RELIGIÃO E ARTE
PAULO DE TARSO
Roma na época era um cadinho cultural, por conta dos povos conquistados. Paulo em sua doutrinação pôs abaixo as crenças existentes. E com o Cristianismo o mundo antigo pôde se reerguer em novas bases uma cultura em decadência. Com acuidade concebeu o dogma da Ressurreição do mestre Jesus Cristo, morto na Cruz. Falou Paulo nas tribunas, nos púlpitos e no monumental teatro de Éfeso diante de milhares de ouvintes atraídos por sua retórica, os quais foram convertidos à sua Fé universal. Morreu decapitado em Roma no ano de 67 d.C. legando ao mundo conceitos novos. A fé cristã de Pedro e Paulo deu origem à civilização ocidental.
REVELANDO VERMEER
Rua de Delft |
A fé católica, apostólica, romana acabara de receber duro golpe com a Reforma protestante, que é adotada pela recém-criada República holandesa da paz e prosperidade. Vermeer era calvinista de nascimento e convertido à fé católica após o casamento com uma mulher da tradição católica. Na época pululavam heresias por toda parte, gente apegada a crenças estapafúrdias, difícil de prosperar. Do lado de fora da casa duas mulheres, alheias uma da outra, estão de cabeças baixas, exercendo suas atividades domésticas. Habitam o local, que é também uma oficina, comum à época, parece desativada. Têm ao lado um casal de jovens entretidos em algo que escondem dos olhares estranhos. Extraordinária, pois, a modernidade de Vermeer. Pinta para o presente e o futuro, as mulheres com suas crianças quase fora do lar, ao mesmo tempo alheias ao mundo exterior, sem darem sinal de vida inteligente. Obscuros habitantes da casa, seu interior sem a energia espiritual das mulheres que a ilumine, sem a força do trabalho masculino que a enriqueça. Época das guerra de conquista territorial e também guerras religiosas, quando então as mulheres se veem sozinhas, sem os companheiros.
Uma rua de Delft, metáfora utilizada por Vermeer para o mundo em decadência, a exigir reformas, a começar pela Reforma protestante, também a reforma católica, chamada Contrarreforma. E se as mulheres e os jovens do quadro levantassem o olhar iam ver no alto o lindo céu azul, também podiam observar que tinham à frente uma rua larga, por onde podiam caminhar livremente em direção ao progresso. No século XVII o crente e otimista Vermeer via o progresso como salvação. Adiante no tempo o pintor Munch e o escritor Dickens no seu pessimismo concluem que o progresso é um grande vilão. E aonde ia parar o ódio dos homens? Haveria de chegar a Hitler, o ditador genocida. Milhões de judeus mortos, um holocausto. O carvão substituído pelo asséptico e frio gás nos fornos nazistas, atrocidade de tal monta, porque um dia uma nação magoada se deixou levar pelo fanatismo de um louco nas suas delirantes fantasias. Rica e poderosa Alemanha, seu povo laborioso, de reconhecida inteligência, com um passado que a envergonha, que na atualidade alavanca o progresso no continente europeu. Mas que ninguém esqueça ter um dia matado covardemente milhões de judeus, entre eles Anne Frank que deixou o testemunho do seu cruel e injusto cativeiro com a família, no seu famoso diário.
Em Vermeer observa-se a moral da fé cristã reformista, assim o pintor revela para a posteridade o ideal republicano então vigente de mobilidade social, patriotismo utilitário e enriquecimento lícito, acrescido de modéstia e altruísmo.
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