LIBERDADE OPERÁRIA
SAÍDA DA FÁBRICA EM LION |
Em abril de1938 Emmanuel
Mounier publica na revista Esprit uma
carta de Simone Weil sobre os
acontecimentos da Espanha. O filósofo francês, criador do Personalismo,
tem relação com sua conterrânea, a filósofa, que junto com ele vivem a comum preocupação com os problemas do mundo em
ebulição na década de 30. Críticos ferrenhos do comunismo e do fascismo viam a revolução espiritual, como solução para a tão grave crise da época espiritual, e ambos nos oferecem páginas repletas de
profundidade, que ainda hoje servem de inspiração para o mundo em crise, o que se assemelha com aquela década passada. Só o que nos falta acontecer no momento é a terceira guerra, devido aos
conflitos armados que grassam em vários pontos do planeta.
Simone Weil era além de crítica ferrenha do comunismo e do fascismo, atenta ao problema do operário oprimido pelo trabalho nas fábricas europeias, e as notícias não são nada boas. A expansão das fábricas e os problemas sociais se acumulavam na cidade grande, para onde acorreram os trablhadores do campo, com crescente demanda de trabalhadores para a indústria. O mundo abatido por guerras e outros males, quando então a filósofa católica apontou a transcendência espiritual para a mudança de mentalidade vigente e se possa alcançar a paz e justiça social. A saída era dar a volta por cima, do mesmo modo como pensava Mounier.
A grande oportunidade para as mulheres se libertarem do jugo doméstico, inclusive, masculino, e ganharem dinheiro através do trabalho remunerado. Decorrente dessa ambição feminina surge um feminismo atuante, útil por um lado e por outro detonador dos costumes, até mesmo dos valores, que seriam típicos da burguesia. E a burguesa Simone Weil, que não era feminista, mas uma mulher de fé religiosa, foi ver outras mulheres no seu ofício moderno de trabalhadoras, aflita com a notícia das agruras que passavam na labuta fabril. Mesmo não sendo feminista, como acontecia com aquelas do movimento a favor da mudança de costumes e a liberdade total para as mulheres. O mundo em ebulição, com a sedução da liberdade, mas acossado de um lado com os rigores do comunismo, e do outros os temores do fascismo de Hitler, que avançava, e ia fazer espocar a segunda guerra mundial
Mounier, prega a primazia do espiritual para a sociedade voltar a ter como base os valores preconizados pela fé cristã, os mais seguros para a família, às pessoas em particular e o mundo em geral: “Para o mundo quebrado só o espiritual é capaz de colocá-lo de volta em movimento, e nossa vontade visa ação.” A ação católica de que trata o papa Leão XIII em sua encíclica Rerum Novaram. Em Mounier é a fé que produz o seu otimismo, que poderá ser incutido no compromisso o espiritual, para o filósofo o único com condição de livrar o mundo da tragédia promovida por outra outra qualquer revolução. Pela reconstrução de uma sociedade por dentro, com rosto mais e mais humano.
Já o realismo demonstrado por Weil, devido ao seu entendimento sobre as estruturas sociais do seu tempo, só lhe permitiu negar qualquer perspectiva, menor que de uma tragédia anunciada. Mesmo assim aceitou a continuidade do debate dialético no plano social para reformulação do modelo democrático, conforme diz o padre Paolo Cugini no livro já citado no blog sobre o personalismo de Mounier. E seja lembrada a dignidade do trabalho, que em vez de oprimir, pode dar grande satisfação pessoal, evitar a pobreza, a miséria e tudo o mais. O certo é ter empenho e estar satisfeito com o que faz e com o ganho monetário, nada que signifique resignação. A liberdade operária, com as mulheres operando hoje em todas as áreas, e começou lá atrás, quando elas sairam inicialmente de casa para trabalhar.
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