O
SER HUMANO EM MOVIMENTO
A
vida pressupõe mobilidade, no sentido de mudança, crescimento, sujeita que está
à evolução. Não que o ser humano seja de natureza errante, com tendência a sair
por aí atoa, ao contrário, tende a acomodar-se, assentar-se, mas nunca ficar de
todo parado, pois cada estágio da vida é uma etapa a vencer. Crescemos ou
definhamos. O corpo definha na velhice até a morte, enquanto a mente, como numa
escada, avança a cada degrau, numa subida ao topo, o que é próprio de
cada um. Mudar de território, emigrar, foi
por séculos procedimento da espécie Homo, certamente ansiosa por explorar novas
terras, em busca de uma vida melhor, como acontece até hoje. Quando em movimento a pessoa sabe o que quer, o que vai
semear e colher. Assentado o homem civilizado tem em mente o bem-estar pessoal,
que comunga com a sociedade a que pertence.
Não
resta dúvida que a fé nos deuses, depois no Deus único, contribuiu para que o
homem atingissem o estágio de vida assentada, civilizada. Um ser racional, mas
também espiritual, desse modo, criador de meios para se ligar ao alto, assim como
de técnicas para progredir na terra. O tanto que custa tempo e esforço se chegar
a algum lugar, que faça sentido estar ali. E veja bem, mesmo a pé, mas com fé, nossos
antepassados foram longe em suas ambições terrenas e espirituais. Inventores e
progressistas, supriram suas primeiras necessidades de locomoção a partir da invenção
da roda e do carro de boi, utilizados, por séculos e séculos na locomoção
humana. Até que se chegasse ao mundo apressado em que se vive hoje, com trens
elétricos, carros movidos à gasolina, aviões e até mesmo os foguetes espaciais.
A terra rasgada pelas estradas de ferro, e logo a seguir pelas estradas de
rodagem. As invenções não pararam, para a
locomoção e muito mais. Na atualidade do mundo tecnológico os avanços tornaram-se
de tal monta que assustam. Chegamos aonde chegamos, inclusive à lua. Ufa!
A
grande invenção da eletricidade, de
início para livrar o homem da escuridão das noites, mas que deu largada a uma
corrida desenfreada de criatividade e progresso sobre a terra. Até lá em cima, nas
“nuvens”, para onde dizem que vão os dados colocados nos computadores. Inventamos
um novo céu! Também uma nova terra, que é pródiga em insumos, capaz de fazer movimentar
a indústria na produção de coisas do arco-da-velha, como diriam nossos avós. Acham
os conservadores que, se é de bom alvitre
acreditar no céu, melhor ainda é manter os pés firmes na terra. E do homem das
cavernas ao ser civilizado – ainda bárbaro, como ele se apresenta em certos
casos – será que chegamos aonde deveríamos chegar? A tecnologia que nos levaria
ao melhor dos mundos, não fossem as imposições à reboque das invenções, que
inovam os costumes, trazem novidades para o centro das atenções.
A boa
nova da mídia televisiva, que se tornou um meio compulsivo de informação, assim
como seus expectadores, que pensam viver, ora no melhor, ou no pior dos mundos.
Com a internet e as redes sociais as pessoas certas de que fazem amigos e
influenciam pessoas à distância. Mas é justamente o local em que a boa
consciência se perde, diante dos ruídos das mensagens, de todos os níveis,
inclusive de inveja, cobiça, até mesmo ódio. Fomos longe, sim, e podemos estar
em qualquer lugar em algumas horas de viagem. E mesmo no conforto da casa,
acessar o mundo todo, que maravilha! Mas, na verdade, vivemos um tempo de exclusão.
Os “eus” que querem se sobrepor uns aos outros. E o tanto que queremos ser felizes,
mas o que temos é seu avesso, uma vez que falta o principal - a paz. Diante
disso fica difícil viver, sonhar, amar com dignidade. No calor das refregas, evaporam-se
os valores morais, universais, sabendo-se o quanto eles são necessários,
principalmente no mundo atual.
Nos
últimos anos a situação do nosso Brasil nos faz lembrar dois personagens
bíblico: José, no Egito, que interpreta o sonho do faraó de sete anos de
abundância depois dos sete anos de fome, enquanto o profeta Jeremias,
em Judá, confirma em suas lamentações a inutilidade e efemeridade do poder
mundano. Perdidas as ilusões, principalmente no que se refere à política, de
onde viria a salvação, mas, em vez do prometido paraíso sobre a terra, os
políticos oferecem o inferno. Importante aferir com convicção o que é bom e tem
qualidade, pois, se evoluímos em certas coisas, regredimos em outras que só nos
desfavorecem os anseios maiores. Nós brasileiros, assim como o mundo todo, temos
hoje muito a lamentar. Mas como se faz uma nação próspera e feliz? Nossa
cultura nacional é como um arca, concebida para acomodar a pluralidade, forças
que se agregaram para superar adversidades, e constitui nossa história. E não nos
afoguemos em dores, da miséria, do preconceito, mas por nosso passado construamos
um futuro melhor.
E neste
fim de ano de 2015 só me resta invocar as forças do bem, que se movimentem, em
sua totalidade e intensidade, para fazer a humanidade avançar na paz. O tanto
que a paz faz falta nos dias de hoje. O mundo a se debater num mar de
insensatez, onde o terrorismo impera. Mas que desse dilúvio se resgatem o
discernimento e a prudência, necessários à condução da vida.
Que Deus, o Bem supremo, nos ilumine,
nos salve!
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