quinta-feira, 22 de julho de 2021

 


                      PAIS E FILHOS

 

CENTRO HISTÓRICO S. LUÍS. MA- PRAÇA DEODORO

 

 

O sentido que tem a companhia dos filhos quando eles tornaram-se independentes, vivendo em suas próprias casas. E algum dia os pais vão sentir-se culpados por não terem estado mais perto, coladinhos a eles. Vão sentir uma espécie da lacuna em suas vidas, ao entenderem que nada substitui o tempo que deixaram de estar juntos daqueles que precisaram de atenção. Os almoços de domingo, as viagens, podem amenizar a perda dos momentos especiais que passaram e não voltam. Diante da angústia de uma mãe percebida por sua filha, que questionou:

—Mãe, preciso lhe falar, nem eu, nem meus irmãos nos vemos como vítimas. Pare de nos ver assim.

A mãe em desconforto tentou defender-se, quando sempre se viu como uma sobrevivente de  tempos difíceis. Quanto aos filhos, achava que podiam ter recebido maior atenção, e não teriam sofrido tanto com a correria de um mundo que mudava rapidamente e os pais junto com ele. Mudanças na família não faltaram: de cidade, de casa, e outras mais. Havia a expectativa de sucesso que caia sobre a cabeça de cada um em particular. Mas o papel da vítima e do opressor parecia não caber a essa mãe em relação aos seus filhos. Lógico que nem sempre a vida é um mar de rosas, o sol nem sempre brilha, e há dias de céu nublado, quando então a tristeza  pode tomar conta de tudo. Mas se essa mãe tivesse percebido o desespero da filha no passado podia ter amenizado sua dor ao lhe falar:

—Calma filha, calma, que tudo vai dar certo.

 

 

 

 


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