A PALAVRA
Somos capazes de interagir com palavras
porque evoluímos, e através da fala colocamos em evidência nossas ideias e
intenções. É o precioso dom da palavra. Prova de civilidade é refletir e ter coragem de expressar verbalmente
sobre as coisas que acontecem e nos afeta direta ou indiretamente. Positiva a
atitude de falar o que nos aflige. Se não for através das palavras como vamos
saber dos outros, e que noção os outros vão ter de nós? Diz o dito popular que “o
silêncio vale ouro”. Mas silenciar pode ser um modo sub-reptício de não se apresentar,
de não revelar o que se é. Pode até tratar-se de astúcia calar, para evitar transmitir
o que se sabe. Certo que nem todos os
ouvidos são sábios, nem todos os corações são amigos, e devemos preservar o
respeito próprio, em pensamento, palavras e obras.
Melhor ter o que falar, do que nada para
dizer. O quanto é incômodo o silêncio, não menos que as bobagens que possam ser
ditas. Se há palavras que ofendem, o silêncio também pode ser uma forma de menosprezo,
como se alguém dissesse que nada tem a dialogar com o outro. Mostrar-se pronto para falar, quando for
necessário, revela um bom nível mental. Não se trata de ostentação transmitir
conhecimento. Triste a covardia do silêncio; dolorosa tirania querer calar os
outros. Conversa só com os iguais — alguém quer dizer — ao silenciar, quando o
momento é do diálogo. Pouco se escuta um ao outro hoje em dia, o barulho do
mundo que cansa os tímpanos, ensurdece, além de atrofiar os sentimentos e as
mentes.
Palavras de sabedoria nos legaram nossos
antepassados, para formar o mais sensato
e o melhor dos seres, dignos da boa herança.
Mas o que temos hoje é um tempo de ignorância generalizada, e seus erros gritantes.
E silentes quanto às verdades. Entendemos a vida como fonte de prazeres, quando
não de disputas, consequentemente de dores e decepções. Fugimos de tudo, ou
aproveitamos a oportunidade de interagir com um tempo extraordinário. E se há encontro,
acontecem também desencontros na comunicação, por exemplo. A dissimulação e a
mentira apontam para o nível da desinformação que permeia as comunicações, mais
ainda nas redes sociais.
Fiquei cismada no início de 2016. Pela
aritmética, na ordem decimal, o cálculo para o número 2016 2+1+6=9, “noves
fora, nada”. E é da forma como acaba o ano, nosso país com nada de bom a
registrar, além da prisão dos corruptos que roubaram descaradamente a nação. O
ano que passou também de terríveis conflitos mundiais. Mas apesar dos perigos,
apesar de estarmos aflitos, saldemos 2017. Estou animada, pois 2+1+7=10, “dez,
noves fora, Um”. E na unidade das boas intenções e das sábias ações que tenhamos um
novo tempo no novo ano que inicia, e ele seja de mais harmonia entre as pessoas
e de menos conflitos entre as nações. Não custa acreditar, é o tanto que faz
bem sonhar.
Um Feliz 2017, com mais palavras verdadeiras e menos silêncios culposos.
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