A PÁSCOA DA JUSTIÇA
Fazer turismo nas cidades vizinhas é
passeio muito apreciado por quem mora em Brasília, desde seus primórdios,
quando as famílias costumavam ir a Goiânia em busca de diversão, ainda sem
clube por aqui. Ou então tomar o avião e desembarcar no Rio. Até hoje é assim.
A vida social para a maioria da população brasiliense se restringe a passeios
nos shoppings, ou então ver televisão com a família. Os jovens têm as baladas,
que muitos evitam pelo perigo das drogas e tudo o mais, coisa que assusta em
qualquer canto do mundo, menos o terrorismo, como aconteceu em Paris, perigo
que ainda não sofremos, felizmente. Nossa bela capital federal é tranquila, na
medida do possível. Mesmo que de longe se fale mal de Brasília, que seria
abrigo de políticos corruptos, vivem aqui pacatos cidadãos, no gozo de um
espaço privilegiado, pelo verde que domina a paisagem, e se pode acordar pelo
canto dos pássaros. A maioria dos habitantes funcionários públicos, sim, mas
concursados e honestos.
Para a folga da Páscoa nada melhor que visitar
a capital de Goiás e assistir as representações da Paixão de Cristo em alguma
das suas cidade históricas. Como no passado, meu marido e eu fomos a Goiânia de
carro, agora com dois filhos e um neto. A notícia das péssimas condições das
estrada nos fez optar por Caldas Novas para assistir a procissão do Fogaréu na
sexta-feira santa, mais perto e só tinha um pequeno trecho esburacado. A Igreja
imbatível em questão de fé e tradição, valia qualquer sacrifício para cumprir o
ritual católico. A Procissão do Fogaréu representa o ato em que os soldados
romanos com tochas nas mãos vão em busca de Jesus para levá-lo a julgamento,
alguns encapuzados, pessoas que na Idade Média escondiam as feições durante a
penitência pelos pecados. O percurso da igreja Matriz até o palco onde ia ser encenada
a crucifixão, vários quarteirões. Só no final a chuva caiu sobre a multidão de
fiéis que participava do evento. A tecnologia posta a serviço da fé, o caso do
caminhão de música de onde o sacerdote cantava com o coro e citava trechos dos Evangelhos
para o povo acompanhar.
Era tarde da noite quando, findo o
espetáculo, pegamos a estrada de volta para Goiânia, com meu filho ao volante, o
herói dessa travessia. Os buracos ele sabia como enfrentar, mas a surpresa veio
da parte boa do asfalto. No meio do caminho não tinha uma pedra, mas uma cratera,
com um galho avisando do perigo, posto ali por alguma alma boa, mesmo assim
pegou nosso chofer de surpresa e o resultado foi a roda dianteira do carro ficar
danificada. Há poucos metros outro carro
estava parado esperando o guincho, com vozes de crianças, as maiores vítimas da
irresponsabilidade, como acontece com a educação também em estado lamentável. Os
estragos que se via na estrada diziam do trabalho mau feito, parte da verba
desviada para a propina. No caso específico, de Caldas Novas, a cidade é muito
procurada pelas águas quentes, um polo turístico, que merecia especial atenção.
No primeiro posto de gasolina paramos para trocar o pneu, e seguir viagem com
cuidado redobrado.
Só na aparência a beleza da estrada Caldas
Novas a Goiânia, recém-capeada, mas que pode provocar acidentes fatais. Para a roubalheira
não há reza que dê jeito, só cadeia mesmo. O consolo é saber que as
instituições brasileiras são fortes o suficiente para julgar os crimes de
responsabilidade, além de ter um juiz corajoso em ação para prender os responsáveis
pelo que acontece no país. Rombos na economia, na saúde, na educação, que vão
levar anos para consertar, depois que o PT entregar o poder. O estrago já está
de bom tamanho, temos que apostar em outro governo, se possível, novas eleições.
E ninguém queira assumir novamente o poder para enganar a população com medidas
paliativas e desviar o dinheiro para suas contas no exterior. O país, ou
melhor, o povo não aguenta mais ser crucificado pela incompetência e
roubalheira dos governantes.