CASTIGO DOS DEUSES
Todos os anos, no verão, o Brasil
recebe a visita de turistas, também nos bate à
porta o mosquito aedes aegypti, que neste ano de 2016
trouxe o vírus zika, causador da microcefalia em bebês. Mesmo assim os brasileiros estão vivendo um carnaval
animado, espécie de compensação para a ameaça que ronda sua saúde, o pouco que se pode fazer,
melhor relaxar e gozar. Relaxar é nosso forte, e por conta disso estamos
ameaçados da colossal epidemia que se avizinha. Resta cada um tratar do seu
quintal, evitar poças d´águas, lixo, onde a chuva possa empoçar, usar
repelente e por aí vai. A onda vai passar, sempre passa, e tudo parece que
volta ao normal. A ignorância, a incompetência, o descaso, uma doença crônica
dos brasileiros.
E dizer que a Finlândia um dia foi aqui!
Sim, tínhamos educação, cultura, ciência, que se fazia questão de igualar às melhores do mundo. Só se
falava aqui no Águia de Haia, o nosso
Rui Barbosa. O mesmo que acontecia com o brasileiro, Santos Dumont, inventor do
avião. Os brasileiros faziam bonito lá fora como cientistas, inventores, homens
de letras. Hoje só notícias péssimas, e outra espécie de vírus afronta nosso depauperado
país, que pode chegar a um mísero patamar educacional no cenário mundial. Querem
implementar nas escolas brasileiras um currículos, que exclui toda a história
ocidental, para dar lugar unicamente ao Brasil africano e ameríndio. O ufanismo
calcado em ideologias canhestras. O projeto de lei já está no Congresso.
Para não
esquecermos nossas origens, o mosquito transmissor da zika está reinando entre nós. O nome é de uma floresta na Uganda, onde o vírus teria surgido, e ora atinge em cheio os
brasileiros, já um número assustador de vítimas do mal. Nada pior que uma
epidemia desse porte, só comparado ao vírus HIV, também vindo da África. Se
temos que aprender sobre o continente de onde surgiu nossa espécie, por que não
começar pelo zika?... Não cuidamos da educação, da saúde, dos valores
essenciais ao ser racional, civilizado. A Organização Mundial de Saúde deve
declarar “emergência internacional de saúde”, igual a 2014 com o vírus ebola.
Ano da Olimpíada, e corremos o risco de
muitos visitantes desistirem de vir ao Brasil, o que constitui um castigo dos
deuses olímpicos contra nossa bárbara empáfia. A cultura grega da formação do ser civilizado que somos, pensante, consciente, produtivo, deixa de existir, assim como Idade Média e o Renascimento, se for aprovado o projeto que tramita no Congresso. Mas não passará. Recebe críticas abalizadas, como do historiador Antônio Carlos Villa: "É um desserviço. É uma proposta panfletária, anticivilizatória. Há um conjunto de erros, mas o mais grave é que apaga nossa tradição, nossa formação, aquilo que é fundamental para a compreensão do Brasil de hoje". Tramam jogar sobre nosso país os vírus da descrença, da ignorância, do descaso, da alienação. Não à toa que aedes
aegypti zomba de nós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário