PRIMAZIA OU
PARCERIA
O economista e escritor Eduardo Giannetti
em seu livro “Trópicos Utópicos” diz que os brasileiros estão culturalmente
divididos em miméticos e proféticos. Os miméticos ou imitadores, são aqueles
que sonham em cultura e comportamento nos moldes europeus, uma vez que o país
foi colonizado por portugueses. Os proféticos levam em consideração a geografia
e a peculiaridade da nossa formação,
onde se agregam as culturas europeia, africana e indígena. Sendo assim, ao se perquirir
no país sobre o futuro, surge a dúvida se deveríamos pensar a identidade nacional da forma imitativa, sem
sofrer pressão dessa ou daquela cultura específica, entender-nos com independência,
o que não significa estarmos apartados do resto do mundo.
Segundo Giannetti, somos um povo
imperfeito em sua miscigenação, como imperfeita é nossa ocidentalização. Certo
que temos de aprender a administrar nossas forças e fraquezas, como nação, para
que possamos caminhar em direção ao futuro com segurança e mais confiantes. O
Brasil tem grandeza territorial, o que pode ser confortável, desde que alarguemos
nossos horizontes. Nenhuma nação deve ser arredia, ou arvorar-se de superior. Muitos
dos conflitos deixariam de existir se os povos entendessem os benefícios da
aproximação, para aproveitar conjuntamente os avanços da modernidade. Os meios tecnológicos
disponíveis podem, sim, proporcionar uma vida melhor e em paz.
Qualquer nação, qualquer cultura, por mais
que se julgue avançada, erra ao pensar
que fica rebaixada ao deixar de lado a crença na primazia. Pensar em domínio nos
tempos atuais é demoníaco. Mesmo que haja diferenças entre as nações no sentido
de grandeza e riqueza, é importante reconhecer o valor que todas têm. As mais
avançadass, que ainda lutam pela supremacia, devem rever esse conceito, e olhar as
que sofrem com o atraso, para ajudá-las. As que são por demais retrógradas, podem
até rejeitar o conforto material, e optar por permanecerem atrasadas, mas que respeitem
as que pensam em bem estar.
Não há certeza absoluta sobre o nível de progresso
ideal, e parece que o céu é o limite. E inferno também. Um dito popular diz que
“gosto não se discute”, e sabemos que gostar ou não gostar tem mão dupla.
Melhor não optar pela tirania do gosto. O homem civilizado, de caráter refinado,
é o que se aprimora culturalmente, elegendo o respeito como atitude de bom
gosto. Sendo de péssimo gosto impor ao outro o seu próprio gosto, ou forçar a
conversão de quem quer que seja. Princípios rígidos quanto à justiça e
honestidade, bem como ter a mente respeitosa e solidária, confirmam nossa
identidade como seres humanos evoluídos, ou então irremediavelmente bárbaros.
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