terça-feira, 30 de junho de 2020
segunda-feira, 29 de junho de 2020
Caixinha de Segredos Musicais - Boizinho Barrica 2019
VIVA SÃO PEDRO, VIVA SÃO PAULO,
VIVA SÃO JOÃO E VIVA SANTO ANTÔNIO!
domingo, 28 de junho de 2020
PESQUISA
ECUMENISMO — 1
Jesus passava deste mundo para o Pai, quando
falou àqueles que iam ficar responsáveis por seu legado espiritual: “Sereis
reconhecidos por todos como meus discípulos pelo amor que tiverdes uns com os
outros”( Jo.13,35). E dirigiu-se ao Pai: ”É por eles que peço, por todos
aqueles que pela palavra hão de crer em mim...Que sejam um, como tu, Pai, és em
mim e eu em ti! Que eles também sejam um em nós!”( Jo17,20.24). Uma exigência
de unidade, que os cristãos tinham por obrigação cumprir. No Santo Sepulcro dão
um triste espetáculo de falta de união, há rivalidades entre latinos, gregos,
ortodoxos, armênios jacobinos da Síria e coptas, que disputam pequenos metros
quadrados dos Lugares Santos.
Ecumênico, universal, que aceita todas as religiões (comuns as atuais reuniões ecumênicas promovidas pelos papas). A origem comum das religiões faz com
que ao longo dos tempos se busque a união das manifestações comuns de
religiosidade. Os vários caminhos da espiritualidade, e sendo assim que, pelo
menos, se respeitem e deixem de brigar entre si. Os cristãos, em especial, por
compartilharem a mesma fé no Deus único, o Pai, e Jesus Cristo, o Filho. O
mundo ocidental, que se proclama cristão, mas o que se sabe é de uma fé em
lutas fraticidas. Já em meados do século passado, depois de dois milênios de
evangelização, em cada três homens haver apenas um cristão. Desolador esse
rebanho de cristãos divididos em igrejas,
em denominações, em seitas, que se ignorem e até se odeiem, o que é muito
grave.
O nome de ecumenismo é dado ao movimento que prega a unificação das crenças cristãs. Os cismas e dissidências
constantes, quando se sabe qual é a verdade do cristianismo, em que bases a fé
cristã se sustenta. Diz Paulo aos seus discípulos em Corinto: “Vós fazeis
Cristo em pedaços.” (Cor 1,13 ). Uns se dizem de Paulo, outros de Pedro,
enquanto há os que pretendem ser os únicos a falar em nome de Jesus. Conquanto
permaneça a nostalgia da unidade. Já nos primeiros séculos a Igreja foi
dilacerada por tendência diversas, sem
nunca faltar quem alertasse os espíritos sobre o absurdo das divergências,
consideradas heresias, que aqui e ali
espocavam. Foram realizados Concílios, para serem discutidas as dúvidas, e
serem sanadas as divergências.
Em Tertulião, por volta do ano de
210, no seu tratado contra Marcião, surgiu a célebre imagem da túnica sem costura, utilizada desde
então pela Igreja. Uma tessitura única da túnica vestida por Jesus em sua
passagem no mundo, que depois da morte na Cruz, foi herdada pelos verdugos, que
não quiseram dividi-la. Também o lençol que envolveu o corpo morto do Mestre da
Galileia, veste sobrenatural, encontrado no túmulo vazio, deixada pelo
ressuscitado como lembrança, aos seus seguidores. Madalena quem esteve primeiro
no local para logo em seguida ir ao encontro dos apóstolos dar-lhes a notícia.
A pergunta que se faz. A túnica rasgada de Jesus várias vezes rasgada? Em 1054
houve o Cisma entre Bizâncio e Roma, dando origem a duas Igrejas, e
consequentemente Concílios para que as partes se sentassem lado a lado e
discutissem sus diferenças, e mantivessem a unidade. No século XVI ocorre a
ruptura causada pela Reforma de Lutero, causa de “grande aflição”, nas palavras
de...
Aceita
a separação entre a Igrejas Ortodoxa e a Igreja Romana. Mas a ideia de
reconciliação, ou de ecumenismo, sempre esteve
em pauta. A Túnica inconsútil teve e tem grandes defensores da sua integridade.
Em 1583, a propósito da reforma da calendário, seu promotor, o papa Gregório
XIII, manteve correspondência com o patriarca Jeremias II. Em 1630 O patriarca Cirilo de Beréia tentou
reatar as relações com Roma, mas em três
anos era deposto por um concílio do Oriente. O papa João XXIII utilizou
oficialmente a imagem da Túnica. Os Concílios Vaticano I de Pio IX e Vaticano
II de João XXIII trataram do ecumenismo.
Outra hora penosa para a fé cristã foi
a Reforma de Lutero. Desde os primórdios, sempre houve quem visse possibilidade de
reconciliação entre católicos e protestantes.
Erasmo injustamente julgado pelos católicos, e acabou punido com a
morte. São Vicente de Lérins (sec. V) é quem nos fala: “ A fé é aquilo que foi
criado, sempre, em toda parte e por todos.” Os reformadores sendo convidados
para participarem do Concílio de Trento,
quando esperou-se a presença dos luteranos, pelo menos. O caminho para o
ecumenismo que se intensificou no século XIX. O universo alargou-se. Tendeu-se
para o cosmopolitismo. Pio IX certo dia recebeu a visita do pe. Inácio Spencer para suplicar-lhe que tirasse a
palavra herege para designar os
anglicanos, e com essa intervenção foi adotado o termo acatholici (não-católico).
Schleiermacher,
um dos mestre do pensamento protestante, declarou formalmente ter como “noção
da verdadeira Igreja a união pacífica e cosmopolita de todas as comunhões
existentes, sendo cada uma delas tão perfeita quanto possível no seu gênero”. O
humanismo ateu, sob todas as suas atuais formas, é que seria a maior ameaça
contra fé cristã em todas as suas manifestações. A unidade como um movimento que se esboça,
pela simples desejo de obediência aos princípios cristãos de compreender o
irmão, o próximo. O certo é que entre católicos, ortodoxos, protestantes e
anglicanos acha-se presente o desejo de união. A importância do movimento
missionário tanto para católicos e protestantes. Em Kierkegard tem essa frase
lapidar: ”O catolicismo e o
protestantismo estão ligados um ao outro como duas partes de um edifício que
não se pode manter em pé e ser bem sólido sem que as duas partes se apoiem uma
à outra”. E se possa dizer que são como duas almas gêmeas.
quarta-feira, 24 de junho de 2020
MADRINHA GALANTE
Era com admiração que Maria
olhava para as figuras respeitáveis da suas professoras, entre
elas sua madrinha de batismo, Galante, como o tio chamava a prima Eglantine. Professora e anjo da
guarda de Maria nos seus primeiros anos de estudo, aconselhou a comadre Diva a colocar sua afilhada no conceituado colégio Santa
Teresa, com excelente nível educacional. Ainda com vantagem financeira de Maria aproveitar
os livros da prima um ano à sua frente nos estudos, costume na época.
Em
determinados momentos o que mais importa é fazer a coisa certa. Tem pessoas com
o dom de saber o que deliberar, o conselho a dar, quando sua interferência se
faz necessária. Tempos atrás era normal que assim ocorresse, as pessoas com as
“antenas” ligadas para detectar quando agir em benefício do próximo. Dom que se
perdeu ao longo do tempo, o que parece. As pessoas hoje ligadas em outras
ondas, tão mais contundentes quanto inúteis, servem simplesmente para distrair,
quando não afastam as pessoas do bom caminho, o caso da TV.
A família tomava café quando a madrinha Galante chegou com as papeis para a matrícula de Maria, que a partir dai ia ser aluna das freiras, receber o melhor ensino escolar, até mesmo educação para a vida toda. Falou a madrinha Galante para Maria: “Uma grande oportunidade em tua vida, faças tudo por merecê-la.” E diante da perplexidade de Maria, acrescentou com autoridade: “Mais emoção, menina!”
Maria
baixou a cabeça, sem tempo de sentir algo que
não fosse expectativa, medo. Afinal nessa idade, qualquer gesto de rejeição, e pronto, os
olhos enchiam-se de lágrimas, no caso, deviam ser lágrimas de felicidade, ter uma
madrinha tão boa que se preocupava com ela. A educação que era levada a sério, as pessoas não fugiam das suas responsabilidades. Imagina um ministro da Educação fugir para Miami! Fazer igual ao oponente, aquele político de esquerda. A educação numa fase ruim, como se vê na atualidade brasileira. Quando é do conhecimento de todos que só um povo educado, gente honesta e verdadeira
pode fazer o país avançar.
Maria lembra quando mais tarde a madrinha Galante veio à sua
casa naquela tarde, o olhar sempre o mesmo, de carinho e
atenção às pessoas. Acomodou-se na "cadeira de avião", que fazia par com a outra a seu lado, onde a afilhada estava sentada. Pelo rádio sabia-se do fim da Segunda Guerra, e o irmão de Maria falou sobre o ditador morto: “Aquele lá era uma besta quadrada”. Cheio de esperança, o garoto não podia então
imaginar que mundo continuaria o mesmo, com ditaduras e mais ditaduras
sanguinárias. O mundo se libertara de um poder maligno, festejava Galante com os parentes.
Passam
os anos, Maria via pouco sua madrinha, e sentia por nunca lhe ter dito
da sua gratidão, nem haver presenteado essa pessoa tão especial, o que não pode mais fazer. Certo que o melhor presente de uma afilhada para sua madrinha, ou de um aluno a sua professora, é que seja um pessoa humana verdadeira.
terça-feira, 23 de junho de 2020
O PRIMEIRO NEGÓCIO NINGUÉM ESQUECE
Ter sucesso nos negócios, como em tudo na vida, depende de vários fatores a serem avaliados, o produto seja vendável, atingir o alvo, ou seja, o freguês, o que ensina um bom manual de economia. Maria lembrou dos primos, quando se arriscaram pela primeira vez como empreendedores. Há risco, sim, mas tudo aconteceu por acaso, quando os três passavam por uma rua próxima de casa, e avistaram de longe alguns garotos na rua lutando em vão para empinar algo, e não era uma pipa, zangados por não obterem sucesso. Ao chegarem perto viram uma tosca “curica”, feita com um quadrado de jornal, armado com duas talas em cruz.
A cidade antiga, as ruas muito estreitas, e aqueles lá tentavam o impossível. Mesmo que houvesse vento bom para a empreitada. De lamentar o que viam diante dos olhos, o mais novo dos primos de imediato tendo uma ideia, justo ser ele, que jurava para si mesmo um dia ficar rico, ia ser inventor. Não era o caso agora de inventar nada, já existia o pipa, até a “jamanta”, que via homens já velhos dedicados à diversão no campo do Ourique. Coisa de moleques, dizia-lhes mãe e tia. Miguel vendo à sua frente uma boa oportunidade para dar início ao acalentado sonho de ganharem dinheiro. Falou aos demais que podiam fazer pipas para vender, aqueles seriam seus primeiros fregueses.
Aceita a empreitada, ao chegarem em casa deram tratos à bola, como havia de comprar o necessário para dar andamento ao projeto. Lembraram da venda na esquina da rua, tinha tudo o que precisavam: papel de seda colorido, varetas, goma, linha e algodão. Será que dona Maroca ia vender fiado para eles? Iam arriscar. Foram recebidos com um sorriso no rosto, eram filhos de sua amiga Doralice, iam fazer pipas para brincarem nas férias que iniciava naquele mesmo dia. De imediato a vendedora colocou tudo a disposição dos garotos, que saíram dali satisfeitos. “A mãe tinha razão “ pensou Miguel, “mais vale amigo na praça que dinheiro na caixa”.
Não foi tão fácil a confecção das pipas. A certa altura entrou em ação a irmã mais velha de Miguel, artesã famosa, que lhes deu dicas preciosas. O segredo era medirem bem para dar equilíbrio aos dois lados do papagaio e não ficasse penso, pois jamais subiria. Tudo pronto, lá se foram eles ao encontro dos fregueses, que já haviam desistido de empinar suas curicas. Ao verem os objetos ambicionados nas mãos dos vizinhos, não hesitaram em comprar uma delas. Escolheram a maior e mais bonita, opinião unânime.Jà tinha linha boa e suficiente para que o papagaio subisse às alturas.
Os
primos felizes pelo sucesso daquele primeiro negócio, sócios
em empreendimento futuros, não iam parar ali. A caramboleira do quintal estava
cheia de frutos... Ainda contavam as moedas recebidas, quando escutaram os
gritos vindo do corredor da meia-morada. As pipas não subiram, os compradores
descontentes reclamavam em alto e bom som, estavam ali para devolver o produto e receber o dinheiro de volta. Os
vendedores escondidos atrás dos móveis, enquanto os novos moradores do bairro, renomados brigões, a ameaçá-los: “E se nós quebrarmos tudo aqui?” Diziam sem o
menor respeito para com o pequeno santuário, erguido logo na entrada. Invasores bárbaros,
que não se davam conta das ameaças que faziam.
Diante das ameaças os vendedores acabaram por apresentaram-se para resolver tudo, o dinheiro devolvido, tostão por tostão, sem que dona Diva tivesse seus santos profanados. Mas nada havia de errado com o produto, os dois lá é que não sabiam empina pipas, o que requer perícia, como tudo na vida. Maria lastimou o acontecido: “Hereges, o que certamente eles são”. A irmã de Miguel prontificou-se a vender os pipas na feirinha da praça da Alegria, da qual participava todos os domingos com seu artesanato. Não restou nenhuma pipa. E a que estivera nas mãos dos piores fregueses do mundo, ficou como troféu na mesa de cabeceira de Miguel, colocado ali pela mãe, inclusive, para alertá-lo de possíveis e evitáveis encrencas futuras.
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