ELES E ELA
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S. LUÍS MA E SUAS LADEIRAS |
Ela
pensa nos cinco irmãos gerados em escadinha, quando a mulher tinha a função social
de apenas procriar, e mais o gosto por famílias numerosas. Os nascimentos em
grande número, o chamado baby boom, antes dos anticonceptivos, e do avanço
populacional. A maior tragédia na cidade
eram as mortes das mães que sucumbiam aos seguidos partos. Por sorte na família
dela nenhuma mãe, ou bebê havia morrido.
Pensa
nos irmãos crescendo saudáveis, a genética boa, e os cuidados idem, com o que
adentraram à juventude esperançosos e confiantes. E, quando chegaram à fase
adulta, não faltou disposição para
enfrentarem a vida. Seguros de si superaram muitas coisas e seguiram em frente.
Construíram seu destino e a eles foram
fieis. A confiança gravada em seus corpos como um amuleto.
Pensa que eles e ela podiam ter tido uma vida
diferente, até mesmo em cidade maior, o que era uma possibilidade para
todos. Certa que as coisas podiam ter sido talvez melhores e mais fáceis. Ou
não. A cidade pequena, tão familiar, ia tornar-se estranha para ela, que partiu,
quando havia ali mais
vida e mais amores. A dor passando ao seu lado e ela a lhe virar as
costas. Mas aquelas ruinas em que a cidade se transformou assemelhavam-se à
morte.
E pensa, por fim, no que lhe disseram quando ainda
era criança: “Não conseguir o que se quer também pode direcionar para onde você
precisa estar.” E pelo que tem observado
na sua longa vida, ela diz: Não adianta fugir, se acovardar, ou correr
atrás, ser afoito, melhor deixar a vida seguir seu curso, sem pressa e em paz.
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