FELICIDADE - REALIDADE OU UTOPIA?
Não bastando conquistar e dominar a
Terra para a mútua sobrevivência, os inteligentes e emotivos seres humanos imaginaram
uma tal de felicidade, palavrinha sedutora, que ninguém sabe bem o que
significa. A felicidade que para alguns estaria no aqui e agora. Para outros,
os crentes, na eternidade. Eterna a vida, o universo, Deus. A eternidade da
nossa alma, pois somos eternos enquanto permanecemos no espaço físico, depois
na memória daqueles que amamos e conviveram conosco, e por fim, no gozo da vida
eterna, ou o tanto que perdurar nossa humanidade, nossa verdade. E o que se
sabe é que a felicidade não significa simplesmente alegria, vai mais além. A
vida humana que, em parte, é feita de sensações, as mais diversas, da
satisfação à dor.
Estar vivo e ser feliz significaria o
gozo pleno dos sentidos? Estando em jogo os desejos, sim. Mas a alegria da
realização de um desejo contrapõe-se à tristeza de uma decepção, por exemplo. Em
termos de beleza, que eleva as emoções, contamos com a estética natural em sua
bela diversidade: geleiras, rios, montanhas, florestas, que temos de admirar,
por mais longe que se esteja disso tudo, mas que nos diz mais da vida de nós
mesmos, gente de imaginação, às vezes, pouco confiável. E temos a estética
criada pelo homem, que realiza no mundo maravilhas, sim, coisas que admiramos
por toda parte, em espacial nas galerias e museus pelo mundo afora. A estética,
contida na arte, que nos causa tanta emoção, o caso de ver de perto um
autêntico Vermeer, por exemplo, e saber um pouco do artista e seu trabalho.
No mais, eu procuro, me esforço, brigo, gozo, numa perseguição a algo que eu quero, ou
penso querer, e nem sei bem o que é, mas prova que existo como gente. Certo? Em
parte, sim. Mas cuidado por estar por demais ligado às coisas, preso aos
desejos, num fanatismo, como se vive hoje. Cuidado com a visita da infelicidade,
justamente devido nosso modo de viver a racionalidade, que é faca de dois gumes.
E a felicidade, quanto mais perseguida for por nosso ser insaciável, mais longe ela
está de ser alcançada. Acaba por se tornar uma utopia. Acima de tudo está a
plenitude da vida, espécie de “santa indiferença” (São Francisco de Assis). Ou a
ética da santidade, que se pode almejar
sem medo, no mínimo, para não ficar refém dos desejos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário