segunda-feira, 19 de maio de 2025

 


 

                                 

                                            ELES E ELA

 


S. LUÍS MA E SUAS LADEIRAS

 

              Ela pensa nos cinco irmãos gerados em escadinha, quando a mulher tinha a função social de apenas procriar, e mais o gosto por famílias numerosas. Os nascimentos em grande número, o chamado baby boom, antes dos anticonceptivos, e do avanço populacional.  A maior tragédia na cidade eram as mortes das mães que sucumbiam aos seguidos partos. Por sorte na família dela nenhuma mãe, ou bebê havia morrido. 

Pensa nos irmãos crescendo saudáveis, a genética boa, e os cuidados idem, com o que adentraram à juventude esperançosos e confiantes. E, quando chegaram à fase adulta,  não faltou disposição para enfrentarem a vida. Seguros de si superaram muitas coisas e seguiram em frente.  Construíram seu destino e a eles foram fieis. A confiança gravada em seus corpos como um amuleto.

              Pensa que eles e ela podiam ter tido uma vida diferente, até mesmo em cidade maior, o que era uma possibilidade para todos. Certa que as coisas podiam ter sido talvez melhores e mais fáceis. Ou não. A cidade pequena, tão familiar, ia tornar-se estranha para ela, que partiu, quando havia ali mais vida e mais amores. A dor passando ao seu lado e ela a lhe virar as costas. Mas aquelas ruinas em que a cidade se transformou assemelhavam-se à morte.

            E pensa, por fim, no que lhe disseram quando ainda era criança: “Não conseguir o que se quer também pode direcionar para onde você precisa  estar.” E pelo que tem observado na sua longa vida, ela diz: Não adianta fugir, se acovardar, ou correr atrás, ser afoito, melhor deixar a vida seguir seu curso, sem pressa e em paz.


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