VIDA, MINHA VELHA AMIGA
Morrer, experiência final, tão
natural quanto viver. Sessenta, setenta, oitenta, a vida se completando, um presente, bastou desamarrar a fita, remover o lindo papel e de repente ter em mãos o produto acabado, como que novo, mas tem alguns bons anos, às vezes, uma raridade. O saber não surge
do nada, simplesmente é o resultado de tudo, infância, juventude, mocidade, cada etapa um novo tempo. Ela agora se dá conta, não do
fim, mas do seu começo, e resolve colocar aquela menina outra vez no centro de sua vida. No caminho o trabalho, a família, os filhos, mas a criança é o
começo de tudo. Tempo de fazer uma visita amiga, a alguém lá longe, e ainda vive.
No mundo
atual ter oitenta anos, e ainda contar com mais vinte anos pela frente, acontece frequentemente. Nem pensar
na morte, já que todos nós, sem exceção, estamos por um fio, desde que nascemos. E a
melhor defesa contra o desgaste que o tempo faz
é não deixar morrer alguém que esteve sempre conosco, e ter com ela momentos reconfortantes. E a menina sabe que fui sua melhor amiga, que a vi crescer e aparecer. Podia ter feito
mais por alguém tão especial? Sim, sempre se pode fazer mais e melhor. Feliz
de quem foi o amigo especial de si mesmo.
Vida, minha velha amiga! Lembra também com gratidão os bons amigos, aquelas pessoas indispensáveis,
que estiveram por perto, ao seu lado, por pouco, ou muito tempo, que acrescentaram. Todos indispensáveis, sim, mesmo os que nada tinham a oferecer, e os que deixaram lembranças ruins, se o permitirmos. Triste constatar
que muitos já se foram, mesmo assim, podemos chamá-los para uma conversa amiga. Melhor que tudo, conversar com os que nos podem escutar, que estão aqui presentes. Amar o próximo como a si mesma, sempre.
Texto realista, sem ser cru, dramático e com uma certa ternura aflorando de suas linhas.....
ResponderExcluirParabéns! Otima reflexão!
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