MODERNIDADE SURREAL
Em início do século passado, G. K. Chesterton, homem de fé inabalável, questionava que “os modernos
devem entender que o ódio de um herói, ou santo, é mais generoso que o amor de
um tirano”. E falou do alto de sua catolicidade que há uma imensa e heroica sanidade da qual os modernos só podem coletar
fragmentos. Imagino o que diria o pensador católico desse nosso mundo atual. Chesterton morreu antes de Hitler assumir o poder, mas já vivia a tragédia do comunismo, e com o nazismo batendo à porta. Terceiro milênio, o materialismo e o ceticismo tomam conta das mentes, roubando das pessoas sua alma religiosa. Hoje cada um só acredita no que quer, ninguém tem dúvida, ponto
final. Os donos da verdade à espreita, para induzir o outro ao erro. Em outros
tempos sentia-se o prazer do bem, e assim vivenciamos aqueles dias sem grandes dores,
com poucas ou nenhuma amargura, ao lado de pessoas, em sua maioria, benignas.
O homem responsável por tudo, e ainda se diz moderno, quando na realidade exerce uma modernidade fake, surreal. Ninguém quer mais ceder, nem sabe como seguir adiante com segurança, sem a conquista da autoridade necessária para comandar sua vida e servir de exemplo. E não seja rebeldia, pura e simples. Proféticas as palavras de Chesterton: "O novo rebelde é um cético que não acredita em mais nada". Teimosia e rebeldia sempre houve, faz parte do jogo. O que não se pode é acreditar numa gente que se diz moderna por descrer de tudo, que não se educa, mas se acha muito bem informada, age no vai que vai, no vai que cola. As pessoas sem autoridade para pensar e agir com autoridade, como deve ser. As convicções onde nunca não deveriam estar, perdida a noção da verdade. E se há dúvida de tudo, mais ainda duvidam as pessoas dos seus objetivos, preferem parar de trabalhar, de rezar, de amar. Há a internet, importante avanço nas comunicações, que ao mesmo tempo cria prisioneiros da conexão, títeres dos compartilhamentos virtuais. É como queremos viver?
A Rendilheira deVermeer por Salvador Dali |
Individualidade mais idiota essa de nos transformarmos em massa céticos conectados. Mas quantos não sofrem com a falta de privacidade, as exposições, e mais ainda os holofotes, nesse nosso mundo transformado numa máquina mortífera de artistas de sucesso, tantos que partiram ainda jovem, vítimas da superexposição, como Amy Winehouse, Jim Morrison. E mais recentemente o músico Dj Avicii, que se foi desejando encontrar a paz, simplesmente isso, testemunharam seus parentes. Algumas situações é certo que nos roubam o sorriso, pois tudo que nos rodeia pode afetar nosso viver, mas temos que seguir em frente. Nossos antepassados nos diriam: Olhai os lírios dos campos, eles não tecem nem fiam; observai as águas dos rios, elas passam tranquilas por entre as pedras!