CULTURA
Michel Temer acaba de assumir a presidência
da Repúblicas como interino, no lugar de Dilma Rousseff, e, para início de
conversa, resolveu enxugar o governo, aglutinando alguns Ministérios. A Cultura
passa ao status de Secretaria, subordinada ao Ministério da Educação. A lei
Rouanet deixa de existir, o que causou celeuma entre os artistas, os mais
atingidos, que se queixam de não haver condições de viver da arte no país. O
ato específico pode ser interpretado como uma resposta aos intelectuais que
apoiaram a presidente Dilma, contra o impeachment. Muita gente apoia as novas medidas,
e tem quem ainda tripudie mandando os artistas plantarem batatas, e deixem de
mamar nas tetas do governo. Há manifestações de artistas a favor, o caso de Regina
Duarte: “Sou a favor de manter a cultura internada no hospital da Educação”. Fernanda
Montenegro expressou: “Nós artistas ficamos dependentes do dinheiro público.”
Está escrito em nossa Constituição
que Cultura é o que dá testemunho do modo de ser de um povo. Não diz respeito a
um estado de coisas, ou determinadas situações, e nesse sentido Olavo de
Carvalho comenta o texto constitucional de 1988, quando de sua palestra
intitulada “O Que É Cultura”. Para o filósofo, cultura tem a ver com a
consciência moral, com o bem pessoal e coletivo, o “supremo bem” de que fala
Platão. A cultura visa em princípio o aprimoramento pessoal, e sendo assim,
quanto há de cultura no nosso país? Merece ser incentivada com recursos
fabulosos a dita cultura que se vê por aí? Os artistas globais os mais
enfurecidos com a medida do governo interino, por perderem incentivo econômico,
alguns a se beneficiarem além da conta, já bem pagos pela TV na qual atual e se
projetam no cenário nacional e até mundial.
O mercado do entretenimento, requer
que se produza como acontece nas indústrias, onde os produtos são testados ao
gosto dos consumidores. Mas cultura, na acepção da palavra, não é divertimento,
não é negócio, não resulta do nível de desenvolvimento econômico de um povo, é
algo anterior. Embora possa ser tudo isso. Como diz Olavo a cultura vem antes,
e não acompanha o desenvolvimento, o bem econômico, que vem depois. Engano,
pois, pensar que tem de primeiro ficar rico para depois ficar culto. Nem toda
pessoa rica é culta. Também não diz respeito à classe alta. Tem uma cultura extraída da consciência de um povo, que vai além das experiências do
dia a dia, além do que se vê, com raízes profundas, a consciência moral, em que o Brasil é rico.
O que a arte representa, o significa para a sociedade em termos de
cultura, de aprimoramento? Do clássico de Leon
Tostoi – O Que É Arte – tirei
alguns ensinamentos e os transmito aqui. Arte é a capacidade de contagiar, de
unir pelos sentimentos, fazer pensar, através da imagem, da palavra. A
atividade artística baseia-se na capacidade de fazer o outro sentir algo real
ou imaginado de prazer ou dor. Deve ser capaz de impressionar, contagiar com graça e imaginação criadora. Antes proibida,
pelo entendimento de que a arte podia corromper. Na modernidade é o medo de ficar
sem esse prazer, o que seria o outro lado da questão, daí a arte pela arte. A
arte que é, em sua essência, um meio para o desenvolvimento mental e
espiritual, como acontece com a consciência religiosa da arte sacra, quando então
eram rejeitadas outras formas de comunicação artística. Modernamente qualquer
arte é arte, desde que cumpra uma função mínima, de união de sentimentos. A
catarse que a arte provoca, ao impressionar e afetar profundamente as pessoas, a que temos de recorrer para
amadurecer em liberdade e humanidade.