VIDA, PARA QUE TE QUERO?
Em retrospectiva, Maria se vê fazendo parte de uma geração privilegiada, a quem o futuro se apresentava promissor, tendo a seu dispor uma tecnologia nunca dantes imaginada. Aos 17 anos a viagem para fora do rincão natal foi uma experiência extraordinária, com possibilidade de assumir um excelente emprego. Voltou para casa, ao gênero feminino ter um lar, com marido e uma penca de filhos, era ainda o que de melhor podia almejar. Recém-casada, foi morar com marido em outra capital do país. Ela a se sentir livre e encantada com sua nova vida, a socialização por conta do marido bancário e professor, além de poeta desde sempre. Conheceram-se ainda muito jovens, mas ao se reencontrarem ela parecia uma pessoa sofisticada, já que passara dois anos com parentes no Sul do país. Conquanto Maria continuasse a mesma, só um pouco mais madura, lógico.
Diz Hannah Arendt: “Quando somos salvos nos sentimos submissos, e quando nos ajudam, nos sentimos humilhados”. A filósofa judia alemã reporta-se à Simone Weil, também judia, convertida ao catolicismo, cuja filosofia tem por base o altruísmo, meio de ascese pessoal, e a possibilidade de assim elevar o mundo. Já Arendt pensa em se salvar e salvar o mundo de outra forma, seu objetivo é “abrir seu caminho sem todos os truques sujos da adaptação e da submissão”. Época da segunda guerra, com o nazismo avançando sobre a Europa, e o sofrimento consequência do ”desenraizamento” existencial. No Brasil, o estado de espírito de era de mudança, sim, mas longe da guerra, sem o crueldade imposta aos judeus e demais minorias. E mesmo vivendo sua mocidade longe dos conflitos ideológicos do nazismo e comunismo, sofria suas consequências. Os grandes males da pandemia, que parecem vindos para ficar, haja vacina.
Nunca sonhou Maria com um destino autodeterminado . Era
grande o número de pessoas que lhe queriam bem e podia confiar e contar. Os
exílios pelos quais passou visou o seu fundamental crescimento. Mas o mundo parecia ter saído dos trilhos, ameaçando
todo um consolidado círculo cultural. Enquanto Arendt e Weil estão em fuga pela Europa, dando dão corpo a suas filosofias, Ayn Rand foge do comunismo na URSS e vai para USA. O altruísmo considerado pela filósofa russa como jugo moral escravista, e manda as pessoas, simplesmente, pensar e agir de forma rigorosa. Nada devia impedir que as pessoas fossem donas do seu exclusivo pensamento, exclusivamente baseado na razão, como Ayn achava que podia fazer.
Navegar nas águas de Ayn Rand é puro atrevimento. Com Simone Weil e. Hanna Arendt é mais tranquila a viagem no entendimento da vida. Ter consciência e bom senso é certo que se aprende, o que as leituras fazem muito bem. Assim como Maria, ninguém ignora que o ser humano constituído de corpo e alma, necessita de educação, de instrução, em vez de pensar sobre si e os outros, que nascem prontos. E que se desenvolva a centelha divina que está presente em cada um. A
religião católica grande promotora da vida através dos tempos. .
Vida, para que te quero?
Em primeiro lugar se dar conta que existe, que sabe pensar e agir.
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