AGATHA CHRISTIE NA REVISTA VEJA
Confiável do passado, a imprensa, hoje, não merece a mesma confiança dos leitores. O nosso
país vítima de um jornalismo com o mau costume, ou vício, de distorcer
os fatos, arrumar as coisas para que sirvam aos seus interesses. Qualquer
assunto é tratado com viés ideológico. Eminentemente partidário é o jornal, a revista, a emissora de TV e sua política. No vale
tudo para atingir objetivos espúrios, que é atacar o outro lado, vendo como
inimigo quem pensa diferente. Na maior cara de pau imprimem histórias da forma que convém aos interesses de uma imprensa simplesmente
interesseira. Dá raiva o método desses robôs, intitulados jornalistas, que distorcem e escondem informações, enquanto
ressaltam fatos com possibilidade de interpretações equivocadas.
Na revista Veja desta semana saiu uma matéria sobre as comemorações do centenário da estreia da escritora Agatha Christie. A jornalista encarregada do assunto, logo de início, mostrou-se intrigada com o fato de uma escritora do passado ter resistido ao tempo, ou seja, que ainda tenha leitores, chamado-a de "vovozinha do crime". A celeuma que houve quando a autora de O Misterioso Caso de Styles ( seu livro de estreia em 1920) desapareceu por alguns dias mereceu especial destaque. Agatha Christie havia sofrido um trauma com o fim de um longo e tranquilo casamento, trocada por uma mulher mais jovem, quando então, angustiada, saiu de casa, e depois de bater o carro numa árvore, foi para um hotel, sem dar notícia.
A escritora de Assassinato no Expresso Oriente era filha de um americano rico, que que na Inglaterra se apaixonou por uma moça da bem situada burguesia inglesa, um tanto excêntrico, passou a viver de rendas, o casal instalado na pequena Torquay. A filha Agatha educada da melhor forma, para uma jovem tímida, não tendo frequentado o colégio, seus primeiros anos de estudo, feitos em casa, a cargo da sua instruída e talentosa irmã, dez anos mais velha. A única irmã de Agatha com talento literário, logo abandonado, mas que desafiou a outra a escrever uma trama policial em que o assassino só seria descoberto no final, desafio aceito quando a escritora estava servindo na Primeira Grande Guerra, e para passar o tempo livre do trabalho na farmácia, lhe veio a ideia de contar uma morte por envenenamento. Duas irmãs e um irmão gastador e excêntrico, como o pai, causa de preocupação na família, revelado pelo escritora em suas memórias.
A juventude foi bem aproveitados pela jovem Agatha, futura especialista em contar histórias de mirabolantes assassinatos, que caiu no agrado dos leitores, alçando-a a píncaros de vendagens nunca vistas, bilhões de exemplares, a autora equiparada a Shakespeare. Agatha, todavia, queria ser cantora lírica, sonho que sua timidez impediu de realizar, quando achava que a pessoa devia se dedicar ao máximo apenas àquilo que podia fazer bem e melhor. Feminista, racista, narcisista, nada disso cabe à pessoa de Agatha Christie. O título O Caso dos Dez Negrinhos foi transformado em E Não Sobraram Nenhum pela patrulha que também atingiu Monteiro Lobato, acusados de racistas. Tudo bem, mas na Inglaterra há respeito e discernimento, jamais uma escritora Agatha Christie poderia considerada "ofensiva" por ser conservadora, como fez a citada articulista brasileira. Um trabalho literário bem aceito, valorizado financeiramente e também com valor moral.
Agatha
Christie foi, sim, uma pessoa de sua época, e muito especial, que recebeu o título conservador de Dama, honraria concedida pela rainha
Elizabeth II. Gente do passado, sim, de
onde ainda se pode tirar alguns bons ensinamentos. Evoluímos, sim, em muita coisa, mas regredimos em tantas outras, infelizmente Estilo datado, o que significa
isso? Jane Austen, outra grande
escritora inglesa, incólume ao tempo, navegante das mesmas águas conservadoras, certamente periga ser também tratada na Veja de modo abusivo, ou seja, com o viés partidário, político, ideológico.
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