PARIS
DE SANTA GENOVEVA -
ORAI
POR ELA!
Panteon de Paris |
Na
paisagem parisiense do início do século XIX casebres cercavam a catedral de
Notre-Dame e também a parte mais antiga do Louvre. Apenas uma promessa do
que se transformou Paris de hoje, que haveria de crescer entre os grandes bulevares
do norte e ao sul, às margens do Sena. Por ocasião da Revolução Francesa de
1789 o centro de Paris era apenas um entrelaçamento de ruelas estreitas,
insalubres. O rei Luís XVI é apeado do trono, e executado no ano seguinte. Mas os
revolucionários que vieram para salvar a França provocaram um derramamento de
sangue sem precedente, e fez com que a França passasse para as mãos de Napoleão
Bonaparte, que tomou o poder dez anos depois, em 1799. O soldado corso trata então
de restaurar a monarquia tornando-se soberano, inclusive, de parte do mundo. E a
reboque de suas vitória Napoleão resolve transformar Paris, construindo pontes,
que marcou com a letra N. Ergueu o Arco do Triunfo em homenagem às suas vitórias
militares, e fez do Champs Elysées o passeio preferido dos parisienses, e quem
mais por lá desembarque em busca de encanto e beleza. A bela Place de la
Concorde seduz quem visita o local, antes um chão vazio, onde a guilhotina havia
trabalhado sem parar, decepando as cabeças, inclusive dos revolucionários, pois
ninguém era poupado – local que desde o
reinado de Luís XV é ornado por grandiosos prédios, testemunhas daqueles fatos escabrosos.
Paris da intelectualidade, onde em 1815 encontra-se Honoré de Balzac,
na situação de filho de funcionário
público, ao lado do poder, qualquer que fosse, posição que lhe
assegurava ser bem-visto na sociedade. O jovem absorvia os ares da cidade, acompanhando de camarote as derrotas de
Napoleão, quando da sua terrível e frustrada expedição a Moscou e com a tomada
de Waterloo, nas duas vezes em que os aliados tomaram Paris para colocar a França em
ordem. Cidade tantas vezes humilhada. Foi o que aconteceu com o
atentado terrorista do dia 13 de
novembro de 2015! E podemos dizer que os inimigos não param de atacar Paris. Mas seus defensores também não cansam de a defender. A capital
francesa, que é também capital da civilização ocidental, que dizem ter sido atacada
por tropas de Átila, rechaçadas devido a intervenção milagrosa de Santa
Genoveva, que escapou do cerco ao seu convento e enfrentou os invasores,
incentivando os homens a reagirem até à vitória. A santa é considerada
padroeira da cidade e venerada pelos parisienses.
Paris tem muita história! Tanta história
tem Paris para contar que Balzac faz de da capital francesa “personagem” dos
seus romances, e se expressa na seguinte frase em um dos seus livros: “Paris
tem fisionomia humana, que imprime em nós certas ideias contra as quais não
temos defesas.” A mistificação e exaltação das qualidades e defeitos de Paris é
fonte de sedução, que acarreta sobre ela o amor e o ódio em iguais proporções. Os
últimos ataques terroristas que sofreu a Cidade Luz afrontam o lema de Liberdade,
Igualdade e Fraternidade, do qual os franceses muito se orgulham. Mas se tais itens
são obedecidas é outra história, da qual os franceses devem prestar contas. Seria
essa a intenção dos terroristas? Fazer Paris tremer de medo, e da forma mais
cruel, como costumam agir as forças do mal, que matam inocentes, no caso recente, no
Bataclan? Jovens pegos de surpresa quando assistiam uma banda de Rock, divertimento
tido como pecaminosos por esses fanáticos, que de religiosos eles não têm nada.
A falta de integração que sofrem os imigrantes, uma minoria mulçumana, no caso específico de ataques terroristas.
Devido
aos fatos recentes em Paris lembramos de Albert Camus, outro expoente da
literatura francesa, ganhador do Nobel de 1957, filho de colonos franceses, que viveu o dilema de ser argelino
de descendência francesa. Perdeu o pai na primeira guerra e conheceu de perto a
miséria. Na Argélia natal, o escritor sente “o poder daquela civilização
mediterrânea que, indiferente às promessas de eldorado na terra, aposta na
noção de limite e no equilíbrio entre história e natureza”. Mudou-se para
França em 1938 pouco antes da ocupação alemã e participou da Resistência. Estrangeiro,
era como Camus se sentia, e também todos seus personagens em “busca de
enraizamento”, ao mesmo tempo que sente o “travo da hostilidade primitiva do
mundo’”. O mundo elementar (ao mesmo tempo rude e voluptuoso) e as ironias da
modernidade movem o autor em suas reflexões. O “sentimento do absurdo” seria o
divórcio entre o homem e sua vida, como um “ponto zero“, para o qual convergem
as representações literárias, personagens, meditações de Camus. Temas abordados,
os do século XX, alguns dos quais persistem: "a gratuidade, ausência de sentido,
crise de identidades estáveis, totalitarismo, rebelião, utopia". Camus tratou
sempre com a noção de limite, que lhe era imposto pela consciência, pela indignação
ética. Dizia: ”Tenho uma pátria, a língua francesa.” A alguém confidenciou:
“Vou lhe dizer uma coisa, meu caro, não espere o juízo final. Ele realiza-se
todo dia.” O juízo final que impõem as
guerras, vivenciado por Camus. Além das guerras, agora o mundo sofre com o terrorismo.
As mortes em Paris de 2015 é como o juízo final, que os terroristas querem
impor ao mundo civilizado. Absurdo dos absurdos! É mister reagir ao mal, com todas as armas, em especial, com FÉ
E ESPERANÇA!
FONTE DE LEITURA : COLEÇÃO 7 CLÁSSICOS
(DUETTO POCKET)
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