HOMENAGEM ÀS ENFERMEIRAS
A ENFERMEIRA MERCEDES E A PANDEMIA
O instinto básico da fome pede atendimento imediato, questão de sobrevivência, tratando-se de incompetência, e mesmo crueldade a falta de alimento para milhões de pessoas nesse nosso rico mundo civilizado. Bem perto de nós alguém pode não ter o que comer, por motivos diversos, em especial, a ganância de uma parte da população, que muito produz, devastando a natureza, apenas para saciar seu exorbitante apetite. A fome endêmica, como a que se vive há muito tempo, agravada com a pandemia do covid19. Mais do que nunca é necessário pensar no próximo, dar assistência aos necessitados, doentes e famintos. Também cuidar de si.
De uma hora para outra retornam as mulheres à cozinha, hoje também os homens, as pessoas de um modo geral já cansadas das comidas dos restaurantes dos shoppings e do self-service perto de casa, e nem se davam conta. Por imperativo das restrições para o combate ao covid19, lá vai a dona de casa à cata dos livros
de receita comprados tempos atrás, e pouco utilizados. É a oportunidade de ter uma refeição caprichada, e se for o caso, também
oferecer aos familiares o bom e o melhor, à altura do gosto de cada um,
e conforme a dedicação e
saber culinário da cozinheira. A surpresa de verificar que é uma ocupação prazerosa. Agatha
Christie havia dito sobre sua experiência na cozinha que "a melhor hora de planejar
um livro é quando você lava a louça." A escritora devia ter um séquito
de empregados, mas certamente algumas vezes preparou a própria refeição, cuidou da pia.
Mercedes lembra tempos atrás, do desconforto que sentiu com a comida em visita de alguns dias, por obrigação social. Há quem acredita que
quantidade é qualidade, a comida oferecida como a uma pessoa faminta, para matar-lhe a fome. O
macarrão empapado e de espetacular grossura e o feijão em abundância, e tudo o
mais de gosto duvidoso, para nunca se esquecer. Gente que pensa assim: "Por quê dar aos outros o melhor?" Que saudade na ocasião Mercedes não sentiu e
ainda sente do "picadinho de colégio" da sua avó! Tendo aprendido que o importante é comer com a honestidade, a comida a convidar, come, come. Ou comer com a paixão da piedade, mas com a esperança de nunca faltar alimento em sua mesa, e da melhor qualidade. A comida boa ou ruim reflete o modo de vida das pessoas.
Se a comida é ruim, pior ainda a convivência difícil com essas pessoas de gosto duvidoso, Mercedes sendo recriminada pelo sonho de ser enfermeira e por ser católica, e, sendo assim, incapaz de atender aos doentes, até mesmo colocar remédio errado no olho da própria mãe, coitada, que ficaria cega. Gente, para quem a igreja é criminosa e inimiga da ciência. "Quanta ignorância!" Gente que espera ver a fé religiosa definhar e morrer. "Oh
Deus, não
deixai essa sua filha ao desamparo, dai a mim e a todos força para
vencer o covid-19 e também o ateísmo, outro vírus mortal. Livrai o futuro
da humanidade de todo mal", suspira a filha de dona Margarida. Ainda
bem que sempre ela costuma carregar consigo seus amados livros, os autores
preferidos, entre eles C. S. Lewis.
Já com o diploma de enfermeira nas mãos, Mercedes se depara com a
pandemia da covid-19, que assola o país. E enquanto aguardava nomeação para
um trabalho efetivo, resolve
ser voluntária no hospital municipal da cidade, que pedia socorro em
situação crítica, com a falta de profissionais da saúde. O trabalho em
tempo integral era distante de sua casa, teria que comer na cantina,
e lembrou do pai a dizer para sua mãe que "o tempero da comida é a fome",
sendo prontamente contestado, por uma fã da boa e caprichada refeição. O
drama crucial da doença, e também tal problema da fome, que grassa nas casas de milhares de brasileiros
desempregados, sem ter como alimentar suas famílias. Os supermercados
abarrotados, e felizes os que têm emprego garantido e podem até mesmo
encher suas dispensas. O trabalho humanitário a mover a sociedade, para que a população seja atendida condignamente, não morra, nem passe fome.
O drama dos profissionais de saúde e a alegria ao verem os doentes livres da entubação e retornarem às suas casas, afastada a nuvem
de pessimismo que paira não apenas sobre cada um, também
sobre o mundo. Importante
manter-se distante do ar pessimista e intimidador de algumas pessoas, e não
lhes dar
motivo para duvidar da própria integridade. Uma pandemia tão devastadora, parece castigo para esse mundo sinistramente cético, como quer o diabo.
O inimigo a esconder o jogo, com uma austeridade e mau humor dos infernos. Enquanto a alegria e a diversão das crenças surge do instinto lúdico, e acompanha a responsabilidade pessoal e social que brota da boa consciência. Antes de Mercedes iniciar a vida profissional, sua madrinha lhe dissera em tom de alerta: "O que existe de mais pernicioso, além desse vírus que surge do confronto do homem com a natureza, é o egoísmo, a maldade, que quer simplesmente destruir, corromper, sugar o sangue da humanidade. Enquanto a fé cristã constrói, ensina o bem estar, promove a beleza presente na alma e sempre retribui em dobro a oferta recebida. A ciência dá sua valiosa contribuição, e que, vacinada, a população possa voltar à normalidade. Graças a Deus!
Fico por aqui com essa história, a cozinha me chama!
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