Verão das noites quentes e
iluminadas pela luz da lua, que aquece
os sonhos, serve de inspiração para Shakespeare
no seu drama mitológico sobre a Grécia helênica, influenciadora do Império
romano. Atenas, Roma, como em qualquer lugar ao despontar de um novo tempo, de
uma nova consciência . A extraordinária história da cultura
greco-romana, que o bardo inglês aborda em sua narrativa, e inicia com o casamento
da heroína cretense Hipólita com o bravo Teseu, fundador de Atenas. As bodas ocorrem no plano superior da hierarquia ateniense, um Amor consciente e maduro, a que
segue a paixão de dois jovens casais: Hérmia com Lisandro e Helena com
Demétrio.
Hérmia, filha do fundador
de Atenas, tem dois pretendentes, sendo que o preferido da moça é o nobre Lisandro, enquanto seu pai prefere Demétrio, que é o amor de Helena. Dois campos diferentes, até certo ponto divergentes, encontram-se no alvorecer dos novos tempos. Hérmia
representa o hermetismo e Helena o helenismo. O homem, até então um sacerdote,
ou um guerreiro, adepto de Hermes Trimegistro, torna-se pensador na Grécia helênica, berço da democracia e da
filosofia. E ao sofrerem assédio por conta desse amor, os
casais fogem para a floresta vizinha, fora da Grécia.
Exaustos após a travessia, os casias dormecem na floresta, o que remete a Roma, considerada selvagem em relação à Grécia. Roma fundada por Eneias às margens do rio Tigre, na floresta romana bufões ensaiam uma peça para a noite das bodas em Atenas, cujo nome é A mui lamentável comédia e crudelíssima da morte de Píramo e Tisbe. Representam a classe emergente, dedicada ao comércio e aos negócios. Daí que o tecelão Fio faz o papel do rei Pìramo, mas em dúvida se é amante ou tirano como chefe dos artistas bufões, quando quer representar todos os personagens, ou seja, Marmelo, Trombeta, Lua, Leão, Luar.
O cadinho cultural em que se transformou Roma. E o amor dos casais em fuga de Atenas vai sofrer o imponderável nesse estranho ambiente. No plano atemporal ou nessa dita selva, está ocorrendo um outro casamento, de Oberon e Titânia. O deus das profundezas do mar, ou da natureza, é quem faz Puck o gênio da floresta colher a “flor do amor”, ou da magia natural, que vai deixar Lisandro confuso, não mais afeito a amar Hérmia, e já perdido de amor por Helena. A magia natural mais brincalhona, que má, faz com que ocorra a troca dos sentimentos dos personagens masculinos por suas amadas. Anteriormente Puck havia comentado com uma fada o fato de Teseu estar aborrecido com a Rainha por ela ter buscado no Oriente um pajem, Eros, para os gregos, e Cupido, para os romanos. Por conta dessa traição a união real em Atenas terá desentendimentos em vários planos.
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