quarta-feira, 27 de novembro de 2024
segunda-feira, 25 de novembro de 2024
LIBERDADE OPERÁRIA
SAÍDA DA FÁBRICA EM LION |
Em abril de1938 Emmanuel
Mounier publica na revista Esprit uma
carta de Simone Weil sobre os
acontecimentos da Espanha. O filósofo francês, criador do Personalismo,
tem relação com sua conterrânea, a filósofa, que junto com ele vivem a comum preocupação com os problemas do mundo em
ebulição na década de 30. Críticos ferrenhos do comunismo e do fascismo viam a revolução espiritual, como solução para a tão grave crise da época espiritual, e ambos nos oferecem páginas repletas de
profundidade, que ainda hoje servem de inspiração para o mundo em crise, o que se assemelha com aquela década passada. Só o que nos falta acontecer no momento é a terceira guerra, devido aos
conflitos armados que grassam em vários pontos do planeta.
Simone Weil era além de crítica ferrenha do comunismo e do fascismo, atenta ao problema do operário oprimido pelo trabalho nas fábricas europeias, e as notícias não são nada boas. A expansão das fábricas e os problemas sociais se acumulavam na cidade grande, para onde acorreram os trablhadores do campo, com crescente demanda de trabalhadores para a indústria. O mundo abatido por guerras e outros males, quando então a filósofa católica apontou a transcendência espiritual para a mudança de mentalidade vigente e se possa alcançar a paz e justiça social. A saída era dar a volta por cima, do mesmo modo como pensava Mounier.
A grande oportunidade para as mulheres se libertarem do jugo doméstico, inclusive, masculino, e ganharem dinheiro através do trabalho remunerado. Decorrente dessa ambição feminina surge um feminismo atuante, útil por um lado e por outro detonador dos costumes, até mesmo dos valores, que seriam típicos da burguesia. E a burguesa Simone Weil, que não era feminista, mas uma mulher de fé religiosa, foi ver outras mulheres no seu ofício moderno de trabalhadoras, aflita com a notícia das agruras que passavam na labuta fabril. Mesmo não sendo feminista, como acontecia com aquelas do movimento a favor da mudança de costumes e a liberdade total para as mulheres. O mundo em ebulição, com a sedução da liberdade, mas acossado de um lado com os rigores do comunismo, e do outros os temores do fascismo de Hitler, que avançava, e ia fazer espocar a segunda guerra mundial
Mounier, prega a primazia do espiritual para a sociedade voltar a ter como base os valores preconizados pela fé cristã, os mais seguros para a família, às pessoas em particular e o mundo em geral: “Para o mundo quebrado só o espiritual é capaz de colocá-lo de volta em movimento, e nossa vontade visa ação.” A ação católica de que trata o papa Leão XIII em sua encíclica Rerum Novaram. Em Mounier é a fé que produz o seu otimismo, que poderá ser incutido no compromisso o espiritual, para o filósofo o único com condição de livrar o mundo da tragédia promovida por outra outra qualquer revolução. Pela reconstrução de uma sociedade por dentro, com rosto mais e mais humano.
Já o realismo demonstrado por Weil, devido ao seu entendimento sobre as estruturas sociais do seu tempo, só lhe permitiu negar qualquer perspectiva, menor que de uma tragédia anunciada. Mesmo assim aceitou a continuidade do debate dialético no plano social para reformulação do modelo democrático, conforme diz o padre Paolo Cugini no livro já citado no blog sobre o personalismo de Mounier. E seja lembrada a dignidade do trabalho, que em vez de oprimir, pode dar grande satisfação pessoal, evitar a pobreza, a miséria e tudo o mais. O certo é ter empenho e estar satisfeito com o que faz e com o ganho monetário, nada que signifique resignação. A liberdade operária, com as mulheres operando hoje em todas as áreas, e começou lá atrás, quando elas sairam inicialmente de casa para trabalhar.
sexta-feira, 22 de novembro de 2024
ADSUM! AQUI
ESTOU!
O grito da pessoa, que se apresenta, como tal, pronta para cumprir o compromisso de cristão: Aqui estou! Comprometido com
o ser, em vez de identificar-se com o
ter, e outras coisas mais que afloraram no mundo de ideologias de toda espécie.
Daí a importância de um renascimento espiritual, o que nos inspira Emmanuel Mounier, no momento em que acontecia a segunda
guerra, a maior tragédia do século passado. O mundo atual ainda clama
por paz, com guerras em vários cantos do planeta. E vem a pergunta: Há possibilidade
de algum dia concretizar-se a paz? Sim, avisa o filósofo do
personalismo, desde que escutemos os sinais de transcendência em particular e na
história, mas que é obscurecida pela ameaça constante de sua supressão.
Depois
da segunda guerra, para evitar o perigo sempre presente, de alguma nação
hegemônica, Emmanuel Mounier na
personificação da maturidade assumida na sua doutrina personalista, aponta a
necessidade de ser criada uma federação europeia. A amizade e a cooperação entre
as nações que viviam em um mesmo continente, com um ideal comum civilizatório,
de paz e progresso, tendo como esteio a fé cristã e sua doutrina. E que fosse abandonada
a ideia de um possível fracasso da civilização por falta do cumprimento dos
valores preconizados para essa mesma civilização. Os valores cristãos, que
estavam sendo abandonados, substituídos por uma tendência a valorizar o ter em
vez do ser. E outras tendências mais em que o mundo atual se vê envolvido, com
ideologias de toda espécie.
A
paz interior de uma cidade, por exemplo, no cumprimento das leis sociais, e na
diversidade as pessoas, para que se realizem em sua vida concreta, como também
vivam sua espiritualidade. E não há dúvida que o objetivo de todos é viver em
paz. A paz positiva, duradoura. E tem aquela paz negativa, ou passageira,
conseguida à custa das armas. Mesmo que às vezes seja preciso pegar em armas.
Mas isso é outro departamento. Proteger a autonomia é fundamental numa
comunidade onde a união das pessoas visa o bem maior que é a própria Paz.
A
vida espiritual jamais deve ser vista como a fuga, por falta de compromisso com
a realidade, afinal, na paz espiritual é que se forjam as grandes almas, do que
mais precisamos na atualidade. Tempo de guerra, mundo sem rumo, e digamos como cristãos que se
comprometem em suas consciências de uma missão a cumprir: Aqui estamos!
terça-feira, 19 de novembro de 2024
A arte de ser feliz - Cecília Meireles
O HOMEM
INDUSTRIAL
Dia após dia os valores éticos somem do mundo
atual, e assume a tecnologia e os instintos para comandar a vida do homem. Nesse ambiente materialista
o poder econômico monta sua estratégia, por uma existência comprometida apenas com o lucro financeiro.. O homem industrial, na
eficácia da sua indústria, no plano
da mera utilidade, sem vínculo com a transcendência, ou sua unidade pessoal.
Fabricar coisas e mais coisas é a ambição
que aflora no mundo de hoje, sem o vínculo
do homem com seus íntimos anseios, ideologias sem o compromisso em dar respostas, que não
sejam opiniões, pouco abalizadas, que nada têm a ver com a boa formação pessoal e desenvolvimento coletivo. No campo
vazio de fé, esperança e caridade, surge uma política pela "personalização do
econômico e institucionalização do pessoal".
O materialista rejeita o espiritual, baseando numa política, que mais intriga que esclarece com suas opiniões. E porque não devemos fugir da zona de ação, mas ter uma proposta do rigor ético aliado ao rigor técnico. Sem a deserção espiritual, mas com a mediação da autêntica elevação. O autêntico agir na execução das virtudes e na unidade pessoal, no que Emmanuel Mounier muito nos esclarece.
A RENDEIRA - VERMMER |
domingo, 17 de novembro de 2024
O SEGREDO
A natureza humana tem em sua biologia um espaço
secreto, privado, íntimo, apartado do exterior, da vida voltada para fora.
Trata-se de uma reserva interior, que nunca se comunica abertamente. Um bem do qual ninguém em sã consciência quer ser esvaziado, ou roubado, mas guardar de possíveis invasões, certo de que a pessoa não é escrava da natureza, nem
joguete nas mãos dos outros.
E
como não somos apenas um corpo olhado e alcançado, um sentimento que nos aflora
é o pudor. Como espíritos encarnados, o normal é evitarmos que o peso da carne abafe a luz
espiritual. O pudor, que tem a contrapartida da
prudência, considerada pelos esquerdistas prática burguesa. A esquerda a
denegrir a vida privada da direita, onde se teria desenvolvido a corrupção, e
todos os males do mundo moderno, dos negócios, da família burguesa.
Ao
contrário da esquerda, a direita valoriza o ser humano na sua individualidade, oposto
do coletivismo, que quer abafar o que possa favorecer a pessoa, a vida pessoal
do homem possuidor de corpo e alma. E mesmo que a vida privada tenha
perversões, típicas da natureza humana, e um projeto da vida em defesa contra toda
essa desordem, que é mais afeita ao mundo exterior, propenso à desordem.
O
antigo mito da caixa de Pandora conta que, aberta a caixa, espalham-se todas as desgraças no mundo,
restando a esperança no fundo. Revendo o antigo mito, na tampa da caixa estaria
gravada a consciência. O segredo do homem moderno é sua consciência, favorável a
um projeto de vida pessoal. E se reconheça não apena como raça, povo, partido,
corporação, família, e demais formas de coletivo. Direita e esquerda são apenas
posições, que merece reflexão, e que ninguém seja atraído para o abismo dos
extremismos.
S. LUÍS - MA - PRÇA JOÃO LISBOA |
sexta-feira, 15 de novembro de 2024
TEATRO DE NARCISO
Diante da atual situação em que vivemos, parece que só nos resta tratar da aparência, em vez de tentar entender o mundo e as pessoas. Melhor saber o que vestir, qual forma adequada para comemorar as festas, como estas de fim do ano de 2024. O homem ocidental vivendo o auge do seu exibicionismo. E neste teatro de Narciso quais valores ainda permanecem no palco da vida? Grande parte fora de cena, ou foram distorcidos: o sucesso social substitui a realização pessoal; o erotismo toma o lugar ao amor; a astúcia substitui o esforço consciente; as redes sociais na internet em vez do bom senso calcado na reflexão; e a paixão pela verdade trocada pela “sinceridade” lançada irreponsavelmenta aos quatro ventos. Há modismo nessa exteriorização atual. A real visibilidade através da palavra, das ações, das obras, e se cumpra a condição humana, em que a interioridade se reflita na exterioridade. A palavra existir, pelo seu prefixo, indica exprimir-se, mostrar-se, tanto assim que a vida interior torna-se incoerente sem a vida exterior. Certo que não a há uma vida exterior autêntica sem a vida interior. E se a vida é um teatro, que não seja simplesmente uma representação da primitiva vaidade, e sim dos mais autênticos valores humanos.
quinta-feira, 14 de novembro de 2024
NÃO É POSSÍVEL SER SEM TER
A vida pessoal é uma contínua assimilação do que é próprio do ser, assim como da efetiva elaboração das contribuições exteriores. A construção da personalidade é fundamentada nas escolhas feitas, e em vez de viver por viver ter objetivos na vida, em que o ter e o ser estejam em consonância. E as relações interpessoais sejam positivas e fecundantes. O verdadeiro compromisso é com nossa realização pessoal.
Ter persistência e paciência para selecionar os bens, em que a propriedade e a interioridade são exigências concretas da pessoa. E se há possibilidade de se ter tudo o quer, também é possível rejeitar muitas coisas. Não deixar o coração ficar possuído, mas empenhado na utilização dos bens necessários a sua pessoa. E em vez de se perder no deserto da abundância atual, reconhecer que o regime contingencial de bens causa alienação, o que deve ser avaliado friamente.
Quando
evitamos nos apropriar de ofertas, que em nada nos
acrescenta, acabamos por deixar aflorar a riqueza verdadeira
do ser que somos. Posses em dinheiro e bens materiais não devem dificultar que
a pessoa se posicione e se afirme como uma pessoa verdadeira. Abundância só aquela
comprometida com o crescimento pessoal. Que o ter diga respeito ao peso e à leveza do nosso ser em plenitude.
S. LUIS -MA CENTRO HISTÓRICO |
terça-feira, 12 de novembro de 2024
CUIDEM BEM DE SI
Em
primeiro lugar importa o progresso pessoal, que tem um preço a pagar, e ao
final sermos gratos a Deus por estarmos bem, sãos e salvos. Os grandes
acontecimentos que abalaram o mundo no último século resultaram em mudanças que
impactaram a vida das pessoas em particular e coletivamente. Embora de algum
modo sempre estivéssemos divididos, nunca o radicalismo foi tão grande no mundo,
que se recompôs das duas guerras mundiais, mas sobrevive precariamente. Devemos
atuar, sermos pessoas lúcidas e responsáveis, sem nos apavorar.
O
que significa esses dois expoentes da sociedade, que se intitulam em direita e
esquerda? A esquerda militante aposta nas mudanças radicais. Mudar desde a
alimentação, e tudo o mais que foi estabelecido em gerações anteriores. Já os conservadores
não querem ver o mundo caminhar na direção oposta à tradição. A dificuldade está em avaliarmos as coisas
corretamente. Nossa própria natureza complexa, como a natureza em volta, que
tem uma infinidade de determinações. Reconhecer que o impactante radicalismo
foge à normal diversidade.
A
diversidade que existe entre os humanos, seres de inteligência superior aos outros
animais, e, por conta disso, criadores, inclusive, dos mais variadas formas de
viver. Chegamos aos píncaros da criatividade com nossa mente privilegiada, que
tem o poder da razão, e ainda pode contar com uma fé milenar, para que atuem em
uníssono. E diante da escolha de dobrar à direita radical, ou virar à esquerda
militante, seguir o reto caminho traçado pele experiência do Bem, que é Deus.
Mesmo
que muitos não reconheçam a espiritualidade está em alta. Cuidarmos uns dos
outros é o modo de viver do cristão, ou deveria ser. Primeiramente, as pessoas
cuidem de si mesmas, ou seja, estejam atentas a sua saúde, intelecto, e, em
especial, dos seus amores, melhor dizendo, seus desejos. O tanto que amamos,
principalmente hoje em dia, repleto de ofertas aos sentidos. Cuidemos da nossa relação com os outros. Começa
pelo matrimônio, e o casal cuide do seu conjunge, para ambos cuidarem da
família, o que se estende para a vida em comunidade.
quarta-feira, 6 de novembro de 2024
segunda-feira, 4 de novembro de 2024
domingo, 3 de novembro de 2024
Qual a atitude a tomar
diante de um olhar de deboche, até mesmo censura de alguém que está querendo nos dizer: “Eu sei o
que você disse lá atrás, e está aí se passando por outra coisa.” Nada a fazer,
simplesmente ignorar, pois o que a gente disse está dito, era o nosso modo de
ver e sentir. E tem a pior burrice que podemos cometer, quando falta esperteza para nos livrar do erro de conviver com algumas pessoas.
Alguém quis discutir com o
filósofo Cícero sobre algo que ele dissera no passado, e estaria em contradição
com o que escrevia. A resposta foi: “Eu vivo um dia de cada vez! E se acredito
em algo, diferente de muita gente, tenho consciência do que digo e faço!” Mudar
é normal, e ninguém devia envergonhar-se disso.
Ruim é permanecer o mesmo,
quando há o crescimento natural, o amadurecimento das ideias, o aprimoramento das atitudes. Por
conta disso estudamos, procuramos aprender, nos esforçamos para sermos cada vez
melhores. E se alguém nos apresenta uma
alternativa ao nosso modo de ver e entender algo, somos livres para aceitar, ou
não.
S. LUÍS - MA - 4012 ANOS |
sábado, 2 de novembro de 2024
O NARCISISTA E O INGRATO
1-Quando alguém quer saber
tudo sobre você, procura informação sobre sua vida, e, por fim, essa pessoa dá
conta dos seus passos, as intenções não são boas, ao contrário, são as piores
possíveis. O narcisista gosta de ter o outro sob seu controle para manipular. E
tem o informante que, por ingenuidade, má intenção, ou até mesmo para ser fiel ao narcisista, fala o que o mesmo quer saber. Também vai estar em maus lençóis
no futuro. O narcisista tem manhas, exige fidelidade, e como justiceiro, pensa
lá com seus botões: ”Vou pegar esse maldizente.”
2-Tem gente ingrata, que não valoriza as pessoas que o acompanham nas lutas diárias, quem
torce por seu sucesso. E gratdão é um sentimento que mais enobrece o homem. Cair de amor por um estranho, que mal conhece, e deixar se incentivar o irmão, o amigo? Pior ainda quem alimente a inveja das conquistas dos outros. Nada temos a ganhar procedendo irresponsavelmente, ou de forma maldosa. Um
parente da noiva falou para o noivo logo após o casamento: “Cuidado com ela!...”
Quando deveria ter aconselhado: ”Cuida bem dela!...” O certo é que sem respeito humano, sem ética, fracassamos como pessoa.
3-Por precaução não fale da sua vida para ninguém, muito menos para estranhos, pode ser um narcisista.