MARIA E A RAPOSA FALANTE
S. LUÍS - MA |
Maria escuta uma voz ecoar no
silêncio do parque:
— Eu estou aqui.
Era
uma manhã que parecia igual às outras, quando ela chega ao parque, senta-se no banco à sombra de uma árvore, não
sem antes verificar as novidades que a natureza promove a cada dia naquele espaço
preservado. Já há alguns dias preocupada com seu estado de abandono, não mais o
mesmo parque de quando criança e vinha passear com a tia. Parou espantada. Viu a raposa sair de um
arbustos, onde estava escondida, que continua a falar:
— Sempre
te vejo tão sozinha. Quero ser teu amigo
do parque, te cativar.
Questiona
Maria sobre o fato de um irracional falar:
— Só
as pessoas falam, tu és um animal, assustas com essas orelhas pontudas, com esse
focinho comprido. Interessante tu és, sim, diferente dos animais domésticos com
quem convivo. Quem sabe tu me cativas...
— Não
sou fácil de gostar como o cachorro, que é o melhor amigo do homem. Nem sou
como a rosa, que tem os necessários espinhos, e encanta por sua beleza. Nem mesmo sou um
carneiro, que fornece lã. Não sirvo para nada.
Depois
de refletir Maria respondeu:
— Lembro-me
do Principezinho, li sua cativante história, que ele habita um planeta distante, e em visita à terra encontrou uma raposa falante no deserto. Tem histórias de bichos que falam, e estava distraída, sem
pensar em nada, quando você apareceu. Não faz mal escutar uma raposa.
A
raposa não se faz de rogada:
— Cativar
e não caçar. Eu, por exemplo, caço galinhas, e sabes que os animais se caçam
uns aos outros. Os homens são os maiores caçadores da face da terra, têm armas
de caçar e tem as que podem destruir todo ser vivente. A natureza perdendo espaço para a ambição humana. Apressam o fim do nosso mundo.
—
Verdade — respondeu Maria. Seguir o Principezinho, que colocou sua flor na redoma. Seja qual for a guerra, a melhor arma é o amor. Amar a si mesmo e aos outros. Tempos difíceis os que vivemos hoje, raposa.
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