segunda-feira, 27 de janeiro de 2020
domingo, 26 de janeiro de 2020
sexta-feira, 24 de janeiro de 2020
G. H. CHESTERTON
FRASES EXTRAÍDAS DO LiVRO “ORTODOXIA”.
FRASES EXTRAÍDAS DO LiVRO “ORTODOXIA”.
“O mundo moderno perdeu o juízo, não tanto porque aceita o anormal, mas porque não consegue restabelecer a normalidade.”
“Em cada ser vivente há, de
fato, um conjunto de forças e funções inatas. Mas, ou a educação dá-lhes as formas
para fins específicos, ou não significa absolutamente nada. A fala é o exemplo mais
prático disso. É preciso paciência para extrair da língua o que ensinar à
criança”.
“Todo o intenso materialismo
que domina o mundo moderno apoia-se, em última análise, numa suposição. Uma
suposição falsa. Observei que o materialista, como o louco, está numa prisão;
na prisão de um só pensamento“.
“Muitos romancistas, de forma
exagerada, representaram a terra como sendo perversa. Mas H. G. Welles e sua
escola tornaram perverso o céu”.
“ Os obscuros poetas modernos
são naturalistas e falam de arbustos e riachos; mas os cantores dos poemas
épicos e fábulas da antiguidade eram sobrenaturalistas e falavam dos deuses dos
riachos e arbustos. É isso que os modernos querem dizer quando afirmam que os
antigos não ‘apreciavam a natureza’, porque diziam que ela era divina”.
“Os adoradores da vontade, de
Nietzsche ao sr. Davidson, estão na realidade completamente vazios de
volição... É a existência desse lado negativo, ou limitador da vontade que faz
a maior parte da conversa dos anarquistas adoradores da vontade não passar
muito de uma bobagem”.
domingo, 19 de janeiro de 2020
sexta-feira, 17 de janeiro de 2020
DISCERNIMENTO
Marina estava em inspeção numa
prefeitura do interior de Goiás, designada como inspetora federal para averiguar uma
denúncia sobre desvio de verba. Depois de um dia de trabalho, de volta ao hotel
onde estava hospedada, ela caiu na cama exausta.
Adormeceu ainda sob o peso do cansaço mental, e não foi estranho que sonhasse com algo que dizia respeito ao seu
trabalho, e também à sua vida pessoal, já que estava noiva e prestes a casar. Sonhou
com a tia falando-lhe para calçar botas, que ia atravessar ruas cheias de lama,
depois da tempestade na noite anterior. ”Um charco só”, ela disse,
acrescentando:
— Preste
bem atenção ao que vou dizer: “Discernimento”
Ao
que a sobrinha respondeu:
—
Sim, minha tia!
Marina
acordou e, por alguns momentos, achou que estava na humilde casa no
interior do Maranhão, e já há algum tempo morava em Brasília. Tudo isso
acontecia talvez porque a cidade de Cocais lembrava sua antiga cidade natal.
Dias depois, queria
lembrar a palavra chave que a tia lhe dissera em sonho. Lembrou:
“Discernimento”.
Marina permaneceu apenas dois dias na cidade indiciada, comprovando
o rombo nas contas da prefeitura. O prefeito simplesmente justificava a oferta da propina que fazia à fiscal, alegando que ela estava noiva, com despesas do casamento. A corrupção começava a grassar no país. Deu um aperto no coração. Dava para sentir na alma a pobreza daquela gente, inaceitável o desvio do dinheiro público. Havia necessidade de medidas disciplinares urgentes.
"Discernimento", uma observação
deveras pertinente, já que em toda sua vida a tia de Marina exercera a profissão de educadora
e destacada professora do ensino fundamental. Tempo em que a honestidade e a palavra
empenhada valiam mais que tudo. Duas irmãs: sua mãe e sua tia, ambas com os mesmos
valores, mulheres bem-sucedidas em suas profissões de educadoras. Menos em
suas escolhas de parceiros para a vida em comum. “Educar adulto é mais difícil,
tem que começar da criança”, pensou Marina. E se tenha a educação como bússola.
“Discernimento" - o que lá do outro lado diria sua tia aos jovens de hoje!...
quarta-feira, 15 de janeiro de 2020
CONTO DE UMA APRENDIZ DE ESCRITORA
ESPELHO, ESPELHO MEU!...
“Aquela
mulher no balcão da farmácia seria Romana?” Dora estava reconhecendo a antiga
colega de ginásio. Como boa fisionomista tinha quase certeza que era ela, pedindo
um remédio para dores no joelho, e o farmacêutico recomendando que procurasse
um médico, e oferecendo-lhe uma cartela de Dorflex. “Tão linda que era, mas não
envelheceu muito bem” pensou Dora para em
seguida dar uma olhada no espelho que cobria parte da pilastra a sua frente, e
ficar satisfeita com o rosto ali refletido.
Ficou
encabulada quando a atendente sorriu, como que aprovando a vaidade da velhinha,
a quem perguntou se já havia sido atendida. Nem teve tempo de responder, Romana
também a reconheceu, e já falava ao lado:
— Bonita
e bem conservada, apesar das andanças pelo mundo, estou espantada”.
“Coisa que a amiga não pode dizer de si mesma”, foi o que Dora quis falar para a
Romana, mas simplesmente demonstrou o quanto estava alegre em encontrá-la. Sem deixar
de esclarecer sobre seu retorno à cidade. Falou com ênfase:
— Nasci
e me criei aqui, e aqui quero morrer, Romana!
— Não
é um destino tão ruim assim, não é mesmo Dora? Nunca morei fora e jamais estive longe da minha terra natal, o que pode ser provação, ou bênção. Aqui casei e
nasceram meus três primeiros filhos, cedo fiquei viúva. Tornei a casar e vieram
mais dois. Soube que você casou com militar e adido cultural em vários países, e
tem uma linda filha. Conheci seu marido na juventude, pensei em conquistá-lo
antes de você. Mas você apareceu e levou a presa nos dentes.
Dora sacudiu
a cabeça.
— Bobagens.
Sei que é bom estar toda vida no mesmo lugar. Também não é nada mal ter experiências para além das nossas fronteiras.
O quanto aprendemos e nos divertimos. Londres foi uma experiência maravilhosa,
onde minha filha nasceu, e mora hoje, com o marido e dois filhos. O mesmo não
posso dizer de certos locais, que são provações, como Bagdá em guerra. Ainda bem
que vivi ali por pouco tempo.
Sem
se dar conta, Dora estava encompridando a conversa, que ia chegar aos encontros
e desencontros da vida. Ambas com toda uma história. E subitamente um
pensamento insinuou-lhe na mente, o que vinha acontecendo nos últimos tempos, “se
o marido tinha sido feliz ao seu lado e vice-versa”. Foi quando a amiga
convidou-a para tomarem um café do outro lado da rua. Já estava na cara seu
descontentamento com as indiscrições da outra.
Romana
parecia divertir-se:
—
Desculpe Dora, você sabe que eu sempre fui uma pessoa sincera, não meço as
palavras, nem escondo meus sentimentos. Você sempre mais calada e guardando ressentimentos
e mágoas.
— Oh
não. — O protesto saiu rápido dos lábios de Dora, que a essa altura pensava no
homem execrável com que a amiga havia casado, seu primeiro marido, quanto ao segundo,
nada sabia.
Já
estavam sentadas, com bolsas e compras colocadas na cadeira vizinha. Romana
chamou a moça para que lhes trouxessem o café, que vinha servido com deliciosos
cookies. Enquanto espera, Dora lembrou que, antes de sair do
país, tinha visto a amiga em companhia
de uma pessoa peculiar, vestido de modo extravagante. Depois disso, a distância.
— Muitos
romances por esse mundo afora?
Dora
respondeu com severidade:
— Nenhum de nós dois sentiu necessidade de ter
outra pessoa em suas vidas, nem se houvesse, pois preservamos o casamento
também como uma instituição, que merece respeito, para seguir cumprindo sua
função na sociedade, nossa sociedade
cristã.
— Mas
Roger tem um olhar malandro, eu desconfio dele.
Foi
quando Dora lembrou de uma moça bonita e muito educada, que trabalhava na
embaixada. Na época ela parecia um pouco ousada...O incidente esquecido, afinal partiram logo depois em
outra missão do marido, justamente em Bagdá. Um tempo nada fácil.
Voltaram ao assunto que as duas tinham mais em comum. Dora falou:
—
Tempos felizes aqueles, não foi?
— Mais
ou menos, era tudo tão saudável e demasiadamente presunçoso.
Queria mais era gozar a vida, mas acabei presa a dois casamento, cinco filhos e ao
rincão natal. Não tive oportunidade de ver o mundo como você, e tão bem
acompanhada!
— Verdade!
“
Pobre Romana”, pensou Dora quando chegou em casa e se preparava para dormir.
Não falou do encontro para o marido, ia deixar para outro dia, estava exausta.
E logo pegou no sono.
E
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