A RAZÃO DO MEDO
Não nascemos prontos e
acabados como os animais irracionais, que saem andando, vão em busca de
alimento logo após o nascimento, seguros da própria vida. Assim acontece com os
vegetais que crescem e se desenvolvem, de forma simples, rapidamente. Com os humanos
a coisa é diferente, mais complexa, necessitamos de cuidados especiais. A
evolução continua fora do útero materno, lenta, e determinante da condição humana.
Não estamos limitados ao instinto de preservação, presente em todos os animais,
inclusive, para defesa contra os predadores, até dos seres da mesma espécie. Devido
às circunstâncias da nossa evolução, o medo nos acompanha desde as cavernas, ele
pode levar à ansiedade, o que só os seres humanos sofrem. Hoje as pessoas quase
incapacitadas de lidar com seus medos, tantos existentes, tão graves. Somos
dotados de inteligência e raciocínio, isso muda tudo, nossa capacidade racional
que falha diante do perigo cada vez maior nesse caos em que a vida se
transformou. Experiências desgastantes fazem o medo chegar às últimas
consequências, à psicose. A solução não
é deixar de ter medo, e sim que estejamos preparados para, diante das condições
estressantes da vida moderna, reagir adequadamente. Como fazer para que nos
sintamos menos inseguros? O que nossa evolução psíquica e mental tem de
alcançar? Respostas que a ciência tenta dar. Assim como a fé que, desde sempre,
tem dado conforto aos anseios espirituais da humanidade, tornando-a menos
ansiosa e mais feliz.
Faz
parte da evolução identificar o perigo real do imaginário, tornar a mente capacitada
para avaliar corretamente as coisas, ter lógica quanto aos medos, ou seja,
adquirir conhecimento sobre o mal, para que o mal não nos perturbe, e o bem
sobreviva. A verdade nos liberta, pois nos fará responder adequadamente ao medo
diante do perigo, e não se transforme em um mal maior. Livrar-nos, pois, da
tirania do medo, sem eliminar essa herança ancestral, que deve ser adequado ao
perigo real. Não estamos mais na selva dos nossos antepassados primatas, mas em
outra selva, não menos perigosa, essa é a verdade, e temos que lidar com isso. Para
ter um olhar de discernimento, contamos com vozes abalizadas, pensamentos
construtivos, avisos necessários. A leitura, principalmente, de ficção
literária, nos mostra experiências úteis para desenvolver nosso psiquismo.
Importante termos estudo e uma meta, onde os sentimentos sejam bem direcionados,
respeitados. Daí se possa entender a vida de forma mais harmoniosa, como uma
orquestra, que escutamos, inclusive, para nos alegrar, nos encantar. Perdoar-nos
e aos semelhantes, ter controle sobre nós mesmo e menos sobre os outros e o
mundo, nem deixar que os outros e o mundo tenha total controle sobre nós. Não é de bom alvitre “descartar regras e avançar na
escuridão”. Evitar de todas as formas a ansiedade, essa praga, hoje disposta a nos
consumir.
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