sábado, 19 de fevereiro de 2022

 

                                           MARIA E A RAPOSA FALANTE

         

S. LUÍS - MA

 

           Maria escuta uma voz ecoar no silêncio do parque:

 — Eu estou aqui.

Era uma manhã que parecia igual às outras, quando ela chega ao parque,  senta-se no banco à sombra de uma árvore, não sem antes verificar as novidades que a natureza promove a cada dia naquele espaço preservado. Já há alguns dias preocupada com seu estado de abandono, não mais o mesmo parque de quando criança e vinha passear com a tia.  Parou espantada. Viu a raposa sair de um arbustos, onde estava escondida, que continua a falar:

— Sempre te vejo tão sozinha.  Quero ser teu amigo do parque, te cativar.

Questiona Maria sobre o fato de um irracional falar:  

— Só as pessoas falam, tu és um animal, assustas com essas orelhas pontudas, com esse focinho comprido. Interessante tu és, sim, diferente dos animais domésticos com quem convivo. Quem sabe tu me cativas...

— Não sou fácil de gostar como o cachorro, que é o melhor amigo do homem. Nem sou como a rosa, que tem os necessários espinhos, e encanta por sua beleza. Nem mesmo sou um carneiro, que fornece lã. Não sirvo para nada.

Depois de refletir Maria respondeu:

— Lembro-me do Principezinho, li sua cativante história, que ele habita um planeta distante, e em visita à terra encontrou uma raposa falante no deserto. Tem histórias de bichos que falam, e estava distraída, sem pensar em nada, quando você apareceu. Não faz mal escutar uma raposa.

A raposa não se faz de rogada:

— Cativar e não caçar. Eu, por exemplo, caço galinhas, e sabes que os animais se caçam uns aos outros. Os homens são os maiores caçadores da face da terra, têm armas de caçar e tem as que podem destruir todo ser vivente. A natureza perdendo espaço para a ambição humana. Apressam o fim do nosso mundo.

— Verdade — respondeu Maria. Seguir o Principezinho, que colocou sua flor na redoma. Seja qual for a guerra, a melhor arma é o amor. Amar a si mesmo e aos outros. Tempos difíceis  os que vivemos hoje, raposa. 

 



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