Filme indicado ao Oscar de 2013 em 8 categorias, O Lado Bom da Vida tem a direção de David O. Russel, com roteiro adaptado do romance homônimo do americano Matthew Quick. Trata de uma família da classe média americana, cujo filho mais novo, Pat (Bradley Cooper), sofre o trauma de um casamento desfeito, mas quer sua mulher de volta, por conta disso age de modo irrefletido, obsessivo. O diagnóstico no caso dele é bipolaridade. De volta à casa paterna o comportamento do rapaz não melhorou com tratamento no hospital psiquiátrico, o que os pais tentam compreender, principalmente o pai ( Robert De Nilo ), que acha ter negligenciado com esse filho, enquanto teria dado maior atenção ao outro. A mãe de Pat com vocação para o amor, numa interpretação primorosa da australiana Jacki Weaver, suporta docilmente as loucuras do filho, assim como as idiossincrasias do marido. É uma mulher que se sacrifica como pessoa em benefício do compromisso amoroso, afetivo, para com a família e também seus amigos, o que constitui um lado bom da vida. Mas há o outro lado.
Pat tem, pois,
o exemplo da mãe, que vive em função dos outros, com pouca autonomia para agir.
Principalmente, sem amor próprio, sentimento que deve vir em primeiro lugar,
não o do dever. Essa mãe à moda antiga, condicionada a não fazer o que gosta,
nem ser feliz. Sacrifício que deve ser na
medida certa, não infelicidade, frustração. A ex-mulher já proibiu na justiça que Pat se aproxime
dela, se não quiser ir para a prisão, ou então voltar ao hospital, onde esteve
internado por oito meses. Sabe-se dos crimes que acontecem quando antigos parceiros matam o
outro, por não se conformarem com a separação. A grande paixão que se
transforma em ódio. No filme a mania do
rapaz é correr, o que é sintomático. Mas é numa dessas corridas pelo bairro ele
encontra a jovem e encantadora viúva Tiffany (Jennifer Weaver) que havia
perdido o marido num acidente, e desde então sofre outra obsessão, a sexual. Quando
Tiffany conhece Pat, ambos estão vivendo o lado mau da vida. O encontro entre eles
é providencial. A sintonia logo
percebida pela moça, enquanto o rapaz demora a ver algo importante nela, para
ele apenas uma mulher chata querendo se aproximar.
A verdadeira parceria
dos dois começa na dança, na qual vão se
exercitar, seguindo passo a passo um roteiro, delimitada a trajetória de
aproximação, embalados pela música . O lado bom da vida significa aprender a viver,
a amar, no ritmo certo, comprometido com beleza e a harmonia das atitudes, para
ser mais feliz. De outro modo é enlouquecer de tanto se entrega ao amor, ao
sexo, a tudo, sem limites, sem haver o aconchego de almas. Acontece muito nesse
nosso mundo bipolar, que só tem compromisso com o prazer, mesmo dever, a tal
ponto que não se ama e, sim, usa as pessoas. Seria o caso de Pat e a ex-mulher,
que teriam tido um obscuro encanto um pelo outro? Enquanto com Tiffany as
coisas acontecem de modo mais claro, consciente, pelo aprendizado, de modo
positivo, que eles tiveram um com o outro. Aprender a estar ao lado de quem se
gosta e te faz feliz. O Lado Bom da Vida,
não é um filme romântico, o que a Academia não gosta de premiar. Concorre com Os Miseráveis, também Lincoln, de Spilberg. Páreo duro!
O BLOG NOVO ESPAÇO MARIA está sensacional. Em linguagem direta, sadia e escorreita, a autora se expressa com bastante objetividade, tratando de assuntos atuais, inclusive de nosso cotidiano. É bom e reconfortante saber que ainda há pessoas que sabem definir as coisas, com sabedoria.
ResponderExcluirEspero que o blog continue, assim, sempre em ascensão.
Murilo Moreira Veras
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