VÃ A FELICIDADE QUE ESTÁ FORA DE NÓS!
QUE ELA EXISTA EM MIM E EM VOCÊ.
E SEJA COMPARTILHADA.
ARTHUR SHOPENHAUER |
VIDA
PÚBLICA
S. LUÍS-MA - DÉCADA DE 50 |
Início da Primavera, estação das flores, a natureza a nos presentear com os mimos de sua singela beleza, e ela não falha. Última semana de setembro, e como sempre o ano passou voando. E já não é surpresa os males provocados pelo homem na benfazeja e fiel natureza que o alimenta e protege. Triste saber que o mundo adoece, e junto com ele adoece a humanidade. A mídia mostrando tudo, e acaba de dar notícia de um novo recorde de separações dos famosos. Casais que desfizeram seus breves romances, ou deram um ponto final nas uniões de longa data. Quedamos abismados, esquecidos das reais catástrofes que acontecem diante de nossos olhos.
Parece o fim dos tempos a separação de Sandy e Lucas Lima, depois de um casamento de mais de duas décadas. Quem não conhece Sandy da famosa dupla Sandy & Junior? Filhos de Xororó da dupla sertaneja Chitãozinho e Chororó, e sendo assim não dá para ignorar o que acontece com pessoas com tal histórico. E mesmo que a gente não queira dar a mínima para a vida pessoal dos artistas, a imprensa em polvorosa clama por atenção, descreve em detalhes dos fatos e feitos, até mesmo a conjecturar sobre os futuros pares amorosos daí resultante, inclusive, resgatando antigos amores mal resolvidos de um e de outro. Rir para não chorar.
Lembremos que nós outros, pobres mortais, também temos uma vida pública. E o melhor a fazer é de se resguardar para não cair na boca do povo. Afinal não ganhamos nada com os escândalos, como acontece com as celebridades. Todo cuidado é pouco, não se expor demais nas redes sociais, atualmente usadas compulsivamente. Gente na expectativa de ser feliz tendo muitos “amigos” no Facebook. As pessoas por falta do que fazer se entregam de bandeja em mensagens digitadas ao leu.
Voltando ao assunto do início, especulações não faltam para os motivos das separações. No caso de Sandy e Lucas Lima, o pivô seria a artista com que ele contracenou um musical meses atrás. Também há um livro suspeito, que o marido de Sandy teria lido, e citado numa entrevista dias antes do anúncio do seu divórcio: "A morte de Ivan Ilitch", de Tostói. E como não lembrar as palavras de Sandy e Lucas após a separação: “Juntos só enquanto felizes.” Não é para todos. essa realidade.
CONTO DE FADAS
Tarde igual a tantas outras, Maria
acaba de se aposentar e só pensa em viajar com o marido, o que fala para a
irmã em sua costumeira conversa ao telefone. É surpreendida pelo comentário de
Genoveva sobre seu próprio casamento: “Vivi
um conto de fadas”. A fantasia que faz a pessoa ver a vida
por outro prisma. Na história infantil uma jovem órfã e borralheira sofre
horrores, até ser resgatado por um príncipe. Maria imagina um príncipe dos
negócios que encontra uma feliz princesa encastelada na sua beleza e feliz
mocidade, o caso dessa sua irmã. Diz então à viúva, que elas duas tiveram sorte
de não ter convivido com um marido vagabundo, ou viciado, como tantas outras
mulheres da sua época. Aproveita e lhe faz um convite para a próxima viagem.
Em qualquer conto de fadas a história
começa sombria, para que a heroína ganhe destaque pelo sucesso alcançado ao final.
E não é incomum haver um herói numa relação entre o homem e a mulher, com suas
diferenças. E não se trata de gênero, ou de raça, mas da natureza humana. Evidente que o gosto da mulher não é igual ao
do homem, inclusive quanto á cor. A cor rosa preferida das mulheres, o que
confirma pesquisa recente, e teria vindo de quando elas no passado exerciam a
função de coletoras, e distinguiam os frutos vermelhos no verde da vegetação. Mesmo
que o azul seja a cor da feminilidade da Virgem Maria, cor do divino manto, a cor
do céu. O Cristianismo formador da civilização ocidental e sua consciência.
Rosa para as meninas e azul para os
meninos é fato cultural, o que tem alguma lógica, embora discutível. Na realidade os
homens preferem a cor escura, marrom, do couro do animal que primordialmente cavalgavam
por uma terra batida. Haja vista a cor preponderante nos filmes de cowboy
americano. Maria reconhece a irmã como uma mulher empreendedora, grande companheira
do marido no sucesso dos negócios, e que tem a fé cristã como orientadora da
transcendência no seio da sua família. Um sonho de elevação diferente da
infantil fantasia dos contos de fadas. As
mulheres hoje em dia simplesmente empenhadas em ter sucesso em seus empregos,
independentes, ganhando o pão de cada dia e muito mais, a quem os homens
passaram a admirar. Vida que segue.
MINI CONTO
VASO SIMPÁTICO
Maria acaba de descobrir numa consulta médica que sofre do vaso simpático. São apenas três sentadas à mesa do Café Mimo, faltando as demais amigas, em viagem ao exterior, ou pelo Brasil, como de costume, já aposentadas. O assunto causa risadas, apesar de se tratar de uma doença, da qual as presentes se declararam ignorantes. Marta dá seu aparte:
— Calma
gente, é só ir ao Google, que conhecemos bem. A internet é utilizada até pelos médicos, o que verifiquei numa consulta ao clínico geral, quando o mesmo prescreveu o remédio. Está tudo ali, inclusive, a informação sobre o dito vaso simpático.
Os pedidos foram feitos, afinal estavam no Mimo para o encontro mensal, também para tomarem o melhor café da cidade, o que é difícil saber qual o melhor com tantos bons cafés. Maria continua:.
-- Parece brincadeira, mas temos um sistema simpático, que desconhecemos, como tudo o mais do nosso corpo, assim como ignoramos os males que nos podem ocorrer. Quanto ao vaso simpático trata-se de um sistema de fibras nervosas, que controla o fluxo sanguíneo, a frequência cardíaca, o metabolismo intestinal. Não é pouca coisa o papel desses nervos, chamados simpáticos, para nossa saúde. No meu caso parece ser hereditário, minha mãe dizia sofrer do vaso simpático, e dizia que seu estado de ansiedade seria por falha no sistema simpático, uma antipatia. Kkkkk. É até possível que a mãe tenha descoberto o mal por conta própria. Imaginem que ela fazia diagnóstico antes do médico, curiosa, ainda dedicava tempo à leitura das bulas, desconfiada dos remédios que podiam matar, em vez de curar.
Ismênia interrompe:
— Ler
bula, coisa que meu médico proíbe, e porque será? Confio nele, mas é
bom estarmos prevenidos. Certo que o conhecimento faz bem, e nos pode livrar de males maiores. Costumo pedir mais de uma opinião médica em casos graves.
Chega à mesa a simpática barista da casa para servir o especialíssimo café, vindo diretamente da fazenda
da família, moído na hora e coado. É seguida por outra atendente, com os
docinhos e salgados escolhidos, antes da conversa, que foi interrompida para conferirem
o apetite. Algum tempo depois, satisfeito o apetite, elas não mais voltam ao vaso simpático, que vão conhecer melhor pela internet. Agora é darem adeus até o próximo
encontro. Desejam boa recuperação a Maria e partem contentes da
vida.
A TRANSCENDENTE VELHICE
Com o passar dos anos chega a velhice, quando então encolhe o tempo de vida de cada um, assim como também encolhe o esqueleto. Dizem que até mesmo a capacidade mental fica diminuída. E os medos é que se ampliam. Bom refletir sobre o envelhecimento nessa nossa época em que a população mundial envelhece.
Grande as expectativas juvenis, época de muitas crenças, de decantados gostos de grandes paixões, enquanto a velhice trás descrenças, desgostos e, o pior, antipatia por quase tudo. Crescemos para depois nos findarmos numa triste velhice?
Envelhecer seria então um desperdício de vida. Ao contrário, bons dias ainda por viver, talvez melhores que os da afobada e inexperiente mocidade. Mesmo que limitada seja sua força muscular, o idoso tem energia suficiente.
Para concluir, digo, por experiência própria, que a transcendente velhice está no aguardo dos que chegam bem a essa idade avançada, ou melhor, abençoada. É só aproveitar.
NO FLUIR DA INSPIRAÇÃO
Desde que Zeca do Pagodinho cantou “Deixa a vida
me levar, vida leva eu”, essa frase propalou-se, como se fosse mágica. E tem a
palavra “fluir”, criada pelo psicólogo americano Mihaly Csiksentmihalyi, grandemente utilizada na atualidade, quase
com a mesma intenção da frase do cantor. Certo que não dizem a mesma coisa, têm
significado bem diferente. O refrão do pagodeiro diz respeito ao vazio
existencial, ao abandono de si, de quem não sabe o que quer, nem o que fazer. Já
o termo fluir diz respeito a um “estado mental profundamente satisfatório” quando a pessoa está preparada,
ou motivada para exercer algo, o que requer intenso aprendizado.
No fluir da inspiração para a executar uma atividade intelectual, por
exemplo, a satisfação é maior que ficar sentados diante da TV ou perambular
feito tolo pelos shopping centers sendo levado pelo apelo
consumista das exposições nas lojas. A
saúde física e mental requer fluidez, movimento, o que promove a dança, a prática
de algum esporte, com o que a pessoa sai da zona de conforto. E tem a
caminhada, meio modesto e supereficiente de satisfação pessoal. Jesus não parou de caminhar, e chega a afirmar que Ele é o Caminho. Desde então caminham os peregrinos em busca
desse prazer, dessa exaltação.
NUNCA FOMOS TÃO FELIZES
Às vezes
deixamos de fazer uma viagem, um passeio, até mesmo uma visita por comodismo, ou
o que possa ser. Sem imaginar do que nos privamos, e aos amigos, no mínimo, da companhia. Nada melhor que convidar o marido para irem ver juntos longínquas paisagens,
até mesmo apreciar o que está por perto.
O Cruzeiro no mar Báltico foi uma feliz viagem que Maria nunca imaginou fazer, até
que surgiu a oportunidade, assim como no ano seguinte fez o Caminho de
Santiago, sempre com outros membros da família. Os amigos também são bons
companheiros de viagens.
Querer
é o que importa de início, depois planejar bem sua viagem, e para isso tem as
companhias turísticas que fazem um bom trabalho. Sabemos que a felicidade não
se compra, mas é bom ter uma poupança para investir na viagem dos seus sonhos,
certo que vai render dividendos em saúde e bem estar. As lembranças
guardadas para sempre na memória. Nas fotos o registo dos momentos bons de recordar.
Maria não pretende mais viajar para o exterior. Avisa que tem muito que ver no Brasil. Uma surpresa em cada recanto do país. Ela pensa na amiga que não convidava o marido para viajar, por achá-lo compulsivo, e iria se desinteressar do trabalho pelo qual tinha compulsão, e enriquecia. Com essa ideia na cabeça ela também se privava de todo e qualquer viagem. Trabalhar era a vida do casal, e nada mais. Deixaram uma pequena fortuna para os filhos, que adoram viajar.
S. LUÍS MA -DÉCADA DE 50 |
Ela perdeu os dentes ainda
moça, mas não perdeu a dignidade. Preciosos bens que perdemos para sempre, a começar
pela infância. Num piscar de olhos, e lá se vai a mocidade. Atingimos
a idade adulta, que não demora a ser substituído pela velhice. A confirmar que nada se perde, mas se transforma, (Lei de Lavoisier). A mente
pronta para resgatar o que vale a pena do tempo vivido, do que foi aprendido,
dos sentimentos experimentados.
Absurdo é querer ser feliz
em temos de posse disso e daquilo.
Acontece que neste pragmático mundo
atual as pessoas estão cada vez mais ambiciosas por ter coisas e querendo o poder a qualquer
custo. Tolas e frágeis criaturas é o que somos. Hoje menos pacíficos, e mais
que nunca sobrecarregados. E em fuga da simplicidade da vida, por falta de querer o bem, somos atacados pelas maldades do mundo.
Porque não almejar um mundo
sossegado e sem grandes temores, livre do caos, na doce e justa paz? Para tanto
o homem perca o desejo insano de querer comprar a felicidade, na crença em tudo que o
mundo oferece.
Crer em Deu, que é insubstituível, e Ele nos acuda!
O FILHO PARA SUA MÃE
"Vou
atravessar o portal de casa, mãe, mas não estarei ausente. E mesmo que não
retorne, não serei impiedoso. Vou lembrar-me sempre da nossa família com carinho.
Nunca direi que prefiro o mundo, pois sei o tanto de seus males. Mesmo que nossa
família não tenha ido tão bem, como outras pareciam ir, eu penso que ela cumpriu
sua missão. Foi feito tudo o que podia ser feito, e é do nosso — do meu dever —
cuidar de mim daqui para frente. Nosso pai, coitado, poderia ter feito mais, mas
crescemos para ser quem somos. Agradeço a ele por não nos tornar marionetes,
como acontece com pais que moldam os filhos de má forma. Aos poucos fomos
crescendo, uma liga sustentava nosso lar, a fé em Deus que você tinha
mãe, que constituiu o lar com amor, e fez com que ele se mantivesse firme.
Poucas as fotografias, que elas dizem algo de nós, e lembro bem quando o tio
nos fez sentar na balaustrada no pequeno jardim da casa da avó, e lá estamos
nós lindos e fagueiros, em plena infância. Uma grande herança tiveram nossos
mortos, bens que dividiram conosco. Você nos amou, mãe, assim como vossa mãe
amou a todos. O amor é o bem mais precioso, o que tivemos de sobra. Grato por
tudo!
“Ó MINHA PERFEIÇÃO QUE CRIOU DEUS!”
Florbela Espanca
POESIA
QUADRAS
FLORBELA ESPANCA
Quando fito teu olhar,
Tão frio e indiferente,
Fico a chorar um amor
Que o teu coração não sente.
Que fruto embriagante
Me deste tu a beber?
Até me esqueço de mim
E não te posso esquecer.
Quando um peito amargurado
Adora seja quem for,
Por muito infame que seja
Bendito seja esse amor!
Sou mais infeliz que os pobres
Que têm fome na rua.
Também eu ando faminta
De beijos da boca tua.
Amor é comunhão d´almas
No mesmo sagrado altar;
Contigo, amor da minh´alma,
Quem me dera comungar!
Quem na vida tem amores
Não pode viver contente,
É sempre triste o olhar
Daquele que muito sente.
Quando o olvido vier
Teu amor amortalhar,
Quero a minha triste vida
Na mesma cova enterrar.
GRATIDÃO
— O que se ganha com a
religião?
Pergunta de um ateu a Maria,
que lhe dá a seguinte resposta:
— Meu caro, a religião vem
de longe, muito longe, eras. Trata-se da afirmação da nossa especial natureza
humana, possibilitar a transcendência, tendo como base a gratidão. A tradicional
religiosidade humana atualmente a sofrer resistência do ateísmo. E o que grassa
no mundo de hoje em dia são espúrias seitas laicas, das prerrogativas, todos a
se acharem merecedoras e com direito de fazer o que querem. Ingratos, materialistas,
consumistas, sente o homem, mais que nunca, necessidade de fugir dessa sua realidade
malcriada. E quando adquire uma falsa consciência do ser insignificante que é,
ou imagina ser, tenta ficar fora de si pelo frenesi, pela orgia. Melhor o ser
humano verdadeiro ter consciência de si e transcender espiritualmente.
Ó, QUANTA SAUDADE EU SINTO DOS
MEUS MORTOS!