MÃES EXEMPLARES
HOMENAGEM
Dona Cinoca
e dona Daisy, iguais e diferentes, a primeira, minha sogra, passou do
centenário e acaba de falecer, e minha mãe se aproxima dos cem aninhos, lúcida
e de bem com a vida, apesar da cadeira de rodas. Mães do século passado, que se
casaram muito cedo, procriaram várias vezes, como de praxe, e cuidaram da
família com amor e dedicação. O filho mais novo de D. Cinoca, cheio de
compaixão pela mãe, fala que a pobre coitada teria se casado e concebido o
primeiro filho muito nova, aos dezesseis anos, na verdade, dezessete e dezoito
respectivamente. Era o que a família e a sociedade esperava da mulher no
passado, fosse ela rica ou pobre, que cedo se casasse, para ter um homem que cuidasse
dela e da prole. Mundo machista, bem verdade, mas os homens uns bobocas, caiam fácil,
fácil, no laço das sedutoras beldades.
Adalberto, um
rapaz bem apessoado e colocado na vida, cheio de amor pela moça Maria Emídia (Cinoca)
pediu-a em casamento à sua mãe Rosa Moreira, viúva pobre, mas bem conceituada em
seu meio. O pretendente uma pessoa de fé, que desde o início esteve determinado
a cumprir o compromisso que ia assumir perante Deus e a sociedade. O segundo
filho do casal, de sua parte, louva a devoção do pai à família, que ele ambicionou
e conseguiu ter, ou seja, uma boa mulher e filhos, pessoas de bem e com diploma
de curso superior, sem esquecer de cuidar da própria carreira de funcionário
público, na qual atingiu o ápice. A moça escolhida, cheia de energia e
sensibilidade, um dia se fez missionária, e quase funda uma seita protestante
no interior maranhense, lá deixando uma semente que logo prosperou.
Daisy viu José pela
primeira vez atrás do balcão da padaria da qual era proprietário, mas prestes a
fechar as portas. Descendente de ingleses ele parecia um estrangeiro. Ela, nascida
de família abastada, cujos pais sonhavam com o título de doutora para a filha, aluna
destacada desde os primeiros anos escolares. Mas não contavam com a determinação
da moça ainda aos dezessete anos, quando resolveu casar-se com o belo rapaz por
quem se apaixonou. Se houve dificuldades no relacionamento, a esposa de José,
em especial, soube administrar o casamento com confiança e determinação, e o
casal seguiu em frente com sua linda família. O revés financeiro ela também resolveu
concorrendo ao cargo de funcionária pública, importante para ajudar a manter os
filhos até à formatura. Os estudos valeram-lhe da forma como tinha que ser. Uma
esposa e mãe vocacionada para o papel que assumiu, embora tenha ambicionado ser
uma grande pianista, mas brilhou de outra forma, e dizia serem os filhos sua grande
riqueza. Emociona-me a lembrança da
minha mãe todos os anos realizando com pompa e circunstância a consagração do
lar à Sagrada Família. E muitas e muitas graças recebeu, testemunho de uma fé
inabalável na providência divina. Deus que nunca deixa de atender às nossas
preces.
Quanto à moça
Cinoca, há controvérsia que teria casado contra a própria vontade. Certo que o
universo conspirou para que ela experimentasse o lado promissor da vida, que é ter
o próprio lar e filhos, para amá-los e vê-los crescer felizes e realizados, conforme
a vontade de cada um. Duas mães que um dia cruzaram suas vidas através do
casamento dos filhos, Murilo e Maria, um casal que também tem sua história. O desfecho
do romance demorado, começou como amizade, e um tempo de crescimento para que,
em surdina, aquela moça e aquele rapaz tivessem os corações moldados pelo amor
e confiança na vida, como acontece até hoje. Décadas vividas e ainda permanecem
neles o mesmo, ou até maior, entusiasmo de antes. Os corações em paz, e os
cérebros ativados no estudo e pesquisa. Como é importante conservar a saúde
mental, ter sempre disposição para aprender coisas novas, sem esquecer as
velhas lições.
A Igreja celebra hoje a Imaculada Conceição
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