FELIZ PÁSCOA
A Igreja católica com suas igrejas e sua arte sacra é inigualável em bom gosto. Mas como
as pessoas adquirem o gosto que têm? Experiências culturais, assim como expectativas mentais, têm muito a ver com as escolhas, os gostos de cada um. Em princípio, saber o que se é, e o que se quer, ter noção dos valores
a serem respeitados. Todo cuidado é pouco para não corromper o gosto, pois tem o
problema da liberdade, que pode alterar os conceitos de beleza e gosto. Injunções
de ordem prática e ideológicas levam ao desinteresse puro e simples do gosto, e
o quanto é triste a perda da
capacidade de observar e julgar, assim como de admira e se encantar.
Não uma santa indiferença, como falou são Francisco, mas o que temos hoje é uma cruel divergência, que ofende quem tem bom gosto com a pecha de ultrapassado, as massas com sua limitações, não têm como observar as sutilezas. Pessoas explosivas possuem uma interioridade recheada de elementos nocivos, não medem esforço para ofender o outro. A lapidação de um diamante dura para toda a vida, diferente
do maleável barro, até mesmo do corrosível ferro. A corrosão que contamina e
destrói, e é o que acontece nessa massificação pós-moderna, que resvala no vale
tudo. Sem dar sinal de bom gosto, ou de bom senso, criam-se falsos conceitos. Os bons propósitos, tidos como coisas do
passado, desvirtuados pela falsidade, pela mentira, quando então, tudo de bom
que se possa querer perde-se no emaranhado de desacertos até chegar às tensões
sociais. E o quanto custa à sociedade arcar com o alto preço da corrupção, o
que é tão cruel, e de um extremo mau
gosto.
A esperança nos amores era o que havia de melhor.
E quão adverso é mirar numa promessa de felicidade a resultar numa realidade adversa. A realidade
dura para as mulheres, também para os homens, esse nosso mundo destituído de
moral e afeto. Ah, as mulheres, quanto
sofrem, e exemplos não faltam na literatura, causando impacto suas dolorosas
trajetórias sentimentais. Personagens vítimas das infrações cometidas, caso das
peripécias da personagem feminina em Madame
Bovary de Flaubert. A alma humana em
seus desacertos, quando o sexo se faz presente de uma forma natural e ao mesmo
tempo cruel para o gênero feminino, seu erotismo fonte de infelicidade.
O
cotidiano mesquinho não favorece os altos voos filosóficos; nem os maiores arroubos feministas são merecedores da atenção devida. Faz gosto apreciar o modo como a
austera Jane Austin, por ser mulher, tratar dos assuntos sentimentais, o controle que determina as trajetórias de
suas personagens, menos problemáticas. Mulheres em suas muitas aventuras e poucas
desventuras, o que era de maior relevo. Não há como exercer total controle sobre
os seres humanos, mas confiar no bom senso das pessoas. O gosto peculiar de
cada um, com possibilidade de haver reconciliação
e paz.
É
mister na atualidade juntar nossos pedaços, catar nossos cacos de humanidade,
que o futuro, como já se sabe, está carregado de possibilidades. Vale a pena limpar o ar, para o retorno do
oxigênio que torna a vida mais saudável. Importante a contribuição do gosto para
o fator humano, para a produção intelectual, para a cultura, e que a ideia de bom
gosto e perfeição possa pisar em solo fértil. Há uma liturgia do gosto, que deve ser obedecida para não acontecer que o mau gosto atual substitua o bom gosto de tempos atrás. Gosto se discute, se
defende, sim!
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