SAUDADE!
MINHA MÃEZINHA FARIA 106 ANOS HOJE!
FELIZ PÁSCOA
SIMPLESMENTE MÁQUINAS
S. LUÍS MA |
Lá estão elas para darem início ao agradável costume do encontro às quintas-feiras. Semana Santa, ocasião para renovar os votos de fé em Cristo e augurar felicidade para as comemorações do domingo de Páscoa. Já escolherem no cardápio os acompanhamentos para o café. Na faixa dos sessenta, Maria e Mirtes beiram os setenta anos, enquanto Aurora acaba de dar início à sua velhice. Que velhice? Ela pergunta antes de dar início a sua fala.
— Como
hoje é feriado, já pedalei, o que faço costumeiramente nos fins de semana, também
aos domingos. Aprendi a andar de bicicleta na infância, mas só depois de adulta
fiquei assídua no esporte que me faz “sair por aí”, depois de uma semana dentro
de uma sala em frente à mesa de trabalho. Já o Antônio, meu marido, a essa
altura está voltando de uma competição na Argentina. De minha parte me faz
simplesmente bem andar de bicicleta, o que é muito saudável, embora seja hoje
meio de transporte para alguns, como acontece em alguns países europeus.
Maria
gosta de pesquisar sobre tudo, fala a seguir:
— A
bicicleta foi designada de início para o lazer, brinquedo infantil. Sofreu
modificações, evoluções, e até mesmo participou de revoluções, o caso da revolução
industrial. Mas o meu maior prazer é andar de carro, fruto do sedentarismo. E
se compararmos o carro com a bicicleta, ela ganha em termos de saúde, embora
perca no quesito conforto e rapidez, o que vale para esse nosso tempo, em que
se passa a maior parte do tempo apressada. Ambos suprem bem as diferentes necessidades
de locomoção.
Mirtes
tem algo a dizer sobre andar de bicicleta, ou ter um carro para locomover-se, o
que não é mais um luxo, como acontecia no tempo de sua mãe:
— A
cultura da direção é recente, hoje temos as regras de trânsito, universais, a
serem aplicada aos condutores de veículos motorizados no mundo todo, com
algumas diferenças, no Reino Unido, por exemplo, a direção é do lado direito do
motorista, e por aí vai. Mas o certo é que aprender a dirigir é para todo mundo
como um passaporte para a vida adulta. Aprender a dirigir, tirar a carteira de
motorista, o potencial que essa conquista representa. O carro torna-se um
castelo, a estrada uma geografia a ser explorada numa velocidade, nunca dantes
imaginada. A atividade de dirigir pode levar a um estado de transporte quase mágico. Simplesmente máquinas, e muito amadas, que ninguém nos tire o direito de ir e vir em nosso carro, ou
numa bicicleta, se for o caso.
Aurora
pensa na vantagem em ter a idade que tem, e sorrindo rebate:
— Pelo
menos uma vantagem nos é dada a partir dos 60 anos, quando podemos estacionar
em local reservado aos “idosos”. E se chegamos à velhice temos mais que aproveitar
dessa maturidade que conquistamos ao longo do caminho. Shakespeare diz em seu
verso que “a maturidade é tudo”. Dignidade
se dê aos mais velhos. E nas derradeiras décadas possamos usufruir dos
dividendos que ganhamos das reservas de virtudes acumuladas. E ao chegando aos
portões do céu nos sentirmos acolhidos.
Por
algum minutos as três amigas ficaram caladas, como a digerir as palavras
de Aurora. Foram-se os últimos petiscos dos pratos, e quando voltaram a falar
foi sobre coisas triviais, como as chuvas que caem com intensidade ainda em
Abril, empurrando a seca de Brasília para mais adiante. Verificam que a tarde passou com rapidez, e se despedem, cada uma levando para casa uma lembrança de Páscoa, com que se ofertaram mutuamente. Até o próximo encontro.
DOCE PEDALAR
EVOLUÇÃO DA BICICLETA |
Lento
no andar, o homem desde sempre necessitou mover-se mais rápido, daí inventou a
roda para seus toscos veículos de transporte, puxados por cavalos, o que durou milênios.
Com a mecânica do século XIX surgiram os trens e os barcos, movidos a vapor,
pela queima do carvão das suas caldeiras. Na mesma época, por desejo infantil
de mover-se com duas rodas, o homem criou uma engenhoca, apenas um brinquedo. E quando às rodas foram acrescentados os pedais e o cilindro deu origem à bicicleta, a requerer aprendizado para a pessoa se equilibrar e poder andar
com certa velocidade. A energia humana, propulsora da bicicleta. Outras
máquinas movidas à eletricidade e demais energias — as atuais energias eólica e
nuclear.
Doce pedalar, o imenso prazer que proporciona o domínio dessa máquina que é a bicicleta, quando
pernas, braços, olhos combinam suas faculdades para um mesmo fim. Conquista de
espaço, abertura ao risco, subordinação da liberdade à própria vontade pessoal de
ir em frente, dobrar á direita, ou esquerda. De simples diversão a bicicleta
tornou-se um veículo de transporte muito utilizado na modernidade, que evita a
poluição dos carros movidos a gasolina, além de causar congestionamentos nas
vias públicas. Pedalar tornou-se necessidade, até mesmo questão de saúde.
Roda
a mecânica dos vários tipos de máquinas, que não param de ser inventadas. E faz
apenas duzentos anos que a emblemática bicicleta circula no mundo junto com o
trem, surgidos ao tempo da Revolução Industrial. A bicicleta seria para o lazer
da elite, surpreendente que tenha alcançado status de veículo de primeira
necessidade para muitos trabalhadores. Antes era coisa de rico passear de
bicicleta, inicial destinação dessa máquina maravilhosa. Foi além, muito além
do previsto.
Andar
de bicicleta é dar um passo no desenvolvimento pessoal, o que remete à história
universal, que flui pela estrada do progresso. Processo artificial, arte de
viver e se desenvolver no mundo. E não é o fim da história, mas outra história
a ser contada com as máquinas, e com ela ao lado chegamos à robótica, à
inteligência artificial, que assusta até as mais inteligentes cabeças. Anjos e
demônios a fazerem parte dessa história, desse avanço tecnológico que salva
vidas, mas também mata gente com precisão.