quarta-feira, 25 de junho de 2025

 


 

                                    SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO





                     Verão das noites quentes e iluminadas pela luz da lua, que aquece os sonhos,  serve de inspiração para Shakespeare no seu drama mitológico sobre a Grécia helênica, influenciadora do Império romano. Atenas, Roma, como em qualquer lugar ao despontar de um novo tempo, de uma nova consciência . A extraordinária história da cultura greco-romana, que o bardo inglês aborda em sua narrativa, e inicia com o casamento da heroína cretense Hipólita com o bravo Teseu, fundador de Atenas. As bodas ocorrem no plano superior da hierarquia ateniense, um Amor consciente e maduro, a que segue a paixão de dois jovens casais: Hérmia com Lisandro e Helena com Demétrio.  

                      Hérmia, filha do fundador de Atenas, tem dois pretendentes, sendo que o preferido da moça é o nobre Lisandro, enquanto seu pai prefere Demétrio, que é o amor de Helena. Dois campos diferentes, até certo ponto divergentes, encontram-se no alvorecer dos novos tempos. Hérmia representa o hermetismo e Helena o helenismo. O homem, até então um sacerdote, ou um guerreiro, adepto de Hermes Trimegistro, torna-se pensador na Grécia helênica, berço da democracia e da filosofia. E ao sofrerem assédio por conta desse amor, os casais fogem para a floresta vizinha,  fora da Grécia.

                 Exaustos após a travessia, os casias dormecem na floresta, o que remete a Roma, considerada selvagem em relação à Grécia. Roma fundada por Eneias às margens do rio Tigre,  na floresta romana bufões ensaiam  uma peça para a noite das bodas em Atenas, cujo nome é A mui lamentável comédia e crudelíssima  da morte de Píramo e Tisbe. Representam a classe emergente, dedicada ao comércio e aos negócios. Daí que o tecelão Fio faz o papel do rei Pìramo, mas em dúvida se é amante ou tirano como chefe dos artistas bufões, quando quer representar  todos os personagens, ou seja, Marmelo, Trombeta, Lua, Leão, Luar. 

                O cadinho cultural em que se transformou Roma. E o amor dos casais em fuga de Atenas vai sofrer o imponderável nesse estranho ambiente. No plano atemporal ou nessa dita selva, está ocorrendo um outro casamento, de Oberon e Titânia. O deus das profundezas  do mar, ou da natureza, é quem faz  Puck o gênio da floresta colher a “flor do amor”, ou da magia natural, que vai deixar Lisandro confuso, não mais afeito a amar Hérmia, e já perdido de amor por Helena. A magia natural mais brincalhona, que má, faz com que ocorra a troca dos sentimentos dos personagens masculinos por suas amadas. Anteriormente Puck havia comentado com uma fada o fato de Teseu estar aborrecido com a Rainha  por ela ter buscado no Oriente um pajem, Eros, para os gregos, e Cupido, para os romanos. Por conta dessa traição a união real em Atenas terá desentendimentos em vários planos. 

 


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