quarta-feira, 21 de maio de 2025

 


 

MEDITAÇÕES EM DOIS TEMPOS:  

                                                              

                                            1

Ele estava vivo, era uma sensação de alívio, quando sabia que antes dele um irmão havia morrido ao nascer. Mas seria uma injustiça ele ter sobrevivido, e não o outro? Devia sentir remorso por estar vivo? Perguntas que certa vez lhe afloraram à mente, com que sentiu no fundo da sua alma simplesmente gratidão. E se estava vivo tinha que merecer esse privilégio. A começar por honrar o irmão morto. O que também devem fazer todos os que estão vivos, ou seja, honrar os mortos.

                                           

                                             2

 

Você quer avançar?

Vale a pena?

Perguntas que lhe fizeram quando estava na plantação de arroz, a sonhar em sair dali. Tinha consciência que não se vive apenas desse grão, nem da plantação de trigo do vizinho ao lado, necessários para a sobrevivência física. Os produtos básicos  produzidos no campo a milhares de anos, mas que não bastaram ao ser humano. Daí veio a cultura religiosa. E ela ali no campo a sonhar com algo mais, ou seja, estudar, para cultivar a mente. Queria conhecer melhor a cultura que deu origem à civilização, e dela tem notícia pelo padre, um semeador da Fé. A sombra benfazeja da Igreja, como uma árvore frondosa, sua semente plantada há milhares de anos.

Urge saber da importância em se ter essa ajuda espiritual básica, como o arros e o trigo é para o corpo. E ir em frente com sua semeadura. O mundo avança, e não espera ninguém. Os anos a passarem por ela sem grandes mudanças. Até que partiu em busca da evolução necessária, para ser o que se propunha na vida. Deixou sua avó a se queixar do salto no escuro que o mundo ia dar. Salto já dado, e o mundo virara de cabeça para baixo. E desde então ela soube o que queria de verdade, ser uma semeadora, não apenas de arroz no campo, hoje com ajuda das máquinas. Mas semeadora dos bens espirituais, da fé que brota na alma que evolui.  

 

NOTA: O segundo texto foi inspirado nas palavras do papa Leão XIV quando  citou a pintura de Van Gogh, “O Semeador no Por do Sol”

 


"SEMEADOR NO POR DO SOL" - VICENTE VAN GOGH

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