates na TV
e programas cheios de promessas, como sempre, e os eleitores sem conhecerem as
verdadeiras intenções dos candidatos que escondem o jogo e tudo o mais. Só
esquenta quando estoura um escândalo aqui, outro ali, o último da Petrobrás, empresa
pública que se tornou uma mina de ouro para os ladrões nos últimos anos. A
descrença é geral. Fala-se na radicalização democrática como meta de Marina
Silva, que em sendo eleita provocaria o caos, coisa que não se sabe bem o que
quer dizer, se isso existe, mas tem quem queira ver o circo pegar fogo. O certo
é que a nova postulante à presidência pelo PSB vive um outro tempo, de menos
radicalismo e mais valores, defendidos dentro do real espírito democrático. Dilma
e o PT os brasileiros conhecem bem do que são capazes. Aécio dizem ter governado
Minas Gerais do Rio, precisamente do Arpoador.
O Brasil carente de lideranças à
altura da sua importância no senário mundial. Parece ser difícil
para os políticos, quando no poder, cumprirem seu dever para com a nação. Falsos em suas promessas de campanha, perdem a compostura e costumam fazer leilão entre amigos dos bens públicos, como se fosse
coisa privada. Voar sem observar bem as condições da viagem foi uma imprudência fatal, o
caso do jatinho de aquisição suspeita, que trombou contra o solo, sem a vice que não embarcou na última hora, para tratar de assuntos de sua Rede. Os brasileiros quedaram compadecidos com a morte prematura de Eduardo Campos, de que herdaram um exemplo de vida e o lema para esta eleição: "Não desistam do Brasil". A parceria com Marina Silva não seria para sempre, só que a vice haveria de passar de coadjuvante à personagem principal, sua candidatura logo ganhando força no imaginário coletivo, como sendo ela a
melhor opção para o Brasil, no presente momento. Concretizando-se tal perspectiva de
vitória, o que se espera é que o monumento à decência que é Marina Silva, não
decepcione, sabendo-se que ela é quem mais se afina à índole, à felicidade e aos
ideais do povo brasileiro, rico de tradições, principalmente porque ela carrega em sua bagagem a tradição de lutas. As mais decisivas lutas são as mediadoras, moderadas, compromissadas com o bem, com a paz. É importante não esquecer a miséria
que grassa em certos rincões do país, como do planeta, e as ilusões extremistas,
quando alguns pensam resolver os problemas das diferenças e do atraso com
soluções mirabolantes, pela violência. Como disse Arnaldo Jabor, uma
estética radical passou a seduzir muita gente, coisa que não diz respeito a mais
nada, a não ser à sede de destruir, matar, afrontar o mundo civilizado, que tem
suas mazelas, sim, mas que podem ser resolvidas da forma adequada à democracia.