FELIZ DIA DOS NAMORADOS
CONTO
“O
QUE ME DIZ DE FUGIRMOS?”
— O
que me diz de fugirmos?
Ao
passarem pelo corredor em direção à saída alguém perguntou:
— Para
onde estão indo?
Emergiram
do porão daquele prédio abandonado no centro da cidade, onde ela não tinha
familiaridade, e o quanto era assustador o ambiente sombrio das salas vazias, e
do salão subterrâneo.
Ela
falou:
— Podia
ser bem menos assustador tudo aquilo. Melhor não participar dessas coisas, mas
o quanto é difícil ficar de fora em certas ocasiões, afinal temos que contestar
as arbitrariedades dos poderosos.
Eva
não estava com raiva, mas sentia pena. Coitado do Heitor, necessitado de mais
excitação, e lá foram eles para aquele encontro clandestino. Ele orgulhoso de ser
um rapaz preocupado com os desacertos do mundo. Depois desse dia não mais se viram. Apesar de tudo que Heitor passou e a própria Eva também teria passado, eles esperariam um pelo outro, não importava o tempo que demorasse?
Anos depois reencontram-se, ela estava
de passeio na cidade natal, alguns encontros casuais, quando então ele comunica
que tem uma surpresa, e a conduz até o centro histórico. O chegar á praça
principal para em frente ao encantador prédio verdinho, cor da esperança, local do famoso
clube recreativo, o Lítero. Ele lembra ter ficado a
observá-la enquanto ela era requisitada pelos rapazes presentes à festa dos seus quinze anos. Chegaram a ficar amigos, quase namorados, parceiros em algumas aventuras de uma juventude audaz. Daí ela partiu com a família.
Entram.
Um pequeno lance de escada e estão no salão, penas uma mesa no centro, com uma
garrafa de champanhe e duas taças. Três músicos,
postados no canto esquerdo do salão vazio,
começam a tocar. O casal brinda o momento, e começam a dançar a mesma valsa,
que ele sonhou ter dançado com ela naquele dia festivo. Tudo
para que soubesse o quanto fizera falta em sua vida, o tempo que ela passou fora. Eva fica assustada,
está noiva de um colega do trabalho, mas nunca o esquecera. Ia voltar para o Rio e ver o que acontecia,
que decisão tomar.
“Exatamente
como eu imaginei...” Pensa Heitor.
— O
que você disse?
—Nada.
Ele
nega, saindo de seu devaneio. A seguir confirma:
— Foi
em 1964, Eva. Lembra?
CLUBE LÍTERO - S. LUÍS - MA |
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