REGALIA POÉTICA
que eu sou,
ou me tornei?
Das muitas mulheres de nome Maria,
eu sou todas elas,
muito embora nenhuma seja como eu.
Faço comida, escrevo contos, às vezes versejo,
todos os dias da semana,
no domingo não é diferente.
Mas no domingo, feriados
e dias santos
cozinho para a família inteira reunida.
E penso no estômago de tantos
que não têm o que comer.
Fico brava com certas coisas,
e reclamo,
minha voz é forte,
possa a alguém dar ânimo.
Meu canto não é só de festa.
Quando escrevo me sinto estranha,
claridades das entranhas do meu ser.
Minha vontade tem nobreza
que vem de longe, de minhas raízes.
Não demora eu virar cinza para ser jogada no mar,
mas sou cristã,
quero uma lápide com meu nome.
Com paciência levo adiante minha vida
e minha sina.
Doce e triste sina humana,
de incompletude.
Sem amargura, envelheço.
Velhice que não verga é a minha.
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