CIÊNCIA E RELIGIÃO
Richard Dawkins é o autor de dois best-sellers, O Gene Egoísta (1976) e Deus,
um Delírio (2006), nos quais o biólogo expõe suas ideias, seu ateísmo. Por
sinal o ateu mais famoso da atualidade, seguido por uma moçada empolgados com a
ciência e com um mundo onde tudo seria possível. Já dizia o escritor Fiedor
Dostoievski, “se Deus não existe tudo é possível“. A frase que alguns interpretam
como se fosse dita por um ateu. Falso, pois autor de Crime e Castigo era um homem de fé ortodoxa, e quem pensa ao
contrário não leu o russo, ou não entendeu o que leu. E não podemos falar em
Dostoievski sem lembrar Leon Tolstoi, outro russo famoso por sua inteligência e
religiosidade, autor de Ressurreição,
que acredito ser uma heterodoxa resposta ao seu compatriota.
Dawkins é seguidor do darwinismo, e
chegou à ideia de um gene egoísta responsável pela evolução, assim como existe
um gene altruísta propiciador da evolução cultural, que o biólogo apelidou de “memes”.
A evolução seria progressiva, conquanto o paleontólogo Stephen Jay Gould
acredita em um processo contingencial. Ambos estariam certos, seria a evolução progressiva
e ao mesmo tempo contingencial, defende o próprio Dawkins, afirmando ainda que os
seres vivos tomam lugar um dos outros. Se os morcegos veem mesmo dos antigos
dinossauros, a transformação e não a extinção teria acontecido por contingências
físicas sofridas pelo planeta terra, devido à escassez de vegetação para seu
sustento.
Evoluímos de animal a seres com
inteligência e consciência, e a evolução seria uma constante na vida terrestre.
Sendo assim iríamos sofrer transformações importantes daqui para frente, com a
tecnologia? Ficção científica, responde Dawkins, conquanto ele ache que há
possibilidade que aconteça. Alguém também muito capacitado já disse que tudo
que o homem cria na imaginação é possível na vida real. Nada menos que Platão.
Certo que a religião, a filosofia e a ciência fazem parte da evolução cultural
da humanidade, o homem que toma consciência da sua condição no mundo, um ser possuidor
de corpo e da alma que evolui desde o nascimento. E o que vale para o corpo, de
algum modo, vale para a alma, e vice versa.
A ciência trata do corpo, isso há
pouco tempo, conquanto a religião trata da alma desde priscas eras. Ciência e
religião que têm mais a ver uma com a outra do que se imagina. A psicologia,
por exemplo está a serviço dos afetos desse ser egoístas por natureza que é o
homem. Já o altruísmo, próprio da religião, da cultura, vai mais além. Temos
que acreditar em algo que ultrapasse nossa condição de seres que sentem
necessidade básicas, com desejo de satisfação emocional e física. A educação
religiosa todavia nos incita a sentir e agir em busca da transcendência, de uma
consciência superior, que vai além da fé em si mesmo. A fé que nos leva à consciência
coletiva, universal, até chegar à
consciência de um Deus uno. Com a ideia de Deus, ou do Bem supremo, adquirimos
a consciência moral das nossas responsabilidades, das nossas limitações. A doutrinação
moral e religiosa que o ateísmo, na sua prepotência, contesta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário