UM NOVO TEMPO
A imperial S. Luís do
Maranhão envelhecia com dignidade no tempo da minha juventude. Já naquela
época a bela cidade ludovicense era de há muito espreitada pela decadência, mas
resistia. Saúvas nos quintais e cupins atacando o rico madeirame das velhas
casa, grudadas umas às outras, o que facilitava a circulação de afoitos roedores. Pousada na pedra uma coruja espia e pia. As habitações seculares eram moradias dos afortunados descendentes dos barões, também
de ricos comerciantes e investidores de origem europeia, o caso do meu bisavô. Na
década de 50 a velha cidade maranhense tentou a moderniza-se. Lembro da minha rua das Hortas, no centro de S. Luís, local privilegiado, as antigas moradias dando lugar a lindas casas de dois andares, chamadas bangalôs, com jardim em frente e quintal arborizado, circundados por lindas praças, que também sofrem com voragem do tempo.
Passados alguns anos, lá estou eu em uma de minhas constantes visitas, descendo e subindo ladeiras, vendo em cada esquina a feiura que tomou conta da cidade, seu casario quase completamente arruinado. Apenas uns poucos imóveis salvos, do que parece um bombardeio, aqui e ali escombros, e apenas alguns imóveis restaurados abrigam museus, e uns poucos serviços públicos. A capital do Maranhão é considerada Patrimônio Mundial desde 1997. Mas para conservar os antigos prédios custa caro, sem o devido retorno financeiro para seus donos, que deixam o imóvel tombado, tombar de verdade. Por decreto salvaram minha cidade natal das marretadas de que fala Josué Montello no seu livro Cais da Sagração de 1971, em que o velho marinheiro Severino, ao observar com tristeza a decadência do belo casario da sua S. Luís, se pergunta: “Antes que as marretadas batam em cheio nas suas paredes para destruí-las, que destino terão esses sobrados em agonia?” O escritor maranhense citado por José Francisco Botelho em seu artigo na Veja, que aborda o assunto da atual decadência urbana. Acredito que pode não haver salvação para a ruína natural e contínua de uma cidade, sem os recursos necessários para preservar a antiga, e erguer uma nova urbanização.
Passados alguns anos, lá estou eu em uma de minhas constantes visitas, descendo e subindo ladeiras, vendo em cada esquina a feiura que tomou conta da cidade, seu casario quase completamente arruinado. Apenas uns poucos imóveis salvos, do que parece um bombardeio, aqui e ali escombros, e apenas alguns imóveis restaurados abrigam museus, e uns poucos serviços públicos. A capital do Maranhão é considerada Patrimônio Mundial desde 1997. Mas para conservar os antigos prédios custa caro, sem o devido retorno financeiro para seus donos, que deixam o imóvel tombado, tombar de verdade. Por decreto salvaram minha cidade natal das marretadas de que fala Josué Montello no seu livro Cais da Sagração de 1971, em que o velho marinheiro Severino, ao observar com tristeza a decadência do belo casario da sua S. Luís, se pergunta: “Antes que as marretadas batam em cheio nas suas paredes para destruí-las, que destino terão esses sobrados em agonia?” O escritor maranhense citado por José Francisco Botelho em seu artigo na Veja, que aborda o assunto da atual decadência urbana. Acredito que pode não haver salvação para a ruína natural e contínua de uma cidade, sem os recursos necessários para preservar a antiga, e erguer uma nova urbanização.
A decadência acontece em todo o país, bairros,
antes aprazíveis, tornaram-se morbidamente feios, feiura que se expande
quarteirão a quarteirão, encurralando as cidades por inteiro. "Ordem e progresso" diz a nossa bandeira. Passo a passo o progresso avança, mas a falta de ordem tende a afogar o processo de modernização.
As megalópoles modernas, verdadeiramente infernais em seu crescimento
desordenado, monstros a nos assombrar o presente e colocar em risco o futuro. Lutava-se por um novo amanhã e em
S. Luís veio a primeira ponte para o raiar dessa aurora, o que
acontecia do outro lado da cidade, com os
edifícios de apartamentos perto das praias, para dar mais segurança e
comodidade às famílias. Ocorre que a decadência é célere, e em pouco tempo a
poluição visual e ambiental toma conta
de tudo. Os logradouros públicos mal conservados, e as belas praias sempre impróprias
para o banho. Mais por descaso e incompetência do que por falta de verbas, pois
quando o dinheiro aparece some nos bolsos dos políticos e servidores roedores dos dinheiro público.