MULHERES
DE SEMPRE
FAZENDEIRO NO EUA PLANTA GIRAÇÓIS EM HOMENAGEM À MULHER |
Maria pensa naquela mulher de cinco décadas atrás, e, ao fluir das lembranças, retorna aos amores e às dores que o tempo levou, mas não foram esquecidas, nem poderiam. Antigas imagens, que ainda têm força, mesmo distantes. Tudo permanentemente guardado, como em um santuário, e o quanto é doce sentir a mocidade de volta. Faz parte da mulher de hoje a jovem de ontem, e nunca vai perdê-la. Assim como estão presentes em Maria todas as mulheres com quem conviveu. Bom recordar.
Da mãe lembra suas mãos suaves, seus gestos agradáveis de ver, sua voz melodiosa, dando respaldo à pessoa firme e determinada que ela era. Funcionária pública, o dom artístico que pudesse ter, refletia-se em tudo que fazia. E seriam os netos a terem a felicidade de vê-la declamar poemas, escutar sua voz melodiosa em singelas canções. Tempo em que Maria, já casada, morava fora e recebia longas cartas da mãe, para que acompanhássemos tudo que acontecia em casa; as notícias boas condizentes com a bela letra que as descreviam, mas que não combinavam com os acontecimentos desagradáveis. Nas missivas sempre vinha uma receita da família, registro do legado para a posteridade.
Da avó o neto declara que é um referencial da família, a quem Maria acompanhou de perto o seu desdobrar em várias e exemplares mulheres. Empreendedora, começou sua doceria no fogão à lenha, cujo dom criativo foi direcionado para essa atividade, e outras mais. O tempo e a criatividade posta a serviço da vida doméstica. Um desperdício, diriam as feministas, e talvez tivessem a razão se não fosse de dentro da casa que saia tudo o que se consumia na época. Enfurnada em casa, como se dizia, mas não isolada estava a avó de Maria. Interessada pela vida social e política do país acompanhava tudo o que acontecia fora, e não faltava gente para contar as novidades, o caso das freguesas da doceria. Mas era o rádio da sala o maior transmissor de notícias. A casa da Rua das Hortas, herdada dos pais pela avó, que Maria considera ter sido seu particular e especial laboratório de vida.
Da única
irmã da mãe, e caçula dos quatro irmãos, chega à memória de Maria a beleza e elegância
dessa tia, que acompanhou em sua mocidade. Viu o esmero com que se vestia, penteava
o cabelo em forma de trunfa, e por um bom tempo se dedicava à maquiagem, em
especial, ao batom, aplicado com um pincel. A feminilidade em alta, e estava
ali uma mestra. Tudo o que uma moça devia fazer, e a sobrinha aprendesse para
quando atingisse a idade adequada. Maria ansiosa para que a vaidosa tia terminasse
logo aquele aparato, para irem ás compras na Rua Grande. Era sua tia e madrinha, assim como a madrinha
Mariana, a madrinha Galante, a madrinha Mariquita, consideradas suas madrinhas,
tanto que até hoje Maria não sabe, nem pode mais saber, quem a levou à pia
batismal.
Louvadas
sejam todas as mulheres!
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