segunda-feira, 4 de setembro de 2023

 


POESIA


QUADRAS

          

FLORBELA ESPANCA



Quando fito teu olhar,

Tão frio e indiferente,

Fico a chorar um amor

Que o teu coração não sente.

 

 Que fruto embriagante

Me deste tu a beber?

Até me esqueço de mim

E não te posso esquecer.

 

Quando um peito amargurado

Adora seja quem for,

Por muito infame que seja

Bendito seja esse amor!

 

Sou mais infeliz que os pobres

Que têm fome na rua.

Também eu ando faminta

De beijos da boca tua.

 

Amor é comunhão d´almas

No mesmo sagrado altar;

Contigo, amor da minh´alma,

Quem me dera comungar!


Quem na vida tem amores

Não pode viver contente,

É sempre triste o olhar

Daquele que muito sente.


Quando o olvido vier

Teu amor amortalhar,

Quero a minha triste vida

Na mesma cova enterrar.


 

 

 

 


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