quinta-feira, 31 de março de 2022
terça-feira, 29 de março de 2022
DO TRABALHO
A modernidade adota o trabalho como arma contra a pobreza, pondo fim ao
desprezo pelos ofícios, consoante a ética protestante. As mulheres por longo tempo desvalorizadas em seu trabalho doméstico, como donas de casa e dedicadas à atividades
consideradas inferiores. Na realidade, em seu trabalho no lar transmitiam
dignidade pessoal, em especial, por sua especial dedicação à família. O valor
moral do trabalho dessas pessoas de todo abnegadas, que ainda angariavam
recursos em trabalhos realizados em casa, como doceiras, costureiras, e etc.
O ethos do trabalho que valoriza a pessoa, e as
mulheres saíram em massa para trabalhar fora, consoante determina a sociedade
moderna. Sair de casa torna-se questão de honra para as mulheres, que hoje
competem com os homens no mercado valorizado do trabalho, dito masculino. Certo
que o bom trabalho é aquele que promove, que faz a pessoa se sentir valorizada,
pelo trabalho bem feito, pela boa remuneração.
segunda-feira, 28 de março de 2022
domingo, 27 de março de 2022
A FAXINA
S. Luís - Ma. |
Arrumar a casa é a melhor forma de adaptar o
físico para o dia que começa, estar preparado. Segundo o monge Keisuke
Matsumoto a tarefa da faxina beneficia não apenas o físico, mas o espírito, algumas
dicas do seu livro Manual de Limpeza:
1-Não
deixe a casa desarrumada antes de ir para a cama, guardar as coisas em seus
lugares é um bom exercício para antes de dormir. Tudo feito sem estresse.
2 -
Começar a faxina cedo, nas primeiras horas da manhã.
3-Ter
as janelas abertas para o ar entrar com vontade enquanto trabalha na limpeza e
arrumação da casa. O ar precisa circular.
4-
A mulher deve solicitar ajuda, a depender de cada pessoa.
4- Tirar
o pó e passar o pano úmido em tudo.
E
mais:
5-
Não acumular objetos
6 -
Desfazer-se de imediato das coisas quebradas ou que perderam a utilidade.
7-
Mudar os travesseiros a cada ano, no mínimo.
8- Trocar
a roupa de cama toda semana
9 -
Mudar as toalhas de banho de três em três dias.
10-
Evitar o mofo, manter os cômodos ventilados e secos. A umidade é prejudicial,
ainda mais para a pessoa alérgica.
domingo, 20 de março de 2022
sábado, 19 de março de 2022
COMER E VIVER
Chuva em S. Luís - Ma. |
Minha
avó Carmem costumava dizer aos glutões de plantão que o certo era “comer para
viver” e não “viver para comer”. Matriarca da tradição além-mar, seu pai vindo do Porto para
o Brasil como investidor, casou e estabeleceu-se em S. Luís. Morreu ainda moço. A capital
maranhense fundada pelos franceses, cuja influência cultural foi preponderante em
boa parte do mundo civilizado, indo do século IX até meados do século XX. A culinária
maranhense é produto de três etnias: a branca, dos conquistadores portugueses, a
indígena, dos primeiros habitantes do continente americano, e a dos negras
vindos da África.
Tradição
lusitana é comer por necessidade vital, não por prazer, a boa mesa restrita a
poucos. Em geral come-se bem em S. Luís, inclusive, porque a população tem o mar
a oferecer variedades de peixe e o camarão. Prato a ressaltar é o filé de pescada
acompanhado do vatapá de camarão. Lendas enriquecem a culinária maranhense, e
tem o prato de língua, inspirada na lenda
do Boi. A morte de um Boi muito especial, que lhe tiraram a língua para
satisfazer o desejo da dona da fazenda, mas que retorna à vida. As
representações do Bumba-Meu-Boi, como festejo popular no Maranhão, propiciou a um
chef maranhense criar o prato de língua
de boi à milanesa acompanhada com o tradicionalíssimo arroz de cuchá, que ganhou prêmio nacional.
Anda-se pelo mundo para conhecer o que há lá fora de bom e belo, e se possível comer bem. Depende das finanças, o dinheiro estrangeiro mais valorizado que o real brasileiro, a libra sempre nas alturas. Restaurantes caros nem pensar, os turistas s ccontarem com as famosas comidas de rua. E tem os deliciosas creps em Paris e o fish and chips em Londres. Cada país com sua especial culinária. Falam os entendidos que os ingleses não tratam a comida como prioridade, como nos demais nações. Franceses, espanhóis, italianos, com sua paixão por comida.
Estou feliz com o sucesso da paella que fiz para meu aniversário, agora em março, apreciadíssima. Pensava naquela comida deliciosa que eu havia comido em Sevilha, quando fui fazer minha paella, deu certo. A facilidade de obter os mariscos congelados da Swift que vêm com um envelope de temperos para o referido prato. Cozinhei o arroz agulha à parte, fiz o ensopado dos mariscos, depois juntei um ao outro, fácil, e ficou como eu queria, sem ficar empapado e com aquele caldinho.
domingo, 13 de março de 2022
quarta-feira, 9 de março de 2022
domingo, 6 de março de 2022
HOMENAGEM
DIA INTERNACIONAL DA MULHER
8 DE MARÇO
DIALOGO BARROCO
Domingo à tarde, como de costume as irmãs têm
um encontro, estão na praça perto de suas casas, já não usam máscara, final de pandemia
do covid19. A preocupação mundial agora é com a guerra na Ucrânia invadida pela
Rússia. A bendita paz que parece não existir para o ser humano. Mariza tem uma
filha com dezoito anos que acaba de sair de casa para estudar fora. A temporã de Inez está com
ela, a saltitar de um brinquedo para outro. Maria chegou quando não mais havia
esperança da mãe engravidar.
Inez pergunta para a
irmã que tomava algumas notas no caderno que tem sempre consigo:
— Ontem sonhei com Berta, te lembras dela?
— Como não lembrar, amiga da avó Josefina, era
professora aposentada, teve um noivo que sumiu dois dias antes do casamento. A
vida toda ela a desculpar o cara: ”Coitado
do Alfredinho!”
— E da Apolônia, lembras?
— Sim,
suas feições já sem rastro algum da beleza que tivera quando jovem. Outra saudosa
do noivo, piloto de avião, que se espatifou sob seu comando. Ele quis exibir-se no ar, coisa dos princípios da
aviação. Pulu sentia remorso, como se tivesse matado o desafortunado homem, a
consciência da morte, reverso da medalha, tão complexa e imprevisível é a vida.
Mulheres que guardaram de seus amores o
melhor de si.
Mariza
fecha o caderno de apontamentos para melhor conversar com sua irmã, afinal estão ali para isso A outra
continua:
— Quantas pessoas por aí vítimas da
fatalidade e dos equívocos. O amor, o prazer, como um enigma para não ser de
todo desvelado por essas mulheres intocáveis, amoráveis, inabaláveis, que foram
educadas na rigidez da religião do amor eterno. Pior são as vítimas do machismo,
que se perpetua no mundo. Os homens no passado “mexiam” com as moças e ficava
por isso mesmo. Hoje elas têm a lei que as protege da violência, os homens
punidos com a força da lei. Inveterados ainda
existem, que o mundo não deixou de ser machista.
E como boa católica
dá exemplo de uma santa:
— As mulheres hoje também estão no comando,
mas não é de agora, Inez. Santa Genoveva,
de grande coragem, conseguiu com heroísmo afastar a horda dos ferozes e
supersticiosos hunos, enfrentando inclusive o pânico dos homens. Firme em sua
disposição conclamou suas companheiras para a resistência à invasão da cidade
de Paris, da qual ela se tornou padroeira. Na entrada do batistério de São
João-de-Rond o seguinte pensamento dela: “Podem os homens fugir; nós mulheres
pediremos a Deus, e ele acabará ouvindo as nossas súplicas.”
Maria aproxima-se para a mãe ajeitar-lhe o
cabelo. E enquanto Inez refaz a trança da filha Mariza, continua o assunto
focado no machismo:
— Mesmo depois das
lutas feministas, os homens continuam a fazer
suas maldades, e há os pedófilos com sua doentia concupiscência. O poeta
Virgílio, na decadente Roma, fazia
versos sobre as meninas que desabrochavam — poeta que gostava mesmo era dos
rapazes. Petrarca platonicamente
apaixonado pela quase criança Laura. Estaria
hoje sujeito à Leis da Infância e Juventude,
implantada na terceira década do século XX na Inglaterra, e só mais
tarde adotadas no nosso país do carnaval e da permissividade. Lewis Carroll foi um célebre ninfomaníaco
e acabou nos tribunais, por conta da denúncia de uma mãe que descobriu cartas libidinosas
endereçadas a sua filha, vindas do escritor, que teria se inspirado na menina
para escrever o célebre livro Alice No País das Maravilhas.
Mariza fala como escritora.
Inez dá suas pinceladas, estuda a arte
barroca, e como a maioria dos racionais está preocupada com o mundo, que avança
a passos largos. Como pintora aproveita para falar de uma arte representativa
do século onde se formou a mentalidade atual:
— Às portas da
modernidade Vermeer, de consciência
calvinista e jesuítica, pintou suas figuras como se estivessem representando no
palco, e os espectadores percebessem os atos humanos e sua moral. Como artista
barroco com o dever moral de instruir
através da sua obra. Época em que surge o interesse financeiro, como se conhece
hoje, mas há uma moral a ser considerada. O pintor de Delft não despreza o interesse
financeiro, e conscientemente faz propaganda de objetos para o consumo, do vestuário ao
consumo intelectual dos livros. Suas figuras femininas são trabalhadoras e
consumistas, focadas na produção e no
consumo, sendo ao mesmo tempo alertadas para que sigam a temperança.
— Como no passado,
persiste essa preocupação, Inez. E nunca se sabe onde o mundo vai parar. Temos
filhas que vão ter de enfrentar o assédio, inclusive, no trabalho, não é mesmo?
Neste momento muitas esposas estão perdendo seus maridos em mais uma guerra. E
tem as moças violentadas pelos soldados inimigos. Mulheres e crianças fugindo
dos seus lares na Ucrânia por conta de uma guerra insana provocada pelo ditador
russo. Não vale mais a diplomacia. Trovoadas anunciam tempestade.
A pintora dá seu
último aparte:
— Os interesses que
permeiam os atos humanos devem ser bem
avaliados. Intriga-me que ainda haja entre os poderosos interesses de conquista
territoriais. Tantas conquistas realizadas para o bem da humanidade, que ficam
apagadas com o avanço da insensatez. O quanto somos contraditórios. Penso quando
tudo possa estar no seu devido lugar. O que fazer no momento senão pintar a
guerra, que vejo à cores pela TV, no momento em que os fatos acontecem.
Maria atende o sinal
da mãe e aproxima-se, hora de voltarem para casa.
sexta-feira, 4 de março de 2022
quarta-feira, 2 de março de 2022
COMENTÁRIO DE LIVRO
ORGULHO
E PRECONCEITO
Murilo
Moreira Veras
Em nosso encontro de
28.02.22 no Clube do Livro foi escolhido para a apreciação Orgulho e Preconceito,
de Jane Austen (1777-1817). É o primeiro romance da autora, publicado em 1813,
em Londres, com o título Pride and Prejudice.
Confesso que tinha o livro na estante de
casa, mas não o havia lido, sempre tive a inglesa como autora para moças, e só um
pouco mais que isso. Comecei a ler Austen com má vontade, mas o texto belamente
escrito acabou por surpreender-me, o conteúdo indo muito além de uma simples
novela de costumes, como também pensava que fosse. Agudeza e escrutínio
psicológico a desvelar a sociedade inglesa, anterior à Revolução Industrial. As
elites familiares na retranca, e pouco dispostas a ceder espaço à nova era que
se aproxima.
Narrativa é sobre a
família Bennet, formada pelo marido Mr.Bennet, sua esposa, Mrs. Bennet, e as cinco
filhas do casal: Jane, a mais velha, Elizabeth, a segunda, Katherine
ou Kitty, a terceira, e as duas mais novas Mary e Lydia. Cada
uma das moças tem um caráter próprio, responsável pelo desenvolvimento da linha
da ação do romance. A doce Jane é muito bonita, está na idade de casar. Elizabeth
é menos bonita e tem um temperamento forte. E, ao contrário das irmãs mais velhas, as duas mais novas comporta-se
mal socialmente, as futuras periguetes, assim como Elizabeth camba para o
feminismo, não esse feminismo desvirtuado de agora. Intriga a atualidade da
narrativa.
Os bens de Mr.
Bennet constituíam-se da casa própria e da
pequena propriedade de onde tira sua renda. Mrs. Bennet quer ver as filhas casadas,
se possível alcem a um nível social digno delas, e para tanto participam das
festas da elite, e sejam apresentadas a bons pretendentes, normal para uma mãe em qualquer época. Essa,
em especial, está demais ansiosa, afinal, são cinco filhas para encaminhar. Enquanto
isso o pai não se preocupa tanto, sequer
concedeu às filhas os devidos dotes, mas
flexível aos anseios da mulher.
Eis que chega à
cidade Mr. Bingley, herdeiro de grande fortuna, acompanhado do seu amigo, Mr.
Darcy, também muito rico. Conforme o costume
da época é promovido um grande baile para comemorar a chegada dos dois
afortunados repazes. Mrs. Bennet sente que havia chegado a oportunidade para
suas encantadoras filhos, o que realmente acontece. Mr. Bingley vê-se seduzido
pela bela e doce de Jane. Já Elizabeth é alvo de atenção de Mr. Darcy. Contratempos
ocorrem, as famílias dos rapazes não aceitam de bom grado as eleitas,
mas acabam por ceder, diante dos encantos das jovens. O snob Mr. Darcy a
princípio se desentende com a perspicaz Elizabeth, até acertarem os ponteiros.
A certa altura da
trama, Lydia, com apenas dezesseis anos, foge com Mr. Wickham, de passagem com
seu regimento, rapaz de má fama, consternando toda a família, o que causa
constrangimento à família, que resolve a situação da melhor maneira, casando a
moça. Jane Austen não se casou e morre aos 44 anos, o que singulariza sua
escritura, realizada ainda bem jovem, a competência com que soube armar seus
romances. Os homens, herdeiros das fortunas das famílias, o que fazem? Caçam,
bebem, vivem o bom e o melhor, enquanto as mulheres correrem atrás deles. Cheios
de si eles às vezes se equivocam, a exemplo de Mr. Collins, um jovem clérigo,
ridículo em sua disposição para casar, que escolhe Elizabeth, mas é rejeitado, cai
na real, e acaba por encantar-se da amigável Mr. Wickham, os dois feitos um
para o outro.
No cap. LVI há o
diálogo vulcânico entre Lady Catherine de Bourgh, tia de Mr. Darcy, com
Elizabeth. Enquanto a ricaça é pura arrogância, Elizabeth demonstra equilíbrio e brilho pessoal. Falas, diálogos, observações, típicas de uma autora
educada na religião puritana, sendo ela filha de clérigo com o qual teria
recebido lições de vida e com uma boa biblioteca particular, nem colégio, nem
faculdade. Alguns anos depois, em 1832, surgiria Louisa May Alcott ,
autora de Mulherzinhas , também mundialmente famosa. A americana Alcott e
a inglesa Austen em contextos sociais bem diferentes.
Bsb, 12.02.22