sábado, 7 de maio de 2022

   

FELIZ DIAS DAS MÃES

                      MARIA - MÃE DE TODAS AS MÃES



 Na Anatólia, atual Turquia, ao longo do  II milênio a. C. foi criado um grande reino, encontro da civilização mesopotâmica e a cultura indo-europeia, na convivência de várias divindades, fruto da síntese, ou assimilação cultural. Modelo que ia retornar, à época do Império Romano, que incluía a região asiática da Anatólia. Na região mesopotâmica foram encontrados  em diversos sítios neolíticos estatuetas que reproduzem uma imagem feminina, a reprodutora, no sentido de fertilidade da terra, e não uma leitura histórico-religiosa. No panteão mesopotâmico, tem a deusa Inana (em acádio Ishtar), da fertilidade da terra, e faz  par com o pastor Dumuzi (Tamuz em hebraico e aramaico). Na epopeia do rei de Uruk está presente o processo de separação do homem da natureza, mito da fundação da inevitabilidade da morte, ao mesmo tempo do limite e da medida da realeza humana.

Roma republicana (509 – 27 a. C.) orientou-se mais no sentido de realidade histórica, e não através dos mitos, segundo Paolo Scarpi.  O Cristianismo considerado em Roma como culto “estrangeiro”, ocorrendo perseguições as mais cruéis contra seus adeptos que foram, inclusive, acusados  de terem colocado fogo em Roma, na realidade crime de Nero, um louco, que odiava a própria mãe. Roma imperial, em expansão, não era mais a Roma republicana, tinha que legitimar seu poder diante dos súditos. A ideia era propalar a eternidade do Império e da própria Roma. O processo de divinização dos soberanos seria uma resposta à crise de valores e de incertezas pela qual passava a sociedade à época. Produziu  dinastias envolvida com o esoterismo dos cultos dos mistérios orientais, o ocultismo, a magia, que, de certa modo, prometia salvação para o presente.

O imperador Constantino (272-337 d. C) tem um sonho com a vitória, que devia acontecer sob a bandeira do Cristianismo. Ganha essa derradeira guerra contra os inimigos do Império Romano dando início a uma nova civilização, a cristã. Dentro do cristianismo o antigo culto  à Mãe, vinda do neolítico, renova-se.  Os Padres da Igreja veem em Maria uma nova Eva, assim como Cristo é o novo Adão. Em vez do fruto proibido, o fruto abençoado, gerado por obra e graça do Espírito Santo. Maria, uma descendente da casa de David, que nos Evangelhos aceita a missão para que fosse  a mãe do Redentor: “Faça-se em mim segundo a Tua vontade.” E tem ainda a  feliz saudação de Isabel à sua prima grávida: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre.” Palavras que formam a “Ave Maria”, saudação que os católicos, que adotaram o culto a Maria, repetem em todo o mundo ocidental, civilizado e cristão.

Com a ressurreição em Cristo, filho de Maria, se finda o ciclo de  nascimento e morte, de reencarnações. O culto à Maria é especial ritualística que santifica a vida, a família, e vai além dos cultos anteriores às deusas mães, ultrapassa as culturas primitivas. Uma fé que representa a modalidade universal de ver o sagrado na vida humana, seu destino ligado a novos valores, dando possibilidade a uma experiência religiosa mais rica, simultaneamente mais “pura“ e mais completa. A fé na maternidade divina triunfou após a  proclamação dessa verdade no concílio de Éfeso (431). Todas as prerrogativas que a fé cristã reconhece em Maria, filha de Ana (a deusa Inana do panteão mesopotâmico, da antiga Anatólia?). Celebrada no Oriente já século VII e só no século IX no Ocidente. Finalmente o papa Pio IX proclamou dogma de fé a devoção à Imaculada Conceição.   

Maio é dedicado à Maria. O segundo domingo do mês designado pela sociedade cristã como dia para uma especial homenagem dos filhos para suas mães. Hoje é esse dia de darmos parabéns àquela a quem muito devemos em amor,  dedicação, e mesmo sacrifícios. 

 

 


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