segunda-feira, 31 de dezembro de 2018
sexta-feira, 28 de dezembro de 2018
Maria é
a tranquilidade em pessoa, tem como marca a doçura, que só a paz tem; José está quase
sempre agitado, seja alegre, ou brabo. A primeira revela um constante estado de
graça, que em José é trocado pelo estado de euforia. Maria irradia bem-aventurança, dádiva
indizível, tendo menos a ver com os sentidos, ou a matéria, e mais com o
espírito, a alma. Contrasta com certa insegurança que revela o sentir físico, o prazer de José.
Maria escreve e também reza. Há um transcender, que promove o ser a um estado superior. Rezar é transcender, assim como escrever. Dizem dos momentos de deleite
intelectual, também espiritual. A sensação de escrever na plenitude que conforta, tal
qual a elevação até Deus e o amor entre as pessoas. E enquanto Maria escreve, José dedica-se a
outras tantas atividades, para o consumo material, o que inclui produzir o pão de cada dia.
Nem obsessivas,
nem possessivas, Maria e José realizam seu trabalho com amor. Amor e dedicação
ao que fazem ao que produzem. Ao contrário, realizações, ou a produção pode
gerar mal-estar, constrangimento, nada menos que isso. E o muito que necessitamos de bem
fortalecer a alma, e dar ao corpo as necessárias vitaminas, que o corpo precisa.
Assim como acontece com as pessoas, um País necessita estar bem fortalecido.
No
dia 1º de janeiro de 2019 estejamos todos mais em estado de graça que em
estado de euforia. O Brasil terá um novo Presidente, a mudança é radical, mas
necessária. Os brasileiros precisam de uma nova visão, de um novo olhar, necessitam
ver a vida com outros olhos, livres das doenças que assolam o mundo. Acontece
ter o País perdido sua capacidade de ver claro, precisando que se extraia de vez a
catarata, ou a corrupção e as mazelas morais, e se coloque no olho doente um novo
cristalino. Ainda bem que podemos contar hoje com a tecnologia tanto para dar às
pessoas melhor visão, como pode ajudar na comunicação, necessária para
a transformação política. No caso da eleição de Jair Messias Bolsonaro, a internet foi
de capital importância, nesses novos tempos de renovação.
terça-feira, 25 de dezembro de 2018
CONTO
(UM PRESENTE DE NATAL)
OU ISTO OU AQUILO
Ela gostava de escrever, vasculhava as próprias entranhas, tentava revolver as vísceras do mundo. Em primeiro lugar era uma mãe de família, apenas filhos homens, quando então quis ir ao encontro de uma profissional da atividade que dizem ser a mais antiga do mundo. O encontro difícil de acontecer, a pessoa procurada, chamada Lia, dificultava, farejando encrenca, polícia. Avisou pelo telefone que a casa dela era de família, os bordéis já em extinção, e foi firme ao declarar: Afinal, coitadinho dos homens, precisam de um local seguro. Outros telefonemas de ambas as partes, até que dona Lia apareceu, discreta no vestir. Nas falas é que ia denunciar seu modus vivendi.
Certo que a vida não era mole, dizia Lia à escritora, encontro no meio da tarde, que era uma pessoa de bem com a vida, além do mais, satisfeita por poder ajudar um irmão desempregado e ainda pagava o estudo de balé da irmã mais nova, de nove irmãos. O que mais dizer da conversa que não deu tempo nem para sorver todo o guaraná que pediram, ao se despedirem. Ao fim, a entrevistada esboçou a seguinte pérola de pensamento: Os homens, coitadinhos, precisam de um lugar seguro! O antigo mangue, ou os prostíbulos eram ruins! Respondo sua pergunta, as moças, que procuram esse gênero de trabalho, querem mais é ganhar dinheiro, muito dinheiro. E acrescentou: “isso é ruim”.
Escândalo para a sociedade, coisa inútil, mas considerado serviço de utilidade pública essa antiga "profissão". A inocência, ou melhor, ingenuidade, de quem vê no sexo a panaceia dos deuses para os homens, e um meio de vida para as mulheres. Não descartada a hipótese de que hajam aquelas que gostam muito disso que fazem, nem pensam em viver de outra forma. Aquela ali pouco tinha a informar, que servisse de inspiração, e assim findou-se o encontro, até nunca mais.
Um espanto, reconhecia a escritora, que pensou ter falhado na entrevista que fez, ou quis fazer. O resto do dia sentiu a vida, viu o mundo sem graça, e foi assim ainda no dia seguinte, até receber a visita de um amigo, que só queria falar das próximas eleições, o país aos frangalhos, a sociedade dividida. Foi para a cama intranquila, pensando se escrevia sobre isto ou aquilo.
NOTA: Conto inspirado em Clarice Lispector no seu livro TODAS AS CRÔNICAS -
recém-lançado pela editora Rocco.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2018
domingo, 23 de dezembro de 2018
Kevin McCallister is BACK! Home Alone With Google Assistant & How Great ...
FELIZ NATAL PARA UM HERÓI, VENCEDOR DE INÚMERAS BATALHAS.
PARABÉNS, MACAULAY CULKIN!
sexta-feira, 21 de dezembro de 2018
FELIZ NATAL!
O CULTIVO DA ÁRVORE DE NATAL
T. S. ELIOT
Há diversas atitudes para com o Natal,
Há diversas atitudes para com o Natal,
Algumas das quais mão valem a pena:
A social, a torpe, a meramente comercial,
A desordeira (bares abertos até meia noite)
E a infantilizada __ que não é a da criança
Que acha que a vida é estrela, e que o anjo dourado
De asas abertas do topo da árvore
É não apenas enfeite, mas anjo.
A criança se espanta com a Árvore:
Que siga no espírito do espanto
Tendo a festa como evento não aceito por pretexto;
para que o enlevo reluzente, o encanto
da primeira lembrança da Árvore,
Que siga no espírito do espanto
Tendo a festa como evento não aceito por pretexto;
para que o enlevo reluzente, o encanto
da primeira lembrança da Árvore,
Para que as surpresas, deleite de novas posses
(Cada uma com um cheiro seu, empolgante.)
A expectativa de ganso ou peru
E o pasmo espera quando surgem,
Para que reverência e alegria
Não se possam esquecer mais tarde,
No costume, na fadiga, no tédio,
Consciência da morte, consciência do fracasso,
Ou na fé do convertido
Que pode ser maculada por vaidade
Que desagrada a Deus e desrespeita as crianças
(E aqui lembro também com gratidão
Santa Luzia, seu canto e coroa de fogo):
Para que antes do fim, do octogésimo Natal
(“Octogésimo” significando o que for derradeiro)
As lembranças somadas de emoção anual
Possam concentrar-se num grande prazer
Que há também de ser grande medo, como na ocasião
Em que o medo assolou cada alma:
Porque o começo há de lembrar-nos o final
E o primeiro
advento, o segundo advento.
**********
O poema acima enleva, nele inspirado faço um depoimento no ano que se finda. Meu octogésimo ano de vida, das emoções derradeiras, sim, e quanto prazer em gozá-las. Também dor, medo, e o maior, que já tive, neste ano de tantas bênçãos. Fui atendida em casa pelo SAMU, assolada de medo por conta de uma queda estúpida, estava com o úmero fraturado, o ombro deslocado, quando até então só havia quebrado um dedinho do pé. E aqui estou, ao fim da jornada de recuperação a escrever estas linhas. A consciência da dor, da morte, que nos tira de chofre a vaidade. Eu mais madura, eu criança, juntas no medo, juntas também na esperança a desejar a todos um feliz Natal.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2018
LUZ DO MUNDO
Murilo Moreira Veras
É tempo de Natal.
Os dias correm, velozes
como o tempo
— esse ardil feito de esperança
cujos sonhos nos alimentam a alma.
É o ápice da convivência humana.
É tempo de Natal,
o olhar deslizando sobre a janela
do destino
— lá fora, numa simples manjedoura como berço,
nasce a Salvação do Mundo:
— Deus Menino no Menino Deus,
a transcendência que se faz imanente
para envolver a todos no cálice da
Aventura Crística
que transformou nossas pegadas
num caminho em busca do Infinito.
É tempo de Natal
— hora de modificar a servidão dos Homens
no auspicioso convívio da Bem-aventurança.
— Quo Vadis, Domine?
— Vou ao encontro da
Luz,
a mais iluminante Luz
que existe e existirá para nosso Mundo
— chama-se Jesus.
Bsb, Natal, 2018
sexta-feira, 5 de outubro de 2018
segunda-feira, 1 de outubro de 2018
ÂNGELA MARIA - AI, MOURARIA
TAMBÉM ACABA DE NOS DEIXAR A INIGUALÁVEL CANTORA BRASILEIRA, ANGELA MARIA
quinta-feira, 6 de setembro de 2018
SEMANA DA PÁTRIA
ELEIÇÕES 2018
ELEIÇÕES 2018
Fim de
semana, roda de amigos no bar, o assunto são as próximas eleições, uma
conversar, uma pergunta é lançada no ar: Em quem votar? O descontentamento é geral, os quatro respondem. O primeiro
a falar expõe seu pessimismo quanto ao futuro do Brasil:
— Neste ano de 2018 está mais difícil ainda escolher alguém que mereça confiança, muito menos ainda, empolgação. Nós, brasileiros, vamos apertar a tecla de uma urna eletrônica para eleger um novo presidente, também governadores e deputados. Na disputa ocorrendo candidatos de 30 partidos. Pouca novidade entre os concorrentes, pessoas sem algo que os distinga, faça a diferença, nomes conhecidos. Segundo as pesquisas a maioria dos eleitores apostam ainda no ex-presidente Lula, para voltar ao cargo máximo do país, o que é de estarrecer, já que ele está preso, após ser condenado por corrupção em segunda instância, e acaba de ser declarada pelo TSE sua inelegibilidade.
— Meus amigos, o partido dos trabalhadores ainda arregimenta as massas, manipula as consciências. O povão decidido, enquanto a elite aposta em antigos políticos ficha suja, que continuam no páreo através dos seus filhos, ou apostam eles mesmo na reeleição. No cenário em que se desenrola a política no nosso país,. os nomes conhecidos levam vantagem. Há desconfiança no desconhecido, e a lógica é que os primeiros já se conhecem os defeitos, quanto aos outros o que esperar? Faltam novas e boas lideranças, de há muito que as pessoas sérias, competentes, de confiança, fogem do jogo político. O que esperar de políticos, que se apresentam como salvadores da pátria, mas na realidade não estão preparados para resolver os problemas do país, o que requer competência e muito empenho.
O terceiro a falar foca na corrupção:
A noite prometia, e nesta primeira rodada, o último afalar, conclui:
— Nesse imenso latifúndio da corrupção em que se transformou o Brasil, o lema é que tudo está bem, desde que eu tire a minha parte. Custa acreditar que valha a pena ser honesto. Há um prende e outro solta, que faz muita gente querer ainda apostar que o crime compensa. No início do século XX proferiu Rui Barbosa um célebre discurso no Senado brasileiro, onde disse: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra; de tanto crescer a injustiça, de tanto ver agigantar-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir da honra e a ter vergonha de ser honesto”. De lá para cá as coisas só pioraram. Mas votar é preciso, e em outubro os políticos eleitos esperamos que pensem na responsabilidade que terão para com a sociedade.
NOTA - Nosso blog está em breve recesso, sua titular em tratamento de saúde. Sofreu um deslocamento no ombro direito, está em recuperação.
segunda-feira, 3 de setembro de 2018
QUANDO PERDEMOS NESSA TRAGÉDIA, POR DESCASO, ABANDONO, FALTA DE RESPEITO COM O PASSADO, COM A HISTÓRIA! SÓ NOS RESTA CHORAR! MAS O MUSEU VIVE NOS CORAÇÕES DOS QUE TIVERAM A FELICIDADE DE O VISITAR, COMO EU HÁ ALGUNS ANOS ATRÁS. E DEVIA TER ESTADO ALI MAIS VEZES COM OS NETOS. CRIADO POR D. JOÃO VI FOI INAUGURADO EM 1818, EM JUNHO COMPLETOU 200 ANOS. SEDE DA PRIMEIRA INSTITUIÇÃO CIENTÍFICA DO PAÍS. ABRIGAVA O FÓSSIL LUZIA, O MAIS ANTIGO DAS AMÉRICAS. TINHA MAIS DE 20 MILHÕES DE ITENS.
domingo, 2 de setembro de 2018
"DEUS NÃO ESTÁ MORTO"
-uma luz na escuridão-
O filme rebate a sentença de Nietzsche,
que Deus estava morto. Uma antiga igreja Saint James, localizada dentro do campo
universitário aparenta ter sofrido um atentado. Trata-se, todavia, de um
equívoco como o espectador fica sabendo logo depois, um aluno revoltado com a
namorada, que pôs fim ao namoro, é o responsável pela pichação e a
vidraça quebrada no recinto sagrado. Era já noite e o pastor Dave (Dave A. R. White) vem chegando acompanhado
de outro religioso, que estava ali para uma visita. Correm os dois para pegar o infrator, e o
visitante entra na igreja para tentar acender a luz, quando então ocorre um
curto-circuito, dando origem ao fogo, que espalha-se rapidamente provocando sua
morte.
A diretoria da Hadleigh University trata o acidente com um atentado, que teria ocorrido porque havia
insatisfação com a presença da igreja no local. Em reunião fica decidido que o
incidente é a grande oportunidade para tomarem de volta o terreno e em seu lugar
construírem um centro estudantil. Acontece
que a igreja está no local bem antes da universidade, construída pela família
do pastor, que pretende reformar o prédio e não aceita proposta alguma para a
venda daquele espaço considerado sagrado, por sua fé e por seus devotos pais.
Resolve recorrer ao irmão advogado, que vem em seu auxílio, apesar de há muito
tempo estar afastado da família, e já ter perdido a fé. O embate entre os irmãos é bíblico, o ponto alto do filme, como o embate entre a razão e a fé, em que
não há perdedores, as divergências através de diálogos esclarecedores, para o
julgamento, ou compreensão dos espectadores.
O aluno responsável pela tragédia
fica desesperado por seu ato impensado e acaba
confessando o crime, movido inconscientemente por
um fato anterior, quando sua mãe separou-se do marido que a agredia, e foi
acusada pela igreja de ser uma pecadora. A igreja envelhecia, sem se dar conta
do que acontecia a sua volta, com prédios em ruínas, ela mesma quase arruinada
em suas bases, por ser intransigente em pontos fora da doutrina, onde podia
ceder. Aos saltos a modernidade avançava sobre o mundo, e assaltando as mentes
com a descrença. Se a ciência podia esclarecer temas até então obscuros, certo
que a fé continuava seu papel de colocar as expectativas humanas a níveis mais
elevadas, permanecendo em seu seio gente da melhor qualidade e um belo ideal
de felicidade, baseado na moral. A fala dos pastores no filme é para ser apreciada como um
raio de luz, mesmo para os não crentes.
Desastre maior que o ocorrido
seria deixar pessoas de fé sem sua igreja, sem Deus. O pastor conseguiu vencer
a batalha, não sem antes ceder aos ditames da razão. Diante de um protesto dos
alunos, corajosamente os faz ver o erro que cometiam odiando a igreja, que
tinha seu papel reconhecido ao longo dos tempos, e promete construir um novo
prédio fora da universidade. O que ele pedia naquele momento era que todos baixassem
seus cartazes ameaçadores e acendessem as
velas distribuídas por fieis, elevando-as sobre suas cabeças em sinal de paz. No
dia seguinte os universitários podiam ler uma mensagem em seus celulares: “Deus
não está morto”.
sábado, 1 de setembro de 2018
BAGAGEM
Chega o tempo em que damos conta que nos
armários da casa não cabem mais nada, também aquele quartinho está tão entulhado
que faz pena. Objetos acumulados durante anos, roupas que
saíram da moda, adereços quebrada que íamos consertar. Muita
coisa esquecida no baú. O que fazer? Selecionar para reforma o que venha a
ter ainda utilidade e doar o que possa ser aproveitado por outras pessoas.
Será que além de tão grande bagagem
de bens materiais também acumulamos virtudes, conhecimento, saber? Tempos
atrás se dizia que uma pessoa tinha bagagem, no sentido que ela era instruída,
tinha sabedoria, observava os preceitos religiosos. Alto o nível escolar em
meados do século XX, com grandes professores, o que nos últimos tempos baixou
drasticamente, juntamente com a perda da religiosidade.
A mente moderna tenta altos voos, mas o que faz são voos rasantes, perigando
despencar lá do alto, ou escorregar ladeira abaixo. É costume as pessoas se abastecerem de tudo não importa
onde buscam, para escapar das exterioridades. Almejam o autoconhecimento, através dos métodos científicos, mas também
de métodos nada ortodoxos, tanto coisa surgiu nesse campo. No passado as
pessoas iam em busca de uma fé tradicional, da religiosidade, que era mais que
uma válvula de escape. As potencialidades humanas para condução das
almas, e não como desvios.
Tenham as pessoas bagagem! Ninguém esteja desprovida de bens, em primeiro lugar, as virtudes! Fé, esperança e caridade, as três virtudes teologais. Ah, a esperança, como precisamos dela no presente momento!
quinta-feira, 30 de agosto de 2018
Cecília Meirelles - “Viagem”
MÚSICA
“Noite
perdida,
não te lamento:
Embarco a vida
no pensamento,
busco a
alvorada
do sonho
isento.
Puro e sem
nada,
— rosa encarnada,
intacta ao
vento.
Noite perdida,
noite
encontrada,
morta, vivida,
e
ressuscitada...
Asa da lua
quase parada,
mostra-me a
sua
sombra
escondida,
que continua
a minha vida
num chão
profundo!
— raiz
prendida
a um outro
mundo.)
Rosa encarnada
do sonho
isento,
muda alvorada
que o
pensamento
deixa
confiada.
Ao tempo
lento...
Minha partida,
minha chegada,
é tudo
vento...
Ai da
alvorada!
Noite perdida,
noite encontrada...
Adélia
Prado - “Bagagem”:
.......
“Quando dói,
grito ai,
quando é bom,
fico bruta,
a
sensibilidade sem governo.
Mas tenho meu
pranto,
Claridades
atrás do meu estômago humilde
E fortíssima voz para cântico de festas.”
(verso extraído do poema Com licença Poética)
........
“Mas, o que eu
sinto escrevo. Cumpro a sina,
inauguro
linhagem, fundo reinos,
(dor não é
amargura)
minha tristeza
não tem pedigree.”
(verso extraído do poema Grande Desejo)
.......
“Quero comer
bolo de noiva,
puro açúcar,
puro amor carnal
disfarçado de
corações e sininhos:
um branco,
outro cor-de-rosa,
um branco,
outro cor-de-rosa.”
(verso extraído do poema Confeito)
terça-feira, 28 de agosto de 2018
DA FALA
E DO SILÊNCIO
E DO SILÊNCIO
Duas amigas encontram-se para estudar, a prova final era sobre a comunicação na vida moderna, estabelecem a seguinte fala:
- O Silêncio
nem sempre tem o respeito que merece, mas nunca foi tão odiado, como acontece hoje
em dia. Minha amiga, não se você concorda comigo mas o
silêncio passou a ser sinônimo de vazio – inumano, aterrador. E o barulho tomou
conta da humanidade, que me parece em estágio avançado, ou em plena decadência. Para os homens das cavernas certamente que o
barulho, e não o silêncio, causava estranhamento. Na era do ouro da humanidade homem pouco falava, a
linguagem restrita, e qualquer barulho era sinal de inimigo por perto.
Evoluímos, aprimoramos, pela fala, e os medos foram embora. Hoje tagarelamos
sem parar e nada mais nos assusta.
- Concordo, e digo mais, tempos
atrás os pais ensinavam as crianças a ficarem quietas, sossegadas, difícil para
quem está descobrindo o mundo, e o barulho faz parte da vida infantil. Uma contradição,
mas quando as crianças ficavam quietas era mal sinal. O silêncio era suspeito. Hoje
o que se exige das crianças é que se movimentem sem parar, os pais inventando atividades
variadas para manter os filhos ativos. Ou em desassossego?
- Desassossego, sim, e cito T.S. Eliot, que orou: Ensina-nos a estar em sossego. Teria
o poeta detectado o perigo da obsessão pelo movimento no mundo moderno? É coisa nova as pessoas serem levadas a estar
em contínua atividade, querendo ser vistas, o que exige uma avantajada autoestima,
coisa dos novos tempos. Acharmos que
somos merecedores de admiração, elogios, erro que vem da infância, pais elevando a autoestima das crianças, em
detrimento do esforço que elas possam ter em realizar seus deveres. A
autoestima lá no alto, mas o quer reina é a confusão, a incerteza, a astúcia. Não há como voltar à certeza, à simplicidade, à inocência. Na descrença, o absurdo é o novo sublime. A vida contemporânea oferecendo esplêndidas oportunidades de vivenciar o absurdo, o caso da exposição do queermuseu.
- Pensamos em elevar nossa autoestima e tudo o mais nos será dado por acréscimo. Ou nos rebaixamos para nos manter em evidência, o que na atualidade significa
estar vivo. A comunicação, ou a solidão. Mas é preferível a solidão, do que estar em ação, lutando contra moinhos de vento, navegando contra maré, afogando-se num mar de lama. Gente que pensa assim manter alavancada uma soberba autoestima. Solidão, não no sentido arcaico de ascetismo, de se deslocar para algum deserto, se enfurnar por aí. A comunicação aleatória, e da sujeira figurada da pornografia partir para a sujeira de verdade. Ter amor próprio para com ele melhor comungar ideias, pensamentos e nobres interesses.
- Não sei se você soube, mas uma pesquisa
atual avaliou que a autoestima da pessoa alcança seu auge aos 60 e permanece
assim até os 70, depois decai drasticamente, até os 90. Em se tratando da
autoestima, é bom que se diga, quando sabemos que autoestima é diferente do
amor próprio, que permanece estável, a partir do momento em que se forma. O
amor próprio faz a pessoa ter responsabilidade pessoal, ser focada na eficiência, sem
se descuidar das deficiências, para
corrigir e superar. Libertar-se, no sentido de amar o que se faz e, em especial, amar o silêncio e a quietude. Voltar a viver como se estivéssemos numa nova era do ouro, será possível?
Após a fala acima, quedaram-se as duas amigas em obsequioso silêncio.
Nota: Texto inspirado no livro A Era da Loucura do irlandês Michael Foley.
Subtítulo: Como ao mundo moderno
tornou a felicidade uma meta
(quase ) impossível)
Após a fala acima, quedaram-se as duas amigas em obsequioso silêncio.
Nota: Texto inspirado no livro A Era da Loucura do irlandês Michael Foley.
Subtítulo: Como ao mundo moderno
tornou a felicidade uma meta
(quase ) impossível)
sexta-feira, 24 de agosto de 2018
DAS IDEIAS
“O que move o mundo não é o
amor, mas são as ideias”, frase que a tia escutou a sobrinha-neta falar, assim que ela chegou para sua visita costumeira. A moça extraíra a frase do livro “Focados, Gananciosos e Eficientes”, de Vijav H. Vaitheeswaran, conselheiro do Fórum Econômico Mundial. Estudante de administração ela logo pensou em debater o assunto com quem afirmava ser a força do amor capaz de mover montanhas. E o mundo, tia? Para aquela tia sua sobrinha era representante fiel da nova
geração, a cabeça a mil por hora, disposta a se empolgar com qualquer novidade. Mas a mocinha ficasse sabendo que ideias nunca faltaram, mesmo quando não havia
computador, internet, nem os modernos meios de comunicação à disposição. "Sim, minha cara, sempre soubemos o quanto as boas ideias são importantes, fazem a diferença."
E lá foram as duas elucubrar sobre o mundo moderno, de portas abertas para a
imaginação. As inovações pululando, desde meados do século XX, e não mais pararam de surgir novidades. "Há, as ideias, como elas mexem com a gente." Era preciso, sim, cada vez mais inovar, em todas as áreas, no que estavam estavam as duas de acordo. pensar nos meios necessários para a vida correr mais segura e agradável, amenizar os males do convívio nas megacidades, preservar o meio ambiente. Não acomodar-se, mas que se revejam ideias, ações, que ponham em risco a sobrevivência da espécie. Pessoas especiais pensando e criando meios de subsistir ao caos
moderno. A demografia, a imigração, a tecnologia, avançando, o que requer preparação para bem acolher.
A sobrinha certa de que a invenção do computador havia modificado o cotidiano da humanidade. Enquanto a tia tinha sua ressalva, achava que se podia passar sem tanta tecnologia: "Ninguém precisava do computador para ser feliz, até que ele surgiu". Foi questionada: "Então me responda, estamos vivendo o melhor ou pior dos mundos?" Podia aquela tia nos seus oitenta anos bem vividos responder. A resposta é que o mundo passou a oscilar entre o pior e o melhor. As invenções surgiam diante de grandes desafios domésticos e globais. Os graves problemas sociais, a saúde, a educação a exigirem soluções urgentes. Certo que as benesses surgiram ao lado dos males decorrentes do extraurbanismo, do desperdício dos recursos naturais, o que se deve levar em consideração. As mudanças tecnológicas querendo transformar o ser humano numa outra espécie, sendo precipitada qualquer celebração, antes de ser levada em conta seu papel, de atender às demandas humanas, sociais.
A sobrinha certa de que a invenção do computador havia modificado o cotidiano da humanidade. Enquanto a tia tinha sua ressalva, achava que se podia passar sem tanta tecnologia: "Ninguém precisava do computador para ser feliz, até que ele surgiu". Foi questionada: "Então me responda, estamos vivendo o melhor ou pior dos mundos?" Podia aquela tia nos seus oitenta anos bem vividos responder. A resposta é que o mundo passou a oscilar entre o pior e o melhor. As invenções surgiam diante de grandes desafios domésticos e globais. Os graves problemas sociais, a saúde, a educação a exigirem soluções urgentes. Certo que as benesses surgiram ao lado dos males decorrentes do extraurbanismo, do desperdício dos recursos naturais, o que se deve levar em consideração. As mudanças tecnológicas querendo transformar o ser humano numa outra espécie, sendo precipitada qualquer celebração, antes de ser levada em conta seu papel, de atender às demandas humanas, sociais.
segunda-feira, 20 de agosto de 2018
Aos 106 anos, blogueira sueca é sucesso na internet
OS NOVOS “VELHINHOS”.
Eles nasceram no século
passado, nos anos cinquenta e sessenta estão entrando na nova fase da vida. Sessenta
anos, porta de entrada para a velhice, mas ela ficou para daqui há vinte anos,
os oitenta. Meus filhos estão nessa
faixa de idade, daqui a dois anos a mais velha festejará em grande estilo os
sessenta anos, foi o que nos avisou, conformada com a proximidade da velhice. Como
os amigos, animados “velhinhos”, que neste ano começaram a festejar a dita “meia
idade”. Poderão alcançar os cento e vinte anos? Não será impossível.
Velhice
não é sinônimo de decadência, e nem sempre as pessoas deixam de ter perspectiva
de vida futura quando entram na faixa dos “enta”: quarenta, cinquenta,
sessenta, e daí por diante. Chegam os atuais “velhinhos” aos sessenta em muito
boa forma. Brincam que há alguns inconvenientes, mas a vantagem é terem a fila
preferencial e vaga para idosos nos estacionamentos. Uns envelhecem melhor que outros, hoje, não sendo
raro completar oitenta, noventa e até cem anos, em bom estado geral. Centenários
estão fazendo e acontecendo — mais mulheres que homens. Tem uma blogueira sueca de cento e seis anos,
e aos cento e dois anos a brasileira Cleonice
Berardinelli continua a escrever e fazer palestras.
Velhinhos
anônimos, ou não, estão indo muito bem obrigado, e uma boa quantidade já ultrapassaram
um século de vida. Causa maior espanto alguém morrer antes. Em meados de século
passado não foram poucos os velhinhos com quem
convivi, até centenários. Morria-se mais na infância. Depois era questão
de ter uma vida calma, alimentação regrada, sem excessos, de calorias, não ter
vícios. Quanto à longevidade atual, muito se deve à saúde da mulher e aos
cuidados com as crianças, que contam hoje com as vacinas, para evitar as
doenças endêmicas, o que mais matavam as crianças. O tempo que vamos viver pode
estar gravado no nosso DNA, mas o número de anos pode variar para mais e para
menos, o que depende de alguns fatores. Cuidar da saúde é primordial.
PARABÉNS SESSENTÕES E SETENTONAS!
domingo, 19 de agosto de 2018
BENTO XV E PIO XI
SEGUNDA PARTE
Por breves e eficazes anos
atuou o papa Bento XV, já no limiar dos anos vinte passando a Igreja a intervir
em todos os setores sociais, sensível sua presença no cenário político mundial,
mesmo onde antes havia sido barrada. A jovem força católica disposta a
participar na construção do que se desenhava um futuro fascinante. Pio IX havia
proibido os católicos italianos de participarem na vida política do país , o
que já tinha sido atenuado por Pio X, que por sua vez rejeitou as Associações
Católicas, a dita igreja laica, que mais tarde receberia aval do Papa..... Não haveria mais
uma luta conta a modernidade, mas importava atuar ao seu lado, oportunidade
para a Igreja se situar no primeiro plano na história mundial contemporânea. O
papa Bento XV teve de inclusive de atender ao apelo da igreja Ortodoxa russa,
que sofria perseguição, ao mesmo tempo que tratou de organizar a Igreja
católica russa, já que o Ortodoxia deixava de ser a religião oficial. Bento XV canonizou duas das mais santas
figuras da história da França: Santa Margarida
Maria Alacoque, a mística iniciadora do culto do Sagrado Coração e Santa Joana d´Arc, tantas vezes invocada
como a santa da pátria.
PIO XI |
O catolicismo social nascido na consciência dos leigos, mas levado à frente pelo Vaticano e seus chefes supremos, os papas. Estabelecer a cooperação laica para a difusão da Mensagem, invocando mais fortemente os fiéis à responsabilidade pelo futuro cristão. Pio XI, eleito papa em 1922, a quem o que mais importava no momento era opor ao comunismo algo diferente do que o capitalismo selvagem. Fundamental o papel da Igreja para a paz social, a terra fecundada cuidadosamente por aqueles católicos que proclamavam a encíclica Rerum Novarum, então crescente a influência do catolicismo sobre os partidos e mesmo sobre os regimes. A encíclica Quadragésimo Ano de Pio XI fornece elementos de reafirmação desses princípios, que estão na base de toda e qualquer ação social católica. Resumindo: a encíclica é um ato de fé que deve levar à ação. A grande encíclica Mater et Magister de João XXIII, ia resumir a encíclica Quadragésimo Ano. Também no plano intelectual se manifesta a presença do catolicismo social. Era mais que tudo uma reação ao comunismo ateu, que estabelecia regras justas para os trabalhadores, reconhecendo o direito do assalariado e do empregador — a Igreja empenhada nessa ação, a partir de LeãoXIII.
Com
Pio XI a Igreja se envolvia, não na política, mas numa ação social efetiva
junto às classes trabalhadoras. Enquanto o marxismo revolucionário queria impor
uma concepção total do homem e da sociedade, doutrina esta inseparavelmente
unida a uma ação — os cristãos podiam, de seu lado, reivindicar outra, e dizer
que também eles trabalhavam para promover o mundo de amanhã. As desigualdades
escandalosas deviam ser eliminadas, sim,
os cristãos agiam de acordo com os Evangelhos, ao lado dos menos
favorecidos, arrancando das mão do inimigo as armas que acessavam sobre a fé
cristã. Os católicos então cooptados pela Action
Française com suas manifestações de rua e atos violentos, fato que intranquilizou o
episcopado, levando Pio XI a agir com rigor. Condenou qualquer ação fora das
regras estabelecidas pela fé cristã. A crítica
da Igreja incidia com rigor sobre dois pontos: o “naturalismo positivista” e o “ nacionalismo exagerado” . Auguste Comte,
autor do Catéchisme positiviste, tornava-se
o mestre do humanismo ateu, do qual têm procedido as piores heresias do mundo
contemporâneo. Não tardou a prosperar a ideia de ser eliminada a religião da
face da terra. Batalha de ideias, em que
felizmente se destacaram grandes escritores católicas e sociais, entre eles Maurice
Blondel, Jacque Maritain e G.K Chesterton.
BIBL. DANIEL- ROPS - HISTÓRIA DA IGREJA - vol. IX - A IGREJA DAS REVOLUÇÕES II
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