CONDIÇÃO HUMANA
Mentes bem formadas na ciência médica,
braços fortes para o trabalho pesado, almas caridosas no socorro os
necessitados, eis do que realmente precisa o mundo em seus dolorosos desafios, atualmente
no afã de acudir a humanidade nessa cruel pandemia. Descobrir um remédio, ou uma
vacina contra o covid-19, assim como levar
alimento para os famintos, consolar os aflitos, e tudo o mais que for
necessário fazer, com urgência e sem medida. As questões humanas
que devem ser tratadas com honestidade, e não se percam as cabeças, nem as esperanças
no amanhã. Que haja mais e mais humanidade.
Ismênia ia estudar e
trabalhar fora da cidade natal, quando escutou uma parenta distante dizer com
certo desdém: “Lá se vai ela”. A família estaria perdendo a filha, a irmã, a
sobrinha, a prima, a amiga. Tempo de realização dos anseios pessoais e de liberdade
para a mulher. Uma jovem de 17 anos, às vésperas de completar 18, que deixa a
família e o lugar onde vivera até aquele momento. “Nunca mais seria a mesma”,
lastimaram. Outra ou a mesma, o que Ismênia não podia era desperdiçar a
oportunidade, mesmo com os entraves a superar.
Sempre há o que temer em algumas
pessoas e lugares.
Não
mais a dissipação, em confronto com as exigências familiares e sociais nos
moldes existentes. Diante das expectativas futuras, que batiam à porta, as
mulheres foram à luta, e o sonho de Ismênia era ser medicina. Sem rasgar a
cartilha adotada pelas gerações anteriores e seus valores é que partia , diante
de uma nova perspectiva de vida. Não era mais aproveitar as sobras de um
passado mesquinho, e, sim, começar a trilhar os próprios caminhos e se deliciar
da alegria das escolhas e do prazer das oportunidades.
A
ciência ensina que as novas experiências são para o cérebro como uma lapidação,
e o tempo, esmeril que lapida o diamante bruto, dando aos neurônios refinado e especial
brilho. Dádiva pertencer a uma geração que teve a sorte de enfrentar as mudanças
sem perder a fé e com esperança. Médica formada e doutorada, Ismênia voltou da
aposentadoria, por ironia do destino, para atender os doentes do covid-19 na
sua cidade natal. Compadecida ainda chora, como nos
primeiros tempos de exercício da profissão. O consolo que sente por estar salvando vidas —
essa a missão do médico.
Ismênia
vivera no tempo das epidemias do sarampo, da catapora, da caxumba, menos devastadoras.
Tempos difíceis em outras situações, senão as piores, com uma Alemanha nazista
e uma Rússia comunista querendo dominar
o mundo, e não parou por aí. Mas pode-se dizer, sem medo de errar, que foram aqueles
os melhores jovens, homens e mulheres, heróis por excelência da modernidade. Uma
juventude nada banal, que cala na alma de quem passou por tão grave processo de
educação dos sentimentos e emoções.
HOMENAGEM À EXEMPLAR MÉDICA MARIA DE NAZARETH
RAMOS NEIVA (já falecida)
GRATIDÃO AOS MÉDICOS (AS), ENFERMEIROS (AS) E DEMAIS AGENTES DE SAÚDE
QUE ATUAM NA PANDEMIA DO COVID-19