PERFEITO!
SONHO ARQUÉTIPO
S. LUÍS - MA |
O sonho
da noite anterior permanecia vivo em sua memória., Inicia quando ela escuta vozes em discussão acalorada, vinham da escada à esquerda do local onde estava, parecia um esconderijo. Logo surge um rapaz, era seu filho, que entra de abrupto naquele espaço exíguo, espécie de água furtada, que então se dá conta da larga janela existente ali, mas que está fechada por um muro de tijolo aparente, a visão bloqueada. O outro oponente aparece no topo da escada, ele tem uma densa barba
negra, fica parado a olhar na direção da agente do sonho.
Desperta, sente necessidade de interpretar aquele sonho, que considera arquétipo. Dias antes ela tinha ido passear com o filho na cidade vizinha a Brasília. Ele quase todo o tempo absorto na leitura do
livro Submissão de Michel Houellebecq, um romance sobre a possibilidade
da França ser dominada pelos mulçumanos, o domínio de uma cultura, que trata a mulher de forma inferior, o perigo que corria a política e educação europeia.
A mãe então chama atenção do filho para que aproveitasse aqueles
dias de férias em Goiás, para relaxar, em vez de ficar preso naquela leitura
polêmica, a lhe causar medo e tristeza, como cristão. Já em casa, à noite, ela tem o sonho, que
certamente tem a ver com livro do francês.
Em resumo, o livro de Houellebcq em apenas algumas páginas de leitura, mas numa escalada perigosa, aborda o conflitante problema da imigração mulçumana, vista como invasão. No sonho o espaço onde o conflito se desenrola é do inconsciente, invadido por aquela leitura. Quando o ideal é a pessoa manter a mente aberta, sem entraves ao conhecimento, que deve ser abordado de forma mais consciente, ampla. A boa visão de quem foge do radicalismo, do preconceito. O mundo oriental em radial repressão contra a mulher, que ainda são obrigadas a se cobrirem com véu. Enquanto as ocidentais estão liberadas para se vestir e estar onde quiserem, o que seria muito bem vindo, mas o que se vê é uma afronta à moral cristã, sem precedente. À guisa de maiores explicações, eis um conselho a seguir, quanto às leituras e tudo o mais:
Sejam
as nossas incertezas suavizadas na esperança, e as tristezas filtradas na fé e caridade.
O SIM E O NÃO
BUSTOS DOS MARANHENSES ILUSTRES NA PRAÇA DEODORO - S. LUÍS MA
Ela
guarda lembranças de imagens doridas, e ao mesmo tempo fugazes, sem se ver tomada
pela tristeza, ou pulando de alegria, como a moçada vive, ou quer viver hoje. Faz tanto tempo, mas ainda se vê na casa da
avó, que estava sempre atarefada administrando o momento presente no trabalho
e confiança. A neta orgulhosa por testemunhar essa vida exemplar, um referencial
para toda a família. Mundo sem ruptura, um querer bem moldado, e o instrumental para as boas realizações futuras,
é o que se tinha. A vida um campo de sonhos, que merecia por ela lutar. As mulheres no bom combate para serem reconhecidas
como cidadãs atuantes na sociedade, e não discriminadas por serem mulheres. Tenham direito sobre seu corpo, exceto de ferir o direito do outro. Digam sim à vida, e não ao aborto, reivindicação das feministas.
A eleição
para presidente já está no segundo turno, e no último debate o que se viu na
televisão foi um balé aterrador dos dois candidatos, um frente ao outro a se
insultarem mutuamente de “ladrão”, “mentiroso”, e por aí vai. Estão praticamente
empatados nas pesquisas. E não seria melhor escolher o vencedor jogando o dado
no tabuleiro? Uma eleição desanimadora, com uma esquerda mal intencionada,
enquanto a direita, bem intencionada na defesa da moral, falha ao querer liberar
as armas para os cidadãos, e fazer a vida na cidade virar um farwest. Dizer sim à democracia e um redondo não às ditaduras, quer de direita ou esquerda.
Maria não se acha velha, embora esteja na oitava década da vida. Parece muito, quando o futuro se encurta a cada dia, tempo que ela passa na agradável vivência consigo mesma. Prima por ser condescendente com o mundo de hoje, e se esforça para dizer sim a certas coisas, que merecem um não. Os jovens de hoje menos arrogantes, que os nascidos décadas atrás, no baby boom. Cresceram os chamados boomers, muitos ateus, de meia idade e na crença de achar que podem mudar o mundo em um magistral golpe. Gente boa, mas de gosto duvidoso.
Haja paciência!
DO GOSTO
O gosto depende da cultura de cada um, e nesse sentido não há bom nem mau gosto, mas gostos diferentes, e que não firam os sentimentos dos outros. Diz quem é a pessoa, o que representa culturalmente.
Para a avó de Maria, o bom gosto é inerente aos princípios, e o mau gosto vem da sua falta. Naquele tempo as inovações eram vistas com reserva, e havia a perigo dos modismos causarem estrago no gosto. Para ter valor tem que durar, causar respeito e admiração, dar boa impressão. Sem preconceito.
Uma produção artística, por exemplo, deve revelar valores culturais, em essência. O artista de bom gosto tem sua arte reconhecida. Conquanto a beleza e a perfeição estão além do que se vê, verdade universal.
A cultura aliada à fé se perpetuara no tempo, eterna, representa o máximo do bom gosto.
Quando te vi, amei-te já muito antes,
Tornei a achar-te quando te
encontrei
Nasci para ti antes de haver o mundo.
Não há coisa feliz ou hora alegre
Que eu tenha tido pela vida fora,
Que não o fosse porque te previa,
Porque dormias nela tu futuro,
E como essas alegrias e esse prazer
Eu viria depois a amar-te.
Fernando Pessoa
AINDA HÁ SALVAÇÃO
S. LUÍS - MA |
Ortega y Gasset, um dos mais conceituados filósofos do século XX, fala da salvação nos seguintes termos: ” Eu sou eu e as circunstâncias; se não salvo as circunstâncias, não salvo a mim mesmo.” Palavras que nos faz refletir sobre a humanidade, que se realiza num longo processo de salvação. Temos, continuamente, que nos salvar, o que significa, em princípio, nos livrar da ignorância e da descrença, pois salvação significa, educação e fé. Há sempre esperança de salvação para o homem. Não faltam meios para conduzir o homem até sua salvação, para tanto colaboram a genética, a família, o ambiente, a cultura, mas que pode falhar, quando então o esforço tem que ser maior. E a salvação individual de algum modo resulta na salvação de todos.
“A alma que se eleva, eleva o mundo”, lema católico de santa sabedoria, que as irmãs do colégio Santa Teresa costumavam falar para as alunas, estimulando-as a se salvarem. Que almejassem a santidade, em vez da perdição. Eram firmes nos seus propósitos educacionais. Santas mulheres, guardo delas boas excelentes recordações, apenas um acidente de percurso narrado em texto anterior. Hoje os educadores são as redes sociais, onde se exibe um saber equivocado, e todos correm perigo com isso. Um modo perigoso de comunicação dos jovens que seguem como carneirinhos os lemas ditados irresponsavelmente para eles, como se fossem máximas de sabedoria. Se não houver discernimento, em vez da salvação as pessoas perigam se perder de vez.
Há urgência em nos salvarmos como seres humanos, assim como devemos salvar a natureza da destruição. A salvação dos planeta é a grande preocupação na atualidade. Salvar a terra, a família, a escola, a sociedade, em suma, tudo que periga desaparecer, sufocado pela poluição, não apenas do ar, mas de muita coisa ruim. Forma destrutiva de proceder devem ser corrigidas com urgência, a começar pela firmeza dos pais na educação dos filhos. Quanto ao Estado, seu dever é a promoção do bem estar de todos, principalmente, punir os infratores que prejudicam a sociedade com sua incompetência e corrupção.
No passado os pais surravam os filhos o que, hoje em dia, constitui crime, mas teve gente que aprendeu por esse meio. Dar tapa na cara era meio de educar. A linguagem da bofetada, Deus nos livre! Tempo em que não se pensava na salvação pelo diálogo; era a mão na cara, e temos conversado. Maria tinha testemunhado mas dava graças a Deus ter escapado dessa crueldade, mas ninguém se queixava. Hoje continua a falta diálogo entre pais e filhos, entre adultos e jovens. Na Internet são corriqueiras as conversas que correm soltas, a moçada livre para trocar experiências, nem sempre boas de compartilhar. Adultos e crianças com celular na mão, uma verdadeira perdição. Poderoso meio de comunicação utilizados sem critério.
Há protestos, e tem os dos peitos e bundas de fora, para assustar, e os piores ataques à fé católica. São as feministas reivindicando direito sobre o próprio corpo, direito ao aborto, o que é um contrassenso tratando-se da vida de um ser humano em gestação, e tantos são os meios de evitar a gravidez. O maior respeito que se deve ter pela vida, que inclui o planeta, irresponsavelmente devastado por nós, seres racionais, mas que agem como irracionais, ou pior. E o almejado é que as pessoas sejam mais responsáveis, ajam efetivamente para o bem comum no cotidiano dentro da sua casa, da sua comunidade, da sua empresa. Em todas as realizações pensar em preservar a vida, em especial a vida humana, que se degrada junto com a natureza.
O momento é de clamar, sim, por sustentabilidade, principalmente moral e ética.
A
VIDA É COMBATE
IGREJA DOS REMÉDIOS -S. LUÍS - MA
Lembro
quando criança da brincadeira preferida do meu irmão, também minha, que era negociarmos
nossos pertences e as coisas da casa, vendidas um para o outro e para os familiares.
Uma tábua servia de balcão, com os produtos para a venda. O dinheiro em pedaços de papel, desenhado
pelo futuro artista plástico. A atividade de compra e vende o homem exerce
desde tempos imemoriais, quando a troca era o meio de negociar. A produção de
bens para o consumo como forma de promover ganho financeiro às pessoas
individualmente. A criatividade que enriquece o mundo.
As
mulheres grandes negociantes de seus produtos caseiros, antes da era
industrial. Ainda não se falava em poder feminino, conquanto a produção
artesanal das mulheres constituísse fonte de renda da família, às vezes a única.
Antes das fábricas, que vieram para torná-las operárias. O trabalho fora com
relevante importância, além do trabalho em casa. A ancestralidade da atividade
de negociar, que se desenvolve com a invenção da moeda e com os bancos, onde o
dinheiro é negociado. Negociantes sempre os há nas famílias, tenho primos bem sucedidos
nesse ramo de atividades.
No
livro “A Vergonha” de Annie Ernaux, ganhadora do Nobel da
Literatura de 2022, obra autobiográfica, como toda a literatura da laureada. O
texto tem início com a autora fazendo escárnio do pequeno comércio dos pais, que
também são escarnecidos. Mescla de estranhos e constrangedores fatos da vida
pessoal ao coletivo, aliados nessa sua chamada
“autobiografia impessoal”. Filha única de pequenos negociantes, a escritora pôde
estudar em colégio religioso particular, do qual critica a religiosidade. E no afã
de ser combativa opta por uma linguagem seca e desprovida de lirismo. Em suma,
a Suécia, que acaba de colocar no poder a extrema direita em eleição
democrática, faz homenagem à França da esquerda democrática de Macron.
A
VIDA É COMBATE.
GOSTAR DE QUEM GOSTA DA GENTE
A vida é surpreendente, dá ao homem
alegrias e prazeres, assim como o faz sofrer inevitáveis dores. Nada é
desproporcional se vem de Deus. Racionais, e excepcionalmente emocionais, somos afetados por situações que nos são favoráveis, ou adversas. Conquistas,
sucesso, presenças, também perdas, fracassos, ausências, e tudo o mais que se transforma em experiências que valem a pena vivenciar. Bom estar atento para remediar de
imediato o mal que resulte em tristeza profunda e nos faça adoecer.
A condição humana requer aguçado instinto de
sobrevivência, hoje como se ainda estivéssemos nas cavernas. Perigos não faltam.
Em alguns momentos sentimos que estamos sós, e temos de decidir sobre a própria
vida. Importa não deixar que os outros pensem por nós, e tem sempre quem queira
agir dessa forma. Certo que precisamos uns dos outros. Em princípio, gostar de
quem gosta da gente. Mas nunca aceitar a dependência mental e afetiva, não é
boa coisa.
Da submissão às obrigações, simplesmente
isso, costume antigo, evoluímos para a ambição pessoal e social, nada fácil de
realizar, nesse nosso mundo atual tão largado. No passado a severidade era a
regra, o que beirava a crueldade. “Dar conta do recado”, nem mais, nem menos, e
o “recado” era fazer o mínimo, por exemplo, estudar para passar de ano, e não
ter uma ambição pessoal. Não esperar panos quentes para aliviar as dores da
culpa, mas educar com rigor para acertar na vida. Havia uma obsessão por
disciplinar.
Mudou
tudo, e temos muito hoje, inclusive, uma multidão de internautas a seduzirem uns aos outros na
internet. Recebemos e passamos mensagens nas redes sociais, sem que necessariamente
reflitam sentimento real, até mal intencionadas postagens. E de boas intenções
o inferno está cheio. Todos a se espreitarem nesse poderoso espaço virtual,
panaceia do nosso mundo atual. Melhor seria o retorno ao rigor e à solidão do
passado?
Mesmo com todos os males existentes a
inclinação do homem é para o bem, no desenvolvimento da consciência através das boas referências familiares e
culturais. Adotar a reflexão para agir com discernimento. A noção que a pessoa
deve ter de si mesmo, e deliberar por uma vida ética. Saber da maldade, do julgamento que reduz as pessoas a “gente boa”
ou quem “não vale nada”. E não vale nada quem “se acha”, e acaba por gerar antipatia. Melhor a humildade, o que também se aprende.
A pergunta que não quer calar: Para que serve a oferta dos bens, senão para fazermos o melhor? A vergonha de Maria ao ter a nota rebaixada, depois de receber um “ótimo” no primeiro teste escolar, aos sete anos. Chega eufórica a sua casa, para no dia seguinte na escola ser repreendida pela freirinha, tão miudinha, sua professora. Ficou pasma, o que guarda do episódio, e a lembrança daquele olhar de reprovação da colega, pobre menina rica. Quando a hierarquia do dinheiro era a mais respeitada. E ainda é.
SIGAMOS AS REGRAS DA PAZ.
SIMONE
WEIL — FRASES
”A
política é mais que impor uma ideologia sobre a tática particular de um grupo
social para levar algo adiante. Deve a política ser uma reflexão sobre a
realidade conduzida por pensadores profundos.”
“Pensa-se
hoje na revolução, não como maneira de solucionar problemas postos pela atualidade, mas como um
milagre que nos dispensa de resolver problemas.”
“Odiar
alguém é querer transferir para outrem a maldade que há em si mesmo.”
“O
bem dá maior veracidade aos seres. O mal disso os priva.”
“
Tentar a libertação por meios da própria
energia seria como uma vaca
forçando sua peia e caindo assim de joelhos. A gravidade é a graça.”
“A
ciência que nos afasta de Deus de nada vale.”
“Criar
raízes talvez seja a necessidade mais importante da alma humana.”
“Na
medida em que se acredita em qualquer coisa, procurar em que sentido o
contrário é verdadeiro.”
Sobre a autora: A filósofa e mística católica
Simone Weil nasceu de família judia não praticante. Ela e o irmão matemático,
André Weil, cresceram agnósticos. Inteligências notáveis. Aos 15 anos, após obter
o bacharelado em filosofia, Simone torna-se professora do ensino secundário para moças,
atividade que conciliava com o trabalho em fazendas e fábricas, com a alegação
de que o mundo é onde o intelectual deve estar para permanecer integrado com a
vida e ajudar as pessoas. Dona de grande convicção religiosa, tem fé na
ciência, que não seja um sistema remoto de sinais vazios de sentido. Torna-se pacifista após a experiência na
guerra civil na Espanha. “Gênio e santa” nas palavras de T.S. ELIOT. Santa da
Igreja católica.
GRANDE
É A MINHA SORTE!
A sorte dá sinais,
linguagem silente, cuja percepção é dom especial da privilegiada natureza
humana, racional e intuitiva. Tem ainda o homem o dom do livre arbítrio para,
no jogo da vida, apostar livremente no certo para ter sorte, o que acontece com
as pessoas de bem. E o azar que dão aqueles que optam pelo erro.
A
vida nunca para de doar. Talentos que não devem ser desperdiçados. Maria
reflete sobre o que acontece no mundo atual, concluindo que as coisas não andam
muito bem, o jogo parece sinistro. O homem indo de mal a pior em suas estratégias
azaradas, que são as ideologias, e tudo o mais que o aprisiona em teias
diabólicas.
Quando
jovem Maria perguntou a avó:
—
Por que exigir mais de mim?
— Porque
temos de seguir os apelos da vida. Não se iluda, a sorte no início é quase
sempre favorável. Saiba que minha presença foi uma sorte em sua vida, querida
neta. E o importante é aproveitar a sorte quando ela está conosco. Com
confiança enfrentar o mundo, e muita gente vai estar ao seu lado. Os mulçumanos
devem visitar Meca pelo menos uma vez na vida. Meca como uma missão na terra, e
ao fim da jornada ser feliz por estar no lugar certo, e poder dizer: “Missão
cumprida”.
Maria
rememora as palavras dessa avó, que não se deixava abater, e costumava dizer:
—Grande
é a minha sorte!