SÃO LUÍS E SEUS BONDES
Na minha São Luís, capital do
Maranhão, nos idos anos cinquenta, os bondes serviam à população com precisão
de horário e muita segurança, o que acontecia desde 1924, quando foi inaugurado
o sistema de transporte de bondes elétricos na cidade, extinto na década de
sessenta. Nunca se soube de algum descarrilhar. Íamos de bonde para a escola, para o trabalho. Nos bondes a
gente passeava, namorava para casar, lógico. E até mesmo tinha quem aproveitasse
para ler, o caso do padre João Mohana, também psiquiatra e escritor, recém-
chegado do sul, de imediato uma celebridade na cidade, e víamos absorto em sua leitura
no bonde Gonçalves Dias.
Alguns nomes das nossas mais conhecidas
linhas de bonde: Gonçalves Dias, São Pantaleão, Beiramar, Anil, apenas uma
lembrança que ficou, e uma saudade grande daqueles bons tempos, o trânsito
tranquilo, como a vida, coisa bem diferente hoje em dia. Muita gente a reclamar
da falta que os bondes fazem na cidade, como que talhada para eles. Mas com a
invasão de carros e ônibus, tornou-se impossível a convivência deles com os bondes,
e houve até um grave acidente com o bonde S.Pantaleão, a última linha a ser
extinta em 1966.
Transporte seguro, ecológico,
sustentável, agradável e principalmente turístico, os bondes podiam voltar às
ruas de S.Luís e serem muito úteis. Não há mais tráfego de carros em grande parte da
cidade antiga, incompatível com ruas tão estreitas. A nova S. Luís cresceu para
além da pontes sobre o rio Anil e Bacanga. Os bondes serviriam à
população e ao turismo da linda cidade, eleita Patrimônio da Humanidade, e que acaba
de completar quatrocentos e dois anos. Os turistas levados ao Centro Histórico,
à região Beiramar e o Reviver. Os trilhos ainda permanecem no mesmo lugar, com todo
mundo na rua, indo e vindo a pé, pessoas que podiam perfeitamente se valer do bonde.
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