QUARTETO DE MENTES AFINADAS
Dia 8 de março, dedicado à mulher, a historiadora e filósofa Marta dá início à conversa:
—Nada é tão simples, há uma complexidade de tudo
que existe e desafia nossa mente racional. O cérebro humano desenvolvido para pensar e
agir diferente dos outros animais. E o que ganhamos e
perdemos de ser como somos?
A assistente social Maria responde de pronto:
— Almejamos a imortalidade,
como se fôssemos deuses, mas nos deparamos com limitações e a morte. Nossa alma
transcendente, libertária, pertence a um corpo que tem limitações. Um paradoxo
sermos sensíveis e amorosos, também
insensíveis e cruéis. Portanto, o que somos mesmo é merecedores de compaixão.
Apressa-se a dona de casa Jovita a falar da compaixão, sua palavra predileta:
—Você falou em compaixão, Maria, e quão importante é desenvolvermos esse sentimento de real importância para nossas vidas. A compaixão pouco abordado na filosofia, seu conceito de humanidade a envolver o outro.
Rosália toma a palavra:
- Nessa jornada sobre a terra é importante ter o espírito
fortalecido, além de manter o corpo ágil. E se
devemos fazer alongamento, como aconselham os personal trainers, mais
importante ainda é exercitar a mente. Entender quem somos e dar atenção ao que
fazemos. Sem esquecer de atender ao chamado do alto.
Marta tinha dificuldade em sair da cama para enfrentar o dia, mas contava com a ajuda do marido, o que já havia confessado às amigas. Com mil atividade, às vezes, sentia-se exausta. Dessa feita declara:
— Lutar com afinco pela
realização pessoal, como faz meu marido é de se valorizar, mas saber que o sucesso
e o fracasso não mostram quem somos. Não aceitar de pronto um papel qualquer
que lhe é dado. Desenvolver os talentos, abraçar o conhecimento, valorizar o
trabalho, sem se preocupar em atender às expectativas dos outros.
Maria completa:
— Prêmios, riqueza
materiais, e tudo o mais, não sintetizam o nosso ser verdadeiro. A sobrecarga
que pode advir do trabalho árduo, e que se dê espaço à leveza das horas, aos
sentimentos, aos afetos. Mas como vivenciar tudo isso nesse mudo tumultuado em que vivemos?
Rosália é assessora parlamentar e acaba de receber uma mensagem no seu celular sobre a tomada de Cabul pelo movimento revolucionário Talibã. Depois de um um grave silêncio, os comentários naquela mesa, antes tão descontraída e feliz, passam a versar sobre a situação no distante Afeganistão, que mexia com o mundo todo. O retrocesso que ia acontecer naquele país quanto às questões femininas, as mulheres mandadas de volta para casa e obrigadas a usar burca conforme as leis do Islã.
A jovial Jovita encerra a conversa:
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